sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Seita diz que espera volta de Jesus e não deixa as crianças irem à escola e ao médico

El nuevo diario alejandro sanchezImage copyrightEl Nuevo Diario Alejandro Sanchez
Image captionMais de 600 pessoas esperam a chegada do Espírito Santo e o arrebatamento divino na Nicarágua
Enquanto seus pais ou responsáveis aguardam o retorno de Jesus Cristo na Nicarágua, mais de 300 crianças e adolescentes estão sem ir à escola ou receber atendimento médico.
Essas pessoas são membros de um grupo religioso com mais de 650 integrantes que se autodenomina "O corpo místico de Cristo". Eles aguardam em El Viejo, uma vilarejo perto da cidade de Chinandega, o "arrebatamento divino" - um evento narrado na Bíblia em que pessoas seriam levadas aos céus para ficarem com Deus após o apocalipse.
Entre os membros do grupo há nicaraguenses, mas também pessoas de El Salvador, Guatemala e Honduras, de acordo com autoridades do país.
Uma jornalista nicaraguense, Carol Munguía, do El Nuevo Diario, visitou a comunidade e contou ter ficado chocada com o estado de precariedade em que se encontram seus habitantes, especialmente as crianças e adolescentes.
"Há ali mais de 600 pessoas, muitos adolescentes e crianças em estado vulnerável e todas amontoadas", disse Munguía à BBC Mundo.
A repórter relatou que os pastores que lideram a comunidade, 11 no total, moram em casas de cimento, com computadores e acesso à internet, enquanto os "outros estão amontoados, vivendo em cabanas feitas com folhas de palmeira, plástico e madeira, uma a meio metro da outra, e dormem em redes".
Relatos sobre as condições de vida na comunidade tiveram grande repercussão no país, onde há grande preocupação com o estado de saúde das crianças, que por ordem dos adultos não têm acesso à atenção médica.
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Image captionAdultos não permitem que crianças frequentem escola ou recebam atendimento médico
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Image captionGastos da comunidade são financiados com dinheiros que pessoas doaram aos líderes
Muitas crianças estão com catapora, mas os adultos não permitem que sejam atendidas sequer pelas Brigadas Médicas que o governo enviou para a região.
"Existe o perigo de que haja um surto epidemiológico", diz Munguía, "mas eles insistem que têm um único salvador: Jesus."
A coordenadora do Conselho de Comunicação e Cidadania e primeira-dama da Nicarágua, Rosario Murillo, disse que "não pudemos convencer essas pessoas da necessidade de que as crianças sejam atendidas".
Apesar de destacar que na Nicarágua as crenças e a fé das pessoas é respeitada e que há liberdade de culto e religião, Murillo insistiu que "as crianças têm direito a receber saúde e educação e à proteção de uma família e essa lei tem que ser respeitada".
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Image captionAutoridades estão preocupadas com situação de crianças na comunidade
Não se sabe, por exemplo, quantas das crianças presentes estão acompanhadas dos pais ou, se não, se têm permissão dos pais para permanecer ali.
O governo do presidente Daniel Ortega estuda uma intervenção no local.
A ministra da Família, Adolescência e Infância, Marcia Ramírez, esteve no local na terça-feira.
Minutos antes de começar a visita à área, ela disse à BBC Mundo que seu objetivo era monitorar a situação, em especial a dos menores, conversar com os membros do grupo e buscar possíveis soluções.

'Arrebatamento divino'

Os membros do movimento religioso, qualificado como seita pelos meios de comunicação locais, chegaram à zona rural de El Viejo há dois meses.
O grupo, liderado pelo pastor Javier Sánchez, que atualmente está detido, espera alcançar a salvação nesta pequena localidade a 200 km da capital, Manágua.
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Image captionMinistra foi à região para monitorar a situação
"Foram chamados por um pastor do movimento 'O corpo místico de Cristo', formado há uns dez anos, e estão concentrados à espera de um arrebatamento divino", conta Munguía.
"Eles esperam esse acontecimento da vinda do Espírito Santo e acreditam que pode ocorre a qualquer momento de alguns meses atrás até a próxima primavera (do hemisfério norte)."
Segundo o sacerdote católico Luis Santamaría del Río, da Rede Iberoamericana de Estudo de Seitas, o "arrebatamento divino" se daria na chegada do fim do mundo: "Quando chegar o fim dos tempos, no momento anterior ao infortúnio previsto pelo Apocalipse, os crentes verdadeiros serão arrebatados (ou levados) corporalmente pelo Senhor".
Mas ele adverte que "os acontecimentos finais são de iniciativa divina, e não podem ser adiantados ou atrasados pelos homens, como às vezes defendem alguns intérpretes que estão errados."

'À mercê do pastor'

Até o momento, a medida mais chamativa das autoridades foi a detenção, no final de semana passado, de Javier Sánchez, o pastor que lidera o movimento.
Sánchez foi preso enquanto tentava entrar no país vindo de Honduras com parentes do país e cinco outros pastores.
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Image captionPara membros do 'Corpo místico de Cristo', críticas externas não são obstáculo para ascensão espiritual
A jornalista Carol Munguía disse que, ao conversar com membros do grupo, percebeu que são pessoas que estão sem opções, "à mercê do que o pastor diz".
"São pessoas que, procedentes de vários países da América Central, venderam tudo, seus bens, eletrodomésticos, veículos, e deram a ele todo o dinheiro dos pastores, que estão administrando o dinheiro."
"Agora, sem líder, estão um pouco perdidos, se perguntam porque o detiveram", acrescenta.
A polícia nacional e as Brigadas Médicas observam o lugar, prontos para uma eventual intervenção - que será muito diferente da que esperam os integrantes do grupo.
MEU COMENTÁRIO: Que coisa triste! Ver pessoas simples que ficam, como diz a reportagem "à mercê" do que o líder relioso ou profeta diz. E no Brasil a situação não é diferente em tantos casos por esse país a fora. O pior, é usar a Bíblia para tirar proveito das pessoas! A pessoa acha que ficou liberta, mas caiu em outro tipo de escravidão - a do fanatismo religioso! Jesus voltará realmente conforme diz a Palavra de Deus, mas nesse dia muitos clamarão "Senhor, Senhor", fizemos muitas coisas no teu nome! A resposta Dele será: "não vos conheço".  

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Subsídio para EBD - A criação dos Céus e da Terra

 

Lendo tanto o comentário da lição da CPAD, quanto alguns subsídios postados sobre a lição, incluindo alguns sites e blogs sobre criacionismo e desing inteligente, vi afirmações que me deixaram meio desanimado. Eu fiquei pensando será que eles pensam assim mesmo, ou só estão dizendo isso para agradar seus superiores e não perder eleitores e simpatizantes? Ou será que foram tão condicionados que a mente não se abriu nem um pouquinho? Veja algumas dessas afirmações abaixo:

1- O Gênesis é literal, mesmo os capítulos 1 a 3;
2 -O mundo foi criado em seis dias de 24 horas;
3 -A teoria da evolução é uma suposição anti-bíblica e totalmente ilógica e não científica na medida em que supõe efeito sem causa ou propósito e afirma algo de que não temos nem registros fósseis, nem observações científicas. Para quem apresenta um currículo com várias formações incluindo alguns "Ths" em Teologia, essa foi de doer!

 
Gênesis 1 a 3 - Literal ou mítico?
Puxa vida gente, dizer que a narrativa do livro do Gênesis dos capítulos 1 a 3 é mítica, não significa que é mentira, engano, falsidade e fantasia! Pelo contrário a narrativa é claramente mítica e completamente verdadeira.


O mito não significa mentira, engano, falsidade e fantasia. O mito é uma linguagem universal usada na perspectiva de revelar por figuras, símbolos e arquétipos, aquilo que não se viu como ocorrência, mas que se sabe corresponder à verdade do que foi gerado.

Nossa tolice é tão grande que nos prende à narrativas de configuração e linguagem mítica de forma literal como se a fé só fosse fé se todas as coisas tiverem sido literais.

A Escritura tem todo tipo de linguagem. Começa com a mítica, entra na semi-histórica, adentra a histórica, se utiliza da simbólica, expressa a alegórica, a metafórica, e também a literal. Ora, se a Escritura se utiliza de todas essas linguagens, não faz sentido usar apenas a visão literal na hora de lê-la, se há outras formas de linguagem em uso no próprio texto. Cada texto tem que de ser lido e discernido conforme a sua linguagem. E a Escritura não inicia dizendo que linguagem está usando, apenas porque é obvio quando uma certa linguagem está sendo praticada. 
 
Creio que houve muitas eras e ciclos de vida no chão que habitamos (depois falaremos sobre a teoria do hiato ou intervalo). Creio que a narrativa do Gênesis mostra o significado divino de todas as existências, e revela o lugar especialmente importante do homem na criação. Creio que a “queda” aconteceu, e que o dialogo de Eva com a Serpente foi uma realidade, porém, a linguagem usada para nos contar algo que teve seu lugar muito mais na dimensão psicológica, é, própria e adequadamente, de natureza mítica. Creio que tudo o que ali está dito é tão mais belo e verdadeiro quanto mais se lê o texto conforme a natureza de sua linguagem. Aliás, somente desse modo o texto deixa de parecer estória da carochinha. Lendo-o como mito ele cresce ainda mais em seu significado como representação não-jornalística da verdade, e que nem por não ser “jornalística” deixa de ser verdadeira.

O Gênesis apresenta o fenômeno do que nos aconteceu como espécie, e usa a única linguagem possível, em se tratando de coisas para as quais a consciência não tinha meios de perceber se não como linguagem fenomenológica.

As culturas dos povos, quase todas elas, são extremamente parecidas com a linguagem do Gênesis. O que apenas prova a realidade de que o Inconsciente Coletivo da Humanidade está saturado com a mesma verdade e com os mesmos conteúdos, variando apenas na forma do mito.

O modo mítico como o Gênesis relata a criação da consciência humana é, na minha pobre maneira de ver, o mais perfeito de todos. No entanto, a linguagem é mítica; e é a mais própria de todas as linguagens míticas.

Mito, portanto, não é o que não é, mas sim o que é; só que sendo contado de uma forma atemporal, não envelhecível, não necessitada de re-atualizações históricas freqüentes.

Você já imaginou se há quase quatro mil anos a Escritura contasse a criação do homem do modo como ela pode ter “de fato” acontecido? Quem entenderia o quê? Desse modo, a Escritura usa uma Linguagem Perene a fim de relatar aquilo que não seria jamais compreendido sem que a linguagem fosse mítica. Para os antigos era a única linguagem possível; e continua a ser a única possível para nós também.

Na realidade as pessoas não entram nesse assunto não é por medo de perderem a fé, mas por temor de serem “interpretadas” como tendo perdido a fé.

Ora, o Gênesis, em seu inicio, é mítico, o restante não é. A ressurreição de Jesus, todavia, não é narrada com linguagem mítica, mas histórica. Assim, deve-se ler o Gênesis conforme a linguagem proposta, e os Evangelhos, conforme a linguagem histórica narrativa com a qual ele está carregado. 

Criação do mundo em seis dias ou eras?
Sobre os "dias da criação", devo dizer que há linhas de pensamento teológico que reconhecem que os textos que falam de "dias" na verdade se referem a "eras" e que o planeta não fora construído em seis dias literais de 24 horas.
 
Na realidade o próprio Gênesis descreve um outro conceito de “dia”. Primeiro trata-se de um dia com “D” maiúsculo. Segundo, trata-se de um dia que não é como nenhum outro conceito de dia nas culturas humanas; pois, o Dia do Gênesis começa à tarde e termina pela manhã. “E houve tarde e manhã o... Dia”.
Assim, tal Dia nasce no entardecer, nasce do ocaso, nasce do caos, e caminha para o alvorecer de um novo Dia. Tal conceito faz sentido com toda a dinâmica Universal, na qual, todas as novas Eras ou Aions, são precedidos por caos, por estados sem forma e vazios.
Ora, o próprio profeta Joel, ao falar do Aion do Espírito sobre toda carne, cria um cenário de caos: “fogo, sangue e vapor de fumo...” O Apocalipse, coerentemente com todas as falas de Jesus, também é claro quando trás o eterno Aion (A Nova Jerusalém) — após um estado de caos universal.
Se olharmos para a história arqueológica e paleontológica, veremos que todas as grandes mudanças na Terra, com a adaptação e prevalência de novas espécies, sempre aconteceu após grandes catástrofes. E isto faz sentido com a idéia bíblica do Dilúvio; e ou com a afirmação acerca do sepultamento do “mundo antigo”.
O Gênesis, portanto, mantém esse principio; pois tanto o mundo é criado do caos que o precedeu (“... a terra, porém, estava catastrófica e vazia...” — diz o texto hebraico), como também o “Dia” de cada nova criação, começa no “entardecer” e caminha para o novo, para o “alvorecer”. Assim, sem irmos mais além, fica insinuado que é assim.
Para quem crê em Deus, tanto faz. Deus é Deus. Tanto pode criar tudo em seis frames de segundos, como em seis segundos, como em seis horas, como em seis dias, como em seis aions de tempo desconhecido — ou seja: para além de nossas mensurabilidades. O que vale dizer é que foram seis “Dias”; e que foram Dias que começaram no entardecer de um aion e caminharam para o alvorecer de um outro.
Afinal, o que interessa ao ser humano e à sua esperança existencial, não é o tamanho do Dia do Gênesis, mas sim que Jesus ressuscitou ao terceiro dia depois da Cruz, em nossa cronologia histórica.

A teoria da Evolução

 
Não sou Criacionista e muito menos um Evolucionista.
O Criacionismo é uma teoria altamente ideológica e é tola na pressuposição de que o Gênesis possa ser estudado como um livro de ciências.
Já o Evolucionismo é uma teoria boba quando é ateia. Entretanto, se o modo de Deus criar foi via uma evolução, então, apenas se vê o milagre do modo de Deus criar dentro do processo natural, de dentro para fora; ou seja: Deus na criação, imanente no processo criador gradual. Entretanto, para mim, só é possível imaginar a maravilha de tal criação, se Deus está no processo todo, soberanamente imanente nele; pois, do contrário, não haveria como a quase infinita variedade de vida surgisse; nem a variedade e nem qualquer forma, por mais básica que seja. Não sem matéria e assistência ampla do Criador. Afinal, os elementos constitutivos do Universo não existem de e por si mesmos.
Para mim ambas as teorias são fanáticas e passionais. E ambas são sistêmicas e fechadas. Ou seja: se há “ismos” há Dogmas.
Tenho dito exaustivamente que não trabalho com sistemas fechados quando se trata de Deus e nem da vida.
O que creio então?
Ora, creio no que o Gênesis diz.
O Gênesis, porém, apenas diz que Deus criou tirando do nada. Depois diz que houve catástrofes na Terra, pois, a Terra estava sem forma e vazia, ou, no original: estava catastrófica. E prossegue dizendo que Deus deu a Terra o poder espontâneo decorrente de seus elementos favoráveis à vida pudessem produzir vida. Daí a ênfase seja em “produza a terra”... Ou: “produzam os mares”... . Além disso, o Gênesis diz que a criação na Terra foi bem gradual, não importando o tempo da gradualidade. Interessante: o caminho da criação no Gênesis anda na frente do mesmo caminho evolutivo proposto pela Teoria da Evolução. Ou seja: as seqüências são as mesmas em ambas as descrições, tanto no Gênesis como na Teoria da Evolução.
Prosseguindo:
O Gênesis diz que a criação do homem é descrita como algo especial, misturando os elementos da criação na terra [o material orgânico chamado apenas de lama...] e o sopro divino gerando a psique e a dimensão espiritual de autoconsciência do homem. E conclui dizendo que a autoconsciência no homem é que fazia a distinção mais essencial entre o homem e o resto da criação na Terra. Por quê? Porque é a autoconsciência o grande milagre, e, aparentemente, é algo muito além do poder existente no mecanismo evolutivo... — se for o caso de a criação ter sido por evolução.
Isto é tudo o que se pode saber pela Bíblia!
Pergunto:
O que se precisa, concernentemente fé, mais do que acima está proposto?
O mais é questão de pesquisa e de muito, muito estudo prático e teórico.
E, ao mesmo tempo, para mim fica claro duas coisas: a 1ª é que ninguém sabe ainda “como” de fato foram coisas foram criadas, e, sinceramente, não sei se um dia se saberá; posto que nenhum de nós tenha estado lá. Tanto a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, quanto a Teoria do Big Bang, surgiram no século XX.
 
Ora, se não podemos ter certezas acerca de muitas coisas contemporâneas e abertas a todas as formas de estudos laboratoriais e empíricos — pergunto: Como se saberá com certeza qualquer coisa relativa aos processos e às formas que todas essas coisas tiveram de fato?
 
Todas as formas de fanatismo impedem o raciocínio e a reflexão.
 
Em outras lições, falarei sobre o dispensacionalismo e a teoria do hiato.
 
Sugestão de leitura, matéria da revista Época sobre as teorias da criação:http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT884203-1664-9,00.html