sexta-feira, 13 de março de 2015

Sobre a candidatura do Pr. Wellington Júnior a presidência da CGADB


Acompanhei pelo face, e depois no blog do irmão Daladier Lima com os comentários de alguns irmãos, inclusive do Pr. Geremias do Couto, sobre o lançamento do nome do Pr. Wellingtn Junior a presidência da CGADB.
Na convenção da CONAMAD (ministério madureira), quem detêm o mando de campo como se diz no futebol é a família Ferreira e na CGADB, a família Costa. Nos outros ministérios da AD , não filiados a nenhumas das duas convenções acima, a situação também não é diferente. Nas últimas eleições da mesa diretora da CGADB, o candidato que se apresentou como alternativa, também segue o mesmo modelo de quem ele queria substituir, pois sua família domina a AD de duas capitais da região Norte do país.  Eu pergunto: a proposta de alternância de poder só diz respeito a Convenção Geral?
Fiquei pensando, qual a surpresa do lançamento da canditatura do filho do atual presidente da CGADB, três anos antes da eleição, pois a notícia está correndo desde 2014? Afinal de contas, isso não é um reflexo do que ocorre hoje na nossa querida AD no Brasil?  Para mim, o cerne da questão na verdade está na figura eclesiástica que existe na nossa denominação, que saíndo do modelo congregacional do início de sua história, foi aos poucos aderindo ao sistema episcopal, concentrando na pessoa do pastor-presidente.
No início havia mudanças de pastores titulares nas igrejas, mas depois o cargo de pastor-presidente se tornou vitalício, e posteriormente também hereditário. Quando o ocupante do cargo vê que não está mais tendo condições físicas, dá logo um jeitinho brasileiro de mudar a lei (no caso - o estatuto da igreja), e colocar o filho, o genro ou neto como vice-presidente. O próximo passo, é a transferência da presidência para essa pessoa da família, às vezes até com dissidência de outro membro da família que também queria ser o ungido. A lista seria longa se fosse citar aqui os exemplos de transferência hereditária de presidências de igrejas nas AD pelo Brasil a fora só nos últimos anos.
Aí eu pergunto: quem da liderança, vai querer fazer uma reforma como realmente precisa no sistema assembleiano? Sistema que eu digo, é o modelo monárquico que se estabeleceu não só nos âmbitos convencionais mas nas igrejas-sedes país a fora. Sem alterar isso, não haverá mudanças significativas na estrutura denominacional.
 

quarta-feira, 11 de março de 2015

15 de março: eu não vou

                            
Vi o banner acima ontem, pela primeira vez, no blog da jornalista Cristina Moreno de Castro (http://www.otempo.com.br/blogs/blog-da-kikacastro). Não sei quem o criou. Eu gostei, compartilhei pelo Twitter.
Concordo com ela quando disse que ficou com a impressão de que nem todo mundo bateu panela e gritou "Fora Dilma" na janela de casa no último domingo...
Depois escreveu o seguinte, antes de compartilhar: "Democracia é aceitar o que uma maioria quis e trabalhar/cobrar para que dê certo para todos. Quatro anos depois, escolher livremente o candidato favorito, mais uma vez. E assim por diante".
Claro que, dentro do "cobrar", do parágrafo acima, cabe também protestar. É legítimo protestar. É legítimo fazer buzinaço, panelaço, vaiar (embora, que pena, muitos tenham optado por xingar baixarias contra a presidente da República, em pleno Dia Internacional da Mulher). Tudo isso, felizmente, é permitido e só pode acontecer porque ainda vivemos numa democracia.
Dilma saindo, por um impeachment, quem assumiria em seu lugar? Michel Temer, o vice-presidente, que é do PMDB. Mesmo partido de Renan Calheiros e Eduardo Cunha, que dispensam apresentações.
O pior é que não é nem isso que quer um grupelho que estava quieto há 30 anos e, com esta gritaria, voltou a ressurgir das trevas. Esse grupo, que já tem milhares de seguidores só em uma comunidade do Facebook, defende nada mais nada menos que a intervenção militar. E aí, bye-bye panelaço, buzinaço. Que seria do futuro? Imprevisível. E não algo que possa ser planejado ou reformulado num novo pleito, em quatro anos, como acontece hoje.
O horizonte passa a ser obscuro quando deixamos de viver numa democracia. Assim como essa instabilidade do período qualquer possibilidade de tomar rumos que melhorem o Brasil. Vira só uma grande histeria, cada dia mais radical e intolerante, e menos aberta a divergências.
É isso que você quer? Eu não. Por isso, me abstenho de participar dessa marcha do dia 15. Não pela marcha em si: é muito válido criticar a presidente, que está deixando muita gente insatisfeita, inclusive vários que são até filiados ao seu partido, o PT. Mas pelos que estão se aproveitando da marcha para gerar histeria e, com a histeria, criar o ambiente certo para um golpe, como aconteceu há 50 anos no Brasil (e, também daquela vez, começou com "marchas").
O Brasil vive um momento difícil com a economia parada, dólar e inflação subindo, desemprego voltando a crescer. A presidente Dilma, numa linguagem do boxe, está recebendo muitos golpes nas cordas do ringue, e com torcida de muita gente para que vá a lona nocauteada por um impeachment. Há meses, todos os dias, os jornais televisivos, escritos e na internet, tem como matéria principal as denúncias envolvendo a maior estatal brasileira, a Petrobrás, num jogo que envolve funcionários de alto escalão, empreiteiras e favorecimento a partidos políticos. Um escândalo político de grandes proporções sem dúvida.
Agora dizer que este é o maior caso de corrupção do Brasil, eu já fico como bom mineiro ressabiado quando ouço ou leio isso. É bom consultar uma velha senhora chamada “História”. Infelizmente a corrupção está presente em nossa história desde a colonização portuguesa, passando pelo Brasil Império e depois a República. O jurista e historiador Raymundo Faoro é autor de Os donos do poder, obra que aponta o período colonial brasileiro como a origem da corrupção e burocracia no país colonizado por Portugal, então um Estado absolutista. De acordo com o autor, toda a estrutura patrimonialista foi trazida para cá. No entanto, enquanto isso foi superado em outros países, acabou sendo mantido no Brasil, tornando-se a estrutura de nossa economia política.
Em 1954, Getúlio Vargas se suicidou em vez de ceder as pressões por sua renúncia, sob escândalos de que havia “um mar da lama”. Em 1960, Jânio Quadros se elegeu presidente usando uma vassoura como símbolo para varrer a corrupção do Brasil. No ano seguinte, meses depois de sua posse renunciou, dando início a um período de instabilidade política que culminaria com o golpe militar de 1964.

No blog do Fernando Rodrigues (http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/), há uma matéria interessante para quem acha que a corrupção entre empreiteiras e governo começou ontem ou anteontem. Vale olhar o decreto presidencial 64.345, de 10 de abril de 1969. O então presidente Artur da Costa e Silva (1967-1969) fechou com uma canetada as portas para empresas estrangeiras em obras de infraestrutura no Brasil. A partir desse decreto de 1969 criou-se uma reserva de mercado para empreiteiras nacionais. Prosperaram assim muitas das que hoje estão encrencadas no escândalo da Petrobras revelado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Esse decreto da ditadura vigorou até 14 de maio de 1991, quando o então presidente Fernando Collor o revogou. Mas parece que já era tarde. As empreiteiras nacionais já operavam de forma a impedir competição estrangeira – ou mesmo para alguma empresa de fora do grupo das principais nacionais.

Só para lembrar, até o final dos anos 60, a atual gigante Odebrecht era apenas uma empresa local da Bahia. Depois do decreto de Costa e Silva, despontou para o sucesso construindo o prédio-sede da Petrobras no Rio de Janeiro (em 1971), aproximando-se dos militares que comandavam a estatal, conforme relata reportagem de Marco Grillo, que buscou as informações no livro “Estranhas catedrais – As empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar” (Editora da UFF, 444 pág., 2014), resultado da pesquisa para a tese de doutorado “A Ditadura dos Empreiteiros”, concluída em 2012 pelo professor Pedro Henrique Pedreira Campos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Na tese de Pedro Campos, o autor demonstra que, “após o governo Médici”, a Odebrecht “com sua atuação junto aos militares presentes na Petrobras, arrematou 2 contratos que alteraram significativamente o seu porte, fazendo seu faturamento triplicar em um ano. As vitórias nas concorrências para construção do aeroporto supersônico do Galeão [no Rio] e da usina nuclear de Angra levaram a empresa do 13º ao 3º lugar na lista dos 100+”. Foi escolhida pelo setor como empreiteira do ano em 1974.

Antes de a ditadura militar consolidar a reserva de mercado para as empreiteiras nacionais, a tese do professor Pedro Campos mostra que havia um domínio de empresas estrangeiras no Brasil:
“No início da década de 70, as coisas começaram a mudar drasticamente, como demonstram esses gráficos a seguir, com a evolução das empreiteiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior e Odebrecht no ranking das maiores do país”.

A tese “A Ditadura dos Empreiteiros” traz dois quadros reveladores sobre como o dinheiro das obras públicas serviu para construir gigantes nacionais que concentravam o naco principal do dinheiro público:
“A simbiose entre o público e o privado na época da ditadura se dava com a colocação de militares em cargos de direção nas empresas que forneciam para obras de infraestrutura. Os generais iam parar em diretorias e conselhos de grandes corporações”.

Em resumo, como se observa, a gênese do problema que hoje está sendo desvendado pela Operação Lava Jato vem de muito longe. Há autores que dizem que o casamento entre empreiteiras e o poder não começou nem no regime militar e sim no governo JK, com a construção de Brasília.

Nenhum governo civil (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma) conseguiu, até hoje, reduzir o poder das grandes empreiteiras. Ao contrário, essas empresas e os grandes Bancos também, se transformaram em verdadeiros leviatãs, fazendo de tudo, inclusive financiando as campanhas eleitorais dos principais políticos do país.

O fato de as anomalias serem antigas em nada alivia a responsabilidade do governo atual – que terá o ônus de promover a faxina há muito demandada nessa área.

Portanto no dia 15 de março, em vez de ir atender o apelo do Pr. Silas Malafaia e ir para as ruas protestar, farei como o Pr. Claudionor de Andrade, escreveu no portal CPAD NEWS:

“O que você fará no dia 15 de março? Quanto a mim, não sairei às ruas a protestar, mas entrarei no meu quarto a orar e a interceder por meu país. Não sou contrário aos protestos. Mas, como haverá muitas vozes gritando palavras de ordem, reservar-me-ei à ordenança do Mestre: “Orai sem cessar”. Ninguém me ouvirá a voz. O Senhor, todavia, haverá de atentar a cada gesto emudecido meu”.



segunda-feira, 9 de março de 2015

E o Cristianismo venceu o mundo

Se Jesus não tivesse dito que Seu reino não é deste mundo, então teríamos que dizer que o Cristianismo venceu.
O Cristianismo se tornou uma poderosa potestade deste mundo. A mais poderosa delas.De fato, quando se tornou religião no quarto século, o Cristianismo entrou num mundo no qual nenhuma religião, até então, havia penetrado com tanta força.
Nesses dois mil anos de dominação cristã no Ocidente vimos “uma fé”, aliás, a fé ser diluída, corrompida, deformada, e metamorfoseada em outra coisa que nega a essência original.
Não é apenas uma questão de forma, trata-se de algo muito mais visceral ainda, e que penetra o âmago daquilo que um dia foi a fé em Jesus.
Foram dois mil anos de busca desenfreada do poder, de privilégios, de controle de reis e de príncipes, de usos e abusos da máquina pública em seu próprio favor, sempre aliando-se ao lado que haveria de vencer. O Cristianismo sempre encontra um meio de abençoar o tirano—pode até reagir no início, mas sempre se rende depois.
E foram todas as intervenções que o Cristianismo fez. Desde bênçãos, aos mais macabros projetos de “conquistas”, às mais inconcebíveis perseguições dos direitos individuais, sempre em nome de sua moral cristã, supostamente superior à do resto da humanidade.
No nível individual, o sexo foi o “demônio” eleito pelo demônio da “igreja” para sofrer as punições em lugar dos demais demônios, muito mais verdadeiros, e que se fantasiaram de cardeais, arcebispos, bispos, sacerdotes e pastores a fim de se esconderem... enquanto faziam suas próprias maldades contra o próximo. “Controle” é a palavra. Controle dos homens pelo medo, pelas punições eternas e temporais; e controle pela manipulação da devoção, transformando o medo em piedade, e os terrores eternos em suposto temor a Deus.
O maior golpe de todos foi a instituição da “Igreja” como representante dos desígnios divinos na Terra. Conseguiram essa façanha no passado e continuam a conseguir até hoje.
É impressionante, mas o povo pensa que aqueles carinhas vestidos de sacerdotes, pastores, bispos, ou de qualquer outra fantasia sacerdotal... representam Deus.
O povo crê... e isso é que é trágico e engraçado.
No Brasil atual, vemos uma das mais sofisticadas formas de expressão dessa força do Cristianismo em plena manifestação. É verdade que esse Poder Maior gerou — até pela inveja e pelo desejo de obter parte de seu poder — uma legião de filhotes da mesma natureza. Todavia, para quem gosta de ver e admitir a força dos fenômenos históricos, não há como negar que a Igreja Universal do Reino de Deus é a maior e mais sofisticada forma de adaptação do Cristianismo aos poderes deste mundo. Está vencendo a Igreja Católica. Também já deixou pra trás todos os concorrentes americanos.
É uma máquina. Máquina como nunca antes se havia criado. Máquina de comunicação, de manipulação do sagrado, de venda de favores divinos, de acorrentamento das pessoas ao poder que reside no “Lugar”, e de transformação do rebanho num “rebanho”.
Se as coisas continuarem assim...Bem, o Cristianismo crescerá apenas nos lugares onde ele já está presente, pois seu atrelamento aos poderes políticos é tão profundo que já não lhe resta a isenção que é filha da sinceridade para com o Evangelho — e só pra com o Evangelho — a fim de compartilhar o Evangelho do Reino com as nações da Terra.
Também nesse sentido, devemos dizer que os evangélicos conseguiram o que sempre desejaram: ser mais poderosos. Hoje pode-se dizer que os evangélicos têm poder. E aqui eu não estou preocupado em separar nada dentro desse pacote. Não há mais porque separar uma coisa da outra, dividindo o grupo em subgrupos, etc. De fato, é tudo a mesma coisa, e o que os une é a fixação pelo poder.
Sei que um monte de gente fica irritada com tais generalizações... mas não vou mais fazê-las: na hora do “vamos ver”, todos tocam e dançam a mesma música. São iguais.
Poder nos Estados Unidos e poder na Inglaterra... E muito poder no Brasil.
Hoje em dia os Estados Unidos e o Brasil são das duas máquinas políticas dentro das quais o Cristianismo tem seu maior poder.
O problema é que Jesus disse “...o meu reino não é deste mundo...”
Então, assim estamos, cheios de influências, próximos do poder, usufruindo dele, fazendo barganhas, levando vantagem, enriquecendo, assustando o mundo com a nossa falta de caráter, e nos tornando parte da Grande Babilônia.
O que acabei de dizer o fiz com responsabilidade. Quem desejar, que me julgue em alguns anos. Estou dando a cara para apanhar.
Repito: o Cristianismo é parte da Grande Babilônia, ajudará a Besta, e se unirá em voz ao Falso Profeta.
A Igreja que sobreviverá a tais tempos é a mesma que sobreviveu em todos os tempos: aquela que é salva pela terra quando a fúria do Dragão se manifesta:
“...então a terra salvou a mulher que estava para dar a luz...” diz o Apocalipse.
A verdadeira Igreja é salva porque ela não está tão disponível assim aos sentidos históricos, como fenômeno. Sabe-se dela, mas ela não sucumbiu à fixidez das forças do poder. Daí ela estar presente, porém com grande capacidade de se espalhar pela Terra.
A verdadeira Igreja é hebréia... está sempre em movimento... não se deixa prender por nenhuma estrutura. A verdadeira Igreja usa circunstancialmente essas “coisas”, mas não se deixa usar por elas. De fato, ela não as usa... ela as sobrevive.
A verdadeira Igreja sabe que quanto mais poder tiver entre os homens, menos poder terá no Espírito.
A verdadeira Igreja sabe que o poder fica perfeito na fraqueza. A verdadeira Igreja quer se parecer com Jesus, e não sonha para si nenhum futuro de conquista da Terra e de seus poderes.
O Cristianismo venceu... É um “case” de total sucesso. Seu patrono deveria ser Maquiavel.
Quem quiser ser discípulo, siga a Jesus de Nazaré. O único problema é que com Ele a gente não aprende as maldades tão necessárias para que se possa ser um líder cristão bem-sucedido.
Quem sabe o ideal seja o nome de Jesus para enganar e Maquiavel para ser o mentor.