sexta-feira, 20 de julho de 2012

Subsídio para EBD - Superando os traumas da violência social

INTRODUÇÃO

Um dos problemas sociais mais sérios da sociedade, e que não é recente, é a violência. A Bíblia fala de violência e orienta os cristãos a responderem a essa dura realidade. Ao , estudarmos a esse respeito, inicialmente, definiremos violência, tanto da perspectiva sociológica quanto bíblica. Posteriormente, avaliaremos a violência à luz da Bíblia, e final, mostraremos encaminhamentos espirituais para a superação da violência.

1. DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA

A violência, de acordo com a perspectiva sociológica, é um comportamento que causa algum tipo de dano físico ou moral às pessoas. O termo vem do latim vis, que tem a ver com força, por conseguinte, a violência é sempre um ato de força extrema, uma agressão de alguém que se coloca impositivamente sobre o outro. A violência se concretiza de maneiras diversas, através de assassinatos, mortes, agressões, sejam elas verbais ou físicas ou econômicas. Dentro da abordagem relativista, a violência é relativa, isto porque não há absolutos. Sendo assim, um comportamento considerado violento em uma sociedade pode não ser em outra. Na Bíblia, a violência é um conceito que está relacionado ao pecado, que não é relativo. Em hebraico, o termo é hamas que diz respeito à impiedade do ser humano contra outro e contra Deus (Gn. 6.11). No Antigo Testamento a violência toma a forma através de assassinatos (Gn. 49.5) e da pressão psicológica (Sl. 35.11,12). A violência é resultado do pecado, já que os seres humanos perderam o respeito pela vida e se distanciaram de Deus (Jr. 13.22; Ez. 7.11; Is. 59.6; Jr. 6.7). No Novo Testamento, o substantivo grego bia significa violência e força. Há uma passagem bíblica em At. 5.26 em que essa palavra aparece no contexto da violência político-religiosa. É nesse contexto que Paulo foi vítima de perseguição e violência por seguir a Cristo (At. 21.35). Existem poucas referências bíblicas à violência no Novo Testamento, tendo em vista que a mensagem de Cristo é de paz, não de agressão, ainda que Ele tenha sido vítima da violência social.

2. A VIOLÊNCIA NA BÍBLIA

Na Bíblia, a violência tem sua origem na Queda de Adão e Eva, quando esses decidiram trilhar caminho próprio, ao invés de irem após a orientação divina (Gn. 3.4-24; 6.5). Após a Queda, os filhos de Adão e Eva perderam o respeito pela vida, Caim, com inveja do seu irmão Abel, o assassinou (Gn. 4.3,4). Lameque retrata a condição atual humana decaída, pois, além de matar dois homens, ainda se vangloriou do seu feito (Gn. 4.23). A expansão da violência foi tamanha na antiguidade que, de acordo com o relato de Gn. 6, Deus precisou punir a humanidade, salvando apenas a família de Noé (Gn. 6.7). O Antigo Testamento está repleto de histórias de violência, o contexto das sociedades daquele tempo estava respaldado na guerra. Mas Deus não incentiva à violência, nem mesmo em relação “à vara” para a correção das crianças, criticada infundadamente, pois nada tem a ver com espancamento (Pv. 29.15). A Bíblia não aprova a violência contra crianças, cônjuges, idosos, ou de natureza sexual. Jesus se posicionou contra todo tipo de violência (Mt. 5.21-23; 7.1-5). A violência contra a mulher é reprovada na instrução de que o homem deve amar sua esposa como Cristo amou a Sua igreja (Cl. 3.19). A violência de pais contra filhos é censurada, já que esses são orientados a não irritá-los (Cl. 3.21). Os patrões não devem subverter os direitos dos seus empregados, pois isso é abuso, e também violência (Cl. 4.1). Na perspectiva bíblica, a violência tem raízes profundas, seus frutos são manifestos em palavras de ira e blasfêmias (Ef. 4.31,32), não condizentes com aqueles que expressam a fé em Cristo.

3. SUPERANDO OS TRAUMAS DA VIOLÊNCIA

Existem casos distintos de violência na sociedade, por isso, cada um deles deve ser tratado em suas especificidades. Há situações em que os cuidados de um psicólogo podem ser descartados, muito menos a orientação espiritual. A princípio, é preciso compreender os estágios pelo qual passa aqueles que foram vítimas da violência. O primeiro deles é o do impacto, caracterizado por choque, ansiedade e medo. O segundo é o da negação, a vítima tenta voltar à vida normal, negando a realidade. O terceiro é o processo, quando o sentimento da violência não pode mais ser reprimido. O quarto e último é o da integração, quando a vítima percebe que não é mais controlado pelo efeito da violência. Todos os dias pessoas são vitimas da violência social, crianças são abusadas sexualmente, mulheres são estupradas, outras agredidas pelos seus cônjuges e idosos são injuriados em diversos contextos. Existem diversas maneiras de evitar a violência social. Uma delas é a educação, os casos de violência costumam estar atrelados à falta de formação. Não por acaso, os bolsões de violência se encontram em contextos em que as pessoas foram privadas da ascensão educacional e econômica. As famílias também precisam ser protegidas, cada vez mais crianças e adolescentes têm acesso à violência, essa está se naturalizando. Os meios de comunicação em massa, inclusive os jogos eletrônicos, favorecem a violência. O uso de drogas está destruindo a juventude, o crack é uma substância que causa dependência imediata. Os efeitos das drogas não são apenas no organismo dos dependentes, mas na sociedade como um todo, causando um ciclo de destruição e criminalidade.

Há um texto extraído da obra "Feridas que Curam: Levando nossos Sofrimentos à cruz, editada pela CPAD  que diz o seguinte:

"O filme Forrest Gump contém uma cena animadora, em que Jenny, de cinco anos, amiga de Forrest, ora depois que os dois correm fugindo do pai dela que está bêbado: “Querido Deus, transforme-me em um passarinho, assim posso voar para longe, muito longe daqui”.

O pai abusou sexualmente dela, e, apesar de ele ser preso no dia seguinte e Jenny viver sua vida, a sua luta para superar o que ele fizera apenas começara. Na realidade, ela gasta o resto de sua vida tentando se recuperar deste dano.

Anos mais tarde Jenny retorna à pequena cidade em que cresceu para visitar Forrest. Os dois, agora adultos, na casa dos trinta anos, estão caminhando perto da pequena cabana em que ela vivera antes. Quando ela fixa seus olhos na cabana, dolorosas lembranças do abuso, as quais estavam submersas, varrem sua mente.

Ela rompe em lágrimas e extravasa sua mágoa e raiva juntando as pedras a sua volta e atirando-as o mais forte possível contra a cabana. Quando não havia mais pedras, ela tirou os sapatos e também os atirou. Por fim, ela cai aos prantos no chão.

Quando Forrest reflete sobre a cena, ele apenas afirma: “Às vezes, acho que simplesmente não há pedras suficientes”.

Quando pensa sobre a mágoa e a dor em sua vida, você acha que se afina com o que Forrest disse? Talvez você tenha sofrido abuso verbal, psicológico ou sexual, sentiu a dor dilacerante de um divórcio, cresceu em uma família caótica com um dos pais alcoólicos ou perdeu um ente querido em um acidente sem sentido. Talvez você tenha feridas profundas de um relacionamento ou sinta a dolorosa solidão do abandono. Você nasceu com alguma deficiência física ou foi ridicularizado quando criança pelos irmãos ou outras crianças? Você foi tratado de maneira desleal no trabalho ou foi traído pelas pessoas de sua igreja?

A dor e raiva profundamente enraizadas, como no caso de Jenny, ainda pode aflorar em seu coração. Às vezes, você ainda pode sacudir os punhos cerrados em direção ao céu e, internamente, com voz feroz clamar: Deus, não é justo! Isso não está certo. O que fiz para merecer isso? Concordamos com Forrest Gump: “Às vezes, acho que simplesmente não há pedras suficientes”.

A verdade é que a cruz é “um lugar maravilhoso” em que há “misericórdia e graça” para os que foram “acusados e condenados” e profundamente feridos. Que cura graciosa e poderosa há nas mãos dEle, marcadas pelos pregos! Na cruz, Ele ministra a cura para nossas feridas".


CONCLUSÃO

No contexto da violência social, a cultura da não-violência, que é bíblica, deve ser propagada, não apenas em palavras, mas também em atos (Mt. 5.38,39; Rm. 12.19). O perdão é o antídoto contra a violência, o agressor, principalmente aquele que assim age por ter sido vítima da violência, é descontruído diante do comportamento misericordioso (Mt. 5.38-48; Rm. 12.20,21). Todos aqueles que foram vitimas da violência social devem lembrar que Jesus também o foi, e que Ele reagiu com amor, repreendendo aqueles que cultivavam a violência (Mt. 26.52).

Bibliografia:
 
BUTIGAN, K. BRUNO, P. Da violência à integridade. Sinodal: São Leopoldo, 2008.

COLLINS, G. Aconselhamento cristão. São Paulo: Vida Nova, 2004.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Evangélicos estão menos vinculados ás igrejas

O crescimento do número de evangélicos no país foi acompanhado pela expansão dos fiéis que transitam por mais de uma igreja ou que não têm vínculos com nenhuma instituição. O fenômeno, observado por pesquisadores da área, foi detectado também pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que divulgou em junho dados do Censo 2010 sobre a religiosidade dos brasileiros.

A pesquisa mostrou que, ao serem questionadas sobre sua religião ou culto, 9,2 milhões de pessoas (4,8% da população) responderam simplesmente ser evangélicas, sem citar nenhuma igreja específica. Em 2000, foram pouco mais de um milhão. Como os recenseadores não fazem perguntas adicionais, não é possível saber se de fato todo esse contingente frequenta mais de uma igreja, se frequenta só uma ou não frequenta nenhuma.

"A oferta de igrejas aumentou muito, e elas já não exigem aquela adesão irrestrita do passado", diz Edin Sued Abumanssur, do Departamento de Ciências da Religião da PUC-SP.

O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, aponta ainda que, atualmente, parte dos evangélicos já não frequenta nenhuma igreja.

"Assim como há os católicos não praticantes, hoje existem os evangélicos não praticantes", compara.

Para explicar o fenômeno, há várias hipóteses: desde a decepção dos fieis com a igreja que frequentavam até os custos elevados da vida religiosa, passando pelo aumento do individualismo e pela busca por mais autonomia.

Ao mesmo tempo, tem se tornado mais comum a tentativa de evangélicos de ocupar o espaço público. "É algo relativamente recente, porque eles sempre foram minoria. Agora que estão tendo mais expressão, querem obter mais visibilidade", diz Abumanssur.

Fonte: Denise Menchen, na Folha de S.Paulo