sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A terceira oportunidade de Dilma Rousseff

A sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) de ontem foi histórica. Não assegurou o mandato de Dilma. Sua sobrevivência política dependerá do que fizer daqui para frente. Mas definiu normas mínimas de respeito às instituições e aos procedimentos.

Mas que isso, foi um julgamento primoroso, com a apresentação do relatório do Ministro Luiz Edson Facchin – a favor da votação secreta, da indicação da comissão do impeachment votada pela oposição e do afastamento da presidente assim que a Câmara autorizasse o julgamento.
Depois, com os argumentos contrários – e vitoriosos - do Ministro Luiz Roberto Barroso a favor do voto aberto, contra a indicação da comissão pela oposição (sem passar pelo voto dos líderes de bloco) e com afastamento da Presidente só em caso do Senado aceitar o julgamento.
Em cada direção, os votos foram apresentados de forma serena, elegante, com argumentos e contra-argumentos devidamente sopesados.

As notas destoantes foram os votos de Gilmar Mendes e Dias Toffoli que, em alguns momentos, pareciam os sobrinhos do Pato Donald, um completando a frase do outro, aos gritos, definindo o posicionamento antes de selecionar os argumentos.
Viu-se o ridículo de representante do mais anacrônico modelo oligárquico, como Gilmar Mendes, defendendo a democracia direta contra a oligarquia dos partidos. E luminares, como Dias Toffoli, com o tom taxativo e definitivo com que tolos tratam suas próprias opiniões.
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As decisões do STF fortalecem Dilma. Mas não apenas elas.
O Procurador Geral da República Rodrigo Janot entrou com uma representação no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara. E a Lava Jato iniciava uma blitz contra caciques do PMDB. Infelizmente, o Ministro Teori Zavaski decidiu empurrar o caso Cunha para depois do recesso, em 1o de fevereiro de 2016.
Na Câmara Federal, o deputado Leonardo Picciani recuperou a liderança do PMDB, derrotando a dupla Eduardo Cunha-Michel Temer.
Nas ruas, o movimento anti-impeachment conseguiu expressão, colocando uma multidão calculada entre 50 e 70 mil em São Paulo. As manifestações de juristas, intelectuais, artistas e movimentos civis delimitaram claramente a disputa democracia x golpe.
Em Minas Gerais, depois de 17 anos, saiu a primeira condenação no chamado “mensalão do PSDB” e no Rio de Janeiro uma nova operação da Polícia Federal avançou sobre esquemas que vigoravam na Petrobras no período FHC.
Para completar o quadro, depois da décima tentativa, o Ministro da Fazenda Joaquim Levy aparentemente pediu sua demissão em caráter definitivo.
O mercado já havia precificado essa saída.
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A grande questão é a maneira como Dilma definirá a Fazenda e o novo estilo econômico.
Há uma crise fiscal exigindo, de fato, medidas corretivas. Em sua gestão, Levy demonstrou uma enorme responsabilidade em relação ao país, inclusive resistindo a sair em vários momentos em que foi desautorizado.
Mas, seguramente, não tinha dimensão para o cargo. No modelo brasileiro, o titular da Fazenda é praticamente o comandante da política econômica. Precisa, necessariamente, dispor de uma visão sistêmica da economia, apontar o futuro, atuar decisivamente para a recuperação da atividade econômica.
Esses desafios exigem um conhecimento que vai além da mera visão fiscal. Exige coordenação da política monetária do Banco Central, identificação clara dos pontos de estrangulamento da economia, bom trânsito junto ao Congresso. E, especialmente, senioridade para definir um plano factível e não ser atropelado pelo voluntarismo da presidente.

Menciona-se, sem nenhuma confirmação, o nome do Ministro do Desenvolvimento Armando Monteiro como uma possibilidade.

Fonte: http://jornalggn.com.br/

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Isaque, o sorriso de uma promessa e o meu testemunho pessoal

 
Na presente lição da EBD, voltaremos para a narrativa bíblica a respeito de Isaque, e seu relacionamento com Deus. Inicialmente destacaremos que esse foi prometido a Abraão, quando já em idade avançada.

Porém, em vez de uma subsídio para a lição, gostaria de compartilhar com você, a experiência pessoal que eu e minha esposa tivemos, também esperando uma promessa como Abraão e Sara. A postagem abaixo eu publiquei aqui em fevereiro de 2010, sobre o tempo de espera até o recebimento para nós de três lindas bençãos. O texto foi escrito um mês antes da chegada dos trigêmeos, atualmente, eles estão com quase seis anos:


 

Depois que postei a notícia dos trigêmeos, recebi várias mensagens de carinho e congratulações. Meu muito obrigado a todos! Deus os abençoe!

Eu e minha esposa Ana Cristina, somos casados à 16 anos. Quando nos casamos eu já era evangelista da igreja. Depois de casados, ela começou um tratamento, pois o médico dela disse que tinha um problema hormonal. Depois iniciou um tratamento com um especialista, que descobriu que ela tinha a síndrome de ovário policístico. Usou vários medicamentos, sendo alguns muito fortes, nesse ínterim, eu também fiz exames. 

Então quando estávamos com 9 anos de casados, fomos surpreendidos com um tumor de ovário, sendo um deles retirado. Como o tumor estava localizado no órgão que foi retirado e não havia se espalhado, os médicos, tanto o ginecologista, quanto o oncologista, disseram que minha esposa, não precisaria passar por quimioterapia, nem radioterapia, mas por uma questão de segurança, teria que fazer o chamado “procedimento radical”, ou seja, a retirada completa do útero, trompas, e o outro ovário. Ficamos chocados! Seria o fim de um sonho!

Me lembro do dia em que orei suplicando um milagre, apenas confiando na graça e misericórdia de Deus, sem nenhuma barganha a fazer. Alguns dias depois recebi a ligação do médico, me dizendo que mais quatro patologistas haviam feito uma nova avaliação do caso e como ela tinha apenas trinta anos, foi recomendado o tratamento conservador, onde não seria feita a dita cirurgia, mas apenas o acompanhamento durante cinco anos, através de exames. Louvamos a Deus agradecidos!

Dois anos depois ela ficou grávida pela primeira vez, sem tratamento algum, mas sofreu um aborto espontâneo com quatro meses. Foi muito sofrido. Como eu estava pastoreando, e um dos ofícios de pastor, além de pregar, visitar, orar por enfermos, fazer cerimônias de casamentos, cultos fúnebres entre outras coisas, é de também apresentar crianças nos templos, já que na minha denominação não se batiza crianças. Então, eu as apresentava, orava por elas com todo o meu coração e também por seus pais, mas para mim, como para minha esposa, ficava aquele pensamento: “Será que um dia poderemos apresentar nosso filho também?” 

Sim, algumas vezes, pedi a Deus o milagre que um dia aconteceu nas vidas dos casais, Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, Ana e Elcana, Zacarias e Isabel, entre outros, pudesse também ocorrer em nossas vidas. E um dia o milagre aconteceu! Em agosto de 2009, ao realizar o exame de sangue, foi confirmada a gravidez. A surpresa ficou na hora do primeiro ultrassom – não era um bebê, mas três! Amém, benção tripla!

No meio desse texto, eu disse que se a cirurgia da retirada dos órgãos do aparelho reprodutor tivesse sido realizada, “seria o fim de um sonho”. Seria, mas não foi. Diferente de John Lennon, eu posso dizer que o “sonho não acabou”. Depois de compartilhar essa experiência pessoal, eu quero deixar uma palavra para você que está lendo a postagem e nesse momento passa por uma fase difícil na sua vida.

Não desanime, crê somente, como disse Jesus as irmãs de Lázaro: “Se creres, verás a glória de Deus”. No Salmo 37:3-5, diz: “Espera no Senhor e faze o bem; habitarás na terra em segurança. Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos do teu coração ele atenderá. Confia no Senhor a tua sorte, espera nele e ele agirá”. Receba essa palavra em nome de Jesus.

Abraão e Sara, como muitos outros casais ao longo da Bíblia, tiveram que lidar com a esterilidade. Ainda que o patriarca tivesse recebido a promessa que se tornaria “pai de uma multidão”, o cumprimento da palavra não se deu imediatamente. Apesar de ter passado por momentos adversos, decorrentes de atitudes precipitadas, o patriarca aprendeu a esperar em Deus. Isso porque muito antes, quando Deus chamou Abraão, prometeu fazer dele uma grande nação (Gn. 12.1,2), que daria a terra de Canaã aos seus descendentes (Gn. 17.7), e que os multiplicaria (Gn. 13.15-17). A promessa do nascimento de Isaque, por causa da esterilidade de Sara, tornou-se algo engraçado, provocando riso ao ouvirem a mensagem divina. O nome Isaque, em hebraico, significa “riso”, esse foi o sentimento experimentado por Abraão e Sara. O patriarca estava com 99 anos de idade, e sara se aproximava dos 90. A Palavra de Deus pode parecer absurda, e às vezes, ir além da racionalidade humana, mas sabemos, pela fé, que podemos confiar nas promessas de Deus (Hb. 6.12). Sabemos disso porque Deus honrou a fé de Abraão, cumprimento no tempo certo sua promessa (Hb. 11.8-11). A Palavra de Deus sempre se cumpre, mas não no tempo dos homens, por isso faz-se necessário cultivar a paciência (Tg. 1.1-8).

 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Eleições da CGADB - Quem será o próximo presidente? As opiniões discordantes sobre o tema

Recentemente o Pr. Carlos Roberto do blog Point Rhema, que eu sempre acompanho, publicou, o artigo do Pr. Jesiel Padilha com o seguinte Título: CGADB - QUEM SERÁ O PRÓXIMO PRESIDENTE?

Agora, refutando o artigo supracitado, o Pr. Daladier Lima, editor do blog REFLEXÕES SÔBRE QUASE TUDO publicou uma refutação ou resposta em seu próprio blog, depois também publicado no Point Rhema, sob o título: Eleições na CGADB - Refutando um artigo de um cardeal assembleiano.

 Ao clicar nos nomes dos blogues citados você terá acesso as duas postagens que possuem opiniões diferentes sobre o mesmo assunto que considero importante pois trata-se da eleição que definirá quem conduzirá a maior convenção assembleiana no Brasil. Um dos objetivos da blogosfera é de informar e também permitir a livre manifestação de opiniões. Dito isso, dou meus parabéns aos dois blogueiros.

Quero manifestar também meu posicionamento pessoal sobre o tema. Com relação ao comentário do Pr. Daladier Lima, não tenho nada a discordar, pelo contrário, concordo plenamente com o mesmo. Já com respeito ao artigo do Pr. Jesiel Padilha, as minhas discordâncias são muitas.

1 - A eleição da CGADB não pode ser comparada à eleição da OAB à de sindicato ao estilo de chapa, para logo em seguida falar que os interesses e as vaidades pessoais dos líderes em participar da Mesa Diretora não sataniza o processo, pois onde houver ser humano haverá interesses.
- Pergunto: a eleição da CGADB pode ser comparada a que processo de escolha então? Ou não deveria nem ter eleição, mas sim, só uma nomeação direta pelo Presidente para ficar mais fácil?

2 - A Assembleia de Deus tem um estilo coronelista de governo. Situa a origem do mesmo não nos missionários suecos, mas sim a partir da década de 30 com líderes brasileiros como Paulo Leivas Macalão e Cícero Canuto de Lima. A maioria dos líderes regionais se alia pelo apoio da Convenção Estadual porque já detém cargo nela. Além de gestos de gratidão, seja por vínculos de amizade ou por troca de favores, rios correm para o mar.
- É triste viu! Admitir que o estilo de governo eclesiástico como coronelista e ainda dizer que tal estilo ainda fez a igreja crescer, foi demais para mim!
Ao mencionar explicitamente a troca de favores entre os líderes, eu pergunto: estou lendo mesmo sobre uma eleição de liderança em uma igreja evangélica ou essa frase foi dita no âmbito do que há de pior na política partidária brasileira, como cansam de mostrar os noticiários?

3 - Na política secular quem sai na frente nem sempre é o ganhador. Nas no caso da CGADB isso não ocorre. A maioria detentora de cargos fecha apoio para continuar nos cargos.
- A pergunta que eu fiz no ítem 1, ele responde aqui, quando compara a eleição da CGADB com política secular. Estamos bem então, não é?
Sobre o fechar apoio para continuar em cargos, já opinei sobre isso no ítem 2.

4 - O atual presidente na qualidade de grande articulador já mobilizou o Brasil para a largada desde o final do ano passado. A contestação de que isso é nepotismo, que não vira, que a Igreja esta virando uma dinastia não se sustenta no atual contexto da Assembleia em pleno século XXI. Esse discurso funcionou no passado nas décadas de 60,70 e 80. A mentalidade mudou muito. Hoje a Igreja se alegra quando sabe que o filho tem condição de levar a cabo os projetos do pai quando esse fica impedido de exercer o ministério quer pela idade ou pela saúde debilitada. Mas agora o candidato não é o Pai. É o filho. E hoje isso não é mais visto com maus olhos. Os obreiros hoje veem com bons olhos o pai deixar o legado para o filho. O que no passado era inadmissível.

- Quando a gente pensa que o texto não pode piorar, vem uma dessa! Meu Deus, em que mundo ele vive? É verdade, que em alguns lugares, o filho do pastor titular, era uma pessoa realmente vocacionada por Deus, com dons dados por Ele, e que houve o reconhecimento da igreja na sucessão. Há casos e casos. Mas isso não é maioria.

Pelo Brasil a fora, se no momento da sucessão fosse fazer uma eleição com todos os membros da igreja e não somente um pequeno colégio de cardeais, o resultado de algumas sucessões teriam sido diferentes, onde o pastor passou a igreja para o filho, genro ou neto. Na história da AD no Brasil, houve momentos em que o pastor passava o bastão para outra pessoa que não tinha nenhuma ligação com sua família a não ser fraterna. Hoje, em dias de igreja/empresa, a sucessão familiar nos moldes da monarquia tem sido a mais utilizada, com honrosas exceções. E esse modelo está nas ADs, sejam elas ligadas a CGADB, Conamad, Vitória em Cristo, ou independentes. Também está presente em outras denominações, principalmente de linha pentecostal e neopentecostal. No caso assembleiano, isso se dá por causa da figura do pastor-presidente vitalício.

A cultura da Assembleia mudou, mas o estilo de governo não. Os presidentes regionais detém o poder do voto. Se estiverem alinhavados aos apoios convencionais, sem sombra de dúvida podemos afirmar que o Pastor José Wellington Costa Júnior será o próximo Presidente. Nós não precisamos de chapa, precisamos de perdão e reconciliação. Proibir um convencional sair candidato fora de chapa é retroceder. Nossos patriarcas não aceitavam isso porque entendiam que a chapa traria divisão, dualismo e maniqueísmo para CGADB. A chapa pode até atrapalhar o atual candidato em vantagem. Quando ao voto a distancia é uma boa ideia. Sendo que o voto a distancia não beneficia quem tem o poder da máquina.
Puxa vida, aí ele arrebentou a tampa do balão mesmo! Se declarou como eleitor tiete numa postagem chapa-branca. E pior, ainda por cima, admitiu o poder da máquina, como se estivesse falando de um governo político.

Na igreja primitiva a gente não vê Pedro Júnior sucedendo o apóstolo Pedro. Apóstolo João Filho, ao discípulo amado. Paulo Sobrinho ao apóstolo Paulo. E assim por diante.

Agora eu penso: O quão distante isso tudo está do Evangelho de Jesus de Nazaré, quando numa disputa entre os discípulos para ver quem era o maior disse: “Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que são as pessoas importantes que exercem poder sobre as nações. Não será assim entre vós. Ao contrário, quem desejar ser importante entre vós será esse o que deva servir aos demais. E quem quiser ser o primeiro entre vós que se torne vosso escravo", Mateus 20:25-27.

Em algum momento se falou em direção do Espírito Santo como naquele primeiro Concílio da igreja primitiva? "Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós", Atos 15:28.

Jogos do Poder

O Brasil está assiste hoje um jogo de poder que envolve os representantes dos poderes da República, no caso do Executivo, tanto a titular como o vice. Há também outros atores no jogo, como quem perdeu eleição e quer uma nova antes do prazo estabelecido. Ficou evidente pela Operação Lava Jato que as empresas, principalmente as grandes também fazem parte dos jogos do poder.
 
Mas política a parte, falando agora, sobre o título, jogos do poder e relacionando com a Palavra, pode-se dizer que, tudo é jogo neste mundo caído. Jogo consciente. Jogo inconsciente. Mas é jogo, e nós nem sempre nos damos conta disso. A prova mais cabal desse “Game” que se instalou como sistema de interpretação e também de prática humanos, nos vem do próprio Trama que "Historificou" a Cruz.
 
Se não, veja: Temos Jesus e seus discípulos. Um movimento cresce... Curas, milagres, doutrina que se difere de tudo e todos; autoridade nunca vista, e um sentimento de maravilha que domina a tudo e todos: Deus visitou os homens! O povo é apenas o povo. O povo não luta contra curas, milagres, maravilhas, e bondades distribuídas gratuitamente. ! O povo nunca teve nada contra isso, pois, as pessoas do povo são sempre as maiores beneficiárias da Graça. Quem está morrendo de dor só quer alívio... Mas nós sempre temos mais que o povo.
 
Havia alí outros poderes, outros principados e potestades históricos em operação. Havia o Sinédrio dos Judeus: a Religião na sua mais ousada e segura certeza de autoridade medianeira entre Deus e os homens, onde tudo o que dissesse respeito a Deus, era objeto da “gestão” dos sacerdotes e de seus oficiais. Havia Roma: A Política que se apresenta como poder político. E seus representantes estavam presentes na Judéia nos dias de Jesus, como em qualquer outro lugar. Haviam as seitas e grupos religiosos, que naqueles dias tinham também seu papel político a cumprir. Cada um representava uma visão não apenas religiosa, mas também uma interpretação política do mundo: saduceus, fariseus, os escribas; e os demais grupos: zelotes, sicários e essênios... Cada um com sua própria agenda de interesses imediatos, sempre relacionados à busca de poder temporal. Mas quem desestabiliza tudo, é sempre o povo! Todos os que não se sentem povo—em qualquer lugar, tempo ou cultura da Terra—, alimentam-se do povo, e do poder que dele emana, no mínimo como força de trabalho, ou de massa de autenticação de autoridade.
 
De súbito, há Jesus, os discípulos e multidão do povo... E não era apenas o povo controlável que seguia a Jesus: haviam os que vinham de outras fronteiras, sem falar que a mensagem do Evangelho se infiltrava em literalmente todas as camadas da sociedade. Então, primeiro mobilizam-se as seitas: fariseus, saduceus—e seus escribas! Esgrimam com Jesus, disputam a veracidade de Seus feitos e palavras. Interpelam-no. O Evangelho nos dá testemunho vasto, desses encontros, muitos deles extremamente tensos. As interpretações que daí advêm, são as mais perversas: “Tem demônio!” “Samaritano possesso!” “Comilão, beberrão, amigo de pecadores!” “Embusteiro!” São apenas algumas das afirmações que tentam colar em Jesus. Mas o povo continuava a vir e a receber. O trama todo, é o próprio Evangelho; seria, portanto, impossível tratar do sistema todo sem que, para isso se tivesse que escrever um livro. Não é o caso aqui... Lázaro ressuscita depois de morto há quatro dias, e, tal fato acaba sendo a “gota final” a fim de que as autoridades religiosas decidam matar a Jesus. “Se o deixarmos, o mundo virá após ele; e os romanos nos tirarão o poder”—considerava o Sinédrio.
 
Mas como o Sinédrio haveria de matá-lo? O falso profeta sempre está em parceria com alguma besta política, conforme o apocalipse! Então, o Sinédrio faz duas coisas: 1. Esconde-se atrás do pretexto de que a questão era religiosa; sou seja: Jesus era um herege. Isto para confundir o povo! 2. Apresenta o caso a Roma como sendo religioso com implicações políticas. E pede a Roma—representada em Pilatos—,que faça alguma coisas, para se auto-preservar de uma possível sublevação do povo, e, conseqüentemente, também para preservá-los como os mediadores da estabilidade e da paz social. Esse é o “esqueminha” de sempre! Daí pra frente é só um jogo de empurra... É o Sinédrio empurrando para Pilatos autenticar; Pilatos “não entendendo” e lavando as mãos, abrindo assim o caminho para “outras mãos” que desejam matar se expressarem, agora com o aval silencioso e omisso da Política. E também haviam os “partidos”, mobilizando uma “militância” comprável a fim de fazer algum barulho em Jerusalém. A mulher de Pilatos ouviu falar do “julgamento” e assustou-se, havia sonhado o desfecho do caso. “Não te envolvas com este justo, pois, em sonho muito sofri a seu respeito”—disse ela. Não era mais possível: o jogo estava feito, e Pilatos estava dentro, sem nem bem saber, o quão envolvido estava.
 
O resultado é a crucificação. O fato é a Cruz. Mas a motivação não era nem política, nem religiosa, nem de qualquer outra natureza que não fosse a mais psiquicamente animal de todas as motivações entre os humanos: a inveja! Assim, os pretextos são muitos e variados, mas as guerras de fato militam é na carne! Por trás de todos esses jogos o que há sempre é a basicalidade da inveja e dos pequenos interesses. Se todos fossem apenas povo, a inveja se manifestaria do modo como ela se manifestou nos Evangelhos: Senhor, será que dá para os meus filhos se assentarem ao teu lado no teu reino?—propunha a mãe de Tiago e João. E discutiam pelo caminho quem era o maior entre eles—confirma o evangelho. E assim vai... Mas não há o jogo homicida.
 
O próprio Judas, a fim de trair, teve que encontrar a interface da Religião a fim de negociar. Um Judas sozinho não faz crucificação!
 
O que aprendemos?
Bem, o que move o povo é a necessidade. O que move as seitas é a arrogância da presunção da verdade. O que move Pilatos é a política e a necessidade de não complicar a sua própria “gestão”. O que move o Sinédrio é o medo de perder o poder. O que move Judas é desapontamento... Mas e o jogo? Ora, o que há por trás do jogo, é o de sempre: inveja dissimulada! Por trás de todas as nossas grandes “causas” o que há é apenas insegurança, pois, a inveja, é a filha mais perversa que a insegurança consegue gerar. O ciúme é o filho mais fraco, porém altamente recrutável para qualquer que seja a missão, inclusive, de morte. No fim, ninguém matou, apenas porque todos mataram... E a multidão do povão, são sempre os menos culpados; a final: eles não sabem o que fazem!