O poeta inglês Rudyard Kipling dizia:
“As palavras são a droga mais poderosa utilizada pela humanidade”. Como
auxílio, selecionei diversos provérbios, de vários países, que também expressam
o poder e o efeito das palavras sobre a vida humana (leia
aqui). Você pode imprimir e distribuí-los aos alunos ou citar alguns
deles à medida que for explicando a lição. Também pode selecionar alguns deles
e desenvolver o tema à luz da Bíblia. (Reproduzido do comentário da lição
5 — 4.° trimestre de 2013.) A advertência sobre a
responsabilidade dos mestres também está relacionada com o uso da língua, pois
o seus ensinamentos e a sua capacidade de convencer podem influenciar para o
bem ou para o mal.
A seriedade dos mestres (Tg 3.1,2)
Thomas
W. Leahy esclarece a questão da responsabilidade dos mestres:
Esta seção é claramente definida e bem
desenvolvida, desdobrando o tema mencionado anteriormente em 1,19 e 26. 1. não queirais ser mestres: o papel dos mestres
na protoigreja era importante e honorável [At 13.1; 1Co 12.28; Ef 4.11],
mas suscetível de abusos caso fosse buscado por motivos indignos. Tiago reflete
as advertências de Jesus [Mt 5.19; 23.7,8]. estamos sujeitos: Tiago se considera
um “mestre” na igreja. 212. Uma vez que o ensino se faz mediante a fala,
[Tiago] passa a uma longa admoestação acerca do uso da língua.
Em Síndrome de Lúcifer (baixe o livro aqui),
Caio Fábio menciona entre os sintomas que caraterizam a corrução de certas
lideranças evangélicas o fato de que “suas palavras promovem a eles
mesmos”. É o caso de líderes ou mestres que fazem mau uso das palavras:
“A
sua boca vive propalando grandes arrogâncias” [Jd 16, BLH]. E nesse
sentido há muitas maneiras sutis de os dissimuladores propalarem grandes
arrogâncias sem perderem a imagem espiritual de “humildade” e
“santificação”. Judas diz que tais pessoas são veementes, barulhentas,
ousadas e plenas de histórias impressionantes sobre elas mesmas. Aliás, sempre
que elas se introduzem numa reunião cristã é através do alardeamento que fazem
de suas “experiências espirituais”. É por isso que eu disse que é muito
fácil propalar grandes coisas sobre si mesmo sem perder o status da
espiritualidade.
A capacidade da língua (Tg 3.3-9)
Solomon
Andria comenta as três figuras que Tiago utiliza para ressaltar o poder e
o perigo da língua:
Tiago usa três elementos conhecidos para
mostrar como é importante os cristãos, e em particular os mestres,
controlarem a língua. Os dois primeiros exemplos ilustram como os seres
humanos podem usar até mesmo pequenos instrumentos para exercer domínio.
Primeiro, temos o cavaleiro capaz de controlar o cavalo por meio do freio na boca do animal (3.3). Depois, vemos que as marés e
ventos contrários podem impedir um navio de chegar ao seu destino se o
piloto não controlar o leme (3.4). No
terceiro exemplo, encontramos algo pequeno e útil que pode propagar
destruição por uma selva inteira se não for controlado (3.5). Observe que
ele diz: Ora, a língua é fogo (3.6), e não a língua
é como fogo. Trata-se mais de uma identificação que uma comparação, pois o
autor deseja enfatizar como a língua pode ser perigosa e destrutiva, causando
danos irreparáveis. Apesar de ser uma parte pequena do corpo, afeta todas as
outras. Pior que isso, porém, é sua capacidade de incendiar não apenas uma
selva inteira (3.5), mas também o mundo inteiro! Tiago segue o
exemplo do salmista (cf., p. ex., Sl 32.2; 42.3,7) e usa de
exagero para deixar claro que a língua descontrolada pode
causar danos enormes ao corpo e a todos a seu redor. O termo “corpo”
é uma forma comum de se referir à congregação dos cristãos. Para a alegria
do diabo, as palavras podem facilmente romper a comunhão. Por ironia, no
final das contas, a língua que espalha tamanha destruição será,
ela própria, consumida pelo fogo do inferno.
Não podemos agir de dupla maneira (Tg 3.10-12)
Você
pode enriquecer a sua aula se desenvolver este comentário de D. A. Carson:
Extraída
do relato da Criação está a alusão a 3.9: “Com a língua bendizemos o Senhor e
Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus” — uma óbvia
alusão a Gênesis 1.27. A parte da epístola em que essa passagem está
incorporada diz respeito à língua, e os versículos 9 a 12 destacam a
inconsistência desse órgão. Uma coisa é Deus abençoar e amaldiçoar com base na
resposta à sua revelação dada graciosamente (e.g.,Dt 30.19); outra é alguém
tomar para si essa prerrogativa divina simplesmente para dar vazão ao que lhe
agrada ou desagrada, o que é uma forma de idolatria, pois usurpa o lugar de
Deus. Pior, a “bênção” de Deus que proferimos com a língua não é sincera nem
honrada, se a mesma língua se deleita em amaldiçoar os que são criados à imagem
de Deus.
BIBLIOGRAFIA
Andria, Solomon. Tiago. In: Adeyemo, Tokunboh (Org.). Comentário bíblico africano. Tradução de Judson Canto et alii. São Paulo: Mundo Cristão,2010. * Carson, D. A. Tiago. In: Beale, G. K.; Carson, D. A. (Org.). Comentário
do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. Tradução de Valdemar Kroker et alii. São Paulo: Vida Nova, 2014. * D'Araújo Filho, Caio Fábio de. Síndrome de
Lúcifer. Venda Nova: Betânia, 1988. * Leahy, Thomas W. Epístola de Tiago. In:
Brown, Raymond E. et alii. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo: Novo Testamento e artigos sistemáticos. Tradução de Celso Eronides Fernandes. Santo