quinta-feira, 6 de agosto de 2009

ANDRÉ VALADÃO FALA SOBRE SUA IDA A FESTA DE PEÃO EM BARRETOS




André Valadão, Frei Rinaldo, PG e Rosa de Saron (banda de rock católica, fruto da renovação carismática no Brasil) num mesmo evento, como foi no Sky Sensantion, que aconteceu no último domingo, dia 2 de agosto, no Hopi Hari (SP). O que pode parecer absurdo para alguns, tem se tornado realidade, na medida em que a motivação do apóstolo Paulo, em passagens como a do livro de Atos 13:47, tem sido compartilhada por aqueles que desejam pregar aos “gentios”. “Infelizmente nunca sabemos o que o povo evangélico vai julgar de nossas ações. Mas o evangelho e as nossas ações evangelísticas são feitas para alcançar a todos, independente de religião ou crença”, disse André Valadão em entrevista ao Guia-me.

Pela primeira vez, em 54 anos de evento, a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (SP), que terá nomes como Roberto Carlos, Pe. Fábio de Melo e Zezé di Camargo & Luciano, receberá um show gospel, com André Valadão. Embora carregue a responsabilidade do pioneirismo, o cantor entende o maior rodeio da América Latina como uma possibilidade de evangelização. “Nos preparamos espiritualmente para que haja um grande mover de Deus durante o show”. Além de André, também participará da festa de Barretos a cantora Aline Barros, referência da música evangélica brasileira.
André Valadão se apresenta no dia 24 (segunda-feira), às 21h, no palco Esplanada. Já a apresentação de Aline será no dia 25 (terça-feira), horário ainda não divulgado, no palco Berrantão. A Festa do Peão de Boiadeiro fica em Barretos, a 422 KM de SP.
Guia-me: As suas músicas têm tido uma repercussão muito boa entre os católicos. Você acredita que isso tem acontecido por uma necessidade do público católico por ministros que preguem a manifestação do Espírito Santo de maneira mais avivada?
André Valadão: Com certeza, e não necessariamente os católicos, mas qualquer pessoa que tem fome por Deus. Esta é uma realidade que por cerca de cinco anos mais ou menos tem se manifestado no Brasil.
Guia-me: Você tem dividido o palco com grupos católicos reconhecidos como a banda Rosa de Saron. No início, como você recebeu esses convites? Chegou a temer a repercussão dessa decisão no meio evangélico?
André Valadão: Temer o que os evangélicos vão pensar e dizer, bem, é algo que tememos o tempo todo. Infelizmente, nunca sabemos o que o povo evangélico vai julgar de nossas ações. Mas o evangelho e as nossas ações evangelísticas são feitas para alcançar a todos, independente de religião ou crença.
Guia-me: Como os evangélicos têm encarado as suas participações em eventos católicos?
André Valadão: Até agora não tive sequer 10 emails ou telefonemas criticando. Hoje todo evangélico tem pelo menos um membro da família católico e vice-versa
Guia-me: Na passagem da Bíblia de 2 Reis 17:24, é narrada uma situação em que cinco povos passam habitar em Israel, mas agem segundo os seus costumes: temem a Deus mas servem aos seus deuses. Você chegou a falar nesses eventos de questões que diferem católicos de evangélicos, como por exemplo, a idolatria ou da relação salvação / obras?
André Valadão: Não, não falei e não acho educado falar. Acho que todos nós temos questões que precisam ser trabalhadas, tanto a igreja evangélica quanto a católica.
Guia-me: Em agosto você vai participar da Festa Peão de Barretos. Qual tem sido a sua oração para esse evento específico?
André Valadão: Bem, pela primeira vez na história eles estão abrindo para esta festa maravilhosa, acredito que será um grande começo para a nossa música. Tenho sido um precursor em dezenas de eventos como o de Barretos, sendo o primeiro evangélico a tocar neste tipo de show, e graças a Deus a porta tem permanecido aberta.
Acredito ser uma tremenda oportunidade para evangelizarmos, este é o meu alvo, meu maior objetivo.
Guia-me: É grande a responsabilidade por fazer o primeiro evento gospel na festa de peões?
André Valadão: Sim, sempre, por isso trabalhamos com o maior nível de profissionalismo que existe hoje no Brasil e claro, nos preparamos espiritualmente para que haja um grande mover de Deus durante o show.
Guia-me: Como você aconselharia um crente a falar de Jesus a um católico?
André Valadão: Assim como fala pra qualquer pessoa. O evangelho é para todos, inclusive para o “evangélico”.


Fonte: www.guia-me.com.br

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O REINADO DO ESPINHEIRO

O texto que segue aqui transcrito é chamado de Apólogo de Jotão. Quem desejar pode lê-lo no livro de Juízes, na Bíblia. O espírito do texto é claro. Tão claro que prescinde da própria história que o antecede. Ou seja: em si mesmo é uma parábola de aplicação universal, sempre que as circunstâncias se repetem. Ele fala de como os seres qualificados, quase sempre, evadem-se de suas responsabilidades, de tal modo que é o espinheiro quem domina sobre a vida. Leia o Apólogo de Jotão.
“Ouvi-me a mim, cidadãos de Siquém, para que Deus vos ouça a vós outros. Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram à Oliveira: Reina tu sobre nós. Mas a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu o meu azeite, que Deus e os homens em mim prezam, para ir balouçar sobre as árvores? Então disseram as árvores à Figueira: Vem tu, e reina sobre nós. Mas a figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, para ir balouçar sobre as árvores? Disseram então as árvores à Videira: Vem tu, e reina sobre nós. Mas a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, para ir balouçar sobre as árvores? Então todas as árvores disseram ao Espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós”. Juizes 9:7-12.
O Espinheiro aceitou a tarefa, pois ele nunca perde tal oportunidade. Afinal, se não houver “limpeza”, a vocação dos espinheiros é abraçar a terra toda, e engolir as plantas, as quais passarão a existir contidas pelo abraço vegetal e pontiagudo do Espinheiro. A Oliveira, a Figueira e a Videira não reclamaram desse reino na hora da decisão. As demais árvores da floresta também não. Porém, a tirania do Espinheiro se manifestou pela sua própria natureza. O Espinheiro machuca mesmo quando não quer machucar: ele abraça com espinhos. Pode-se colher uvas de Espinheiros e figos de Abrolhos? No meio cristão encontro muitos pastores frustrados. Sentem-se mal com a dominação da fé que hoje é determinada pelo Espinheiro. No curso da história se angustiavam pelo destino das Árvores da Floresta procuraram a Oliveira, com sua unção de azeite; buscaram a Figueira, com sua unção de doçura; e pediram o socorro da Videira, com sua unção de alegria — mas todas elas acharam que o povo saberia a diferença entre o Espinheiro e as árvores frutíferas. Engano deles. O povo só sabe a diferença quando o abraço do Espinheiro já se fez poder e controle. Mas a Oliveira, a Figueira e a Videira dos pastores do Brasil disseram ao povo: Nós não! Deixemos que o Espinheiro reine sobre nós! Os espinhos que hoje nos ferem — e que incomodam as Oliveiras, as Figueiras e as Videiras — são os mesmos que já existiam antes. Hoje o Espinheiro é o nosso líder. E seus espinhos são o nosso contato. Quem encosta, sai ferido. Quem reclama, que reclame para si mesmo. Sim, ante tanta evidência, tantos testemunhos internos que revelavam as malas de dinheiro, tantas demonstrações públicas e televisivas, tanto despudor na prática do engano, tantas criações de um “evangelho-emacumbado”, tantas brincadeiras com o nome de Deus, tanto dinheiro lavado, tanta gente que sabia, tanta demonstração de que se nos calássemos, nunca mais seríamos os mesmos — por que somente agora é que dizem ver? Essas “malas de dinheiro” são mais velhas que o tempo. Agora, para os “evangélicos”, honestamente, ficou tarde. O Espinheiro e seus filhotes são os “donos da sigla”. Foi-lhes entregue pelos “Esaús” (uma espécie daninha que faz ‘trocas circunstanciais’), que por dinheiro, chances na televisão, medo, “excitamento fenomenológico”, ou simplesmente porque já estavam contaminados pelas mesmas práticas e pelo mesmo espírito, entregaram tudo ao Espinheiro. Então, quem quiser andar no caminho do Evangelho, que faça a jornada conforme a Palavra. Que o Senhor nos livre da tirania do Espinheiro. Que o Senhor desperte as Oliveiras de sua arrogância, as Figueiras de seu narcisismo, e as Videiras de sua alegria auto-centrada. Que reinem sobre nós os frutos da unção, da doçura e da alegria. Que o Espinheiro volte para o seu lugar. Salva o teu povo, ó Senhor! Nele, em Quem sei que na hora o Espinheiro será de todo removido pela Sua própria mão.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

MARTIN LUTHER KING AINDA FALA

Martin Luther King Jr., foi um pastor batista, líder dos direitos civis nos anos 60, sendo assassinado em abril de 1968. Em 16 de abril de 1963, ele fora preso em Birmigham e de lá escreveu uma carta aos cléricos de sua época. Lendo um trecho desta carta, se vê como ela é atual, mesmo sendo escrita há 46 anos atrás. Pode ser perfeitamente endereçada aos líderes religiosos de hoje. Veja um trecho dela:

"Houve um tempo em que a igreja era bastante poderosa – no tempo em que os primeiros cristãos regozijavam-se por ser considerados dignos de ter sofrido por aquilo em que acreditavam. Naqueles dias, a igreja não era apenas um termômetro que registrava as idéias e princípios da opinião pública; era um termostato que transformava os costumes da sociedade. Quando os primeiros cristãos entravam em uma cidade, as pessoas no poder ficavam transtornadas e imediatamente buscavam condenar os cristãos por serem “perturbadores da paz” e “forasteiros agitadores”. Mas os cristãos prosseguiam, com a convicção de que eram “uma colônia do céu”, que devia obediência a Deus e não ao homem. Pequenos em número, eram grandes em compromisso. Eles eram intoxicados demais por Deus para serem “astronomicamente intimidados”. Com seu esforço e exemplo, puseram um fim em maldades antigas como o infanticídio e duelos de gladiadores. As coisas são diferentes agora. Com tanta frequência a igreja contemporânea é uma voz fraca, ineficaz com um som incerto. Com tanta frequência é uma arquidefensora do status quo. Longe de se sentir transtornada pela presença da igreja, a estrutura do poder da comunidade normal é confortada pela sanção silenciosa – e com frequência sonora – da igreja das coisas tais como são.

Mas o julgamento de Deus pesa sobre a igreja como nunca pesou. Se a igreja atual não recuperar o espírito de sacrifício da igreja primitiva, perderá sua autenticidade, será privada da lealdade de milhões e será descartada como um clube social irrelevante com nenhum significado...Todos os dias, encontro pessoas jovens cuja decepção com a igreja tornou-se uma repugnância absoluta.

Talvez tenha sido mais uma vez otimista demais. Estará a religião organizada ligada inextricavelmente demais ao status quo para salvar o país e o mundo? Talvez deva dirigir minha fé à igreja interior, espiritual, a igreja dentro da igreja, como a verdadeira ekklesia e a esperança do mundo. Mas, de novo, sou grato a Deus por algumas almas nobres das fileiras da igreja organizada terem rompido as correntes paralisantes do conformismo e unido-se a nós como parceiros ativos na luta pela liberdade".

O texto na íntegra pode ser encontrado no site www.ordemlivre.org/

domingo, 2 de agosto de 2009

O SILÊNCIO DE DEUS E A VOZ PROFÉTICA

Quando Deus não falou, o melhor que faço é estar calado. Ou então ter coragem de falar apenas em meu próprio nome. No silêncio de Deus é melhor falar como ateu sensato do que como profeta devoto, que põe na boca de Deus lindas palavras que ele não disse. No silêncio de Deus, o homem tem total direito à palavra. Mas tal direito deve ser exercido em nome do homem, correndo ele o risco de ser julgado pela História como homem. O problema é quando no silêncio de Deus, falamos em nome dele, ainda que digamos o que há de melhor em nosso sistematizações teológicas. Um aspecto interessante sobre os profetas, é que eles eram gente sem nenhuma investidura religiosa oficial. Assim, era na informalidade da vida que Deus estava falando aos poderes constituídos. A Palavra de Deus estava sendo trazida por gente simples. O julgamento dessa Palavra de Deus aos líderes constituídos da nação, não vinha da classe sacerdotal, muito bem organizada e profundamente comprometida com o rei. A Palavra de Deus quase sempre foi leiga na História. Deus nunca falou oficialmente. Ele sempre usou os leigos para se fazer ouvir. Ele usa pessoas leigas, porém intrépidas. A intrepidez dos profetas vinha do fato, de que eles eram pessoas profundamente vinculadas à realidade do pacto de Deus com seu povo. Eles conheciam a Deus e conheciam o povo de Deus. A comunhão do povo de Deus eram os elementos atualizadores da mensagem dos profetas. O fato de que as agonias do pobre, dos oprimidos, aflitos e necessitados, estavam sendo ouvidas pelas profetas com uma dor contemporânea, é que dava a eles a possibilidade de pregarem sempre algo novo. Os genuínos profetas não ocupavam um escritório de profeta, apenas apareciam na cena da vida, quando necessário. E mais: os grandes e relevantes profetas de Israel, não eram frutos das chamadas escolas de profetas da época. As escolas de profetas já eram um meio caminho para a institucionalização do ministério profético, o que, sem dúvida, veio a ser um grande mal em Israel. Ninguém aprende a ser profeta. E os que o foram ou são, quase sempre gostariam de ser outra coisa, menos profeta. Por isso, devo dizer que, viver o ministério profético na atualidade significará, possivelmente ter algo a dizer aos poderes oficiais e não-oficiais constituídos na sociedade secular à qual pertencemos, bem como à igreja como instituição que muitas vezes, à semelhança de Israel no passado, se afasta do Senhor e o trai, quando abençoa de maneira messianicamente apaixonada ou quando se relaciona de maneira oportunista com tais poderes (principalmente em um ano de eleição como este). Na vida de Jesus, vemo-lo confrontando tanto a “igreja” (no sentido de que Israel, era também assembléia do povo de Deus), como o Estado. O ministério profético de Jesus para com a “igreja” aparece também no seu enfrentamento da instituição religiosa em si mesma. Mas aqui, chegamos a um ponto de difícil aceitação. Isso porque nós evangélicos, aceitamos o juízo de Deus como podendo vir com força sobre a igreja católica. Mas sobre nós, nossos membros, nossos pastores, nossos mestres, nossos teólogos, nossas instituições, julgamos uma heresia tal pensamento. A igreja protestante – a difusa igreja evangélica – está exatamenteno ponto de petrificação do processo religioso, no qual Jesus encontrou o judaísmo dos seus dias. Mas não somos capazes de ver isso. Dessa forma devemos dizer que muito daquilo que Jesus disse aos religiosos dos seus dias, deveria ser ouvido por nós hoje com temos e tremor. Jesus proferiu discursos contra os religiosos hipócritas, desalmados, mentirosos, cínicos, legalistas e superficiais do seu tempo. A nossa questão deveria ser: será que isso não têm nada a ver conosco? Esquecemos de como Jesus abominou a teologia correta que não gerava correção das deformações religiosas (Mateus 23: 1-3), o legalismo que achatava a psique humana ( Mateus 23:4), a espiritualidade estereotipada e encenada no palco da fé (Mateus 23:5-7), os títulos eclesiásticos enfatuados e autoreinvidicados (Mateus 23:8-12), as teologias de estreitamento da Graça ( Mateus 23:13), as preces usadas como chantagem emocional para tirar dinheiro dos pobres ( Mateus 23:14), o proselitismo separatista e desalmado (Mateus 23:15), os jeitinhos teológicos dados para esvaziar os conteúdos de causas e pessoas a fim de se dar valor às coisas da religião (Mateus 23:16-22). Esquecemos de como Jesus detestava a inversão de valores na hierarquia dos mandamentos e sua importância (Mateus 23:23,24), de como odiava as aparências falsas e sem correspondência no interior do ser (Mateus 23:25-28), de como enxergava com despreso o busto dos profetas em praça pública, pelo fato de que eles só eram honrados, porque já não estavam mais vivos para incomodar os líderes religiosos (Mateus 23: 29-35). Esquecemos sobretudo que para Jesus, sempre que tais coisas acontecem, fosse no judaísmo, seja na igreja, o juízo divino não pode falhar: “Em verdade vos digo, que todas essas coisas, hão de vir sobre a presente geração” (Mateus 23:36). No Apocalipse, Jesus diz: “Eu sou aquele que sonda mente e coração e vos darei a cada um segundo as suas obras” (Apocalipse 2:23). As cartas às igrejas da Ásia nos falam da necessidade de que a igreja se arrepende de sua indiferença e arrogância (Ap. 2:4,5), do sincretismo e da impureza (Ap. 2:14,15), dos adultérios praticados com naturalidade no âmbito da comunidade por líderes da igreja (Ap. 2:20,21), e da soberba autoglorificante resultante de um sentimento de autonomia (Ap. 3:15-19). E isso foi escrito enquanto havia discípulos da primeira geração ainda vivos, como João. E hoje?