quinta-feira, 26 de junho de 2014

Subsídio para EBD - A multiforme sabedoria de Deus


Os dons espirituais e ministeriais são dados à igreja com vistas à edificação dos santos. Para tanto, conforme estudaremos na aula de hoje, devem ser utilizados como graça, não como merecimento. A partir desse fundamento, ninguém se colocará sobre os demais na igreja, reconhecendo que somos um, em Cristo. O alicerça do uso apropriado dos dons espirituais é o amor-agape, sem o eles não passarão de metal que soa ou címbalo que retine (I Co. 13.1).
 
MULTIFORMIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
Os dons do Espírito são dádivas de Deus, distribuídos para a igreja como LHE apraz, com vistas à edificação do Corpo de Cristo (I Co. 12.7; 14.4,12). Há um problema quando o cristão pensa ser proprietário de determinado dom. Isso porque os dons pertencem ao corpo de Cristo, à coletividade, para a unidade dos membros (I Co. 12.14-30). Cada dom é importante quando percebido na totalidade, e se algum deles, como o de profecia, é considerado melhor, é justamente pela funcionalidade, a possibilidade de edificação de toda a igreja (I Co. 14.1). É importante destacar que os dons são de propriedade do Espírito Santo, que distribui de acordo com as necessidades da igreja, para o que for útil (I Co. 12.11). A manifestação dos dons espirituais na igreja, em conformidade com I Co. 12-14, deve ser normatizada, a fim de evitar excessos e desordens no culto (I Co.14.40). Ninguém deve confundir dons espirituais com espiritualidade, isso quer dizer que uma igreja pode ser fervorosa, mas pouco espiritual, e às vezes, carnal (I Co. 3.3). A espiritualidade depende do amor-agape, que exime a igreja de carnalidades, ainda que essa seja dotada de vários carismas (I Co. 13). Em Ef. 4.11 nos deparamos com os dons ministeriais, que são diferentes dos dons espirituais de I Co. 12 e 14. Os dons ministeriais são também denominados de dons da ressurreição, ou dons de Cristo. Isso porque em Ef. 4 Paulo revela que Cristo, ao ressuscitar, deu pessoas-dons à igreja. Essas pessoas-dons atuam no ministério: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres e doutores. Essas pessoas servem na/para igreja, a fim de que os crentes cresçam em maturidade (Ef. 4.15,16). Ao longo do livro de Atos identificamos várias manifestações desses dons, tanto os espirituais quanto os ministeriais. À luz desse livro é possível compreender a função desses dons não apenas para a igreja primitiva, mas também para a igreja dos dias atuais. Uma igreja poderosa depende do poder do Espírito Santo para cumprir sua missão na terra (At. 1.8). Esse mesmo Espírito possibilita que os crentes sejam usados nos seguintes dons: profecia, línguas, interpretação, fé, milagres, curas, sabedoria, conhecimento e discernimento de espíritos. Cristo, o Senhor da igreja, presenteia a igreja com ministérios, pessoas que servem a igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres e doutores.
 
A GRAÇA E SABEDORIA DE DEUS NOS DONS
A graça de Deus se há manifestado em Cristo, trazendo salvação para todos aqueles que buscam justificação em Seu sacrifício (Tt. 2.14). Ele é o Maior dom de Deus entregue à humildade, trata-se de uma demonstração do amor divino (Jo. 3.16). Paulo reconhece que Deus prova Seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm. 5.8). Devemos sempre dar graças a Deus pelo Seu Dom Inefável, que é o próprio Cristo, expressão da salvação de Deus, do Seu favor imerecido (II Co. 9.15). Se não merecíamos a salvação, e fomos alcançados pela graça de Deus, devemos agir de igual modo em relação aos dons a nós disponibilizados. Por causa do sacrifício de Cristo somos agora coerdeiros com os judeus das riquezas espirituais que Deus nos deu na aliança com Abraão (Gl. 3.29). O mistério de Deus nos foi revelado, nos tornamos membros de um mesmo corpo (Ef. 4.4). Cristo é o Cabeça desse corpo (Ef. 5.22), os membros são participantes uns dos outros, para o serviço (Ef. 4.10-13). Os dons disponibilizado para igreja, sejam eles espirituais ou ministeriais, fazem parte das riquezas insondáveis de Cristo (Ef. 3.8), também o que Paulo denomina de “suprema riqueza” (Ef. 2.7). Mas isso é parte de uma revelação maior, que haverá de ser manifestada na eternidade, quando receberemos as dádivas prometidas por Deus (II Co. 5.10). Devemos trabalhar para o Senhor, buscar com zelo os melhores dons (I Co. 12.31), e rogar ao Senhor da seara, para que envie obreiros para o ministério (Mt. 9.37). Aqueles que são agraciados com tais dons, ou com qualquer favor de Deus, devem agir como Paulo, assumindo que “é o menor entre os santos” (Ef. 3.8). A manifestação dos dons na igreja não deve ser motivo de orgulho, como estava acontecendo entre os coríntios, e também em algumas igrejas cristãs da atualidade. A multiforme sabedoria de Deus, que outrora esteve oculta no Senhor, tornou-se manifesta, inclusive aos anjos. Paulo diz que “os principados e potestades” tornaram-se conhecedores desse maravilhoso mistério (Ef. 3.10). Os anjos não são oniscientes, por isso a revelação da igreja, em Cristo, foi-lhes uma surpresa. Através da igreja o Senhor mostra aos anjos, e a todos os povos, sua disposição para aceitar os pecadores, independentemente da condição étnica. Coube a Paulo, o Apóstolo dos Gentios, tornar-se despenseiro dessa grande verdade (Ef. 3.9).
 
AMOR, GRAÇA E EXPECTAÇÃO NO USO DOS DONS
Os dons espirituais e ministeriais fazem parte de uma dimensão escatológica. Devemos exercitá-los na igreja na expectação. As promessas em relação à vinda de Jesus continuam firmes (II Pe. 3; Ap. 22.20). Muitas igrejas abandonaram o ensino a respeito do retorno de Cristo, talvez porque algumas delas se tornaram por demais secularizadas. Mas não podemos esquecer a bendita esperança da igreja, o dia em que Cristo virá para arrebatar e ressuscitar aqueles que dormem (I Ts. 4.13-17). Por outro lado essa esperança não deve conduzir os crentes à paralisia (II Ts. 3.6), muito pelo contrário, Pedro admoesta seus leitores à vigilância na oração, utilização dos dons, sobretudo que mantenham o amor (I Pe. 4.7,8). O amor-agape é o fundamento de qualquer atitude cristã, isso porque através deste é manifesto o fruto do Espírito (I Co. 13). Entre os aspectos do fruto elencados por Paulo em Gl. 5.22 o amor é o primeiro deles, mostrando que esse deve ser a base das relações cristãs. É por meio do amor que o cristão é reconhecido neste mundo, não pela manifestação dos dons espirituais (Jo. 13.34,35). Pedro cita Pv. 10.12, ao declarar que “o ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões”. Isso quer dizer, com base em Tg. 5.20 e I Co. 13.4,7, que aqueles que amam não se alegram com o pecado dos outros. Enquanto Cristo não volta, devemos ser instrumentos de Deus para a graça, vivermos não para nós mesmos, mas para os outros. Isso implica em uma disposição para o amor, a tratar as pessoas com a mesma graça com a qual fomos agraciados. O amor-agape na igreja deve mover os cristãos à unidade, como o Senhor Jesus expressou, devemos orar para que todos sejam um (Jo. 17.21). Esse amor-agape é o vínculo da perfeição que promove a paz (Ef. 4.3; Cl. 3.14).
 
CONCLUSÃO
Os dons espirituais e ministeriais, e também os títulos eclesiásticos, são favores de Deus para a igreja, com vistas à edificação do Corpo de Cristo. Esses dons são provenientes da Trindade: Pai-Filho-Espírito. A igreja deve colocar-se em posição de humildade, debaixo da autoridade Cristo, que é o Cabeça da igreja. Os dons e títulos eclesiásticos não podem ser motivo de arrogância ou prepotência, mas de serviço em humildade, tendo Cristo como maior exemplo. Esses dons estão em uma dimensão escatológica, apontando para a manifestação de Cristo, que nos fará conhecedores das suas riquezas insondáveis. Somos gratos a Deus pelos dons espirituais, pelas pessoas-dons, e também pelos títulos eclesiásticos. Nossa maior riqueza, no entanto, é o Seu Dom Inefável: Jesus Cristo (Jo. 3.16).

BIBLIOGRAFIA
GEE. D. Os dons do ministério de Cristo. Rio de Janeiro: Livros Evangélicos, 1961.
SOUZA. E. A. de. Títulos e dons do ministério cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 1992.
 
 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Caio Fábio diz que "a maior eclosão de compulsão gay está no movimento evangélico", em entrevista a Danilo Gentili



 Danilo Gentili entrevistou no “The Noite” (SBT) desta segunda-feira (23) o ex-ministro presbiteriano Caio Fábio, hoje líder do Movimento Caminho da Graça.
Polêmico e altamente “sincericida”, Caio Fábio não deixou pedra sobre pedra em suas afirmações sobre o que viu durante a sua longa trajetória em mais de trinta anos de ministério. A entrevista foi longa. Aqui apenas alguns flashes para quem perdeu.
“Eu achava que a comunidade evangélica era alienada como era, era massa de manobra como era porque faltava instrução. Então passei 33 anos ensinando, dos luteranos aos neopentecostais. Criamos até a Associação Evangélica Brasileira pra ver se dava parâmetros de saúde mental para o pessoal, mas descobri que ninguém queria isso”, afirmou Caio Fábio.
“Isso desmonta o circo, a estrutura, a exploração”, continuou o ex-pastor, “instrução ajuda o povo a andar com as próprias pernas. Instrução liberta, tira as dependências desses gurus tiranos sobre a cabeça das pessoas, e isso eles não querem!”, acrescentou enfático, referindo-se a alguns líderes evangélicos. “[Edir] Macedo me abomina, esse povo todo me abomina porque passei a vida tirando as estruturas de poder que eles usam para manipular o povo”, concluiu.
Mas isso foi só o começo. Caio Fábio parecia querer desabafar em rede nacional todo um descontentamento com o que acontece muitas vezes por detrás dos cultos de algumas vertentes evangélicas. Danilo Gentili quis saber o que de mais abjeto o seu entrevistado teria observado nesse universo. “A capacidade que esse pessoal teve de literalmente tirar o cérebro das pessoas”, respondeu Caio Fábio.
“Os evangélicos são burros, é o que você tá falando?”, questionou Gentili. “Ficaram”, replicou Caio Fábio. “Qualquer um fica sob aquele rolo compressor” completou o entrevistado. E ainda comentou: “Eu fiz uma pesquisa sobre você e vi que você já passou por lá, você (Danilo) sabe o poder que aquilo ali tem de fazer mentes tornarem-se amebas”, concluiu com firmeza.
Caio Fábio falou também, entre tantas outras coisas, de como pode ser mal interpretado o “Livro Sagrado” e a sua visão do Velho e do Novo Testamento (“A Bíblia é a mãe de todas as heresias, se você quiser – a Bíblia diz sobre a Bíblia que parte dela já caducou”, afirmou) e desmascarou as “possessões demoníacas” apresentadas em alguns cultos: “Aquilo ali é sugestão, é psiquismo demoníaco aprendido pela cultura neopentecostal – na maioria das vezes é forjamento, têm até possessos contratados”, delatou Caio Fábio.
“Eles me chamam de herege porque eu digo que essas coisas caducaram, porque justamente se caducaram o dízimo já era e eles vivem disso!”, continua Caio Fábio em sua metralhadora giratória. Até que o apresentador lhe coloca numa espécie de ‘saia justa’. “Como você acha que Jesus veria hoje o movimento gay?”, perguntou Gentili de supetão.
Mas Caio Fábio não se fez de rogado, nem tampouco titubeou em responder: “Do jeito que Ele viu nos dias dEle. Nos dias dele tava cheio de gay, o que que Ele fez?!”, devolveu a pergunta para Danilo. “Não sei. O que que Ele fez?”, quis saber o apresentador. “Nada”, respondeu tão simplesmente Caio Fábio. Mas desenvolveu melhor.
“Tava cheio de puta, o que Ele fez? Nada. Tava cheio de canalha, calhorda pra todos os lados, o que Ele fez? Nada. Ele acolheu quem o procurou, não perguntou coisa nenhuma. Isso não estava na pauta de Jesus nem está”, argumentou. “Essa pauta aí é uma pauta moral, é uma pauta ideológica, é uma pauta da fragilidade da religião que introjeta culpa nas pessoas e exacerba o maior movimento de compulsão psicológica justamente para aquilo que eles proíbem”.
E então foi que veio talvez a sua informação mais pitoresca da noite: “Você pegue uma estatística e vá ver onde proporcionalmente nesse país existe a maior eclosão de compulsão gay…não é no Corinthians”, ironizou. “É no São Paulo (FC)?!?”, ajuntou Danilo. “No São Paulo chega perto”, brincou Caio Fábio, “mas nada alcança o movimento evangélico”, concluiu. “Tem muito veado lá?”, perguntou Gentili. “Claro! Uma sociedade que só introjeta pecado vai produzir só tarados! Não tem jeito dos evangélicos melhorarem enquanto eles piorarem o mundo para todos”, sentenciou o líder do Movimento Caminho da Graça.
Fonte: Renato Kramer, no F5, via Pavablog.



segunda-feira, 23 de junho de 2014

Diaconisas e pastoras - a questão do ministério feminino na AD


"O ministério feminino dentro das Assembleias de Deus no Brasil sempre foi um assunto polêmico. Marcou a primeira Convenção Geral da denominação em 1930, e continuou a ser motivo de debates em outras reuniões da liderança nacional, principalmente em 1983 e 2001.


Na primeira CGADB em 1930, com a presença de Frida Vingren, a atuação feminina foi aceita, mas com limitações bem específicas. As mulheres poderiam testemunhar, porém só em casos de exceção poderiam realmente atuar como ensinadoras e pregadoras. Essa decisão, foi frontalmente contrária a atuação da senhora Vingren, a qual muito se destacava na liderança da AD no Rio de Janeiro.



Frida foi a principal mulher naquele período a ameaçar a supremacia masculina no ministério, porém não foi a única. Segundo a própria historiografia oficial, outras senhoras participaram ativamente do início da obra pentecostal no país. Isael de Araújo, em seu Dicionário do Movimento Pentecostal cita várias jovens e senhoras que participaram ativamente da fundação de igrejas pelo Brasil. Porém, como muitos estudiosos da história assembleiana já sabem, na primeira Convenção Geral ocorrida na cidade de Natal - RN, o casal Vingren foi voto vencido e às mulheres foi vedado o acesso ao ministério.




Irmã Élida e seu esposo Ângelo: casal pioneiro na AD catarinense
No Estado de Santa Catarina, Élida, uma jovem comunicativa, destacada e dinâmica nas atividades da igreja, foi separada a diaconisa por Gunnar Vingren em sua visita a igreja de Itajaí em 1931. Vingren, como se sabe, era amplamente a favor do ministério feminino, e na igreja de São Cristóvão já havia ordenado Emília Costa para o diaconato. Interessante ainda é que essa separação se fez depois da Convenção Geral de 1930 onde, a contragosto, Gunnar teve que aceitar a resolução que limitava o acesso feminino ao ministério.

Fonte: http://mariosergiohistoria.blogspot.com.br/2012/12/elida-uma-diaconisa-na-ad-em-santa.html


Atualmente, sabe-se que na AD de Madureira, ligada a CONEMAD, já há separação de pastoras como por exemplo, a cantora Cassiane. Em alguns ministérios assembleianos ligados a CGADB, já há o reconhecimento de diaconisas como em AD Manaus (liderada pelo Pr. Jonatas Camara) e pastoras como na AD no Distrito Federal ligada a CEADDIF, que também é filiada a CGADB.  Tanto a AD em Manaus como a do Distrito Federal, fizeram suas ordenações ministeriais baseados na autonomia de suas igrejas e dos pastores-presidentes, independente da anuência da CGADB". 

Esse tema do ministério feminino dentro da blogosfera cristã é defendido e atacado. Do lado da defesa, quem tem feito isso com muita galhardia é o blogueiro Daladier Lima. Mas, recentemente duas coisas me chamaram a atenção:

1- A biografia lançada pela CPAD, sobre a pioneira Frida Virgren, que alguns até interpretaram como uma resposta ao livro lançado pelo sociológo Gedeon Alencar onde o mesmo falou sobre o esquecimento institucional da missionária sueca. Eu particularmente, vejo sobre uma premissa que eu cito no final da postagem.

2 - Na lição da EBD de Jovens e Adultos deste trimestre, na aula do dia 22/06/2014, o comentarista Elinaldo Renovado, da CPAD, ao falar sobre o tema "O Diaconato", diz o seguinte sobre essa função: 

"A palavra diácono (gr. diakonos), segundo o Dicionário Vine, refere-se àquele que presta trabalhos voluntários aludindo aos exemplos dos criados domésticos dos tempos do Novo Testamento. O termo destaca, em especial, a função de um mestre ou de um pastor cristão, entrelaçando o sentido técnico do diácono ou diaconisa".

Na minha mente ficou uma dúvida: Será que sutilmente, não estaria havendo uma revisão sobre a questão da ordenação feminina no âmbito da liderança da CGADB, já que tanto o livro lançado sobre a vida da missionária Frida Virgren, como a revista da EBD, são da CPAD, a editora da Convenção Geral?