sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Dúvidas de uma jovem: "Como saber a confirmação do Senhor?"

Recebi este email, de uma jovem, e sabendo que a mesma dúvida, pode ser compartilhada por mais pessoas, vou postá-lo, juntamente com a minha resposta. Retirei a identificação, para evitar algum constrangimento. Aqui vai:"Paz do Senhor, adorei e estou acompanhando o seu blog, isso quero aprender como ser mulher virtuosa, pois tenho um namorado maravilhoso e amado...Eu e ele temos orado para o Senhor abençoasse o nosso namoro e até nosso futuro. Bom, conheci o meu namorado através da internet, e nos apaixonamos. Eu fui à cidade dele no Estado de São Paulo, sendo que moro em uma cidade do Estado do Mato-Grosso. Então, ele me contou que uma irmã, teve uma profecia para meu namorado, que o Senhor prepararia uma esposa. Na profecia, aparecia uma mulher vindo de longe, com malas na mão e era cabelos lisos. Isso, tem significado comigo, pois eu fui na cidade dele para conhecer ele e a sua família. Quando eu apareci, ele foi ao aeroporto, me buscar, ao me abraçar, eu estava com malas e tenho cabelos lisos e escuros. Fiquei maravilhada ao saber que Deus tem me escolhido para parecer essa profecia!Nosso relacionamento tem um propósito.Não é algo que se resuma a nós mesmos. Se resume no Senhor. Sempre sonhei com um relacionamento que tocasse o coracão de Deus!Creio que temos feito isso! Queria pedir a sua resposta.Será que Deus é capaz de estragar a nossa felicidade mesmo estando orando e confiando do Senhor?Ah! Tem uma coisa, eu e meu namorado pecamos, não temos como controlar a vida sexual e acabamos pecando. Mas continuei orando ao Senhor, para que abençoasse o nosso namoro, noivado e casamento, mas a gente está esperando o noivado. Só que temos esperar a resposta do Senhor.Me ajude! Como devo saber a resposta do Senhor?Através da visão? Ou ele vai tocar dentro do meu coração, ou falar ao meu ouvido? Queria que Deus me desse resposta, para Ele abençoar o meu noivado e casamento.Obrigada, aguardo o seu comentário! Fica na Paz".
MINHA RESPOSTA: Minha irmã, que a verdade a liberte! Já assisti tragédias humanas na “igreja” que foram patrocinadas por “profecias” e “profetadas”. A lista de histórias nestes casos não costuma ser pequena. Creio em profecias também como um falar preditivo. Mas no meio evangélico, para cada 50 profecias que ouço, 3 ou 4 são para se guardar nos coração. As demais têm que ir para a “lixeira”, ou, então, a gente aperta o botão de Delete. Não creio em casamentos bancados por profecias. Se é verdadeiro em amor, é casamento. Se não é, é apenas uma relação societária registrada em cartório. Tem muita gente que tem necessidade de controle sobre as pessoas, pois alimentam-se de dependência. É impressionante como tem gente doente e que se alimenta, morbidamente, do poder que exerce sobre a vida e o destino das pessoas. Sentem prazer em pensar: Essa pessoa só está aí porque eu tô mandando! Eu, se fosse você, tomaria a decisão que o seu coração ditasse. Não dá pra deixar que outros dirijam a nossa vida, muitos menos profetas malucos, sexualmente infelizes, mal casados, frustrados, e com síndrome de onipotência. Creio em todos os dons do Espírito. Pena que haja tão pouca coisa de fato genuína entre nós. 1. Um profeta nunca irá mandar o que a Palavra não ensina. 2. Um profeta nunca marcará "consultas" -- Deus não fala com hora marcada. 3. Um profeta tem que saber dizer: "O Senhor não me falou nada".4. Um profeta foge de se tornar objeto de consumo. 5. Um profeta se declara um homem, não um anjo. 6. Um profeta não viola 1 Co 14, nem sua profecia. 7. Um profeta profetiza Jesus: Ele é o espírito de toda profecia. Não peço oração aos profetas. É essa fila em porta de profeta que acaba corrompendo até aqueles que um dia foram bons. Profeta não deve ser buscado. A profecia verdadeira sempre nos acha. E mais: nunca vá a profetas que convivem com amigos seus. Quase sempre o profeta já está condicionado. Às vezes até bem intencionados, mas na carne.Se Deus tem um plano, saiba: não é um roteiro de cinema, nem uma corrente de eventos revelada, nem um mapa a ser seguido, nem qualquer forma de determinismo. Além disso, aos que Ele disse qualquer coisa, disse apenas coisas relacionadas à mensagem a ser anunciada, mas não deu detalhes sobre a vida de ninguém. Do contrário, o justo não viveria pela fé, mas pelo plano.Esse tal “plano de Deus” dos crentes, não só é vício pagão, como é uma espécie de cartomancia evangélica disfarçada. A “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” não é como uma adivinhação. Mas sim é que eu não me conforme com este século, e me deixe transformar pela renovação de minha mente; ou seja: de meu entendimento crescentemente harmonizado com o espírito do Evangelho. Afinal, o justo vive pela fé!Essa historinha evangélica do plano para cada criatura ou vira neurose ou paranóia!ção ao encontro com alguém (homem/mulher) — apenas decidi ficar com quem me agradou e me encheu a vida. O plano são os dons que Ele me deu. O plano são as boas oportunidades. O plano é a capacidade de realizar o que é bom. O plano é viver com bom senso conforme o Evangelho.Para mim é assim porque não sou Deus e nem Seu secretário. Apenas vivo pela fé e exerço o meu melhor senso de harmonia com o Evangelho em tudo o que faço. E tudo o que me vem às mãos para fazer, faço-o com gratidão, alegria e com o melhor de mim. Este é o único plano de Deus que me está disponível à priori.A gente vive vendo pessoas que fiqam esperando milagres de oportunidade. Ao contrário, deveriam aproveitar as oportunidades. Emprego, a gente pega o que vem. Se aparecer um melhor, a gente vai. Homem/mulher, a gente escolhe a que ama e gosta. Jesus, à exceção do que disse a Pedro em João 21, acerca de sua morte futura, a ninguém disse mais nada — exceto, também, a Paulo; e foi apenas um “mostrarei o quanto importa sofrer pelo meu nome”. Mas não detalhou nenhuma história. Sim! Paulo nada sabia além de que doeria docemente andar com Jesus. O mais, no máximo, e de vez em quando, quando acontece, Ele corrige certas rotas; porém o faz com a “talhadeira da existência”. E sem bolas de cristal. Assim, minha irmã, pare com essa maluquice paralisante e vá à luta!Tem pastores do plano que não conduzem as vidas deles como mandam que você conduza a sua. Todas as pessoas “do plano” que conheci e conheço são ou se tornaram seres paralisados, amargos, infelizes, e cobrando de Deus o que Deus nunca propôs. O plano de Deus é um só: que cresçamos na Graça e no Conhecimento de Cristo Jesus! O resto, minha querida, não nos é revelado. Do contrário, a vida já não seria vida, mas apenas um roteiro para robôs. O plano de Deus é que você ande pela fé e com o coração buscando discernir e aplicar o que é bom — tanto pra você quanto para os outros!Veja o seu caso, você e seu namorado já estão vivendo sexualmente juntos e ainda estão esperando “confirmação do Senhor”. Que confirmação? Vocês já estão casados maritalmente, só não estão no papel. Agora, se há dúvidas no relacionamento de vocês, então parem com isso, o quanto antes, porque do contrário, quanto mais tempo passar, mais dor e frustração produzirá. A pergunta é simples: Vocês se amam, e estão preparados para constituir uma família? A escolha é dos dois.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Com a dor do Haiti, cresce uma igreja carismática

Na noite de sábado, no porão de uma igreja em grande parte haitiana daqui, em uma sala branca despojada vibrando com hinos e exclamações, uma jovem pode se ver canalizando o Espírito Santo para revelar notícias do Haiti.
A reportagem é de Anne Barnard, publicada pelo jornal The New York Times e reproduzida pelo Portal Uol em 25-11-2010.
O terremoto que matou cerca de um quarto de milhão de haitianos há 10 meses tornou a devoção ruidosa da paróquia, SS. Joachim and Anne, ainda mais exuberante. Em 12 de janeiro, nem duas horas após do terremoto ter devastado sua terra natal, imigrantes haitianos já lotavam a igreja, dançando, cantando, erguendo os braços para o alto –e louvando a Deus. Em meio aos lamentos, imposições de mão e o número surpreendente de ações de graças por pessoas que ainda nem sabiam se seus parentes estavam vivos ou mortos, os lenços de papel se esgotaram.
A dor prosseguiu ao longo do ano e a frequência inchou, à medida que as pessoas passaram a buscar consolo em um crescente modo fervoroso de adoração, a oração carismática, que mais e mais toma conta da paróquia e do catolicismo haitiano. O jovem vigário nascido no Haiti, Jean-Moise Delva, realizou uma dúzia de missas em memória dos mortos, passou o mês de agosto no Haiti realizando missas em uma tenda abafada e ainda lida com sentimentos de impotência e desespero. Em outubro, as pessoas lotavam a SS. Joachim and Anne, cantando, dançando e segurando fotos de parentes doentes no alto pedindo cura, enquanto uma freira que visitava o Haiti invocava o Espírito Santo.
Delva se voltou ao padre, Robert Robinson, e disse: “Parece que eles têm mais fé do que nós”.
O desastre está moldando a religião haitiana. Ele tem exigido uma maior resistência –não apenas de haitianos e haitianos-americanos, que frequentemente dizem contar com uma resistência lendária, de inspiração divina, mas também com a própria fé, repentinamente mais vulnerável à dúvida, desilusão e competição. E injetou nova vida na versão dos haitianos do catolicismo carismático, que busca contato direto com o Espírito Santo por meio da oração ruidosa, desinibida.
Neste ano, para muitos haitianos, o abraçar da emoção pura pelo movimento pareceu ser a única resposta sensível.
O catolicismo permeia a história e identidade haitiana. Mas o terremoto ocorreu em um momento em que o domínio do catolicismo estava cedendo. Pentecostais e outros protestantes –prometendo uma ligação mais direta, menos hierárquica com Deus– conseguiram avanços aqui e no Haiti. O governo americano lista o Haiti como sendo 80% católico, mas um levantamento da ONU apontou que, em 2003, o número tinha caído para 55% e que 29% dos haitianos se identificavam como protestantes.
O movimento carismático católico nasceu durante um levante na fé. Em 1967, dois anos após o Concílio Vaticano II ter reduzido a ênfase no ritual e no mistério, um grupo de estudantes católicos relatou ter sido inspirado pelo Espírito Santo a falar em línguas desconhecidas –assim como os pentecostais, que buscavam o misticismo do cristianismo do primeiro século.
O movimento se disseminou, misturando o fervor à moda antiga com participação direta mais progressista dos leigos, especialmente das mulheres. Alguns padres fizeram objeção, mas os líderes da Igreja viram potencial de recrutamento e o papa Paulo VI o abraçou em 1975.
Naquele ano, o homem que posteriormente tornaria a SS. Joachim and Anne em um centro para os carismáticos, o padre Joseph Malagreca, era um padre ítalo-americano recém-ordenado inflamado por seu próprio “batismo no Espírito Santo”. Ele voltou para Nova York para pregar em espanhol e crioulo, para imigrantes culturalmente propensos a misturar adoração com emoção, música e dança.
Delva nasceu naquele mesmo ano na capital do Haiti, Porto Príncipe, e cresceu sem traçar distinção entre as orações carismáticas das quais participava com suas tias e os rituais formais que aprendeu como coroinha.
Marie Andree Mars, 63 anos, na época no Haiti e atualmente uma das paroquianas de Delva, lembra da reação da maioria dos haitianos ao movimento: “Isso é para mim”.
Seus tamborins e batidas de pé, que lembram o vodu, ofendiam sua mãe (ela dizia, “Onde está o silêncio, a reverência?”) e alguns padres (“Vocês não farão nada haitiano na minha igreja!”).
Mars ingressou exatamente por esses motivos. Uma respeitável frequentadora da igreja, ela usa chapéus de aba preta e lidera um grupo que reza o rosário toda manhã. Ela diz: “Eu adoro dançar e cantar”.
Esses carismáticos convergiram para a SS. Joachim and Anne, uma igreja moderna na divisa leste de Nova York, entre casas padronizadas bonitinhas e bulevares margeados por restaurantes caribenhos e de fast food.
Malagreca, na época um proeminente líder carismático, se tornou padre em 1991. Suas missas em crioulo promoveram o crescimento da congregação, atualmente 80% haitiana. (Atualmente um monsenhor, ele supervisiona 120 grupos de oração em espanhol e 21 em crioulo na Diocese Católica Romana do Brooklyn, assim como 100 grupos em inglês; em todo o mundo, o movimento alega ter atraído 150 milhões de católicos ao longo dos anos.)
Na noite do terremoto, o encontro de oração de terça-feira deixou de lado seu início habitualmente lento; as pessoas simplesmente entravam aos prantos. Uma dessas pessoas era Benoit, cuja sobrinha estava desaparecida no Haiti. Intelectualmente, sua fé aceitava que o “sofrimento faz parte da vida”. Mas ela precisava que os toques e vozes carismáticas lhe dissessem que tudo estava bem.
Delva temia por seu pai desaparecido e o conforto que parecia poder oferecer aos outros –“Deus está conosco em nosso sofrimento”– parecia pálido e inapto. “Ele ficou sentado lá como uma estátua de sal”, lembrou Benoit. “Ele mal conseguia abrir a boca.”
Outros preencheram o vácuo, chorando e gritando. Benoit lembra da adoração extra-intensa a Deus; Delva lembra de “mais orações ao Haiti do que louvores”. De qualquer forma, diz o padre, o que a oração carismática dá aos fiéis ficou claro: “uma forma de Deus ouvir seus lamentos”.
Ocorreram algumas reações feias. No Haiti, Mars lembrou de ter ouvido pessoas de lá, protestantes, dizendo: “Deus está se livrando do lixo”.
O evangelista americano Pat Robertson, se referindo a uma cerimônia vudu do século 18 por revolucionários haitianos, chamou o terremoto de punição por Deus pelo “pacto com o diabo”. (Robinson teve que se defender de um congregado irado que, o confundindo com “Robertson”, achou que tinha sido ele quem tinha dito.)
Dúvidas mais simples eram ouvidas entre os devotos. Enquanto o grupo do rosário de Mars louvava a bondade de Deus, uma mulher recuou, dizendo que não havia nada de bom no terremoto. Mars rebateu: “Nada pode nos separar do amor de Deus – nem terremotos, nem nada”.
Por meses, as pessoas lotaram as missas, às vezes dizendo: “Jesus, o Haiti está em suas mãos!” Os padres passaram a sentir que a congregação é que estava pregando para eles, e não o contrário.
Robinson, 66 anos, que não é haitiano, se sobressaltou quando as pessoas declararam que se Deus não tivesse cuidado do desastre, “talvez tivesse sido pior”.
“Essas pessoas existem de verdade?” se perguntou o padre.
Os haitianos, disse Malagreca, precisam do movimento mais do que nunca.
“Elas precisam de intimidade e muita resistência”, disse o monsenhor. “Elas pensam: ‘Outro sofrimento está diante de nós. Como vamos suportá-lo? Nós achávamos que já tínhamos visto o pior antes’.”
A pergunta toma conta dos forasteiros: como as pessoas podem extrair alegria e fé do terremoto?
“A comunidade haitiana daqui realmente sente ser abençoada por estar viva”, explica Benoit. Caso estivessem no Haiti, elas já poderiam ter sido “chamadas por Jesus”; aliviadas, “elas estão tentando se preparar desde já”.
Delva planeja voltar ao Haiti para entregar uma pequena ajuda: pequenas doações da diocese para abertura de negócios, como moto-táxis. Ou barracas de alimentos, como a que seu primo perdeu e precisava de US$ 200 para recomeçar.
Dias atrás, ele esteve envolto por incenso na vigília noturna mensal da igreja. As pessoas se agitavam nos corredores em uma espécie de fila de dança, acompanhadas por música não muito diferente daquela de um clube noturno haitiano. Algumas rezaram até o amanhecer, interrompendo apenas para a sopa de lentilha. Elas cantavam em línguas estranhas, com as sílabas desconhecidas fluindo de modo ritmado, como uma poesia.
Foi uma das maiores vigílias já feitas e Delva acha que sabe o motivo. Um novo drama atingiu o Haiti naquela noite, o furacão Tomas. As pessoas temiam que ele afogaria a cidade de tendas ou disseminaria a cólera, que ressurgiu pela primeira vez em um século.
Antes do amanhecer, as pessoas pegaram seus rosários e oraram em crioulo. Elas repetiram a oração 50 vezes.
“Debloke Ayiti”, elas imploraram a Deus.
“Salve o Haiti.”
Fonte: Portal Uol

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Em meio à ‘guerra do Rio’, pastores auxiliam na mediação entre traficantes e governo




José Junior do AfroReggae e o pastor Rogério Menezes, que entraram no Complexo do Alemão hoje à tarde, dizem pelo Twitter que já tem gente se rendendo.
No Twitter identificado como o do coordenador do AfroReggae José Junior, o líder do grupo teria afirmado que já tem homens se rendendo no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. “Já tem gente se entregando espontaneamente”, dizia mensagem publicada no programa.
O líder do AfroReggae também teria postado mensagens em que falou sobre sua entrada na favela. “Estou com o pastor Rogerio, Chechena, JB, Cristiano, Bororo e equipe. Viemos por livre e espontânea vontade. Todos os riscos sao da nossa responsabilidade.”.
O pastor Rogério, mencionado por ele, é conhecido por intermediar conflitos com traficantes. “Pastor Rogério é o cara que mais salvou vidas que eu conheço. Muitas inclusive na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemao. Homem de Deus”, afirmou o líder do AfroReggae.
Desde que entrou na favela, no início da tarde deste sábado (27), José Junior manda informações por meio do Twitter sobre as negociações para que os criminosos se rendam. Junior afirmou: “Também convidamos alguns policiais e vi que todos querem resolver da melhor maneira possível.” E falou sobre o sentimento de participar das negociações. “Nessas horas que sentimos a presença de uma força muito maior que nos magnetiza em prol de uma energia maior”.
Rogério Menezes fala em nome dessa ‘força maior’ há bastante tempo nas penitenciárias do Rio. Seu trabalho já foi registrado meses atrás aqui. Ele é considerado um dos maiores, e invisíveis, pacificadores da guerra travada no Rio de Janeiro. Há 17 anos trabalha entrincheirado nos piores núcleos da violência e do crime organizado, tentando pacificar e evangelizar criminosos na ativa ou em presídios. Criou uma reputação e um respeito tão grandes dentro das comunidades e facções que consegue entrar em qualquer favela, conversar com qualquer bandido, qualquer chefe de morro. Nesse momento tão difícil, sua voz parece que tem sido ouvida pelos dois lados do conflito. Observação: A foto acima é a do Pr. Rogério orando com traficantes armados.
Além dele há o pastor presbiteriano Antônio Carlos Costa, que se considera um pacifista. Daí ter idealizado o Movimento Rio de Paz e ter chegado a uma conclusão fundamental, que ultrapassa as centenas de idéias que vêm cruzando o cotidiano nessa luta por segurança no espaço público. E nesse momento, em especial, procura soluções para confronto que se desenrola e explode no Complexo do Morro do Alemão e no Complexo da Penha.
Antonio Carlos está lançando a proposta de pacificação desse relevante conflito que vem crescendo em escala. Não se trata de uma proposta romântica, desconectada da realidade e de tudo que a cerca. Propõe o melhor meio de chegar ao resultado que todos desejamos. Que os traficantes locais sejam afastados, desconectados, desenraizados das comunidades que sufocam e exploram. É para isso mesmo que diversas forças de segurança vêm se empenhando.
A proposta é de que a prisão seja feita através do meio mais econômico, rápido, o único meio que pode poupar recursos e preservar vidas. A rendição. A rendição absoluta e incondicional dos criminosos que as forças de segurança estão perseguindo de perto. Uma proposta ousada, já que estamos em meio ao clamor generalizado (e irresponsável) pelo extermínio total dessas pessoas.
Portanto, se o Governo do Estado do Rio de Janeiro aceitar essa proposta, poderá contar com o apoio de entidades da sociedade civil, religiosos, membros de organismos como a OAB, universidades. Sabemos que já conta com apoio significativo, dirigido à iniciativa presente de perseguir e prender criminosos. Mas aqui o apoio seria mais amplo e coerente. Uma forma de enfrentar o problema e reduzir os custos do enfrentamento, que se encaminha para uma vitória a custa de muita destruição.
Com isso o Governo não atenderá ao incentivo de realizar vingança e extermínio, pelos quais terá que responder mais à frente, concentrando-se nos ganhos evidentes de aceitar que os criminosos se rendam. O Governo dará a eles a chance de não enfrentamento, em momento em que estão em evidente inferioridade. Montará um esquema de mediação, rendição, apresentação ás forças policiais; executará a separação, distribuição, detenção e encaminhamento para o sistema de custódia do Estado, dentro do qual terá separado algumas galerias em determinados estabelecimento prisionais.
A ONG Rio de Paz, entende que, em momento tão crucial da história da cidade, a população deve estar ao lado do seus governantes, para que seja debelado o problema histórico e crônico do terror impingido pelas facções criminosas. Ele escreveu no documento enviado aos governantes:
“Não é momento para divisões. A vitória do Estado é a vitória de toda uma sociedade, que está farta da barbárie e de enterrar seus mortos.
O mundo está de olho no Rio de Janeiro, torcendo para que encontremos solução para a crise da segurança pública, mas atento a fim de saber se o nosso procedimento será de povo civilizado. Estamos diante de grande aceno à democracia: nunca tantos anelaram pela vitória sobre o crime organizado. Estamos diante de grande ameaça à democracia: nunca tantos quiseram a vitória sobre o crime organizado a qualquer preço. A mínima possibilidade de vitória sem derramamento de sangue impõe o dever imperioso de darmos chance à solução pacífica. Pode parecer romântico, mas antes de tudo trata-se de uma demanda da razão e do amor”.
Pelo Twitter, pouco depois das 18h, o pastor Antônio afirmou: ”Não estou podendo falar muito. Todos estão falando em rendição! Estamos apresentando ao governo proposta de comissão p/ rendição.”
Até o momento a idéia de rendição proposta e mediada pelos pastores parece estar dando resultado e o “banho de sangue” temido por muitos não aconteceu.
Fonte: Agência Pavanews, como informações de Ig, Trip, Palavra Plena e O Globo