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terça-feira, 7 de julho de 2009
O SHOW NÃO PODE PARAR - UMA ANÁLISE SOBRE O CULTO DA PERFORMANCE
Essa imagem é de Michael Jackson dois dias antes da morte, em um ensaio para o seu novo show:a atuação foi "impecável", dizem os produtores – que planejam lançar um DVD. Michael Jackson viveu cercado de escândalos – e agora, uma semana depois de sua morte, enquanto os parentes disputam seu espólio, a indústria de fofocas está mais ativa do que nunca. (Revista Veja, Edição n° 2120 de 08/07/2009).
O texto que eu vou colocar abaixo não é meu, é do Paulo Brabo (www.baciadasalmas.com), escrito em 29/05/2006, portanto à três anos atrás. Mas como é atual! Veja e reflita:
"Levada às últimas conseqüências, a visão de mundo capitalista gerou o nosso mundo e seu exigente culto da performance: a glorificação final do sucesso e do desempenho. Porque, como vivo dizendo, o capitalismo é religião; seu deus, ao contrário do que se pensa, não é o dinheiro, mas a performance.
Resta-nos pouca moral, mas o que nossa ética de fato cultua é o talento e o empreendorismo. Os heróis e santos contemporâneos são inequivocamente os vencedores, os talentosos, os empreendedores, os famosos, os bem-sucedidos. Esses, no nosso livrinho, é que são gente edificante, de valor, a ser admirada, seguida e – se tudo der certo – superada. O que temos no fim das contas não nos satisfaz, porque medimos nossa própria felicidade pela proporção em que nos conformamos aos padrões e precedentes estabelecidos pelos mais tecnicamente bem-sucedidos que nós.
É na verdade apenas essa crença no mérito inerente do desempenho que nos faz posicionar contra pecados modernos como a corrupção. O problema da corrupção, por essa nossa visão de mundo, é que ela impede o livre curso e a supremacia da performance – quando cremos que a performance é a verdadeira medida do valor. A corrupção nos parece ruim porque não permite que os verdadeiramente talentosos e esforçados sejam recompensados. E que os talentosos e esforçados devem ser recompensados e os incompetentes e preguiçosos punidos, é inquestionado item de fé da nossa religião.
Nossa teologia é o liberalismo econômico, nosso deus a performance.
Nosso panteão é por essa razão povoado por gente admirável como Ayrton Senna, Paul McCartney, Steve Jobs, George Clooney e Bill Gates – gente que se define pela naturalidade com que palmilha os átrios do talento e do empreendedorismo no templo do sucesso.
Naturalmente que nossa idolatria da performance é, por necessidade, contraditória e distorcida. Na mesma medida em que nos prostramos diante de santos contemporâneos como Senna, nos deleitamos na desconstrução pública de outros de nossos ícones. Acompanhamos com delícia e horror o espetáculo da auto-destruição de Michael Jackson ou a infâmia do mais recente ídolo do rock encontrado morto e drogrado e nu (não necessariamente nessa ordem) em sua banheira. Torcemos pela pobrezinha do Big Brother, e no momento seguinte vemos com um misto de inveja e indignação sua decisão de posar para a Playboy. Intuímos, no entanto, que faz tudo parte do espetáculo e que toda religião tem seus sacrifícios e vítimas".
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PAZ!!!
ResponderExcluirBLOG MUITO INTERESSANTE (OUSADO) MAIS INTERESSANTE!!
Visite o meu blog deixe seu recado e me adiociona ai!!!
http://feelingsinterview.blogspot.com/
Vanderlei
Vanderlei,
ResponderExcluirObrigado pela visita e pela participação. Gostei do ousado, apesar de não ter entendido bem em que sentido.
Vou visitá-lo e adicioná-lo.
Como disse o Vanderlei, ousada e inteligente "apropriação" do texto fabuloso do Brabo no contexto atual.
ResponderExcluirDigno de reflexão.
Rubinho,
ResponderExcluirO texto do Brabo é formidável mesmo. Interpretou o nosso tempo como ninguém. Obrigado pela indicação no seu blog.
Grande abraço.