Os americanos gostam muito de pesquisa de opinião. Recentemente um comentário sobre o livro: “O escândalo da consciência evangélica”, de Ronald Sider, no qual, a partir de dados estatísticos colhidos em pesquisas encomendadas aos institutos Gallup e Barna, além de levantamentos feitos por universidades, o autor traça um retrato da Igreja Evangélica nos Estados Unidos. E a conclusão é trágica. As pesquisas indicaram que o padrão de comportamento dos cristãos – não os nominais, mas aqueles que, afirmam ter nascido de novo e que participam regularmente de suas igrejas – não é em nada diferente daqueles que se declaram não-cristãos.
O índice de casos de divórcio e adultério e o uso de pornografia entre os adultos cristãos e os não-cristãos é o mesmo. O percentual de doações que os cristãos fazem em suas igrejas caiu ao mesmo tempo em que a renda per capita aumentou muitíssimo, o que mostra que o materialismo e o estilo de vida individualista entre eles não diferem muito do daqueles que se declaram sem religião. No grupo dos cristãos, a atividade sexual de adolescentes e jovens antes do casamento e o índice de doenças sexualmente transmitidas ficam apenas um pouco atrás do que a média nacional. Episódios de racismo, abusos e a violência doméstica também apresentam índices alarmantes entre o segmento que diz conhecer Jesus.
Diante destes dados, o referido livro, traz à luz a profunda hipocrisia do cristianismo e a completa irrelevância do testemunho da Igreja na América do Norte. Infelizmente, não temos pesquisas desta natureza aqui no Brasil, mas dá para arriscar, mesmo que empiricamente, dizer que nossa situação, não é nada melhor do que a deles No entanto, o problema maior, é um dado estatístico que aparece nessas pesquisas e diz que apenas 9% dos cristãos adultos e 2% dos cristãos adolescentes e jovens têm uma cosmovisão bíblica. Ou seja, quase 90% do chamado povo de Deus não interpretam a realidade, a cultura, o mundo, o trabalho, as relações, a sexualidade e outros aspectos da vida a partir de um fundamento bíblico – daí, não fica tão difícil entender porque os cristãos em nada diferem dos não-cristãos em seu testemunho ético e moral.
Minha preocupação, olhando para o cenário brasileiro, não é em relação a algum aspecto particular da conduta moral ou ética dos crentes, mas com a ausência de um fundamento bíblico, teológico e doutrinário para a vida e missão cristã. O marco inicial da vida cristã é nossa conversão a Cristo. Este é o evento que estabelece o ponto de partida da nova vida em Jesus. O apóstolo Paulo descreve tal evento com as seguintes palavras: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2:20). É assim que ele resumidamente descreve o que aconteceu desde o dia em que o Salvador se revelou a ele no caminho de Damasco. Agora, Paulo reconhece que o “velho Saulo” já não vive mais, mas é Cristo que vive pelo poder do Espírito Santo nele. Trata-se de uma nova vida vivida agora pela fé e naquilo que Jesus fez por ele. Isto é o que chamamos de conversão.
Naquele momento em que o Senhor se revelou a ele, Paulo reconheceu que tudo que ele pensava ser certo, toda a sua religiosidade que fez dele um homem tão íntegro e responsável, na verdade estava levando-o para um caminho completamente oposto ao de Deus. Ele, que se julgava um grande amigo de Deus, fazendo o melhor que podia para preservar a pureza daquilo que cria ser a sua vontade, viu-se como um inimigo do Senhor ao ouvir de Cristo: “Sou Jesus, a quem você está perseguindo”.
Aquele encontro transformou radicalmente, e para sempre, a vida de Paulo. Ainda caído no chão, ouviu Jesus dizer a ele: “Agora, levante-se, fique em pé. Eu lhe apareci para constituí-lo servo e testemunha do que você viu a meu respeito e do que lhe mostrarei”. Paulo ergueu-se para iniciar uma nova jornada, uma nova vida, uma nova missão. Depois de passar três anos na Arábia, ele volta para Jerusalém e inicia seu longo ministério, proclamando as boas novas do Evangelho de Cristo ao mundo.
Paulo tinha uma vida comum a muitas pessoas. Era um homem íntegro, zeloso e coerente com suas convicções, como alguns de nós. No entanto, quando Cristo se revelou como Filho de Deus e Salvador, ele se entregou completamente. As coisas velhas ficaram para trás; suas antigas ambições foram abandonadas, seus velhos princípios, valores e conceitos, também foram deixados para trás. Não era mais o mundo quem determinava o certo ou o errado, nem mesmo sua consciência tinha a última palavra – o que lhe importava era Cristo, sua palavra, sua cruz, sua ressurreição, sua vontade. Foi uma experiência que mudou a compreensão que Paulo tinha do mundo e dos seus valores, alterando radicalmente sua cosmovisão e estabelecendo novos paradigmas que iriam conduzir sua vida, seus valores, princípios e trabalho.
Temos perdido este conceito tão central e fundamental da conversão. Muitos não estão se convertendo a Cristo, mas sendo convencidos de uma religião. O Cristo que queremos servir não é mais aquele que se revela a nós, mas um que criamos a partir daquilo que nos interessa. A vida cristã não significa mais o “ser nova criatura”, mas permanecer sendo a mesma criatura, com um leve toque de verniz religioso. Não é mais a voz de fora que fala conosco, mas uma voz de dentro, um apelo nascido da vaidade, do medo, do egoísmo e dos desejos confusos e desordenados que povoam nossa natureza caída.
Precisamos recuperar o significado de dizer: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Precisamos voltar a viver pela fé no Filho de Deus, e não pelos impulsos da nossa natureza caída ou atraídos pelo fascínio de uma cultura que nega a cruz de Cristo.
SEJA BEM VINDO. Este blog nasceu da vontade de poder compartilhar, pensamentos e reflexões sobre os acontecimentos atuais e a aplicação da Palavra de Deus a nossa vida.A escolha deste título para o meu blog, foi porque acredito que se não for para vivermos o Evangelho de Cristo conforme Ele viveu e ensinou, nada vale a pena. INDIQUE ESTE BLOG A MAIS ALGUÉM E DEIXE UM COMENTÁRIO JUNTO A MATÉRIA QUE PORVENTURA TENHA GOSTADO.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Ex-dirigente da Universidade Luterana é suspeito de desvio de dinheiro
Investigação da Polícia Federal aponta que ex-dirigentes da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) desviaram R$ 63 milhões da instituição por meio de pagamentos por serviços de consultoria não prestados. De acordo com a PF, o esquema era liderado pelo ex-reitor da universidade Ruben Becker e envolvia um grupo de contadores que operava empresas de fachada. Ele e mais 13 pessoas são investigadas por suspeita de estelionato, ocultação de bens e lavagem de dinheiro.
Na manhã desta quarta, a PF e a Receita Federal fizeram buscas em 23 casas, apartamentos e escritórios do grupo e apreenderam computadores e documentos sobre a movimentação financeira. Cerca de R$ 120 mil em espécie foram recolhidos.
De acordo com a PF, os R$ 63 milhões foram pagos por consultorias não prestadas entre 2005 e o início de 2009. Ao investigarem os pagamentos, os policiais descobriram que algumas das empresas só existiam no papel, sendo registradas em endereços inexistentes.
Uma das operações suspeitas é um pagamento de R$ 8 milhões feito pela Prefeitura de Canoas (região metropolitana de Porto Alegre), sede da Ulbra, no final do ano passado. Segundo a PF, após o pagamento feito pela prefeitura, R$ 5,7 milhões foram sacados na boca do caixa por pessoas ligadas ao ex-reitor. Um dos saques foi de R$ 2,2 milhões.
A polícia pediu a prisão temporária de Becker e de mais seis pessoas investigadas --o que foi negado pela Justiça Federal por considerar que não havia risco à investigação.
Impostos e carros
Um dos maiores conglomerados de educação privada do país, a Ulbra tem 140 mil alunos e vive uma crise que envolve a cobrança de uma dívida bilionária com a Receita Federal e suspeitas de gestão fraudulenta no período em que Becker permaneceu no comando.
O fisco cobra cerca de R$ 3 bilhões em impostos atrasados desde 2000 referentes a períodos em que o governo federal cassou o certificado de entidade filantrópica que garantia imunidade tributária. A universidade contesta.
Já a suspeita de fraudes na gestão derrubou Becker do cargo em abril deste ano. No ano passado, houve interrupção do atendimento nos quatro hospitais que mantém no RS por falta de pagamento de pessoal.
Desde 2008, as contas da universidade são submetidas a uma auditoria externa, determinada pela Justiça.
Batizada como Kollektor (colecionador, em alemão), o nome da operação da PF deflagrada nesta quarta é uma referência ao hábito de Becker de colecionar veículos raros. Parte de uma coleção de 600 carros dele foi leiloada.
Outro lado
O advogado de Ruben Becker, Geraldo Moreira, afirma que todos os pagamentos feitos pela instituição durante a gestão do ex-reitor da Ulbra foram lançados na contabilidade e se referem a serviços que foram de fato prestados. Ele negou que o ex-reitor tenha recebido dinheiro desviado por empresas de fachada, conforme diz a Polícia Federal.
Moreira não quis detalhar a natureza dos serviços de consultoria pagos porque são objetos de processos judiciais que estão em andamento. O advogado também afirma que a dívida de R$ 3 bilhões cobrada pela Receita Federal não existe porque a instituição tem direito a imunidade tributária.
Segundo ele, o pagamento de R$ 8 milhões feito pela Prefeitura de Canoas foi feito para a reativação dos serviços do Hospital Universitário em 2008. "É falsa e mentirosa a informação de que parte desse dinheiro foi sacado na boca do caixa."
Moreira se queixou da "truculência" da Polícia Federal, que arrombou a porta do apartamento de uma filha do ex-reitor para cumprir um dos mandados de busca.
"É a operação mais truculenta e midiática já feita. Arrombaram uma porta, espalharam roupas pelo chão. Em outras operações eles usaram um chaveiro para abrir fechaduras", reclamou.
O superintendente da Polícia Federal no RS, Ildo Gasparetto, negou que os policiais tenham cometido excesso. Segundo ele, o arrombamento foi o "último recurso" porque não foi dado aos agentes acesso ao local.
Procurado, o atual reitor da Ulbra, Marcos Fernando Ziemer, não quis se manifestar sobre a operação contra o antecessor.
Fonte: Folha Online
Na manhã desta quarta, a PF e a Receita Federal fizeram buscas em 23 casas, apartamentos e escritórios do grupo e apreenderam computadores e documentos sobre a movimentação financeira. Cerca de R$ 120 mil em espécie foram recolhidos.
De acordo com a PF, os R$ 63 milhões foram pagos por consultorias não prestadas entre 2005 e o início de 2009. Ao investigarem os pagamentos, os policiais descobriram que algumas das empresas só existiam no papel, sendo registradas em endereços inexistentes.
Uma das operações suspeitas é um pagamento de R$ 8 milhões feito pela Prefeitura de Canoas (região metropolitana de Porto Alegre), sede da Ulbra, no final do ano passado. Segundo a PF, após o pagamento feito pela prefeitura, R$ 5,7 milhões foram sacados na boca do caixa por pessoas ligadas ao ex-reitor. Um dos saques foi de R$ 2,2 milhões.
A polícia pediu a prisão temporária de Becker e de mais seis pessoas investigadas --o que foi negado pela Justiça Federal por considerar que não havia risco à investigação.
Impostos e carros
Um dos maiores conglomerados de educação privada do país, a Ulbra tem 140 mil alunos e vive uma crise que envolve a cobrança de uma dívida bilionária com a Receita Federal e suspeitas de gestão fraudulenta no período em que Becker permaneceu no comando.
O fisco cobra cerca de R$ 3 bilhões em impostos atrasados desde 2000 referentes a períodos em que o governo federal cassou o certificado de entidade filantrópica que garantia imunidade tributária. A universidade contesta.
Já a suspeita de fraudes na gestão derrubou Becker do cargo em abril deste ano. No ano passado, houve interrupção do atendimento nos quatro hospitais que mantém no RS por falta de pagamento de pessoal.
Desde 2008, as contas da universidade são submetidas a uma auditoria externa, determinada pela Justiça.
Batizada como Kollektor (colecionador, em alemão), o nome da operação da PF deflagrada nesta quarta é uma referência ao hábito de Becker de colecionar veículos raros. Parte de uma coleção de 600 carros dele foi leiloada.
Outro lado
O advogado de Ruben Becker, Geraldo Moreira, afirma que todos os pagamentos feitos pela instituição durante a gestão do ex-reitor da Ulbra foram lançados na contabilidade e se referem a serviços que foram de fato prestados. Ele negou que o ex-reitor tenha recebido dinheiro desviado por empresas de fachada, conforme diz a Polícia Federal.
Moreira não quis detalhar a natureza dos serviços de consultoria pagos porque são objetos de processos judiciais que estão em andamento. O advogado também afirma que a dívida de R$ 3 bilhões cobrada pela Receita Federal não existe porque a instituição tem direito a imunidade tributária.
Segundo ele, o pagamento de R$ 8 milhões feito pela Prefeitura de Canoas foi feito para a reativação dos serviços do Hospital Universitário em 2008. "É falsa e mentirosa a informação de que parte desse dinheiro foi sacado na boca do caixa."
Moreira se queixou da "truculência" da Polícia Federal, que arrombou a porta do apartamento de uma filha do ex-reitor para cumprir um dos mandados de busca.
"É a operação mais truculenta e midiática já feita. Arrombaram uma porta, espalharam roupas pelo chão. Em outras operações eles usaram um chaveiro para abrir fechaduras", reclamou.
O superintendente da Polícia Federal no RS, Ildo Gasparetto, negou que os policiais tenham cometido excesso. Segundo ele, o arrombamento foi o "último recurso" porque não foi dado aos agentes acesso ao local.
Procurado, o atual reitor da Ulbra, Marcos Fernando Ziemer, não quis se manifestar sobre a operação contra o antecessor.
Fonte: Folha Online
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
DEUS IMERSO NO HUMANO
Quem é Deus? Por que existe algo ao invés de nada? Estupefatos, contemplamos o céu estrelado, a fúria das marés e inquirimos: Por que a beleza? Diante da mente humana, buscamos entender como nasceu amor e ódio, criatividade e maldade. Onde está Deus? Podemos entender a transcendência absoluta?
A cultura semítica, de onde Jesus formulou os seus conceitos, não especulava, mas se contentava em relacionar-se com Deus como Pai. Judeu nômade, profeta ou sacerdote, não esboçava cartilha para entender a Divindade. Javé não era objeto de estudo, não participava de uma elaboração lógica, dedutiva, que procurava captar mentalmente o ser divino. Na tradição judaica, Deus era crido na dimensão existencial e poética. Eles se contentavam em narrar os atos de Deus na história, na imanência. Não havia preocupação de encaixá-lo em uma racionalidade analógica e dedutiva.
Quando o cristianismo primitivo precisou dialogar com o mundo greco-romano, os Pais da Igreja, geração que sucedeu os apóstolos, mostraram-se cuidadosos em demonstrar que a fé cristã era mais que uma seita judaica. Eles lutavam para que o cristianismo sobrevivesse em um mundo que debatia ideias. A fé, confrontada com o pensamento platônico, não deixaria nada a desejar.
Vários pressupostos filosóficos sobre a Divindade foram então absorvidos pelo cristianismo. Assim como cristianismo influenciou de forma decisiva o Ocidente, o Ocidente também o transformou. A teologia que se consolidou passou a repetir o conceito aristotélico de que a divindade é um “Motor imóvel”. Já que perfeição significava imobilidade na filosofia, Deus era concebido como tão absolutamente perfeito, que nunca poderia experimentar qualquer mudança. Caso mudasse, deixava de ser Deus. Qualquer alteração, para pior ou para melhor, significava não ter, anteriormente, a perfeição absoluta. E um Deus que não fosse perfeito não era Deus.
Quando o cristianismo se espalhou, inúmeros deuses povoavam o mundo antigo - o Panteão estava lotado deles. Ninguém franzia a testa se escutasse sobre a Encarnação. Não espantava acreditar que Deus encarnou e foi visto caminhando pelas estradas poeirentas da Palestina. A dificuldade, a loucura, era afirmar que um contador de histórias, um carpinteiro frágil, manso e amigo de gente imperfeita, era Deus e, pior, havia morrido por mãos humanas.
Isso não era só um paradoxo, mas uma insanidade: Como? Deus morrer? A morte de Jesus, não só demolia o edifício conceitual da filosofia, como se colocava como a contradição mais escandalosa. Essa mensagem correu o mundo. O Transcendente absoluto, o Deus dos deuses, podia ser melhor compreendido olhando para Jesus de Nazaré. As conjecturas gregas não colavam nele. O Filho do Homem não tangenciava Movedor imóvel de Aristóteles.
É preciso retomar a ênfase do cristianismo primitivo. Jesus não se parece com Deus como “Ato Puro”. Em Cristo, Deus não é apático e não está preso pela camisa de força da metafísica. A Divindade se fez gente e mostrou-se comovida de “viscerais afetos” por uma viúva a caminho de enterrar o filho. Chorou diante da sepultura de um amigo (Ah, como a dor humana dói em Deus! – “Em toda a angústia deles, foi ele angustiado” – Isaías 63.9). Irritou-se com a opressão religiosa. Entendeu, e acolheu, as lágrimas de uma prostituta.
Realmente Jesus não se parecia com o que fora dito sobre Deus. A pregação cristã nasceu em cultura distinta da helênica. O Reino que Jesus anunciou não encontrava paralelo na cultura, nos mitos, nas tragédias. O Deus de Jesus estava além do alcance de poderosos e sábios; mas podia ser intuído por puros de coração, crianças e marginalizados. Para detectar réstias do mundo espiritual, era preciso ouvir o inaudível, ver o imperceptível, tocar no intangível. Grãos de mostarda, ovelhas indefesas, gente inoperante, escravos inúteis, pecadores indignos, filhos pródigos, prostitutas, leprosos, cegos, mendigos, exorcistas informais, lírios e pardais, compunham o mosaico que revela Deus.
Jesus não se fantasiou, não encarnou por um breve período, mas assumiu a contingência humana com todas as consequências, inclusive a de morrer. Exageradamente humano, libertou homens e mulheres da exigência de se tornarem deuses - A plenitude da Divindade habitou em Jesus de Nazaré. Deus mostrou-se imerso no humano. Não era preciso procurá-lo na trans-história, no sobrenatural, mas na vida. “O Reino de Deus chegou!” Jesus foi a revelação mais próxima que jamais teremos de Deus, que escolheu vulnerabilizar-se em seu amor.
Outras divindades podem ser descartadas como ídolos.
Fonte: www.ricardogondim.com.br
A cultura semítica, de onde Jesus formulou os seus conceitos, não especulava, mas se contentava em relacionar-se com Deus como Pai. Judeu nômade, profeta ou sacerdote, não esboçava cartilha para entender a Divindade. Javé não era objeto de estudo, não participava de uma elaboração lógica, dedutiva, que procurava captar mentalmente o ser divino. Na tradição judaica, Deus era crido na dimensão existencial e poética. Eles se contentavam em narrar os atos de Deus na história, na imanência. Não havia preocupação de encaixá-lo em uma racionalidade analógica e dedutiva.
Quando o cristianismo primitivo precisou dialogar com o mundo greco-romano, os Pais da Igreja, geração que sucedeu os apóstolos, mostraram-se cuidadosos em demonstrar que a fé cristã era mais que uma seita judaica. Eles lutavam para que o cristianismo sobrevivesse em um mundo que debatia ideias. A fé, confrontada com o pensamento platônico, não deixaria nada a desejar.
Vários pressupostos filosóficos sobre a Divindade foram então absorvidos pelo cristianismo. Assim como cristianismo influenciou de forma decisiva o Ocidente, o Ocidente também o transformou. A teologia que se consolidou passou a repetir o conceito aristotélico de que a divindade é um “Motor imóvel”. Já que perfeição significava imobilidade na filosofia, Deus era concebido como tão absolutamente perfeito, que nunca poderia experimentar qualquer mudança. Caso mudasse, deixava de ser Deus. Qualquer alteração, para pior ou para melhor, significava não ter, anteriormente, a perfeição absoluta. E um Deus que não fosse perfeito não era Deus.
Quando o cristianismo se espalhou, inúmeros deuses povoavam o mundo antigo - o Panteão estava lotado deles. Ninguém franzia a testa se escutasse sobre a Encarnação. Não espantava acreditar que Deus encarnou e foi visto caminhando pelas estradas poeirentas da Palestina. A dificuldade, a loucura, era afirmar que um contador de histórias, um carpinteiro frágil, manso e amigo de gente imperfeita, era Deus e, pior, havia morrido por mãos humanas.
Isso não era só um paradoxo, mas uma insanidade: Como? Deus morrer? A morte de Jesus, não só demolia o edifício conceitual da filosofia, como se colocava como a contradição mais escandalosa. Essa mensagem correu o mundo. O Transcendente absoluto, o Deus dos deuses, podia ser melhor compreendido olhando para Jesus de Nazaré. As conjecturas gregas não colavam nele. O Filho do Homem não tangenciava Movedor imóvel de Aristóteles.
É preciso retomar a ênfase do cristianismo primitivo. Jesus não se parece com Deus como “Ato Puro”. Em Cristo, Deus não é apático e não está preso pela camisa de força da metafísica. A Divindade se fez gente e mostrou-se comovida de “viscerais afetos” por uma viúva a caminho de enterrar o filho. Chorou diante da sepultura de um amigo (Ah, como a dor humana dói em Deus! – “Em toda a angústia deles, foi ele angustiado” – Isaías 63.9). Irritou-se com a opressão religiosa. Entendeu, e acolheu, as lágrimas de uma prostituta.
Realmente Jesus não se parecia com o que fora dito sobre Deus. A pregação cristã nasceu em cultura distinta da helênica. O Reino que Jesus anunciou não encontrava paralelo na cultura, nos mitos, nas tragédias. O Deus de Jesus estava além do alcance de poderosos e sábios; mas podia ser intuído por puros de coração, crianças e marginalizados. Para detectar réstias do mundo espiritual, era preciso ouvir o inaudível, ver o imperceptível, tocar no intangível. Grãos de mostarda, ovelhas indefesas, gente inoperante, escravos inúteis, pecadores indignos, filhos pródigos, prostitutas, leprosos, cegos, mendigos, exorcistas informais, lírios e pardais, compunham o mosaico que revela Deus.
Jesus não se fantasiou, não encarnou por um breve período, mas assumiu a contingência humana com todas as consequências, inclusive a de morrer. Exageradamente humano, libertou homens e mulheres da exigência de se tornarem deuses - A plenitude da Divindade habitou em Jesus de Nazaré. Deus mostrou-se imerso no humano. Não era preciso procurá-lo na trans-história, no sobrenatural, mas na vida. “O Reino de Deus chegou!” Jesus foi a revelação mais próxima que jamais teremos de Deus, que escolheu vulnerabilizar-se em seu amor.
Outras divindades podem ser descartadas como ídolos.
Fonte: www.ricardogondim.com.br
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A IGREJA DE SALOMÃO E DE LAODICÉIA
O rei Salomão tinha sabedoria dada por Deus, era herdeiro de um dos heróis da fé – Davi; embelezou a cidade de Jerusalém, recebia visitas ilustres que viam de longe para conhecê-lo, construiu um templo magnífico, Deus chegou a se manifestar nele. Mas, ao mesmo tempo, o rei Salomão ia construindo palácios belíssimos para si mesmo, enquanto formava um enorme harém de mulheres e cobrava impostos pesados ao povão. Resultado: a vaidade tomou conta de sua vida, ficou insensível a necessidade do povo, e por fim estava levando sacrifícios para os deuses de suas mulheres. Trazendo para o nosso tempo, fico observando, nossos templos, antes modestos, hoje se transformando em um misto de catedral e shopping center. Pelo visto, dinheiro, não é problema em muitos lugares, pois os pastores andam em carros de luxo, compram aviões, são donos de canais de televisão, ou alugam a preços de ouro horários em grandes emissoras de TV aberta. Tem momentos que, parece que existem duas igrejas. Uma composta pelos membros e obreiros de “baixo clero” (expressão vinda do Congresso Nacional) e outra composta pelos seus líderes maiores, e outra composta pelos de “alto clero”, apóstolos, bispos e pastores-presidentes de grandes ministérios. No baixo clero, também pode ser contado os presidentes de igrejas e ministérios menores. Na primeira, estão pessoas que vão à escola dominical, com suas revistas, participam dos cultos, juntamente com suas famílias, trazendo suas Bíblias e hinário da denominação (um item em extinção). Esses membros e obreiros, são a massa de pessoas que compõe a igreja/denominação, seguindo seus usos e costumes, liturgia de culto, contribuindo financeiramente com os dízimos e ofertas e obedecendo seus pastores e líderes. Muitas dessas pessoas, não fazem idéia do que rola nos bastidores institucionais. Existem muitas denúncias, envolvendo assuntos graves circulando por aí. A gente não sabe se é ou não verdade, mas merecem que sejam apuradas para ver se há ou não veracidade. Como por exemplo: compras de igrejas e ministérios inteiros, pastores com padrão de vida milionário, negociatas escandalosas com políticos, pastores que fazem parte da maçonaria, gastos exorbitantes com política eclesiástica, entre outras coisas. Algum pode perguntar: Mas se a igreja está crescendo é porque é de Deus! E de fato, as igrejas evangélicas estão crescendo mesmo e como nunca! Mas é momento de vermos se esse crescimento significa conversão ou simples adesismo.
A igreja evangélica brasileira está doente. Uma situação paradoxal, pois, ela cresce e nunca teve tanto poder político, midiático e financeiro como agora. Porém, assim como a igreja de Laodicéia, está pobre, nu e cega do ponto de vista espiritual. Mas alguém diria: Que exagero! Nós temos rádios, canais de televisão, representantes políticos, construímos grandes e lindas catedrais. Quem já leu o livro “O Bispo”, a biografia de Edir Macedo, vê que o padrão estabelecido hoje como um líder religioso de sucesso é o do manda-chuva da IURD. Nesse livro, se vê Macedo como um líder denominacional, que comanda não uma igreja, mas sim uma grande empresa multinacional. Ele é o modelo de líder de sucesso. Aviões particulares caros, motoristas, seguranças, mansões, como a da cidade de São José dos Campos (SP) mostrada na Revista Veja no ano de 2007. Isto se estabeleceu de tal modo, que o sonho de muitos pastores é ser Bispo, Apóstolo, Pastor-Presidente e andar acompanhado de vários seguranças. Nos últimos anos, o tom das denúncias contra as lideranças evangélicas, vem subindo de forma assustadora com acusações fortíssimas, como: aquisição de imóveis luxuosos em outros países, casamento de fachada, casos extra-conjugais, lavagem de dinheiro, líder que manda bater e até matar quem vê como rival. A verdade é que os católicos tem um papa no mundo, mas os evangélicos tem vários papas e candidatos a papa. Por falar em papa, conta-se que o papa Inocêncio IV mandou chamar S. Tomás de Aquino para lhe mostrar todos os tesouros da igreja romana. Após a exposição de sua riqueza, disse-lhe o papa: “Já não podemos dizer como o apóstolo Pedro que não temos ouro e nem prata” ao que lhe replicou o teólogo: “Também já não podemos ordenar ao paralítico para que se levante e ande”. De vez em quando ouço alguém perguntar: O que Jesus diria hoje, com respeito a situação da igreja? Esta pergunta está respondida no livro do Apocalipse, e só olhar o que Ele diz no Apocalipse ao se referir às igrejas da Ásia que foram repreendidas: “Estou a ponto de vomitar-te da boca”, “Tirarei o seu castiçal do lugar, caso não voltes ao primeiro amor”, Combaterei os que assim procedem, com a espada da minha boca“.
A igreja evangélica brasileira está doente. Uma situação paradoxal, pois, ela cresce e nunca teve tanto poder político, midiático e financeiro como agora. Porém, assim como a igreja de Laodicéia, está pobre, nu e cega do ponto de vista espiritual. Mas alguém diria: Que exagero! Nós temos rádios, canais de televisão, representantes políticos, construímos grandes e lindas catedrais. Quem já leu o livro “O Bispo”, a biografia de Edir Macedo, vê que o padrão estabelecido hoje como um líder religioso de sucesso é o do manda-chuva da IURD. Nesse livro, se vê Macedo como um líder denominacional, que comanda não uma igreja, mas sim uma grande empresa multinacional. Ele é o modelo de líder de sucesso. Aviões particulares caros, motoristas, seguranças, mansões, como a da cidade de São José dos Campos (SP) mostrada na Revista Veja no ano de 2007. Isto se estabeleceu de tal modo, que o sonho de muitos pastores é ser Bispo, Apóstolo, Pastor-Presidente e andar acompanhado de vários seguranças. Nos últimos anos, o tom das denúncias contra as lideranças evangélicas, vem subindo de forma assustadora com acusações fortíssimas, como: aquisição de imóveis luxuosos em outros países, casamento de fachada, casos extra-conjugais, lavagem de dinheiro, líder que manda bater e até matar quem vê como rival. A verdade é que os católicos tem um papa no mundo, mas os evangélicos tem vários papas e candidatos a papa. Por falar em papa, conta-se que o papa Inocêncio IV mandou chamar S. Tomás de Aquino para lhe mostrar todos os tesouros da igreja romana. Após a exposição de sua riqueza, disse-lhe o papa: “Já não podemos dizer como o apóstolo Pedro que não temos ouro e nem prata” ao que lhe replicou o teólogo: “Também já não podemos ordenar ao paralítico para que se levante e ande”. De vez em quando ouço alguém perguntar: O que Jesus diria hoje, com respeito a situação da igreja? Esta pergunta está respondida no livro do Apocalipse, e só olhar o que Ele diz no Apocalipse ao se referir às igrejas da Ásia que foram repreendidas: “Estou a ponto de vomitar-te da boca”, “Tirarei o seu castiçal do lugar, caso não voltes ao primeiro amor”, Combaterei os que assim procedem, com a espada da minha boca“.
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