quinta-feira, 16 de julho de 2015

Apóstolo Paulo e o "silêncio das mulheres na igreja"

Paulo trata em I Timóteo 2 e I Coríntios 14 de “um lugar para a mulher no contexto daqueles dias.” Ele, sabiamente, aplica o bom senso a fim de que a igreja não esticasse demais os limites, tanto da consciência judaica—que vivia catando razão para perseguí-lo e acusá-lo—, como também respeita as necessidades de “contextualização” da Palavra aos seus dias e circunstâncias.

Assim, o que lemos em Paulo, quando ele proíbe a mulher de falar na igreja é apenas o Aplicativo Circunstancial. O que equivale, como aplicativo, a usar véu sobre a cabeça, costume que acabou completamente no Ocidente, e ninguém se sente em “transgressão”, pois, de fato, não há ali uma moda cristã, mas um aplicativo circunstancialmente simbolizador de um outro Principio: o da submissão da mulher ao marido, e a consciência da mulher quanto à proteção espiritual que aquele vinculo, sendo saudável, promoveria. Assim, a palavra véu, é, de fato “autoridade”. Ora, manteve-se o Princípio—a inter-dependência entre homem e mulher; a submissão da esposa ao marido; e a proteção espiritual que o reconhecimento de autoridade faz ecoar no mundo espiritual—, mas descartou-se o Aplicativo simbolizante, o véu.

O Princípio, todavia, era outro; e bem mais amplo que o Aplicativo Circunstancial.

Foi o próprio Paulo que disse em Galátas 3:28, que
“em Cristo não homem, nem mulher; nem escravo, nem liberto”...nem diferenças raciais a serem levadas em consideração!
 
A igreja de Corinto era composta de conversos de origem judaica e grega (Atos 18:4), como também a igreja em Éfeso (Atos 19:8-10), sendo essa última pastoreada por Timóteo quando ele lhe escreveu a carta pastoral. Nos serviços religiosos das sinagogas da época, as mulheres judias assumiam uma atitude passiva, permanecendo separadas dos homens e comportando-se com decoro e discrição. Já o paganismo grego de Corinto estimulava uma participação litúrgica feminina proverbialmente irreverente e imoral. Alusões são encontradas a cerca de mil prostitutas cultuais que atuavam no templo dedicado à Afrodite (deusa do amor), na Acrópole daquela cidade.


O conselho de Paulo em 1 Coríntios 14:34 e 35 pode ter sido motivado pela manifestação de resquícios de irreverência litúrgica entre as mulheres que aceitaram o cristianismo, provenientes do paganismo. Endossando essa posição, Jack J. Blanco parafraseou interpretativamente esse texto, em sua The Clear Word, da seguinte forma: “Como em nossas sinagogas, as mulheres que freqüentam a igreja não deveriam falar em voz alta e comportar-se de maneira repreensível, como fazem nos templos pagãos, mas permanecer em silêncio e prestar atenção, como a lei ordena, de modo a não ofender os crentes judeus. Se vossas mulheres não conseguem entender o que está sendo ensinado, não deveriam interromper o pregador, mas esperar até chegarem em casa e perguntarem a seus maridos. Embora as mulheres pagãs falem em voz alta e interrompam os outros nos lugares de culto, é desonroso a uma mulher cristã comportar-se dessa maneira.”
Ora, Paulo também havia dito que se alguém era escravo, mas aparecesse a oportunidade da libertação, que a pessoa aproveitasse a chance, já que, em Cristo, toda escravidão deveria acabar. O mesmo se pode dizer do racismo, ou de toda forma de preconceito.

Por que, então, o Princípio de aplica a todas as categorias—escravidão, racismos, etc...— e não pode ser aplicado às mulheres em havendo “momentum”? Simplesmente não faria sentido ser diferente.

Paulo trata a questão aparentemente deixando as mulheres no banco, caladas, aprendendo com seus maridos.

Todavia, tanto nos dias dele—basta ver a quantidade de mulheres que ele menciona como “cooperadoras” em Romanos 16, e, até, faz uma alusão a um casal de apóstolos que já estavam no Senhor antes dele, como em qualquer outro tempo, sem as mulheres não teria havido igreja.




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