quinta-feira, 22 de junho de 2023

Regis Danese no Programa Encontro da Globo causa revolta ao associar depressão a falta de Jesus

 


Regis Danese, de 50 anos, foi o convidado do Encontro desta quarta-feira (21/06). O cantor gospel falou sobre depressão e associou a doença à falta de Jesus (ou seja, da fé cristã) na vida da pessoa.

"A depressão pega todo mundo, mas principalmente aquele que mexe com arte. Humoristas, a maioria são depressivos. Tá dando risada, tá contando piada, mas por dentro o cara tá todo mal. Sabe o que é isso? Se você tiver o encontro com Jesus, ele é o espaço certinho pra preencher esse vazio", destacou ele, sem apresentar qualquer comprovação ou dado oficial sobre esta afirmação.

Patrícia Poeta deu continuidade ao assunto, lembrando que a religião foi importante para o músico num momento difícil: o diagnóstico de leucemia da filha do artista aos 3 anos.

"Isso foi muito importante para você. Eu lembro quando a gente se encontrou, até num evento religioso, você tinha acabado de ter o diagnóstico da Brenda. E foram três anos de luta e tratamento. Você enfrentou um belo desafio com sua filha e com a família toda", explicou ela.

No Twitter, parte do público do matinal se revoltou e considerou a fala de Danese um desserviço em relação à saúde mental. "Que fala péssima do Regis, sobre as pessoas com depressão por falta de encontro com Jesus, como se não houvesse líderes religiosos com depressão!!!", comentou uma internauta. "Sério mesmo que Regis Danese tá no Encontro dizendo que depressão é falta de Deus?! Alô, Conselho Federal de Psicologia! Que desserviço!", criticou outra. "Olha o Regis Danese sendo irresponsável dizendo que depressão se cura com religião", acrescentou uma terceira.

Fonte: https://www.uai.com.br/

Meu Comentário: Acredito que houve um exagero nos comentários que criticaram. O cantor Regis Danese não falou como psicólogo ou psiquiatra apenas deu seu testemunho pessoal e falou de sua crença. Foi apenas uma opinião pessoal e declaração de sua fé e não uma análise psicológica da depressão. 

Quanto a depressão, se trata de uma doença e que deve ser tratada com os profissionais competentes sejam psicólogos ou psiquiatras, e quem é cristão não está imune a ela, pois se vê hoje inúmeros pastores, esposas e filhos de pastores, cristãos em geral lutando contra esse mal. Na Bíblia vemos personagens famosos lutando contra sentimentos depressivos como Jeremias, Elias, Moisés, Davi, Paulo entre outros. 

Mas sim, quem tem Cristo no coração tem um recurso espiritual imenso para ajudar a lutar contra a depressão, isso não significa no entanto, demonizar a depressão nem deixar de procurar ajuda psicológica ou se for o caso até mesmo psiquiátrica.

terça-feira, 20 de junho de 2023

O sistema de governo eclesiástico da igreja Assembléia de Deus

 Sempre, na história das controvérsias cristãs, houve um luta para saber qual era o modelo de governo eclesiástico mais bíblico. O fato é que todos os modelos de governos eclesiásticos (congregacional, episcopal e presbiteriano) se baseiam no Novo Testamento. O episcopal concede o poder para o seu pastor ou bispo, o presbiteriano concede poder aos presbitério da igreja e o congregacional concede poder aos seus membros ou a um conselho de irmãos reunidos.


Há tentações em todos os modelos. O episcopal pode concentrar um poder tão grande na mão do pastor, que ele se torna uma pessoa acima da crítica e não prestas contas a igreja. O presbiteriano pode criar uma elite dentro da congregação ou denominação, pois um pequeno grupo decide sobre os demais. O congregacional pode minar a autoridade do pastor local. Portanto, não temos como definir um modelo eclesiástico mais bíblico, pois todos tem pontos fortes e fracos.

A Assembléia de Deus começou com um modelo congregacional bem definido, haja vista a herança eclesiológica batista, que é congregacional. O modelo congregacional fica bem claro nas palavras do pastor assembleiano Alcebiades Pereira dos Vasconcelos, no Mensageiro da Paz, nº 10, de 1959:


"No nosso entender, a igreja cristã biblicamente entendida, governa-se a si mesma, mediante o sistema democrático em que todos os seus membros livremente podem e devem ouvir e ser ouvidos e ser ouvidos, votar e ser votados, conforme a sua capacidade pessoal de servir(…) A igreja cristã, à luz do Novo Testamento, é uma democracia perfeita, em qual o pastor e seus auxiliares de administração (tenham as categorias ou denominações que tiverem) não dominam, pois quem domina sobre ela é Jesus, por mediação do Espírito Santo, sendo o pastor apenas um servo que lidera os trabalhadores sob guia do mesmo Espírito Santo; e, neste caso, é expressa e taxativamente proibido ter domínio sobre a igreja. I Pedro 5.2,3". [1]


Os pentecostais clássicos sempre tiveram uma tendência para a democracia na igreja, um modelo em que a congregação tinha voz, o teólogo Myer Pearlman deixa bem claro essa posição:


As primeiras igrejas eram democráticas em seu governo- circunstância natural em uma comunidade onde o dom do Espírito Santo estava disponível a todos , e onde toda e qualquer pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial. É verdade que os apóstolos e anciãos presidiam às reuniões de negócios e à seleção dos oficiais; mas tudo se fez em cooperação com a igreja (Atos 6.3-6; 15.22, I Co 16.3, II Co 8.19, Fp 2.25). E Pearlman completa: Nos dias primitivos não havia nenhum governo centralizado abrangendo toda a igreja. Cada igreja local era autônoma e administrava seus próprios negócios com liberdade. [2]


No decorrer do tempo, a Assembléia de Deus, não deixando de ser congregacional, passou a mesclar com o modelo episcopal e presbiteriano. Hoje, é comum a figura o pastor-presidente, um verdadeiro bispo regional. Nas Assembléias de Deus há traços do modelo presbiteriano, com as convenções ou concílios regionais e nacionais (CGADB e Conamad). A Assembléia de Deus, portanto, não tem um modelo eclesiástico puro. O Rev. Antônio Gouvêa Mendonça, comenta em relação a Assembléia de Deus:


Seu sistema de governo eclesiástico está mais próximo do congregacionalismo dos batistas por causa da liberdade das Igrejas locais e da limitação de poderes da Convenção Nacional. Todavia, a divisão em ministérios regionais semi-autônomos lembra um pouco o sistema presbiteriano.[3]


Alguns fatos interessantes: em cidades do interior, as Assembléias de Deus são bem congregacionais, pois a igreja em constantes assembléias, decidem o rumo da congregação juntamente com o pastor. As igrejas AD da capital são normalmente divididas em setores, com a figura presente do pastor-presidente, sendo mais um modelo episcopal. Mas as congregações das cidades interioranas e da metrópole estão sujeitas a convenção estadual e nacional, semelhante aos supremos concílios presbiterianos.

A Assembléia de Deus foi influenciada por várias denominações, desde de sua eclesiologia até a sua teologia. Exemplo dessa mistura esteve nas palavras do pastor Thomas B. Barrat, de Oslo, Noruega em 1914, que disse: “Com respeito à salvação, somos luteranos. Na forma do batismo pelas águas, somos batistas. Com respeito à santificação, somos metodistas. Em evangelismo agressivo, somos como o Exército da Salvação. Porém, com respeito ao batismo com o Espírito Santo, somos pentecostais!”

O lamentável é o fato de muitas igrejas Assembléia de Deus aderindo a um modelo episcopal, abandonado a tradição congregacional. Mais o modelo episcopal, hoje adotado não é o mesmo dos metodistas ou anglicanos, mas sim das igrejas neopentecostais, onde a figura do líder é centralizadora, um modelo episcopal levado ao extremo.

BIBLIOGRAFIA:

01.ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p 338.

02. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. 8 ed. São Paulo: Vida, 1984. p 225.

03. MENDONÇA, Antônio Gouvêa e FILHO, Prócoro Velasques. Introdução ao Protestantismo no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1990. p 51


Fonte: pentecostalismo.wordpress.com