sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Subsídio para EBD - E Deus os criou homem e mulher



O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, para amá-lo, obedecê-lo e seguí-lo. Vestígios desta verdade se encontram até mesmo na literatura gentílica. Paulo assinala, ante os atenienses curiosos, no Areópago, que alguns dos mais famosos poetas gregos, entre os quais Cleantes e Arato, disseram: “Porque dele (Deus) também somos sua geração” (At 17:28).

Grandes vultos da Igreja Primitiva, comumente chamados de “Pais da Igreja”, tinham como ponto pacífico a crença quanto à imagem de Deus no homem, a qual consistia principalmente nas características racionais e morais do homem, e em sua capacidade de santificar-se. Alguns deles foram levados a crer e incluir nos seus escritos que o homem, como imagem de Deus, possui também características físicas de Deus.

Irineu e Tertuliano fizeram uma distinção entre a “imagem” e a “semelhança” de Deus, encontrando na primeira as características físicas de Deus no homem, e na segunda a natureza espiritual no homem. Contudo, Clemente de Alexandria e Orígenes refutaram a ideia de qualquer semalhança corporal entre o homem e Deus e sustentaram que a palavra “imagem” denota as características do homem como homem simplesmente, enquanto que a palavra “semelhança” fala das qualidades que não são essenciais no homem, e que podem ser cultivadas ou perdidas. Este conceito foi também difundido por Atanásio, Hilário, Ambrósio, Agostinho e João de Damasco.
“Homem” – Uma Definição
“Homem” vem do latim homo, palavra que segundo opinião de alguns filósofos vem de “húmus”= terra. No hebraico, língua original do Antigo Testamento, adam, nome dado ao primeiro homem, Adão, é traduzida por “aquele que tirou sua vida da adamah”, da terra. Esta interpretação deve ser abre aceita, principalmente quando analisada à luz do que Deus disse na sentença final do homem após sua queda: “...tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3:19).
O termo “imagem de Deus” relacionado ao homem, fala da indelável constituição do homem como ser racional e como ser moralmente responsável. A imagem natural de Deus gravada no homem consiste dos seguintes elementos: o poder do movimento próprio, o entendimento, a vontade e a liberdade. Neste particular está a diferença marcante entre o homem e os animais irracionais.
O primeiro ponto que serve de distinção entre o homem, como imagem de Deus, e os animais irracionais, é a consciência própria. O homem tem o dom de fixar em si mesmo o pensamento, e isto o faz consciente de sua própria personalidade. A faculdade que ele tem de proferir o pronome EU abre um abismo instransponível entre ele e os animais. Nenhum animal jamais pronunciou EU, e a razão, é que eles não têm consciência própria. (ESBOÇO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA, A. B. Langston).
Como imagem de Deus que o homem é, ele ainda se distingue dos irracionais: a) pelo poder de pensar em cosias abstratas; b) pela lei moral que se evidencia no seu comportamento em busca de uma perfeição maior; c) pela natureza religiosa que em potencial existem em cada um ser humano; d) pela capacidade de fixar um alvo maior a ser alcançado no tempo e na eternidade; e) pela consciência da intensidade da vida humana; f) pela multiplicidade das atividades humanas, que, conjuntas, somam o bem comum daquele que as desenvolvem.
  Pássaros são semelhantes a outros pássaros. Cães são semelhantes a lobos. Mas cães não são semelhantes a pássaros. Montanhas são semelhantes entre si, oceanos são semelhantes, mas a montanha não se assemelha ao mar. O mar não lembra montanhas, nem aves lembram cães.É característica dos semelhantes que um lembre do outro. Há coisas em comum que os fazem, não iguais, nem parecidos, mas criaturas que se lembram.
O dicionário Aurélio define a palavra semelhança como "Relação entre seres, coisas ou idéias que apresentam entre si elementos conformes, além daqueles comuns à espécie". Vale dizer: semelhante não é igual. Nem necessariamente parecido. É alguém que lembra alguém ou algo que lembra algo, porque tem características em comum.
Deus e Eu.
Nesse sentido é que a Bíblia afirma que o Homem é feito à imagem e semelhança de Deus (Gen. 1,26-27) e a teologia cristã afirma que somos semelhantes a Deus. Em nenhum momento a Igreja quer dizer que Deus se parece conosco. Nem pode afirmar que Deus se assemelha a nós. Ele não pode ser comparado a nada e a ninguém. Quem se assemelha somos nós, que precisamos ser comparados.Se alguém tem algo que lembra alguém, este alguém somos nós, que temos valores que lembram a idéia de Deus. Já, Deus, existiu antes de qualquer criatura e poderia continuar existindo e sendo ele mesmo sem nós. Assim, é preciso uma certa dose de humildade para entender o que isso quer dizer: O ser humano lembra a existência de Deus. A idéia de ser humano pode levar à idéia de Deus.
Deus não se parece conosco, mas o ser humano tem algumas qualidades que apontam para Ele, o OUTRO, O grande ser, Aquele que é quem é. Somos semelhantes, mas estamos longe de ser COMO DEUS. Uma passagem Bíblica (Ap. 12,9; Mt. 25,41) diz que a revolta dos anjos teve esse teor: Lúcifer (que significa o porta-luz) quis ser COMO DEUS. Miguel (que significa quem é como Deus?) expulsou Lúcifer e seus anjos revoltosos do paraíso. Por não aceitar apenas uma leve semelhança e querer mais do que isso, Lúcifer -porta luz-, tornou-se Satanás, o tentador, o inimigo, ou diabo, aquele que separa ou confronta. Essa história ensina o suficiente sobre o nosso lugar de criaturas humanas.
Podemos, com a nossa vida apontar para Deus, mas nunca seremos pequenos deuses, nem pedaços de Deus. Somos humanos. Há uma distância infinita entre Ele e nós. Deus só está perto porque quis estar perto. Por isso o chamamos Emanuel, Deus no meio de nós.
Fonte: Trechos do meu livro que será lançado pelo IMP - Instituto Missão aos Povos no mês de dezembro/2015, sob o título: O Homem, imagem e semelhança de Deus.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Discussão sobre a teoria da lacuna e o terceiro aval da CPAD

A lição 2 da revista Lições Bíblicas deste último trimestre de 2015, comentada por Claudionor de Andrade, rendeu alguma discussão em torno da teoria da lacuna (ou do intervalo, ou do caos). Segundo essa teoria, os dois primeiros versículos de Gênesis remetem a uma terra mais antiga, habitada por anjos e talvez por hominídeos e dinossauros. A terra que existe hoje passou a existir a partir do caos resultante da primeira, que foi destruída por Deus.

O comentarista não admite a teoria da lacuna em hipótese alguma, como escreveu também em sua coluna no CPADNews (leia aqui). Ele foi contestado pelo blogueiro assembleiano Daladier Lima, que não defende a teoria propriamente, porém a admite (leia aqui). O blogueiro também faz uma análise ponto por ponto do artigo que o comentarista publicou no portal de notícias da editora (leia aqui). Em seus argumentos, Daladier cita duas obras que dão aval à teoria e que foram publicadas pela própria CPAD: O plano divino através dos séculos, de Lawrence Olson, e a Bíblia de estudo Dake, que teve a sua publicação suspensa.

Sabemos que a CPAD tem em seu catálogo obras de autores não assembleianos, e algumas até apresentam conteúdo conflitante com a doutrina assembleiana. É uma política assumida conscientemente pela Casa, é claro, mas por ser uma editora confessional a questão do aval é sempre importante. Por isso, venho aqui apenas para lembrar uma terceira obra da CPAD que também defende a teoria da lacuna: Notas sobre o Gênesis, de Armando Chaves Cohen, publicada em 1981. Extraio da página 19 este trecho:
Notas sobre o Gênesis“E a terra era sem forma e vazia…”, Gn 1.2. Mas Isaías diz: “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada. Eu sou o Senhor e não há outro”, Is 45.18. Parece que há contradição entre esses textos sagrados, mas, na verdade, há apenas a mais o vazio que Deus não quis revelar a Moisés, e que compreende o espaço entre a criação da primitiva terra e a recriação do mundo em que vivemos. Continuando a ler Isaías, vemos: “Eis que o Senhor esvazia a Terra, e a desola, e transtorna a sua superfície, e dispersa os seus moradores”, Is 24.1. Houve, portanto, uma desolação e a superfície da Terra foi transformada em caos e dispersos foram seus primitivos moradores. Entende-se aí que a Terra criada “no princípio” era habitada. E, afirma alguém, os seus habitantes eram anjos, baseando-se em Jd v. 6. Só para constar.

Fonte: https://judsoncanto.wordpress.com/

Meu Comentário: Mas o que é a teoria da lacuna? A Teoria da lacuna ou do Hiato (também conhecida como teoria da restituição) é uma crença criacionista que propõe que a terra mencionada em Gênesis 1:1 - "No princípio, criou Deus os céus e a terra" - era perfeita e habitada por seres angelicais, tendo como príncipe Lúcifer, um anjo de luz. Este, todavia, rebelou-se contra Deus, sendo, então, destronado. Por causa disso, a terra teria sido duramente castigada, chegando ao estado caótico descrito em Gênesis 1:2: "E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o espírito de Deus se movia sobre a face das 
águas.". Nos versículos seguintes, a Bíblia narraria, então, o início de uma restauração.

Eu até havia feito um comentário elogioso ao comentarista da lição no site da CPAD News, felicitando-o como a editora pela escolha do tema a ser apresentado nas lições de adulto. Eu geralmente gosto dos comentários do Pr. Claudionor nas lições de EBD. Porém, acredito que ele não foi muito feliz no comentário da lição 2, como também na sua coluna no site citado onde tenta descartar a teoria da lacuna. 

Tem outros estudiosos da Bíblia que também são contra essa teoria, mas o que faltou ao editor da coluna foi uma explicação melhor. Fica ainda na cabeça dos alunos e leitores de materiais da CPAD a seguinte  dúvida? Em pelo menos três obras editadas pela editora assembleiana há a defesa da teoria da lacuna, agora vem a lição da EBD é vai contra, então em quem acreditar? Chama ajuda dos universitários?







quarta-feira, 14 de outubro de 2015

As principais teorias sobre a criação do mundo

SOBRE AS ORIGENS




Há diversos modos de se debruçar sobre o mistério da criação do mundo e do homem. Confira as principais teorias religiosas do tronco judaico-cristão que ora se opõem, ora se entrelaçam com o darwinismo
Criacionismo
Criscionistas da Terra Jovem
Em comum, os integrantes desta linha criacionista acreditam que o planeta tenha sido criado por Deus há apenas 6 mil ou, no máximo, 10 mil anos. Subdividem-se em três grupos principais
- Terra Plana: para esse grupo, que faz interpretação literal da Bíblia, a Terra é chata, coberta por um firmamento, e as águas suspensas seriam as causadoras do Dilúvio. Embora seja um grupo cada vez menos expressivo, essa visão que remete à Antiguidade e à Idade Média persiste em pleno século XXI. Ex.: Charles K. Johnson (International Flat Earth Society)
- Geocêntricos: aceitam que a Terra é redonda, mas negam todas as evidências científicas que, desde Copérnico (1473-1543) e Galileu (1564-1642), provam que é a Terra que gira ao redor do Sol e de seu próprio eixo - e não o contrário. Ex.: Gerardus Bouw (Biblical Astronomer Organization) e Tom Willis (Creation Science Assotiation for Mid-America)
- Heliocêntricos: aceitam as modernas concepções da Mecânica Celeste, embora não concordem com a idade estimada pela Ciência do Universo (15 bilhões de anos) e da Terra (4,5 bilhões de anos). Ajudaram a popularizar a Teoria do Dilúvio e o criacionismo científico de George McCready Price. Ex.: Henry Morris e Duane Gish (Institute for Creation Research)
Criacionistas da Terra Antiga
Aceitam as evidências da antiguidade do planeta, mas ainda as encaixam na lógica das escrituras bíblicas. Subdividem-se em quatro grupos principais
- Teoria do Intervalo: estabelece que houve um longo intervalo temporal entre os versículos 1:1 e 1:2 do Gênesis, após o qual Deus teria criado o mundo em seis dias. Busca assim conjugar evidências geológicas e cosmológicas mais remotas sem abrir mão da criação divina literal registrada na Bíblia. Ex.: Herbert W. Armstrong (autor de Mistery of the Ages)
- Teoria do Dia-Era: estabelece que o conceito de ''dia'' nas Escrituras representa, de forma figurada, períodos muito mais longos que 24 horas, compreendendo até mesmo intervalos de milhões de anos. Ex.: Testemunhas de Jeová (Watchtower Bible and Tract Society of New York)
- Teoria Progressiva: aceita o big bang e a maioria das teorias da Física Moderna como reforços do poder criativo de Deus. Mas acredita que todos os seres vivos foram criados de modo progressivo e seqüencial por Deus, sem relação de parentesco ou ancestralidade. Ex.: Hugh Ross (autor de Reasons to Believe)
- Design Inteligente: versão criacionista mais sofisticada e de maior repercussão nos círculos acadêmicos e de poder do mundo atual. Como estratégia de marketing, seus adeptos não gostam de ser classificados como criacionistas. Afirmam que a complexidade do mundo natural prova uma intencionalidade. Seus argumentos se organizam de forma cada vez mais técnica para combater a teoria darwinista, em campos como Genética e Microbiologia. Ex.: Phillip Johnson, Michael Behe, William Dembski e George Gilder (Discovery Institute)
Evolucionismo
EVOLUCIONISMO TEÍSTA
Corrente que aceita completamente a Teoria da Evolução, mas não abre mão de seu caráter divino original. Crê que a descrição do Gênesis é simbólica, levando em conta o estilo literário hebraico da Antiguidade. Acredita que o processo criativo de Deus se expressa através dos postulados da Evolução, não vendo oposição entre Ciência e Fé. É a visão oficial do Vaticano e do papa, assim como da maioria das confissões protestantes, especialmente as denominadas ''históricas''. Ex.: Teilhard de Chardin (autor de The Phenomenon of Man)
EVOLUCIONISMO METODOLÓGICO MATERIALISTA
Acredita que Deus não interfere no processo evolutivo. Pode ser subdividido em dois grupos principais
- Linha Metodológica: limita-se a descrever o mundo natural por meio de métodos científicos de investigação, excluindo o componente sobrenatural da equação. Adota uma postura agnóstica, nem defendendo nem negando sua existência. Ex.: Stephen Jay Gould (autor de Rock of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life)
- Linha Filosófica: mais próxima de uma atitude proclamada como ''ateísta positiva''. Entende que o sobrenatural não existe. Mas prefere não discutir sobre isso. Cabe a quem tem fé o ônus da prova. Todos os processos, incluindo aí a Evolução, são naturais e assim devem ser estudados e analisados. Ex.: Richard Dawkings (autor de The Blind Watchmaker)
CRIACIONISMO EVOLUCIONÁRIO
Grupo que conjuga influências tanto do ideário criacionista quanto do evolucionista. Considera que Adão não foi o primeiro ser humano criado, mas sim o primeiro dotado de alma por Deus. É muito semelhante ao Evolucionismo Teísta, diferindo apenas em alguns postulados teológicos, sendo mais próximo do judaísmo que do cristianismo. Ex.: Susan Schneider (autora de Evolutionary Creationism: Torah Solves the Problem of Missing Links)

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT884203-1664-8,00.html