sexta-feira, 7 de novembro de 2014

As sutilezas da Nova Era - Subsídio para EBD Lição 06 Juvenis

 



A Nova Era, ou New Age ( em inglês), Movimento Nova Era, Era de Aquário. Tira o seu nome da presumida passagem do Sol da casa zodiacal do signo de Peixes para a de Aquários. Visto que o peixe simbolizava o cristianismo, essa passagem do Sol do signo do de Peixes para o de Aquários indica o fim do cristianismo. ICHTHYS ( peixe em grego) são as iniciais de Iesous Christos Theos Yios Soter, que se traduz: Jesus Cristo, Deus Filho, Salvador.
O movimento Nova Era é uma filosofia que absorve todas as religiões. É tão inclusivista quanto o hinduísmo. É um conjunto de crenças, seitas, práticas e ideologias, que negam os valores espirituais do Cristianismo. Uma visão panorâmica desse movimento é suficiente para vermos que, nele, não há nada de novo, exceto o nome; quanto ao mais, são as velhas crenças ocultistas hindus que procuram, agora, se firmar no Ocidente. A Nova Era é uma forma disfarçada de Espiritismo.
Origem
O movimento na sua estrutura atual surgiu na década de 60. Sua malévola ideologia vem desde a queda no Éden (Gn 3:1-9). Sua origem está intimamente ligada à fundação da Sociedade Teosófica em 1875, em Nova Iorque, pela russa Helena Petrovna Blavatsky, conhecida como “avó do movimento Nova Era”. Os livros de madame Blavatsky, “Isis Sem Véu” e “A Doutrina Secreta”, propunham uma combinação sincrética de agnosticismo, espiritismo, mitologia egípcia, budismo e hinduísmo, formando uma religião universal.
Objetivo
Instituição de uma nova ordem mundial: governo único do nosso planeta, por meio de mestres cósmicos; um sistema econômico mundial; uma cultura mundial; em que toda a religião e raças se unam em harmonia; um rei, semelhante a um deus, que ajudará a pôr em prática o Movimento Nova Era.
Natureza
Sincretismo das religiões orientais, como budismo, taoismo, hinduísmo com conceitos do cristianismo, atividades ocultistas, como alquimia, magia, meditação transcendental, técnicas de visualização, quiromancia, clarividência, astrologia, hipnose, ufologia, ioga etc. Práticas ligadas ao espiritismo, destacando-se a reencarnação ,acão, carma, a mediunidade (canalização); envolvimento com bruxos, gnomos, duendes, enfim a feitiçaria. Frentes de envolvimento, como ecologia, desarmamento nuclear, feminismo, psicologia transpessoal, educação e medicina alternativas.
Adeptos
São classificados em dois grupos: estudiosos e ouvintes.
Livro-base
The Aquarian Conspiracy ( A Conspiração Aquariana), de Marilyn Ferguson. Lançado em 1980, é conhecido como a bíblia da Nova Era. Neste livro se promete um período de mil anos de paz sob um governo mundial. Um segundo livro “O Reaparecimento de Cristo”, de Alice Bailey, sucessora de Helena Blavatsky, na sociedade Teosófica que anuncia o retorno do Cristo da Nova Era.
Cronologia da Nova Era
Segundo Lauro Trevisan, no seu livro: (AQUARIUS, A Nova Era Chegou, p. 22) a humanidade teria passado pelas seguintes fases: infantil, adolescência, mocidade e maturidade.
Ao explicar essas fases ou eras, emprega esse escritor uma terminologia astrológica, afirmando que a cada 2.160 anos, mais ou menos, se dá uma nova fase astrológica dentro dos signos do zodíaco:
.Era do TOURO (4.304 a 2.154 AC) – era da forca bruta, caracterizada pelos povos assírio e babilônio.
.Era do CARNEIRO (2.154 a 4 AC) – surgimento do povo Hebreu, na saída desse povo do Egito.
.Era de PEIXES (4 AC a 2.146 AD) – surgimento do Cristianismo
.Era de AQUÁRIO (2.146 a 4.296 AD ) – signo da harmonia e do humanismo, onde o homem se tornará deus.
Líderes
Shirley Mclaine, conhecida como a musa da Nova Era, atriz de Hollywood e autora do livro “Minhas Vidas”; Benjamim Creme, conhecido como o “João Batista”, ou seja o precursor do Cristo da Nova Era; Fritjof Capra, físico e autor de livros como “O Ponto de Mutação” e “O Tao da Física”.
Paulo Coelho, escritor de vários livros, escritor de vários livros: As Valquírias, Brida, O Diário de Um Mago, O Alquimista e outros.
Lauro Trevisan, padre licenciado, escritor dos livros: “Aquárius, A Nova Era Chegou”, “A Vida é Uma Festa”, “Jesus, Precursor e Anunciador da Nova Era”, “Os Poderes de Jesus Cristo”.
Lair Ribeiro, escritor de vários livros e professor de neurolingüística.
Grupos de Apoio
The Green Party ( O Partido Verde) é um poder político que enfatiza questões como a ecologia, o feminismo e o desarmamento.
Greenpeace – (Paz Verde) – É uma organização ambiental. Objetivo principal do grupo é despertar uma “Consciência planetária
O apoio da mídia A mídia brasileira tem propagado em grande escala as idéias da Nova Era. Revistas como Veja e Isto É, tem trazido reportagens relacionada com o assunto. Há novelas como Mandala, Vamp, Renascer, A Viagem, Almas Gêmeas, O Profeta e programas de debate que focalizam a reencarnação e misticismo. O Guia do Estudante, da Editora Abril (91/92), relaciona a astrologia, tarologia e outras profissões da Nova Era, entre as carreiras promissoras para o futuro. Nem as crianças são poupadas: revistas infantis e programas de desenhos animados na TV estão infectados pelos conceitos da Nova Era. As revistas Ano Zero, Planeta e Horóscopo são as que mais se destacam entre as várias publicações ligadas ao Movimento. Vemos a Nova Era presente também em filmes norte-americanos como por exemplo : Ghost ( Do Outro Lado da vida), O exorcista, A profecia etc. Os desenhos animados japoneses também têm dado sua contribuição em Os Cavalheiros do Zodíaco, Pokemon e outros.
Ensinos Centrais
DeusSão várias as concepções de divindade da Nova Era. Praticamente são as mesmas do hinduísmo. Todas, pois, contrárias à Bíblia.
a) Politeísmo pagão
A Nova Era nega o Deus revelado nas Escrituras. Eles são “monistas e panteístas”. Ambas são conceitos básicos do hinduísmo. Mono dignifica um. Portanto Monismo é a teoria filosófica que defende que tudo no universo é feito de um só matéria, isto significa que não existe diferença entre Deus, uma árvore, uma rocha, ou um peixe.
Panteísmo é a doutrina de que Deus é tudo, e tudo é Deus. Assim não há distinção entre a criatura e o Criador, e isso engloba o próprio Satanás, que para eles é também deus.
b) A deificação do homem
“Eu sou Deus” afirma Shirley Maclaine. A doutrina de que o homem é Deus é muito antiga; vem da serpente ( Gn 3: 1-9). Ela é propagada pelo hinduísmo, e foi transportada para o Ocidente pelos promotores da Nova Era.
Refutação
A Bíblia ensina que o Deus infinito e eterno criou do nada um universo finito ( Gn 1:1; Ne 9:6; Sal 33:9; Heb 11:3). Deus não é um com o universo ( Is 45:18-22). Ele é separado e superior ao universo ( At 17:28). É um Ser pessoal ( Is 43:10; 44:6-9); Santo e Imutável ( Tiago 1:17).
Pecado
Gnosticismo moderno - O problema do homem não é o pecado. O pecado é uma invenção da religião organizada. O nosso problema é a ignorância do nosso potencial. Segundo Lauro Trevisan: “ A desgraça do mundo é a ignorância....”.(Aquárius, A Nova Era Chegou, p. 49).
Refutação
O pecado é real (I Jo 1:8-10) e separa o homem de Deus ( Is 59:2). Jesus afirmou que o mal do homem procede do interior do homem ( Mc 7:21-23). Em Gn 3:1-9 se lê sobre a origem do pecado, conseqüente da rebelião do homem contra Deus. A única solução para o problema do pecado do homem é a fé em Jesus. ( At 4:12; 16:30,31).
Céu e Inferno
O céu da Nova Era é o nirvana budista. O inferno é o que colhemos aqui na forma de carma negativo.
Refutação – O céu e o inferno são reais e constituem o destino de todos os homens depois desta vida: Hb 9:27; Mat 25:41,46; Jo 14:2,3; Fp 3:20,21; Ap 20:11-15, 21:8.
Jesus Cristo
Jesus é considerado apenas como um dos muitos mestres iluminados. Falam de um Cristo separado de Jesus. Dizem que Jesus só se tornou Cristo aos 30 anos. Para eles, Cristo é apenas um grande Iniciado, ao lado de Buda, Confúcio, Maomé e outros.
Refutação – Jesus é o Filho Unigênito de Deus ( Jo 1:1-3,14). Realizou milagres revelando sua deidade absoluta ( Jo 10:30-33,37; Mat 11:4,5). Afirmou ser o caminho, a verdade e a vida, e que sem ele ninguém chega ao Pai ( Jo 14:6). É o Rei dos reis, Senhor dos senhores e Criador de todas as coisas no céu e na terra. ( Cl 1:17,18; Hb 1:1-3). Único Salvador e Senhor a quem se deve adorar. ( At 4:12; Fp 2:9-11).
Reencarnação
A doutrina da reencarnação é um dos pilares do Movimento Nova Era. Não há morte, você continua a ser reciclado até acertar. Afirmam que continuará a viver e voltar noutra forma para continuar a sua anterior, mas ninguém poderá se lembrar do que aconteceu na vida anterior.
Diz Paulo Coelho, conhecido bruxo da Nova Era: “As almas ou as partes da alma se encarnam em sucessivas encarnações”. ( Brida, p. 43)
Refutação – A reencarnação segundo a Bíblia não existe ( Heb 9:27). Jesus mostrou os dois lados da vida além-túmulo e sem possibilidades de mudança ( Lc 16:19-31).
Religião
Atualmente está havendo um movimento forte no âmbito religioso, que vem colaborar diretamente com os objetivos da unificação. É o movimento ecumênico, que tem conseguido reunir religiosos de todas as tradições.
Esse é o ponto de maior desafio para a unificação. É a religião que mais tem gerado divisões na História. São incontáveis as guerras que se moveram durante toda a existência humana por causa do fator religioso.
Mas, apesar desse imenso desafio, o movimento ecumênico tem-se mostrado capaz de superar as dificuldades; grandes barreiras já têm caído, e já é realidade atual, reuniões entre líderes de diferentes religiões, com objetivos ecumênicos.
Em Junho de 1992, no evento ECO/92, organizado na Cidade do Rio de Janeiro, houve reuniões ecumênicas, em favor da paz mundial e do Meio Ambiente, que reuniu o Dalai Lama, maior líder budista do mundo, Kardecistas, umbandistas, o arcebispo do Rio de Janeiro, todos fazendo suas preces juntos, no mesmo lugar.
Pierre Weil no livro: “Sementes para uma Nova Vida”, editado por uma editora católica, afirma que o Papa João Paulo II é o responsável por introduzir a Nova Era no cristianismo. Mas o raio de ação do papa se limita ao catolicismo. O que não significa que não hajam representações dentro das linhas protestantes. Atualmente estamos assistindo à introdução de princípios absurdos dentro da Igreja Evangélica, que são completamente antibíblicos, mas harmoniosamente acordes com os princípios da Nova Era. A Consagração de homossexuais para o ministério em igrejas protestantes, o ensino do sexo livre e a desvalorização da virgindade, são exemplos atuais do que tem acontecido. Outro ensino que tem-se alastrado nas igrejas evangélicas é o da confissão positiva.
Confissão Positiva – também conhecida como “teologia da prosperidade” é um conjunto de ensinamentos que deificam o homem, e tornam Deus sujeito às vontades deste homem. Faz de Deus, um ser limitado e menor do que aquele revelado nas Escrituras, pois está obrigado a responder sempre e, positivamente, as orações dos homens. Paralelamente, faz do homem, um semideus; ensina ser ele o centro de todas as coisas. Deus, o Criador, não resiste quando este homem lhe pede alguma coisa. O ensino da confissão positiva, humaniza a Deus e diviniza o homem.
Medicina Alternativa
As bases dessa medicina fundamentam-se em conceitos importantes da ideologia da Nova Era, e quem recorre a ela recebe informações “médicas”, mais relacionadas com o misticismo do que com ciência. A medicina alternativa fundamenta seus princípios no conceito de que o homem possui um corpo energético, de onde provém todos os problemas físicos, com base na crença de que Deus é uma energia e o homem é parte dessa energia. Então, quando uma pessoa sofre uma experiência negativa, determinada parte do corpo energético é afetada. Esse pensamento se deve ao fato de crerem que, como a energia divina é luz, e a luz possui as cores, assim no corpo energético, que é divino, é formado pelas cores contidas na luz branca. Eles chamam a essas cores que compõe o corpo energético de chakras.
O corpo energético seria formado de sete chakras, a saber: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta. Vamos, pois encontrar diversas terapias em torno desse trabalho de energização dos chakras do corpo energético, como a terapia com uso de cores, energização através de pirâmides, cristais, a medicina homeopata, os Florais de Bach ( tratamento através das flores), frases de conteúdo positivo, musicoterapia, massagens orientais e o sistema de acupuntura.
 

*PERFIL DA ESPIRITUALIDADE DA NOVA ERA

1. De acordo com Russel Chandler: “A Nova era não é uma seita ou facção em si, mas uma mistura híbrida das forças espirituais, sociais e políticas, englobando a sociologia, a teologia, as ciências físicas, a medicina, a antropologia, a história, o movimento do potencial humano, os esportes e a ficção científica”.

2. Cerca de 12 milhões de americanos são participantes ativos da Nova Era.

3. Outros 30 milhões estão “avidamente interessados”. 

4. Não existe declaração de crenças definida, não há fundador, nem uma igreja central ou matriz e, tampouco, estrutura formal. 

5. Há mais de 3 mil editoras que publicam livros sobre a Nova Era e o ocultismo.

6. Entre os livros mais vendidos da Nova Era estão A Course in Miracles (Um curso sobre Milagres), Um Retorno ao Amor, Minhas Vidas e The Celestine Prophecy (A Profecia Celestina).

* Texto extraído da obra: 
“Guia de Seitas e Religiões: Uma Visão Panorâmica”, editada pela CPAD.

CONCLUSÃO
Na Nova Era prevalece tão somente o seu sincretismo religioso, incluindo um pouco de todas as religiões principais, a saber: Espiritismo, Hinduísmo, Budismo e Cristianismo. Quem acompanha os últimos lances da Nova Era, logo conclui que sou objetivo final é tornar-se uma religião mundial, dentro de uma nova ordem, controlando e dominando todos os países, mediante sistemas unificados de governo, religião, economia, finanças, comércio. É isso o que vemos em Ap. 13 e 17, com o mundo sob o governo do Anticristo. A Nova Era, principalmente no aspecto político, espera um salvador do mundo chamado Maitréia, que não é outro senão o Anticristo, de que nos previnem as Santas Escrituras. Ele fará com que o mundo religioso e filosófico dos dias atuais, enganosamente prepare e conduza o mundo sem Deus, para um governo central e unificado.
Um quadro desse falso messias agindo secretamente, está em 2 Tes 2:3-9; I Jo 4:3. Sua manifestação aberta aqui no mundo é vista em Ap. 13:1-8.
Glossário
Carma – A lei do Carma é um dos fundamentos da Nova Era. È a crença na reencarnação espírita. Repetidas reencarnações até que a pessoa atinja a perfeição.
Nirvana – termo budista. É a última reencarnação. A pessoa passa a morar com os demais espíritos perfeitos como se fossem deuses.
Avatar: Reencarnação de um deus. No hinduismo, reencarnação do deus Vixnu.
 
Bibliografia:
ANKERBERG, John e Weldon – Os Fatos sobre o Movimento Nova Era – 1995

ANKERBERG, Jonh e Weldon – Os Fatos sobre a saúde Holística e a Nova Medicina. – 1996.
CABRAL, J. – Religiões, Seitas e Heresias. Universal Produções – 1990.


 
 
 
 

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Aos leitores que residem fora do Brasil


Se você lê o nosso blog de algum país fora do Brasil deixe aqui a sua mensagem. Essa interação seria de grande alegria para mim, e estaria também orando por você!
 
Quando criei este blog em 31/03/2008, não imaginava que hoje estaríamos tendo o alcance que conseguimos com essa simples ferramenta, em locais aos quais eu nunca visitei pessoalmente. Na época pensava apenas em ter um instrumento para anunciar a Palavra e expor meus pensamentos e reflexões aqui mesmo no Brasil.
 
A internet é algo de um potencial incrível mesmo. Atualmente segundo as estatísticas disponível pelo próprio Google na plataforma blogger, sei que tenho leitores de vários países, sendo que os mais visitam o Cristianismo Radical são os das seguintes nações:
Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Rússia, Angola, China, Índia, França, Cabo Verde e Portugual, entre outras que eu gostaria de saber. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Subsídio para EBD - A queda do império babilônico


Impérios se levantam e também caem, nenhum governo humano dura para sempre. Na lição de hoje mostraremos essa realidade concretizada na ruína do império babilônico. Inicialmente destacaremos os procedimentos humanos que levaram o império a cair, em seguida, nos voltaremos para a soberania de Deus, que se manifesta através dos seus decretos. Ao final, nos meditaremos sobre o perigo de ser achado em falta por Deus, e a necessidade de um arrependimento iminente e verdadeiro.

A QUEDA DE UM IMPÉRIO
Nabucodonosor reconheceu a grandeza de Deus, e se voltou para Ele em adoração, após sua soberba ter sido identificada. O mesmo não aconteceu com seu filho, Belsazar, que mesmo com as advertências proféticas, continuou no caminho da desobediência. As decisões de Belsazar, desconsiderando o testemunho do seu pai, é uma demonstração do livre arbítrio. Conforme instrui a palavra de Deus, devemos ensinar a nossos filhos no caminho do Senhor, mas isso não garante que eles O seguirão (Pv. 22.6). Ao invés de se dobrar diante de Deus, Belsazar preferiu viver de acordo com seus interesses (Dn. 5.22). A queda de um império acontece quando os filhos deixam de trilhar os caminhos da fé de seus pais. Existem países que estão sofrendo porque os filhos não seguem mais a fé dos seus pais. A culpa não é apenas dos governantes, a própria igreja tem se distanciado dos padrões bíblicos. Por causa disso a fé evangélica está deixando de ser relevante, e de atrair a atenção da sociedade. Como Belsazar, muitos jovens estão se desviando da Palavra de Deus, algumas igrejas também não conseguem mais falar a linguagem dos jovens. Não devemos fazer concessões dos princípios cristãos, antes precisamos criar meios para torna-los relevantes a esta geração. Os jovens crentes também precisam buscar mais Deus, e não viverem regaladamente, como fez o filho de Nabucodonosor. Esta geração hedonista está colocando o prazer como um fim em si mesmo, a Babilônia começou a ruir em uma festa (Dn. 5.2). O falta de uma espiritualidade genuína, pautada na Palavra, tem resultado em meros formalismos. A cultura do entretenimento pode produzir distrações espirituais, e comprometer o futuro da juventude.

DECRETADO PELO DEDO DE DEUS
Os descalabros cometidos por Belsazar levaram o país à destruição, sua embriaguez fez com que ele perdesse o senso de responsabilidade. Tenhamos cuidados para não perder a lucidez, vivemos em um mundo solapado pela ilusão. Por isso Paulo orienta os crentes de Éfeso para não se embriagaram, antes busquem ser cheios do Espírito (Ef. 5.18). Muitas pessoas estão perdendo muito tempo diante de coisas que distraem na vida espiritual. O exercício da piedade precisa ser reativado na vida de muitos cristãos (I Tm. 4.7,8). As redes sociais precisam ser utilizadas com equilíbrio, caso contrário, poderão levar à destruição física e espiritual. O rei Belsazar foi longe demais, decidiu profanar as coisas sagradas, mostrando seu desrespeito pelo céu. O resultado desse pecado premeditado foi a perturbação, muitos estão perdidos em seu rumo. Os pecados dos seres humanos, e suas drásticas consequências, já é um juízo de Deus, na medida em que esses tiram a paz (Dn. 5.5-9). O homem ceifa aquilo que semeia, as obras da carne podem se transformar em tempestades, e fazer com que os cristãos percam a intimidade com Deus (Gl. 5.17). A alegria do rei de repente se transformou em pavor, sua arrogância foi julgada por Deus. A sabedoria de Deus confunde as astúcias humanas, o Senhor confronta o pecado por meio da Sua palavra (Dn. 5.7,8). Daniel foi levantado por Deus como profeta, para denunciar os desmandos do rei da Babilônia. Uma igreja profética reconhece seus limites na participação política. O envolvimento totalmente submisso às autoridades pode comprometer o caráter profético da igreja. Depois de receber a mensagem de juízo de Deus, o rei Belsazar, ao invés de se arrepender, como fez seu pai, Nabucodonosor, se voltou contra a Palavra (Dn. 5.22). Quando o pecado se aloja no coração das pessoas, elas ficam cegas, e acabam agindo de maneira equivocada, fundamentadas no desejo desenfreado. A palavra de Deus foi contundente ao rei babilônico: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM.

ENCONTRADO EM FALTA
Mene significa contar, isso quer dizer que os dias do rei estavam contados, Deus deu um basta naquele império, por causa da sua desobediência (Dn. 5.25). Tequel significa pesar, isso quer dizer que Deus julgou, e avaliou o império babilônico. Por fim, UFARSIM – PERES significa romper ou dividir, assim sendo, Deus dividiria o reino da Babilônia. Essa divisão aconteceu quando os medos e persas (Dn. 5.28) tomaram o império babilônico. Certa noite, Dario desviou o curso do rio Eufrates e invadiu a Babilônia. Os juízos de Deus virão sobre a humanidade, por isso todos devem depender de Cristo. Ninguém pode ser considerado justo perante Deus, todos pecaram e ficaram distanciados de Deus (Rm. 3.23). O salário do pecado é a morte (Rm. 6.23), mas a dádiva de Deus é a vida eterna, através de Jesus. Todos nós fomos achados em falta perante Deus, mas Jesus, com Seu amor infindo, nos atraiu para o Pai (Jo. 14.6). O amor de Deus é incondicional, Ele nos atrai para Si, basta apenas crer nEle (Jo. 3.16). O Senhor não quer que as pessoas se percam, antes que se arrependam, e se voltem para Ele (II Pe. 3.9). Mas nem sempre as pessoas estão dispostas a tomarem uma decisão por Cristo. Por causa disso, muitos estão padecendo nestes dias. O juízo de Deus começa pela própria decisão humana de viver por si mesmo. A vida de algumas pessoas tornou-se um inferno, porque optaram por não se entregaram a Deus. Mas o inferno não é apenas aqui, o juízo de Deus vai além, no futuro aqueles que se negaram a viver para Cristo, comparecerão perante o Trono Branco (Ap. 20.11-15). Desse trono muitos tentarão fugir, mas será improvável, pois o Senhor julgará com reta justiça. Nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo, mas para os pecadores impenitentes, que agem como Belsezar, o resultado será a condenação (Rm. 8.1). O lago de fogo está preparado para Satanás e seus anjos, e para todos aqueles que querem fazer companhia ao Diabo (Mt. 25.21).

CONCLUSÃO
Os impérios do passado caíram porque as pessoas se distanciaram dos padrões divinos. Esse princípio se aplica às nações, e até mesmo às igrejas contemporâneas. Sem o temor a Deus, que é o princípio da sabedoria, o resultado será a ruína. O julgamento divino, ainda que seja uma doutrina impopular, é uma verdade bíblica. Deus estabeleceu um dia no qual julgará a todos, inclusive as nações, avaliando suas ações. A igreja, nestes tempos difíceis, deve se pautar pela Palavra de Deus, somente assim estará livre do juízo vindouro.

BIBLIOGRAFIA
LEDERACH, P. M. Daniel. Herald Press: Scottdale, 1994.
WEIRSBE, W. Be resolute: Daniel. David Cook: Ontario, 2008.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O sentido mais profundo de ser evangélico

Me converti na adolescência. Engatinhei na fé encantado com o desprendimento dos crentes. Na escola dominical, não entendia porque muitos doavam suas manhãs para darem aula de Bíblia a jovens como eu – sem qualquer berço religioso. O que os motivava? Guardo afeto por um presbítero que passava de carro por minha casa para me levar ao culto. Sentado no banco traseiro, notava um carinho especial por mim. Nunca alcancei entender, completamente, mais de 40 pessoas gastarem noites da semana ensaiando para o coral; para cantar dois hinos no domingo à noite treinavam por horas. As catequeses para crianças nas favelas sempre me deixaram boquiaberto. Jovens abriam mão das tardes de domingo para ensinar em comunidades carentes. 

Anos depois, passei a me sentir privilegiado por pertencer ao movimento pentecostal. Fui iniciado nesse mundo através das cruzadas evangelísticas. Há poucas décadas, tais cultos ao ar livre eram comuns. O palanque, feito com um tablado de madeira e apoiado sobre tambores de óleo vazios, mal cabia o grupo musical. Os hinos chamavam a atenção do bairro e estimulavam a fé. As letras convidavam os desvalidos a confiar em Deus: Conta para Jesus onde é a tua dor. Ele te ajuda a carregar a Cruz. Com insistência ora. Que tu vais vencer. O que tu precisas, conta para Jesus. Nessas campanhas, o pregador articulava um sermão veemente. Prometia que no final faria duas orações. A primeira, para pessoas que desejavam se converter. A segunda, pelos enfermos. Não poucas vezes, eu saía extasiado com a intrepidez dos jovens evangelistas.

Tais lembranças, entretanto, não me impedem de perceber as idiossincrasias do movimento, que se apequenou. O pentecostalismo se travestiu de neopentecostalismo. A teologia da prosperidade vingou e a teologia da missão integral minguou. O cultos domiciliares foram substituídos por televangelistas. Sobram poucas razões para ter orgulho do que se tornou o movimento evangélico.

Precisei me distanciar do movimento – na verdade, já me despedi algumas vezes – para ter condições de apontar suas distorções, imaturidades e desvios. Olho para trás e entendo alguns porquês da decadência. Estávamos presos ao fundamentalismo norte-americano e nem sequer percebíamos. Copiávamos a moralidade gringa; era proibido beber vinho, ir ao cinema e até dançar a valsa de formatura. Os livros que nos instruíam não passavam de traduções mal feitas do que fazia sucesso nos Estados Unidos. Em alguns redutos mais conservadores, missionários davam ordens. Já como pastor, fui convidados para uma conferência. Eu partilharia o púlpito com um famoso pregador americano. A maneira como trataram o estrangeiro e revelou bem o viralatismo: ele foi hospedado em hotel cinco estrelas e os nacionais ficaram em hotel, categoria pensão. Para piorar, o conteúdo da palestra evidenciou a mentalidade colonialista do conferencista: embora teólogos estivessem no auditório, ele ensinou para adolescentes.

Os evangélicos brasileiros constroem a sua identidade sem preocupação histórica. Em um processo sincrético bem avançado, o neopentecostalismo mostra pouco apreço pela tradição – traditio – que os antecede. O pouco reconhecimento pelos séculos de tensão que marcaram a igreja, com idas e vindas, os torna refratários a bizarrices. Igrejas se multiplicam nos arredores das grandes cidades movidas mais por conquista de um nicho do que por um ideal. Desprovidos de projetos solidários, sem parceria com iniciativas transformadoras da realidade, novos líderes abrem igrejas que convivem com a injustiça. Cismático, o movimento se expande, anarquicamente, na lógica do mercado.

Os poucos anos de existência do movimento talvez expliquem sua imaturidade. A presença evangélica no Brasil ainda não tem 200 anos. Sarah e Robert Kalley, o primeiro casal protestante a ficar no Brasil em caráter permanente, chegaram em 10 de maio de 1855. Talvez sejam necessários muitos outros deslizes e tolices até que o movimento amadureça.

Todavia, dá para notar sinais de esperança. Se o movimento perde referência com a ética protestante, por outro lado, consegue alguns avanços: o sacerdócio universal de todos os crentes, por exemplo. As igrejas dependem primordialmente de leigos. Enquanto caciques denominacionais se consomem com politicagem, anônimos sobem morros, embrenham-se por igarapés e atravessam sertões. Eu participei de cultos familiares conduzidos na calçada com a mesa da cozinha coberta com toalha e buquê de flores artificiais servindo de púlpito. Já preguei com microfone dando choque. Várias vezes ouvi minha voz distorcida por amplificador e corneta de som de péssima qualidade. Em muitas ocasiões, sem instrumento musical e desafinados, cantamos hinos antigos.

Na redondeza das grandes cidades ainda é possível ver crentes caminhando pelos acostamentos das estradas. Fácil identificá-los: o pai, de paletó e gravata, carrega a Bíblia contra o peito e a mulher, de saia longa, segue com pelo menos dois filhos. A igreja lhes confere uma dignidade que as estruturas sociais iníquas escondem. A religião os torna altivos.

Qualquer igreja é construção social que reflete a cultura onde foi inserida. Eis a razão do movimento evangélico espalhar, ao mesmo tempo, beleza e imperfeição. Nessa complexidade histórica uma atitude profética importa muito. É preciso reconhecer defeitos e celebrar beleza. Por isso continuo fiel à minha vocação. Trabalho em busca de um caminho que melhor reflita o reino de Deus. Mesmo que não me identifique com o que se tornou o movimento evangélico, desejo compreender – e viver – o significado mais profundo de ser evangélico.

Fonte: http://www.ricardogondim.com.br/