sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O avanço da depressão e os escorpiões que ferem a alma


E naqueles dias os homens buscarão ardentemente a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles”, Ap 9:6.
“E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo”, Lucas 21:25e 26.

Na minha infância quase ninguém sentia depressão. As pessoas apenas ficavam tristes. Depois, já na década de 80, comecei, muito de longe, a ouvir falar numa coisa chamada “depressão”.
E era depressão por tudo: pelo namoro acabado, pelos pais problemáticos, pelo casamento falido, por frustrações, pelo desemprego prolongado, e etc...
Na década de 80 a Depressão cresceu. Observou-se também que que  quanto mais urbano era o lugar, mais deprimidas as pessoas tendiam a se tornar. E mais: as razões da depressão deixaram de ser até justificáveis objetivamente, pois surgia agora a depressão difusa, existencial, sem causas aparentes.
 Percebe-se hoje, como a Depressão era uma epidemia global. Já foi no início dos anos 90 que se ouviu falar em “Síndrome do Pânico”. Então, de súbito, muita gente passou a sofrer de pânico. Muita gente andava com o remédio na bolsa a fim de ter um “Frontal” no caso de uma crise de pânico e falta de ar.
 
Daquele momento histórico pra frente a “Síndrome do Pânico” foi crescendo e a Depressão continuando, mas perdendo o seu glamour psicológico.
 Hoje me trazem até crianças com a Síndrome. Ou, então, aventam a possibilidade de que uma criança de quatro anos esteja já “panicada”. Crianças “deprimidas” já se tornou algo corriqueiro.
 Agora vejo outro fenômeno psicológico-urbano em construção. Muitas coisas acabam virando uma moda da alma dolorida. Trata-se de um crescente fenômeno de Dissociação da Realidadee que faz a pessoa estar presente sem se sentir presente. A sensação é de ausência. E, na maioria das vezes, além dostraumatizados por fortes experiências, percebo que tal fenômeno atinge os Internautas viciados.
 A pessoa passa tanto tempo em chats, em salas de sexo virtual, em papos eróticos, ou em namoros distantes, que, quando volta do ambiente virtual, ou que tem que lidar com as pessoas reais no mundo concreto, ela não sabe mais se sentir em contato.
Entãoa cabeça começa a ficar distante. A pessoa se sente como uma observadora dos acontecimentos, mas como se ela fosse um fantasma. A invisibilidade virtual toma conta dela; e, agora, diante de gente concreta, ela sente essa ausência profunda. Todavia, se você pergunta se na sala virtual ela sente-se desse modo, a resposta é que “não”; que “lá ela se sente presente”.
 Assim, o que sobra é um mergulho cada vez mais profundo na virtualidade dos relacionamentos sem toque, cheiro ou convívio; pois, no mundo dos sentidos, fora desse Matrix relacional, tudo parece não existir e não ter mais sentido.
 Entretanto, tal experiência é um fenômeno de profunda dissociação do mundo e da vida. E como as pessoas são forçadas, por uma razão ou outra, a saírem dacâmara matrixiana e lidar com a vida (emprego, escola, faculdade, família, etc.) — não conseguindo mais se sentirem parte de nada tangível, elas mergulham emDepressão e ou na Síndrome do Pânico.
Hoje você ouve as pessoas dizerem que precisam de seu computador, notbook, tablets, e celulares ligado à rede, mas do que de qualquer outra coisa. O remédio é a virtualidade, numa evasão do mundo concreto; o que vai gerando um processo de sensorialidade dissociada da vida, único lugar onde os sentidos são tocados pelo outro.
 Cada vez mais ouço as pessoas queixarem-se de que estão, mas não se sentem presentes em nada, em lugar algum. Até mesmo sexo tem gente me dizendo que prefere quando é virtual.   
 Pais, amigos, amantes, mundos virtuais. Pura e total tragédia humana!  Ora, tais cenários de natureza apocaliptico-existencial remetem-me diretamente para um texto em Apocalipse 9:
O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo. Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar. Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra, e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte. Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém. Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles.

O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja (expectação de guerra); na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro (busca de poder); e o seu rosto era como rosto de homem (inteligência); tinham também cabelos, como cabelos de mulher (erotismo); os seus dentes, como dentes de leão (ferocidade animal); tinham couraças, como couraças de ferro (defesa); o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja (ruidosidade dos movimentos de guerra); tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses (o veneno da angustia); e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.

Abadom e Apoliom, cujo significado único em ambas as línguas é destruição, é o mal que começa a morder as almas humanas sem esperança ante o complexo de coisas que governam e dirigem a humanidade para a morte por medo e pânico — conforme Jesus disse que seria.
 Quando se descreve a aparência desses seres, o que se vê é um composer de tudo aquilo que existe como fenômeno social, político, econômico, e, sobretudo, psicológico, na Terra; e que só tende a crescer.

Esses bichos saem do porão do Inconsciente Coletivo da Humanidade e são feitos de nós mesmos e de nossas mazelas, de nossos ódios, inimizades, ameaças, guerras frias e quentes; de nossa inteligência malévola, de nosso erotismo descontrolado, e de tudo o mais que nós chamamos negativamente de “mundo”.
Esse tempo já chegou como nunca antes! E apenas crescerá entre nós...         
 O Apocalipse diz que tais poderes terão seu domínio sobre todos, exceto sobre aqueles que entregaram a “fronte”, ou a mente, ou a razão, ou a consciência ao Cordeiro; a fim de que sejam protegidos contra a Síndrome de Abadom e Apoliom; e que será a Síndrome Universal do Pânico; a qual fará a síndrome do pânico atual parecer uma gripe, se comparada a um câncer nas vias respiratórias.
 O que protege a alma é o “selo do Cordeiro”.  Em Efésios 1: 12-14, Paulo diz que esse “selo” é a Esperança no Espírito Santo, a qual nos guarda a alma na certeza da Redenção.
 Cada dia mais se estará ante uma situação para qual já não haverá mais fuga; nem mesmo mediante os mais sofisticados mecanismos de evasão da realidade.
 O desejo de morrer grassa entre nós. Crianças, jovens, adolescentes, adultos e velhos começam a desejar morrer. Há aqueles que me dizem como um Jó em agonias que não desejariam ter nascido, ter posto a cara para o lado de cá.
O cenário melancólico e lúgubre do livro do Eclesiastes começa se tornar tolo como um gibi de desesperança infantil, posto que o cenário que já está posto é de uma realidade inescapavelmente diabólica para a alma humana.
Digo palavras de lucidez e de bom senso; e não estou construindo nenhuma ficção. A vida confirma e confirmará a cada dia mais a veracidade destas minhas palavras, e que nada mais são que a tradução do que o Apocalipse chamou de ação da destruição existencial contra toda vontade de viver.
Termino dizendo que tem evangélico que diz que crente não tem depressão. A Bíblia mostra claramente Moisés, Elias, Jeremias, Paulo em estados depressivos. A diferença é que eles não sucumbiram a depressão. Pela fé, foram erguidos desse estado por Deus!

Pare de dizer que sua vida está igual aquele ditado católico: "Quanto mais reza mais assombração aparece!" Pare de dizer que você nasceu para sofrer e que o melhor é morrer mesmo!

Se entregue ao Senhor de coração, creia que o selo do Espírito Santo está em você, te confirmando que você é de Jesus! Enquanto a vida há esperança! Guarde sua mente em Cristo e não permita mais que essas caldas de escopiões machuquem a sua alma! Deixe que Deus abra seus armários interiores e os limpe com sua Palavra! Que Deus possa curar suas memórias mais traumáticas!

Observação: Essa postagem é uma transcrição da mensagem que eu preguei na última quarta-feira no culto de ensino na congregação do Segismundo Pereira, filial da igreja Assembleia de Deus, em Uberlândia. 
 
 

Convenção do Triângulo Mineiro realiza Escola Bíblica para obreiros e esposas


Convenção do Triângulo Mineiro realiza Escola Bíblica para obreiros e   esposas

Cerca de 600 pessoas participaram entre os dias 28 a 30 de agosto da 21ª Escola Bíblica de Obreiro (EBO) da Convenção dos Ministros das Assembleias de Deus do Triângulo Mineiro e Outros (COMADETRIM). A escola reuniu obreiros e suas esposas dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Diversos assuntos relacionados ao tema “O pastor, a Bíblia e a ovelha”, foram ensinados através de palestras e cultos de celebração.

Para o presidente da COMADETRIM, pastor Álvaro Alén Sanches, a escola é oportunidade para os obreiros edificarem o seu ministério para a boa condução do rebanho. Sanches cobrou ainda maior participação nos eventos da denominação. “É necessário participarmos das escolas, reuniões e convenções, além de dividirmos as cargas para que a nossa convenção se fortaleça”, disse. Pastor Álvaro que é também presidente da Assembleia de Deus em Uberlândia e Tesoureiro da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).

O evento iniciou na sexta-feira (28) com um culto de ação de graças com a presença de obreiros em uma congregação da Assembleia de Deus Missão aos Povos, da cidade de Uberlândia. A ministração da palavra foi conduzida pelo pastor Eliel Evangelista que é 1º Secretário da COMADETRIM e Tesoureiro adjunto da nossa CGADB.

O preletor falou sobre o cansaço dos ministros e a necessidade de se ter companheiros que auxilia o líder na execução do ministério. Ele comparou a vida dos pastores como a do rei Davi, que mesmo atrás das ovelhas foi chamado para liderar e diante das dificuldades encontrou amigos que o ajudou a vencer as guerras e tribulações. “Seja um instrumento de Deus para proteger seu pastor”, ressaltou pastor Eliel durante a mensagem.
No sábado (29) a abertura oficial da escola aconteceu durante a manhã. Já no período da tarde as aulas prosseguiram com palestras divididas para obreiros e esposas. A noite aconteceu um culto de celebração.

Já no domingo (30), encerramento da EBO, as palestras aconteceram durante a manhã e também separadas entre obreiros e esposas. Para o palestrante da escola, pastor Wagner Tadeu dos Santos Gaby, da cidade de Curitiba, a escola é fundamental para promover o crescimento do obreiro além da interação e troca de experiência. “A escola dá a oportunidade para atualização dos conhecimentos bíblicos e principalmente da teologia pastoral, do exercício do dia-a-dia”, disse. Pastor Gaby que é presidente a Assembleia de Deus em Curitiba.

O pastor Luiz Cézar Mariano Filho, do Rio de Janeiro, um dos professores da EBO, destacou a honrosa oportunidade de participar da escola. “Eventos como este serve para fortalecer a comunhão, a paz e o conhecimento teológico do obreiro para que ele chegue em sua congregação, transmita o que aprendeu e seja usado pelo Espirito Santo”, destacou. Além de pastor, Luiz César é presidente do Conselho Fiscal da CGADB.

Durante a EBO, as esposas dos obreiros tiveram um momento separado com palestras voltadas para o público feminino. As palestras organizadas pela União das Esposas dos Ministros das Assembleias de Deus do Triângulo Mineiro (UNEMADETRIM) ressaltaram a importância e o papel das esposas no ministério pastoral, como exemplo de mulheres auxiliadoras.
Para Janice Santos Rosa, da cidade de Ribeirão Preto, que palestrou para as mulheres, foi um momento de compartilhar, trocar experiência e de quebrantamento. “Às vezes, nós mulheres carregamos a carga do esposo que é pastor e não encontramos ninguém para conversar, desabafar. Nesses eventos temos um momento para ouvimos pessoas que passam o mesmo que nós, então, entendemos que não estamos sozinhas na caminhada”.  

Fonte: Departamento de Comunicação da Assembleia de Deus Missão aos Povos em Uberlândia, via  CPADNews

Comentário: Esse número de 600 obreiros participantes, não representa nem a metade dos obreiros de Uberlândia, que dirá das igrejas/campos que fazem parte desta convenção. Mesmo assim, a maioria dos participantes era de Uberlândia. Os ministérios ligados à Comadetrim são das cidades de: Uberlândia, Uberaba, Araguari, Ituiutaba, Iturama, Capinópolis e Santa Vitória, esses citados são de Minas Gerais. Do estado do Goiás tem a cidade de Catalão e as pequenas cidades em torno da mesma, essas ligadas ao ministério de Uberlândia. Do estado de São Paulo, tem as igrejas de São José do Rio Preto (Pr. Vanderlei Melo) e Ribeirão Preto (Pr. Antonio Santana). Lembrando que essas duas últimas igrejas citadas até poucos anos atrás faziam parte de convenções regionais do Estado de São Paulo, mas agora estão filiadas a Comadetrim, coisas do modelo assembleiano. O motivo do desinteresse na não participação desta EBO fica a ser analisado.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Evangélicos em declínio? Queda no avanço evangélico sinaliza crise da igreja


Especialistas reveem previsões e números que apontavam para a queda acentuada da hegemonia católica no país já em 2030.

Há coisa de cinco anos, evangélicos de todo o Brasil entraram em festa. Pela primeira vez, desde que o país foi achado pelos portugueses, a fé católica perderia sua hegemonia. Esta, pelo menos, era a previsão de pastores, líderes e pesquisadores diante dos números promissores sobre o avanço da Igreja Evangélica no país. “O Brasil é do Senhor”, frase bradada dos púlpitos e nos programas evangélicos na TV, sintetizava a virada de mesa que aconteceria em breve. Quem cresse e vivesse, veria – e a base para tanto ufanismo eram as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, que a cada década realiza o Censo da população nacional. No levantamento do ano 2010, chegou-se à cifra de 42,3 milhões de crentes, ou 22,2% do povo brasileiro. O processo fora mais avassalador ainda nas comparações anteriores, que mostravam um avanço de seis vezes do segmento em duas décadas. Em seu estudo A dinâmica das filiações religiosas no Brasil entre 2000 e 2010, o pesquisador José Eustáquio Diniz, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, chegou a dizer que o Brasil poderia ser um país de maioria evangélica já por volta de 2030: “Apenas pelo efeito da inércia demográfica, haverá crescimento da população evangélica.”

Na mesma onda foram muitos pastores e institutos de pesquisa evangélicos. O Departamento de Pesquisas do ministério Servindo Pastores e Líderes (Sepal) divulgou uma estimativa, em 2011, segundo a qual os evangélicos representariam mais da metade da população brasileira já em 2020. “Eles serão aproximadamente 109,3 milhões, para uma população de 209,3 milhões,” previu o teólogo e pesquisador Luis André Bruneto. O entusiasmo era corroborado por grandes manifestações, como a Marcha para Jesus (que, em 2009, levou às ruas de São Paulo quase 2 milhões de pessoas), pela maciça presença midiática dos pastores e pela crescente influência evangélica em setores como a política partidária, entre outros. “O Instituto Superior de Estudos da Religião fez, na década de 90, uma extensa pesquisa sobre a abertura de templos. Eram cinco por semana, só no Rio de Janeiro”, observa o pastor presbiteriano André Mello, na época integrante da equipe do Iser.

Acontece que, se a matemática é uma ciência exata, a dinâmica demográfica, muitas vezes, caminha na direção oposta, e aí não há fé capaz de fechar a equação. Os números relativos à religiosidade do povo brasileiro do Censo 2010 só foram fechados e divulgados mais de dois anos depois, e o festejado crescimento dos evangélicos, que se acelerou de maneira sem paralelo no mundo contemporâneo entre os anos 1980 e 2000, caiu bastante. Os números ainda são ascendentes, mas tendem à estabilização – e até ao encolhimento, como especulam alguns pesquisadores –, o que contraria frontalmente as previsões mais ufanistas. “Entre 1991 e 2000, o aumento médio foi de 120%”, lembra o bispo emérito da Igreja Metodista Paulo Ayres Mattos. Dali em diante, o avanço caiu pela metade. “Isso não pode ser ignorado de forma alguma para quem trabalha com rigor e seriedade as mutações no campo religioso brasileiro”. Doutor em Teologia e professor da Universidade Metodista de São Paulo, Ayres é estudioso do movimento pentecostal brasileiro e avalia que o fato mais importante dos dados religiosos do último Censo é a diminuição comparativa do crescimento evangélico.

DESCONCENTRAÇÃO

Há diversas razões para essa perda do ímpeto de crescimento, que pôde ser sentida no dia 4 de junho, quando apenas cerca de 200 mil pessoas, na avaliação da Polícia Militar, prestigiaram a mesma Marcha para Jesus nas ruas da capital paulista. “As pesquisas atuais falam em fechamento de templos e dissolução de associações evangélicas por divergências ou luta por poder”, acrescenta André Mello. Tal fragmentação das igrejas, e seu consequente enfraquecimento, é apenas um dos motivos do quadro atual. Ela se verifica tanto na igrejinha da esquina, da qual o pastor assistente saiu para abrir seu próprio empreendimento religioso, até grandes grupos, como a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Nadando de braçada na explosão evangélica dos anos oitenta e noventa (ver quadro), a denominação de Edir Macedo começou a sofrer a concorrência – é, o termo usado pelos estudiosos é este mesmo, que remete à ideia de disputa por mercado – de grupos saídos de suas entranhas, como a Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada e liderada por Valdemiro Santiago, ex-pastor da Universal e atual desafeto do antigo chefe. O estrago é um dos motivos do encolhimento da Iurd, de 2,1 milhões de fiéis, há quinze anos, para os cerca de 1,8 milhão encontrados em 2010. De maneira análoga, diversas denominações têm sofrido fraturas e cizânias que, no médio prazo, acabam dificultando as coisas tanto para a igreja que fica como para aquela que se forma.

“As pessoas, hoje, têm mais liberdade para escolher e combinar diversas opções em seu próprio cardápio religioso, como num balcão de comida a quilo”, continua Paulo Ayres. Para ele, o quadro sinaliza as transformações sociais que melhoraram a situação econômica de boa parte da população nos últimos anos, como as classes C e D. “Isso possibilitou às pessoas resolverem seus problemas mediante meios mais racionais, sem buscar o recurso de soluções milagrosas”. Além disso, o bispo metodista aponta outros fatores, como o aparecimento mais visível dos evangélicos sem igreja e o aumento percentual de pessoas sem religião, ateus e agnósticos no cenário nacional. De fato, o IBGE encontrou 9.218.000 brasileiros que se enquadram na difusa categoria “evangélica não determinada”, que inclui os chamados desigrejados – gente que, apesar da origem evangélica, em determinado momento da vida assumiram uma fé “não institucional”, para usar o termo moderninho. “Tudo isso confirma um dado já identificado anteriormente, trabalhado com bastante competência por sociólogos da religião como Paul Freston”, cita.

Autor de um artigo polêmico, publicado na revista Ultimato em 2011 e no qual questionava as previsões entusiasmadas que anunciavam a quebra da antiga hegemonia religiosa do catolicismo, Freston cunha uma expressão para se referir ao esvaziamento da ideia de pertencimento religioso, antes tão cara aos evangélicos que era comum se ver, nos bancos das igrejas, sucessivas gerações de crentes. “Vários fatores podem estar por trás dessa ‘desdenominacionalização’. São aspectos negativos – como o individualismo e a falta de compromisso – e outros positivos, como a melhora econômica e a consequente diminuição da necessidade de uma relação clientelista numa igreja com liderança forte”. Inglês naturalizado brasileiro e colaborador nos programas de pós-graduação da Universidade Federal de São Carlos, Freston, que atualmente leciona no Canadá, chama a atenção para os subgrupos do universo evangélico brasileiro, lembrando que o fenômeno os atinge em diferentes graus. “As análises se complicam com as mudanças internas do segmento. Segundo o Censo, 60% dos evangélicos são pentecostais; 18% são de missão (ou seja, integrantes de igrejas históricas ou tradicionais); e 22% estão entre os ‘evangélicos não determinados’.”

Ele considera que o espantoso o aumento desta última categoria atrapalha as comparações com os Censos anteriores. Quem seriam eles? “Será que são neopentecostais decepcionados com as suas igrejas, mas que ainda se consideram evangélicos? Ou pentecostais clássicos, de terceira ou quarta geração, em processo de ‘despentecostalização’? Ou crentes de igrejas históricas que perderam a sua identidade denominacional? Ou uma soma de tudo isso e muito mais? De qualquer forma, diminui a porcentagem do mundo evangélico que se diz pentecostal ou que declara adesão a uma denominação categorizada como tal”, descreve o professor. Por outro lado, o Censo anuncia mudanças demográficas no Brasil que não favorecem o movimento, como o acelerado envelhecimento da população e a redução da taxa de fecundidade. Numa coisa, porém, Freston é categórico: “Os dados desmentem claramente as previsões absurdas que circularam de que haveria uma maioria evangélica até 2020. Estas previsões fazem um grande desserviço à comunidade evangélica.”

O avanço da Igreja Evangélica brasileira, alavancado pela explosão pentecostal e neopentecostal de vinte anos atrás, estará perto de bater no teto? “No momento, parecem precoces e arriscadas quaisquer conjecturas desse tipo”, comenta Ricardo Mariano, doutor em Sociologia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Em seu trabalho Mudanças no campo religioso brasileiro no Censo 2010, ele menciona que os sem religião, demograficamente insignificantes até 1970, já chegam a 15,3 milhões de brasileiros. “Eles quintuplicaram de tamanho entre 1980 e 2010, formando o terceiro maior ‘grupo religioso’ do país”, diz no estudo. Ao mesmo tempo, a expansão dos pentecostais na última década pesquisada, de 44%, não chega nem à metade das médias de crescimento obtidas nos dois decênios anteriores, como em 1991 (aumento de 111%) e em 2000, da ordem de 115,4%. O que parece certo, ainda conforme Mariano, é a perda de musculatura de grandes igrejas. “Em 2000, cinco denominações concentravam 85% dos pentecostais. Uma década depois, essa cifra declinou para 75,4%. Tal desconcentração denominacional é decorrente tanto da queda numérica de igrejas como Congregação Cristã no Brasil e Universal quanto do aumento da diversificação institucional do pentecostalismo.”

“QUANTO MAIS CRESCE, MENOS CRESCE”

No caso da Assembleia de Deus, a desaceleração é evidente. Embora fragmentada em diversas convenções e usada até como nome de fantasia para empreendimentos religiosos individuais, as Assembleias de Deus constituem a maior confissão religiosa do país depois do catolicismo – nada menos que 12,3 milhões de brasileiros disseram aos pesquisadores do IBGE que pertencem a uma igreja com essa placa na entrada. “Elas cresceram 245% na década de 1990 a 2000, mas avançaram ‘apenas’ 46% depois disso”, frisa Gedeon Freire de Alencar, membro da Rede Latinoamericana de Estudos do Pentecostalismo (Relep). Em sua tese de doutorado em Ciências da Religião, ele usou como objeto de estudo a denominação fundada há pouco mais de cem anos por missionários suecos. “Uma constatação óbvia se apresenta aos estudiosos: a de que, quanto mais cresce, menos cresce”, prossegue Alencar (ver artigo na continuação desta reportagem).

Luis Bruneto, diretor de Pesquisas do Projeto Brasil 21 da Sepal, admite que a previsão de alguns anos, feita ainda com base nos dados do período entre 1991 e 2000, continha erros e precisa de uma releitura. “O crescimento anual dos evangélicos mostrou-se aquém do previsto. O aumento perdeu força”. Segundo ele, o avanço do secularismo na sociedade brasileira, o utilitarismo do discurso evangélico, os escândalos envolvendo pastores e líderes e a falta de higidez teológica e doutrinária ajudam a explicar o atual momento histórico. “Durante anos, a liderança evangélica nacional tem afirmado, categoricamente, que o país experimenta um Imagem redimensionadaavivamento espiritual, dados os números tão expressivos. Mas, será mesmo?”, indaga. Bruneto invoca a falta de influência bíblica e profética da Igreja em diversas áreas da vida brasileira, como a política, a segurança pública, o desenvolvimento social e a ética, para exemplificar o paradoxo.

De menos de um por cento da população no início do século passado (ver quadro), o grupo religioso que mais cresceu na história do Brasil está representado em todas as mais de 5,6 mil cidades do país e ainda apresenta índices de expansão bem maiores do que os da população em geral. Mas as oscilações em seu crescimento precisam, ao menos, ser interpretadas como sinal de alerta. “Resta saber o que isso tem representado, na prática, em termos de transformação pessoal e coletiva”, insiste Bruneto. Para Paul Freston, em um futuro próximo, esse enfoque será cada vez mais necessário. “Se não recuperarmos a capacidade de interagir com o texto bíblico, de deixá-lo falar a nós e, a partir disso, tirar as implicações individuais, eclesiásticas e nacionais necessárias, nos mostraremos irrelevantes”, alerta. “A Igreja Evangélica brasileira de 2030 ou 2040 precisará de líderes mais diversos nos seus dons, profundos no seu conhecimento e sabedoria e transparentes nas suas vidas”. Quanto aos fiéis, a recomendação é simples, mas não necessariamente fácil de cumprir: “Precisamos redescobrir o verdadeiro sentido de ser evangélico, que é a vontade de sermos profundamente bíblicos em toda a nossa existência.” 

Leia a matéria completa na edição de julho da revista Cristianismo Hoje

Fonte: http://folhagospel.com/


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Gays também são bem-vindos à Universal, diz bispo Macedo


Cerca de duas semanas atrás, em seu programa diário veiculado em rádio, TV e internet, o bispo Edir Macedo causou espanto ao criticar movimentos que levantam bandeira contra os gays.
Em tempos em que pastores e autodenominados "apóstolos" pregam a "cura" de gays, seja pela oração, "conversão" ou "exorcização", as declarações de Macedo causaram furor e críticas no meio evangélico.

"Jesus faria isso se vivesse em nosso tempo? Não creio. Jesus não levantou bandeira alguma contra gays. Ele nunca disse: Olha, vocês [apóstolos] têm de falar contra o homossexualismo porque é proibido. Nada disso", afirmou o líder da Universal.

A Igreja Universal é uma das maiores correntes evangélicas do país, com 2,5 milhões de fiéis declarados ao IBGE. Porém cabe lembrar que mais de 10 milhões de evangélicos --dados de 2010-- não revelam a qual linha evangélica pertencem.
A pregação de Macedo no "Palavra Amiga" rapidamente se espalhou em redes sociais e, especialmente, no mundo religioso. O bispo passou a sofrer críticas e mesmo ataques de outros evangélicos, que o acusaram de defender o homossexualismo. Macedo nega.

Nesta entrevista exclusiva ao UOL, por e-mail, o líder da Universal afirma que não defende o homossexualismo, mas também não condena os homossexuais, e que sua igreja sempre estará de braços abertos --seja para gays, heterossexuais ou mesmo assexuados.
"Creio que o senhor Jesus deu um excelente exemplo de mensagem para todos os pecadores: Não incriminou ninguém, exceto os RELIGIOSOS HIPÓCRITAS" (nota: maiúsculas do próprio entrevistado).

Na entrevista abaixo, o bispo dá uma nova braçada contra a maré da intolerância que grassa entre pastores-políticos conservadores e outros pregadores menores.
Pela primeira vez, afirma categoricamente que a Igreja Universal acolhe e recebe os gays sem intenção de mudá-los ou "convertê-los" à heterossexualidade. É verdade, porém, que a Universal também não aceita que o Estado (governo) defenda o homossexualismo em livros didáticos.

"O que deveria servir para combater a discriminação vira propaganda explícita do homossexualismo", criticou em seu blog quatro anos atrás.
"A Universal sempre aceitou e aceita todos os homossexuais, como acolhe qualquer ser humano do jeito que ele é", afirma ao UOL. "Nossa missão é pregar o Evangelho a toda criatura, independentemente do que ela é, faz ou deixa de fazer."
O religioso, porém, admite que, de acordo com a Bíblia, homossexualismo é, sim, uma forma de pecado. "Mas não é maior nem menor que qualquer outro [pecado]", frisa. Como a gulodice, a ira, a preguiça e a luxúria --inclusive se ela for heterossexual, vale dizer.
Bispo Macedo não se recusa a orar ou abençoar eventualmente fiéis da Universal que queriam voluntariamente abandonar a orientação gay, como mostra um vídeo publicado em 2012.

No entanto, essa não é e nunca será uma prática imposta ou uma "condição" para que alguém faça parte da Universal. A própria família do bispo, aliás, já foi alvo de discriminação.
Em abril de 2013, um site de fofocas gospel publicou matéria que afirmava que um dos filhos de Macedo, Moysés, havia se declarado gay. A matéria era falsa. No dia seguinte, o site se retratou com um pedido de desculpas público a Moysés e a toda sua família, e retirou a reportagem do ar.

Leia a seguir a íntegra da entrevista com o bispo Edir Macedo de Bezerra.

UOL - Em um recente programa "Palavra Amiga", o senhor fez um pronunciamento claro de que não é contrário aos gays, e que não faz nenhuma crítica a orientação sexual porque o próprio Jesus nunca o fez também. Isso significa que a Universal aceita de braços abertos os gays como fiéis, sem querer mudar o comportamento deles?

Bispo Edir Macedo - A Universal sempre aceitou e aceita todos os homossexuais, como acolhe qualquer ser humano do jeito que ele é. Nossa missão é pregar o Evangelho a TODA CRIATURA [Nota: ênfase do próprio bispo], independentemente do que ela é, faz ou deixa de fazer. São criaturas humanas que carecem de conhecimento do Evangelho como quaisquer outras.


UOL - Como a Igreja Universal e o senhor veem essas teses (ou tentativas) de "conversão" ou "cura" de gays, que ocorrem com frequência em outras igrejas evangélicas?

Bispo Macedo - A conversão não depende de bispos, de pastores e da Universal. É uma obra exclusiva do Espírito de Deus. Como disse, nossa missão é pregar o Evangelho. O resto fica por conta de Deus.


UOL - A Universal, portanto, não considera o homossexualismo um pecado?

Bispo Macedo - A Universal está 100% de acordo com a Bíblia, o que significa que considera que homossexualismo não é maior ou menor que qualquer outro pecado.



UOL - Em sua pregação (no programa "Palavra Amiga"), o senhor citou Jesus. Ou seja, o Novo Testamento. Só que a Universal também faz uso em pregações do Velho Testamento, que faz restrições ao homossexualismo, não é mesmo? Como a igreja se situa nesse sentido? Afinal, é o Novo ou Velho Testamento que contam?
Bispo Macedo - Tanto o Velho quanto o Novo Testamento condenam essas práticas. Entretanto, o Senhor Jesus não veio para condenar, mas para salvar. Cremos que o Senhor Jesus deu um excelente exemplo de mensagem para todos os pecadores: Não incriminou ninguém, exceto os RELIGIOSOS HIPÓCRITAS.

Fonte: http://celebridades.uol.com.br/


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Porque não concordo com o texto do Pr. Renato Vargens sobre os adventistas

Na última semana li um post do Pr. e blogueiro Renato Vargens intitulado: "A igreja Adventista e seus falsos ensinos". Abaixo vou mencionar alguns trechos:
 
"A igreja brasileira volta e meia se deixa levar por conceitos e ensinos espúrios. Nessa perspectiva eu tenho visto alguns considerando os Testemunhas de Jeová como cristãos, os Mórmons como evangélicos e  Adventistas como crentes em Jesus. 
 
Ora, eu bem sei que muitos  pensam assim por ignorância, até porque, se conhecessem os ensinamentos destas seitas, pensariam duas vezes em cantar suas canções, ou até mesmo de chamá-los de cristãos. Aliás, é impressionante como as igrejas evangélicas tem cantado em seus cultos e congressos, canções adventistas. Sinceramente fico a pensar na incoerência evangélica em pregar o Evangelho da graça desprovido de legalismo e ao mesmo tempo entoar canções adventistas cujas doutrinas ferem  as verdades fundamentais das Escrituras".
 
Depois de citar segundo ele, a descontrução de alguns ensinos adventistas feitas pelo apologista Joaquim de Andrade do CREIA, ele conclui dizendo o seguinte: "Diante do exposto é fácil concluir que os ensinos adventistas não são ortodoxos e que em virtude disso devemos rejeitá-los, o que implica em até mesmo não entoarmos suas canções em nossos cultos, congressos, conferências e ajuntamentos". Fonte:   http://renatovargens.blogspot.com.br/
  
Devo dizer que sempre que posso leio o blog do Pr. Renato Vargens, e considero que ele faz um trabalho bom e sério.  Ele assim como outros irmãos principalmente de linha reformada vem batendo pesado nos adventistas, é claro que alguns pentecostais também concordam com ele. Mas apesar do respeito pelo blogueiro citado, não concordo com ele, assim como não gosto do tom beligerante de alguns reformados em relação aos pentecostais, e o mesmo de pentecostais que querem entrar nessa onda de ataques aos calvinistas.
 
Trabalho na área de apologia há cerca de vinte anos e nunca incluí os adventistas como hereges ou seitas dentro do estudo que faço nas igrejas. É verdade que eles tem seus ensinos que não dá para mim concordar como guarda do sábado, papel supervalorizado da Ellen White como profeta oficial, purificação do santuário celestial em 1844 e etc.
 
Mas, apesar de tudo isso, eu os considero como meus "irmãos em Cristo da Circuncisão" como dizia Paulo. No início da minha fé, eu meu pai, durante os anos de 1982 e 1983, acordávamos antes das 06:00 horas da manhã todo dia para ouvir o programa "A voz da Profecia", com o Pr. Roberto Rabelo. Aprendi alguma coisa com ele inclusive, fiz meu primeiro curso por correspondência cristã com os adventistas naquele período. Atualmente na minha modesta opinião, o melhor canal evangélico da televisão brasileira é o da TV Novo Mundo. Criativos, levam a Palavra, sem serem camelôs da fé. Fora o excelente trabalho que desenvolvem à decadas nas áreas de educação, saúde pelo país a fora. É claro que você tem fazer tudo a luz do que disse Paulo: Examinando tudo e retendo o bem. A propósito, o louvor deles é melhor em conteúdo do que muitos louvores gospel que tem por aí.