Nasci durante o período do regime militar, no ano em que saiu o famoso AI-5 (1968). Minha geração foi chamada por Leonel Brizola como "filhos da ditadura". Votei a primeira vez em 1986. Não entendia nada de política, já era evangélico, e como o mundo ainda estava na Guerra Fria, eu tinha admito - tinha medo do comunismo!
Foi na eleição de 1989, que eu comecei a ler mais sobre política brasileira, porque até aí eu me interessa mais pela política norte-americana do que pela tupiniquim. Como muitos naquela época eu embarquei na onda mas "la esquerda". Mas como eu não gosto de extremos eu preferia me definir como centro-esquerda. Na eleição presidencial de 1989, votei no primeiro turno em Mário Covas do recém-criado PSDB. Ele representava a centro-esquerda naquela eleição.
No segundo turno, eu quase votei no Lula, mas acabei hora, votando no Collor! A bandeira vermelha me assustava um pouco. Me arrependi no primeiro ato do governo collorido, com o confisco da poupança! Torci e depois vibrei pelo seu impeachment!
A partir daí eu procurei ser esquerda a minha maneira! Com 21 anos de idade, eu muitos amigos, éramos da ideia de que a Veja e a Globo eram quase estatais do governo e a Revista Isto é, representava uma linha independente! Por favor, não ria!
A partir da eleição de 1994, procurei sempre uma terceira via, mas à esquerda. Em 1994, votei em Brizola, em 1998, em Ciro Gomes. As duas eleições terminaram no primeiro turno.
Interessante, nunca votei em Fernando Henrique Cardoso (FHC), assim como também nunca votei no Lula. Nas eleições de 2002, embarquei junto com outros evangélicos e votei no primeiro turno no Garotinho. Não sei onde que eu estava com a cabeça!
No segundo turno votei no Serra.
Em 2006, foi no primeiro e segundo turno de Alckmin. Nessa não deu para ir de terceira via.
Já em 2010 e 2014, fui de Marina no primeiro turno e Serra e Aécio no segundo, respectivamente.
Apesar disso, vi com reservas o movimento para tirar a Dilma do poder. Entretanto, vejo o governo do Temer como legítimo, porque ele era vice da chapa que venceu as eleições no voto.
Vejo muitos, inclusive evangélicos embarcando na onda da direita política hoje. Se até pouco tempo atrás era moda ser esquerda, parece que agora o momento é ser direita. Bom, eu vou continuar tendo meus posicionamentos independente de quem goste ou não. Nós vivemos num país onde a Constituição garante a liberdade de expressão e pensamento.
Se eu vivesse nos Estados Unidos, eu seria democrata e não republicano. Logicamente, não teria votado em Donald Trump. Reconheço que sua eleição reflete não somente um momento localizado, mas algo que se espalha pelo mundo. Ele representa um sentimento de mudança, inclusive contra os partidos políticos e porque não dizer, do próprio sistema político. Trump em um certo sentido, parece político brasileiro, pois fidelidade partidária não é muito a dele! Até 1987 ele era democrata, de 1987-1999, foi republicano, de 1999-2001, foi do partido da Reforma, voltou a ser democrata de 2001 a 2009. E de 2009 voltou a ser republicano! Pode ser que no poder, ele seja mais pragmático e deixe o personagem um pouco de lado. Por falar em ator, não será a primeira vez que os americanos elegem um - já o fizeram com Reagan nos anos 80!
Aqui no Brasil, se eu morasse nos Estados de São Paulo ou Rio de Janeiro, jamais votaria em Marco Feliciano, e Bolsonaro e seu clã. Como disse anteriormente, não gosto de extremos, sejam eles da direita ou esquerda. Prefiro um termo que fica entre a centro-esquerda e centro-direita.
A eleição de 2018, promete muitas emoções aqui no Brasil. As opções que estão aparecendo são: Ciro Gomes, Marina Silva, Bolsonaro, Alckmin (apesar que o partido dele tem mais dois candidatos, Serra e Aécio). Lula e Temer são duas incógnitas: um pode ser preso ou estar na ficha suja até lá, o outro diz que não é candidato, mas política é como se diz aqui em Minas - "político pensa uma coisa, fala outra diferente do que pensa, e realiza aquilo que for possível". Essa frase aliás é atribuída a Tancredo Neves.
Que Deus nos ajude!