O excelente artigo abaixo foi escrito pelo Gutierres do blog "Teologia Pentecostal" - (teologiapentecostal.blogspot.com). Um assunto bem oportuno, que depois no final eu dou meu comentário:
"Este artigo é fruto de inúmeras conversas informais que tive com jovens e líderes de jovens nos últimos dias. A denominação Assembleia de Deus vive uma crise com a sua juventude. É provável que outras igrejas estejam passando por algo parecido, mas não posso falar por falta de vivência nas demais denominações cristãs.
Faço parte dessa juventude. Hoje tenho 22 anos, mas entrei na “mocidade” da igreja com a idade de 13 anos. Nesses 11 anos de vivência entre jovens percebo uma crise que se aprofundou com o passar do tempo. Os bancos de “mocidade” estão cada vez mais vazios e os jovens cada vez menos ativos e desinteressados. Quero apontar, neste artigo, alguns fatores que acredito colaborarem com essa crise.
Mensagem descontextualizada
Na minha opinião a mensagem descontextualizada é o nosso principal problema. Vejamos alguns exemplos:
a) Os jovens trabalham como estagiários e trainees em empresas multinacionais com novas visões de liderança. Hoje, em inúmeras empresas, os estagiários sentam do lado dos gerentes. Não há mais divisórias que separam os novatos dos veteranos. E quando esses jovens chegam na igreja? Se deparam com uma hierarquia rígida, fria e distante. Os pastores são ausentes e conversam com os jovens somente em “reuniões” para “tratar sobre problemas”. Os chamados “cultos de mocidade” não contam com a colaboração dos obreiros.
b) As empresas (chefes), as famílias (pais) e as escolas (professores) estão cada vez mais próximos e preocupados com o diálogo com os jovens. As revistas voltadas para esses líderes sempre apontam os desafios da Geração Y, ou seja, aqueles que nasceram na década de 1980 e 1990. Há uma preocupação com um ambiente menos sisudo, mais dinâmico e responsálvel. Já nas igrejas (pastores) ainda reina o formalismo extremo e a liturgismo (inflexível) de cemitério (mesmo em igrejas pentecostais). Diálogo zero! Empatia zero!
c) Os jovens se deparam com desafios enormes diante dos valores pós-modernos. A maioria dos jovens estão, graças a Deus, na universidade, mas são totalmente despreparados para lidar com princípios cristãos no mar do relativismo, do multiculturalismo e do hedonismo reinante nas universidades. Enquanto isso, muitos pastores estão preocupados com os jovens que usam calças, shorts, maquiagens, adornos etc. É impressionante que, diante de desafios tremendos na sociedade contemporânea, o debate nas Assembleias de Deus ainda esteja em volta dos “usos e costumes”.
d) Ensino praticamente zero. Como os jovens vão preparados para a vida se não sabem nem o A B C D do Evangelho? Com tanta mensagem superficial nos púlpitos não é novidade que a juventude também seja vazia. Púlpito ruim, igreja doente. Igreja doente, juventude doente. Lamentável dizer, mais ensino bíblico (de verdade) é objeto raro nas Assembleias de Deus. Sim, temos valorosos ensinadores, mas são uma minoria em uma denominação que se gaba ufanisticamente de ser a maior igreja pentecostal do mundo.
e) Enquanto parte considerável da denominação aposta nos “usos e costumes” tradicionais como processo de santificação, logo a carnalidade somente aumenta. A santificação também é um processo que depende da Graça de Deus, não é um processo meritório. Quem aposta a santificação na tradição está fadado ao fracasso e certamente abraçando o pecado. Muito se prega sobre santificação, mas justamente no foco legalista e ineficaz, já que se despreza o trabalho do Espírito Santo (cf. Rm 8). Esse povo nunca leu Gálatas?
f) Exortações e mais exortações com focos exagerados. É quase trágico quando um “pregador adulto” vai aconselhar os jovens sobre a internet. Sempre o foco é o problema. É claro que se usa a internet de maneira errada, mas e o potencial evangelístico e a transmissão dos valores cristãos pela grande rede? Nunca ouvi uma única mensagem que falasse de tecnologia e apontasse o seu potencial. Os jovens sempre recebem o mandamento negativo (não faça) e quase nunca o mandamento positivo (faça isso).
e) Existe maior exemplo de descontextualização nas Assembleias de Deus do que chamar adolescentes e jovens de “mocidade”?"
Faço parte dessa juventude. Hoje tenho 22 anos, mas entrei na “mocidade” da igreja com a idade de 13 anos. Nesses 11 anos de vivência entre jovens percebo uma crise que se aprofundou com o passar do tempo. Os bancos de “mocidade” estão cada vez mais vazios e os jovens cada vez menos ativos e desinteressados. Quero apontar, neste artigo, alguns fatores que acredito colaborarem com essa crise.
Mensagem descontextualizada
Na minha opinião a mensagem descontextualizada é o nosso principal problema. Vejamos alguns exemplos:
a) Os jovens trabalham como estagiários e trainees em empresas multinacionais com novas visões de liderança. Hoje, em inúmeras empresas, os estagiários sentam do lado dos gerentes. Não há mais divisórias que separam os novatos dos veteranos. E quando esses jovens chegam na igreja? Se deparam com uma hierarquia rígida, fria e distante. Os pastores são ausentes e conversam com os jovens somente em “reuniões” para “tratar sobre problemas”. Os chamados “cultos de mocidade” não contam com a colaboração dos obreiros.
b) As empresas (chefes), as famílias (pais) e as escolas (professores) estão cada vez mais próximos e preocupados com o diálogo com os jovens. As revistas voltadas para esses líderes sempre apontam os desafios da Geração Y, ou seja, aqueles que nasceram na década de 1980 e 1990. Há uma preocupação com um ambiente menos sisudo, mais dinâmico e responsálvel. Já nas igrejas (pastores) ainda reina o formalismo extremo e a liturgismo (inflexível) de cemitério (mesmo em igrejas pentecostais). Diálogo zero! Empatia zero!
c) Os jovens se deparam com desafios enormes diante dos valores pós-modernos. A maioria dos jovens estão, graças a Deus, na universidade, mas são totalmente despreparados para lidar com princípios cristãos no mar do relativismo, do multiculturalismo e do hedonismo reinante nas universidades. Enquanto isso, muitos pastores estão preocupados com os jovens que usam calças, shorts, maquiagens, adornos etc. É impressionante que, diante de desafios tremendos na sociedade contemporânea, o debate nas Assembleias de Deus ainda esteja em volta dos “usos e costumes”.
d) Ensino praticamente zero. Como os jovens vão preparados para a vida se não sabem nem o A B C D do Evangelho? Com tanta mensagem superficial nos púlpitos não é novidade que a juventude também seja vazia. Púlpito ruim, igreja doente. Igreja doente, juventude doente. Lamentável dizer, mais ensino bíblico (de verdade) é objeto raro nas Assembleias de Deus. Sim, temos valorosos ensinadores, mas são uma minoria em uma denominação que se gaba ufanisticamente de ser a maior igreja pentecostal do mundo.
e) Enquanto parte considerável da denominação aposta nos “usos e costumes” tradicionais como processo de santificação, logo a carnalidade somente aumenta. A santificação também é um processo que depende da Graça de Deus, não é um processo meritório. Quem aposta a santificação na tradição está fadado ao fracasso e certamente abraçando o pecado. Muito se prega sobre santificação, mas justamente no foco legalista e ineficaz, já que se despreza o trabalho do Espírito Santo (cf. Rm 8). Esse povo nunca leu Gálatas?
f) Exortações e mais exortações com focos exagerados. É quase trágico quando um “pregador adulto” vai aconselhar os jovens sobre a internet. Sempre o foco é o problema. É claro que se usa a internet de maneira errada, mas e o potencial evangelístico e a transmissão dos valores cristãos pela grande rede? Nunca ouvi uma única mensagem que falasse de tecnologia e apontasse o seu potencial. Os jovens sempre recebem o mandamento negativo (não faça) e quase nunca o mandamento positivo (faça isso).
e) Existe maior exemplo de descontextualização nas Assembleias de Deus do que chamar adolescentes e jovens de “mocidade”?"
MEU COMENTÁRIO: Concordo com as colocações do Gutierres, que aliás é um jovem que eu admiro pelo que escreve, mesmo sem o conhecer pessoalmente. Eu acrescentaria que a crise da juventude assembleiana está associada à da própria igreja. A Assembléia de Deus é uma igreja que vem tentando se contextualizar, mas isso é feito de forma meio lenta. Que ela mudou nos últimos anos, isso eu posso afirmar que sim, como membro desta igreja há quase trinta anos. Mas, a mudança vem acontecendo aos poucos, de forma gradual, seja nos usos e costumes, seja na liturgia e até na forma do ensino bíblico. Ela vem se abrindo a ter mais participação na mídia e procurado apoiar o ensino teológico, que antes era desprezado. Ao folhear uma revista da CPAD, a gente vê não somente uma melhora na qualidade gráfica em comparação a anos atrás, mas também uma tentativa de apresentar temas mais atuais. Mas é importante nessa análise pensar algumas coisas como:
a ) A igreja que antes era majoritariamente composta de membros das classes menos favorecidas, viu recentemente, como a entrada de novos membros vindos da classe média e a ascenção de muitos dos antigos à nova classe social econômica. O impacto imediato é entrada no mercado de consumo, onde muitos comportamentos são diferentes agora;
b) A igreja onde antes sua membrasia, incluindo seus pastores ( com algumas exceções) não possuiam formação acadêmica ou teológica, vê agora seus jovens fazendo faculdade, e o surgimento de várias faculdades teológicas e institutos bíblicos, formando obreiros (mesmo que a qualidade desses cursos seja objeto de críticas). O impacto imediato é o acesso a pensamentos e interpretações sobre a própria Bíblia, que antes não eram questionados;
c) O tempo corrido das atividades trabalho/escola/família, mudou muita coisa como a presença menor nas atividades da igreja, seja nas orações ou trabalhos evangelísticos. Os cultos de oração, são reuniões onde o que menos se faz é orar. Isso gera impactos, pois onde antes cada crente era um evangelista, agora vemos uma classe clerical constituída e responsável pelos projetos da igreja. Com a desculpa da correria do dia a dia, a oração e a leitura devocional da Bíblia de forma individual em casa, virou raridade.
d) A adesão da AD, ao mercado gospel, seja na música ou na pregação. Os Congressos evangélicos se tornaram eventos de oba-oba, onde se valorizam os pregadores animadores de auditório e cantores "famosos". No final, o evento gerou um gasto enorme, com praticamente quase nenhum alcance evangelístico, sendo considerado "bom", quando o reteté entre os crentes foi grande. É hora de dar um basta, nesses cachês altos! Eles existem, porque tem quem paga!
e) Fui líder de jovens durante vários anos, e fui separado ao ministério ainda solteiro, mas isso está escasseando ultimamente. A gente vê muitos líderes e conjuntos de "jovens" que na verdade são constituídos por maioria de pessoas casadas! Cadê o encentivo à formação de uma liderança jovem?
f) É momento de tentar levar o povo mais para a Palavra, com pregações mais expositivas na igreja, sem aquelas chatices manjadas de "olhe para o seu irmão e diga isso, ou cutuque quem está do seu lado e diga aquilo".
g) Falta muito o "aprendei de mim, de Jesus", pois com essas brigas de política eclesiástica que são cada vez mais frequentes, que exemplos a liderança maior da igreja quer dar aos seus jovens e membros?
O assunto é vasto depois eu continuo...