quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Subsídio para EBD - A angústia das dívidas

As dívidas podem se tornar motivo de aflição para o cristão, e muitas vezes, de angústia. Vamos estudar a respeito do tratamento cristão no tocante ao dinheiro.

1. O DINHEIRO NA BÍBLIA

O dinheiro, no Antigo Testamento, era resultando da fundição de metais, o principal deles a prata (Gn. 42.25). O siclo de prata, de acordo com a legislação mosaica, era o valor para resgate de um israelita do sexo masculino (Ex. 30.13), também para compensações e multas (Ex. 21.23; Lv. 5.15; Dt. 22.19,20). Nos tempos do Novo Testamento circulavam quatro tipos de dinheiro: em forma de moedas (romanas), moedas antigas (gregas), moedas judaicas (de Cesaréia) e moedas de bronze. Essa diversidade de moedas fazia com que houvesse necessidade de cambistas, alguns deles se instalavam no templo em Jerusalém. Essa prática favorecia a desonestidade, por esse motivo, Jesus expulsou os cambistas do templo (Jo. 2.15; Mt. 21.12; Mc. 11.15; Lc. 19.45). O tratamento dado ao dinheiro, e as riquezas em geral, no Antigo e Novo Testamento, é diferenciado. No Antigo Testamento, ter dinheiro, riqueza e/ou propriedade, era sinônimo de benção divina. A prosperidade era compreendida como benção de Deus, mas sua utilização tinha uma dimensão ética. Por isso Ezequiel questiona o príncipe de Tiro quando esse se vangloria ao dizer “eu me enriqueci” (Ez. 29.3). Mesmo no Antigo Testamento não é correto desejar as riquezas, considerando que o Senhor destacou que Salomão foi distinto ao não pedir “uma vida longa nem riquezas” (I Rs. 3.11). Não é certo requerer riqueza de Deus, por isso, destaca o sábio: “Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário” (Pv. 30.8). No Novo Testamento, Jesus é crítico em relação ao acumula das riquezas (Mt. 6.19-21). Por isso, quando se encontrou com o jovem rico, orientou para que esse entregasse seus bens materiais aos pobres (Mt. 19.16-22). Em uma de suas epístolas a Timóteo, Paulo o orienta em relação ao perigo de amar as riquezas: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (I Tm. 6.9,10).

2. A ANGÚSTIA DAS DÍVIDAS

Essas orientações bíblicas coadunam-se perfeitamente à realidade do mundo moderno, que colocou o dinheiro acima do próprio Deus, ou melhor, dobrou-se diante do deus Mamom (Mt. 6.24), atualmente denominado de Mercado. A fim de adquirir adeptos, Mamom precisa de uma doutrina, e essa se propaga com o título de consumismo. Aqueles que amam o dinheiro nunca conseguem encontrar satisfação, até o momento que percebem que isso não passa de vaidade (Ec. 5.10). O desejo de querer sempre mais está destruindo a natureza, e por extensão as pessoas. Ninguém consegue realização plena, pois a propaganda, a serviço do consumismo, motiva as pessoas a descartarem o que acabaram de adquirir, a fim de comprarem algo que acabou de ser lançado. Existem, atualmente, três teologias com P que se propagam na sociedade evangélica: a da prosperidade, a da privação e a da provisão, somente esta última tem o respaldo bíblico. Jesus prometeu suprir as nossas necessidades, não as nossas vaidades, a teologia bíblica é a do contentamento (Hb. 13.4,5), ainda que essa nada tenha a ver com falta de diligência ou comodismo. Cada família precisa fazer os apontamentos necessários a fim de evitar o endividamento. É muito bom ter crédito, melhor ainda é não precisar utilizá-lo. O livro de Provérbios está repleto de conselhos que orientam a respeito das consequências das dívidas (Pv. 1.13-15; 17.18; 22.26,27; 27.13). Fazer empréstimos não é uma prática recomendada na Bíblia (Pv. 22.7), somente quando for realmente necessário, e avaliando as condições para fazê-lo (Rm. 13.8). Em meio a essa sociedade que valoriza mais o ter do que o ser, devemos saber que o valor de uma pessoa não consiste em seus bens (Lc. 12.15). A doutrina da prosperidade acima de qualquer custo é diabólica (Mt. 4.8,9), o príncipe deste século deseja que as pessoas se tornem escravas dos padrões deste mundo (Jo. 16.11; Rm. 12.1,2).

CONCLUSÃO

Os cristãos não estão livres da angústia das dívidas, e nem sempre elas são resultantes de má administração dos recursos. Mas é preciso ter cuidado para não entrar no endividamento que implique em problemas familiares e espirituais. Quando as dívidas vierem de precipitações, ore, peça perdão a Deus, arrependa-se, não entre em novos débitos (Fp. 4.19), fuja de situações tentadoras, planeje em relação ao futuro (Lc. 14.28-32), busque conselhos com pessoas experientes (Pv. 15.22), seja diligente nas pequenas coisas (I Ts. 4.1), procure seus credores e converse com eles (Pv. 22.1), ore e não se deixe controlar pela ansiedade (Fp. 4.6) e aprenda a viver contente, independentemente das circunstâncias (Fp. 4.11).

BIBLIOGRAFIA:

BARNHILL, J. A. Antes que as dívidas nos separem. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

TARRATACA, L. Como sobreviver à crise financeira. Mogi das Cruzes: AVERBI, 2007.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Jesus e a Instituição

Esses dias, eu estava conversando com um músico da igreja, e depois que o mesmo criticou algumas coisas da denominação, disse: "É por essas e outras, que Jesus veio acabar com a instituição!" Disse-lhe que não era bem assim.

Albert Nolan, religioso sul-africano famoso por seu livro Jesus Antes do Cristianismo (1976), diz o seguinte em seu livro recente Jesus Hoje: Uma Espiritualidade de Liberdade Radical (2006) da Editora Paulinas: “Seria errado pensar que Jesus rejeitava, pura e simplesmente, a instituição religiosa do seu tempo. Jesus respeitava a instituição como tal, respeitava a ‘cátedra de Moisés’ (Mt. 23.2), e até se pode dizer que ele amava todos os que faziam parte dela. No entanto, rejeitava completamente a forma como ela era usada e como dela se abusava para oprimir o povo (Mt. 23.3-4)… Jesus não era anarquista, no sentido de pensar que podia viver sem qualquer tipo de estrutura hierárquica.” (grifo meu).  Eu concordo com ele. De fato, acho uma tremenda ingenuidade rejeitar pura e simplesmente a instituição e toda e qualquer forma de hierarquia.

Jesus é o cumprimento das Sagradas Escrituras, sem ser o cumprimento dos modelos religiosos dos seus dias. Nem sempre a religião tem algo a ver com a Palavra de Deus. Na maioria das vezes a igreja institucional evangélica se vê esquecida de que é possível cair na armadilha do farisaísmo judaico. Nesse caso a Palavra de Deus se volta para a igreja-instituição, a fim de julgá-la como Cristo condenou a religiosidade dos seus dias. Tenhamos em mente o seguinte: O compromisso de Deus é com a igreja que Cristo instituiu como expressão central e orgânica do seu Reino na História presente (Mateus 16:18), e não com a igreja que os homens instituíram para funcionar como seu feudo religioso e instrumento dos seus caprichos. A promessa de Jesus de que a sua Igreja seria invencível tem se cumprindo e cumprir-se-á sempre. Tenhamos todavia em mente que várias igrejas - instituições religiosas - sucumbiram à própria história.

Subsídio para EBD - A rebeldia dos filhos

Há vários estilos disciplinares por parte dos pais:

Os pais autocráticos
São ditadores no lar. “É do meu jeito ou rua”, afirmam certos pais, em termos bem claros. Repetidas vezes, os filhos ouvem de pais e mães autocráticos: “Você vai fazer isso do meu jeito, senão...”, ou “Não pergunte por quê! Porque eu disse e está acabado!” Os pais autocráticos são fortes na disciplina de castigo e ameaça, mas fracos em relacionamentos. Eles têm um nível elevado de exigências, e um nível baixo de sensibilidade.

George Brackman, um conselheiro familiar, diz que os pais autocráticos emitem ultimatos aos seus filhos, tais como: “Faça isso, senão...!” “Não há discussão ou respeito pela posição ou pedido do filho... não há espaço para acordo”, escreve o Dr. Brackman. Os pais autocráticos “dão ordens e esperam obediência imediata – sem perguntas a fazer”.

Os pais autocráticos tendem a desenvolver filhos que se ressentem da autoridade e são limitados na auto-expressão. Os adolescentes que convivem com pais autocráticos frequentemente se tornam rebeldes. A frustração se desenvolve quando a criança se torna mais velha e o estilo autocrático não funciona mais. Porém, pelo fato de as linhas de comunicação não terem sido estabelecidas entre o pai autocrático e seu filho, há somente o silêncio – frequentemente repleto de mágoa e ira.

Os Pais Permissivos
Os pais permissivos se orgulham de construir relacionamentos, mas são fracos em prover a disciplina que guia, estabelece os limites necessários e desenvolve a segurança na criança. Uma mãe permissiva poderia dizer: “Amo tanto os meus filhos que não consigo castigá-los”. Ela cometeu dois erros. Primeiro, está confundindo castigo e disciplina, e, segundo, acredita que castigo e amor são opostos.

Além de serem não-punitivos, os pais permissivos apresentam várias outras características. Eles realmente não querem estar no controle, e prefeririam que os filhos regulassem seu próprio comportamento. A razão prevalecerá sobre o poder na atitude de um pai permissivo. Os filhos não terão mais – se alguma – responsabilidades domésticas casos os pais sejam permissivos. Eles se desenvolverão como pessoas impulsivas, e, mais tarde, ficarão chocados ao descobrirem que seus “chefes” nem sempre os consultarão sobre toda decisão política.

Os Pais Indiferentes
O amor é o oposto do terceiro estilo de criação de filhos, os pais indiferentes. Esses pais são fracos tanto na construção da disciplina quanto do relacionamento. O que o filho ouve desses pais é: “Eu não me importo”. Os pais indiferentes vão desde não estar envolvidos com seus filhos até a total negligência. Eles minimizam a interação com seus filhos, que por sua vez crescem e se tornam execessivamente exigentes. Eles carecem de domínio próprio e se recusam a agir até mesmo de acordo com os padrões e regras razoáveis. Também se mostram agressivos.

Os Pais Relacionais
Pais relacionais cuidam o suficiente para disciplinar os filhos. Esses pais entendem a verdade disciplinar vital de que as regras sem o relacionamento produzem rebelião. O amor verbalmente expresso sem dar tempo leva à raiva. Muitos filhos são rebeldes e raivosos porque são criados por pais que não são relacionais.

Anteriormente, consideramos pais que são autocráticos. Os pais relacionais têm autoridade sem ser autocráticos. Eles têm o equilíbrio de ser exigentes e sensíveis. A pesquisadora da Universidade da Califórnia Diane Baumrind descobriu que esses pais utilizam métodos disciplinares que em primeiro lugar dão apoio, em vez de meramente punir. Os pais relacionais que têm autoridade exercem o controle sobre seus filhos, mas pelo fato de os entenderem, eles crescem em flexibilidade. Eles colocam limites, mas promovem a independência. Os limites definem o “campo de jogo”, a “arena de atividade”, em vez de serem cercas que aprisionam. Os pais relacionais fazem exigências aos filhos, mas explicam os motivos por que as exigências estão sendo feitas. Esses pais levam em conta o diálogo, para que o filho seja capaz de expressar a sua opinião.

A pessoa desenvolvida por pais assim sabe como fazer parte de um time. O filho desenvolve a confiança em si mesmo e cresce em responsabilidade. Em vez de ser agitado e de desenvolver quando adulto sempre uma busca por “pastos verdejantes”, seja no casamento ou no trabalho, as pessoas criadas por pais relacionais com autoridade tendem a ser pessoas satisfeitas.

Há uma grande quantidade de pesquisas e bibliotecas de livros do tipo “como dizer” sobre criar filhos. Mas se quisermos nos tornar pais que se relacionam bem com os nossos filhos corretamente, exercer a autoridade, mas sem tirania, e disciplinar de maneira eficiente, então precisaremos de sabedoria, inspiração e amor sobrenaturais. O nosso relacionamento com Deus determinará a qualidade do nosso relacionamento com nossos filhos.

Bibliografia:
Os 10 mandamentos da Criação dos Filhos: O que Fazer e o que não Fazer para Criar Ótimos Filhos”, editada pela CPAD.