Os escribas e os fariseus desprezavam João Batista e Jesus, pois eles os censuravam por causa da opulência, do menosprezo aos menos favorecidos e, sobretudo, por causa de suas falácias; sem falar nos pecados menores, como a exploração e as orgias. Eram imorais bons de conversa e fracos em ações.
Interessante notar, dois mil anos depois de Cristo, os líderes religiosos não mudaram muito, como se fosse uma eterna reencarnação. Falam, falam mas nada fazem em correspondência às suas palavras. Eles não conhecem a África e seus mais de trinta por cento dos habitantes contaminados com o vírus HIV, eles não foram ao Afeganistão e ao Iraque deitar no meio das ruas para impedir a passagem dos tanques e tropas norte-americanas, não visitaram os famintos da Ásia em sua fome, nem os miseráveis da América do Sul em sua pobreza insuportável, não se importam com o avanço do câncer e das doenças congênitas e a devastação ambiental a ponto de se amarrar às árvores ou militar nos projetos de luta pela diminuição dessas infâmias causadas pela irresponsável e continua escalada das experiências atômicas, químicas e biológicas como meios de devastação, em caso de guerra e/ou satisfazer a ganância dos loucos capitalistas.
Muitos "conferêncistas" vivem estrelando seminários e palestras, encantando às mentes inocentes e pueris dos nossos twitters desavisados, ostentando seus aparelhos multi-mídias e suas roupas de grife, para voltar a seus palácios e sentar em seus tronos com a boca escancarada, para receber o beijo de suas congregações, em um domingo qualquer.
Eles não fazem, sequer, uma viagem de turismo à Amazônia para ver com os próprios olhos onde vive boa parte do povo a quem Jesus nos enviou a fazer discípulos. Nunca se misturaram aos bolivianos coqueiros de Santa Cruz de La Sierra, onde o evangelho só chega para buscar dinheiro capaz de financiar seus negócios em nome da religião, em uma macabra operação de lavagem de dinheiro oriundo da venda da cocaína. A África eles só vêem em filmes produzidos por Hollywood e tratam de evitar os mais realistas como O Jardineiro Fiel, Grande Hotel Ruanda e o Diamante de Sangue, pois a realidade ali retratada é tudo que eles não desejam conhecer.
Negócio deles é falar, falar, sem nada fazer. Nisso consideram Jesus de Nazaré um equivocado, não o fazem com suas palavras, mas através de sua não ação covarde. Eles são aprendizes e chegam a invejar, embora discípulos distantes, os Warrens e Hybels da vida, os grandes fanfarrões de nossa era.
João Batista e Jesus falaram vigorosamente contra os fariseus, escribas e os doutores da lei. Eles foram acolhidos, principalmente pelas classes oprimidas e reduziram a nada o título dos filhos de Abraão, como dizia o homem que se alimentava de gafanhotos: Deus poderia fazer filhos de Abraão com as pedras do caminho.
Fica a famosa pergunta:
O que você é e faz fala tão alto que não consigo ouvir o que você está falando?