quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Subsídio para EBD: Cristo é superior a Arão e à Ordem Levítica




Durante a peregrinação do povo de Israel no deserto, Deus orientou a Moisés que construísse o tabernáculo e separasse a tribo de Levi para devidas funções neste lugar sagrado. O Senhor nomeou Arão e seus descendentes para exercerem o sacerdócio, o que na verdade é uma figura do eterno e perfeito sacerdócio de Cristo, o qual através do seu sacrifício nos abriu o caminho de acesso a Deus tornando cada salvo um sacerdote. 

Infelizmente, hoje em dia, está em curso uma judaização nas igrejas evangélicas. Cantor e músico viraram sinônimo de levita, e pastor de sacerdote. Até um novo Templo de Salomão, o Edir Macedo e a IURD estão construindo em São Paulo, ao custo de muitos milhões de reais!

QUEM ERAM OS LEVITAS E SACERDOTES?
Os filhos de Levi, eram antes uma tribo secular, mas que foi separada pelo Senhor para exercer as funções no Tabernáculo (Nm 1.50,51,53; 18.2-4,6; I Cr 15.2). Vejamos quais foram as funções que o Senhor delegou:
Os levitas. Por haverem sido resgatados da morte, na noite da Páscoa, os primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus (Êx 13.1,2), mas os levitas, por seu zelo espiritual, foram escolhidos divinamente como substitutos dos filhos mais velhos de cada família (Êx 32.25-29; Nm 3.5-13; 8.17-19). Os levitas eram ajudantes dos sacerdotes (Nm 3.5- 9). As obrigações menores, algumas até manuais, como de limpeza, arranjo e arrumação no templo, cabiam aos levitas não sacerdotais. Alguns dos seus deveres são descritos em (Êx 13.2,12,13; 22.29; 34.19; Lv 27.27; Nm 3.12,13,41,45; 8.14-17; 18.15; Dt 15.19). Deus separou para esta função os três filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari (Nm 26.57).

Os sacerdotes. Antes do êxodo, o chefe de cada família, ou o primogênito desempenhava o papel de sacerdote familiar; mas, os ritos do tabernáculo e a exigência de observá-los com exatidão tornaram necessária a instituição de um sacerdócio dedicado totalmente ao culto divino. Para esta importante função, Deus escolheu Arão e seus filhos (Êx 28.1). O sacerdote, termo que no hebraico é “kohen”, era o ministro divinamente designado, cuja função principal era representar o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8). A vocação sacerdotal era hereditária, de modo que os sacerdotes podiam transmitir a seus filhos as leis detalhadas relacionadas com o culto e com as numerosas regras às quais os sacerdotes viviam sujeitos a fim de manterem a pureza legal que lhes permitisse aproximar-se de Deus (Nm 18.2,7,8).

Funções dos sacerdotes. Os sacerdotes deviam queimar incenso, cuidar do castiçal e da mesa dos pães da proposição, oferecer sacrifícios no altar e abençoar o povo (Nm 5.5-31) e ensinavam a Lei (Ne 8.7,8). Eles ministravam como mediadores entre o povo e Deus (Êx 12.12,29,30), e também comunicavam ao povo a vontade e o concerto de Deus (Jr 33.20-22; Ml 2.4) e intercediam, perante Deus, devido à pecaminosidade do povo. Exercendo o seu ministério, eles faziam expiação pelos seus próprios pecados e pelo pecado do povo (Êx 29.33; Hb 9.7,8), e testificavam da santidade de Deus (Êx 28.38; Nm 18.1).

O sumo sacerdote. O primeiro sumo sacerdote escolhido por Deus em favor de Israel foi Arão (Hb 5.1-4). Ele era o filho mais velho do levita Anrão e de Joquebede (Êx 6.20; Nm 26.59). Era irmão de Moisés e Miriã, sendo três anos mais velho que o Legislador (Êx 7.7). Sua esposa era chamada Eliseba (Êx 6.23). Com ela Arão teve quatro filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar (I Cr 24.1). O sumo sacerdote era o principal entre os sacerdotes. Em hebraico ele é chamado de “kohen gadol” que quer dizer “grande sacerdote”. Somente ele entrava uma vez por ano no Lugar Santíssimo para expiar os pecados da nação israelita, no Dia da Expiação (Êx 30.10; Lv 16.34). 

A SUPERIORIDADE DO SACERDÓCIO DE CRISTO
O sacerdócio de Arão é uma figura do sacerdócio de Cristo. No entanto, o sacerdócio de Cristo é superior. As Escrituras deixam bem claro que a Antiga Aliança era apenas sombra dos bens futuros (Hb 10.1), demonstrando assim a superioridade da Nova Aliança. O escritor aos Hebreus diz: “De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador” (Hb 7.22). Destacaremos na tabela abaixo, informações que comprovam que o sacerdócio de Cristo é superior ao de Arão:
SACERDÓCIO DE ARÃO
SACERDÓCIO DE CRISTO
Feito sem juramento (Hb 7.20)
Feito com juramento (Hb 7.21)
Instituído durante a Lei (Êx 28.1; Hb 7.28)
Instituído antes da Lei (Gn 14.18; Hb 6.20)
Necessitava sacrificar por si mesmo, pois era imperfeito (Lv 9.7,8; Hb 5.3; 7.27,28)
Não necessitou sacrificar por si mesmo, pois é perfeito (Hb 7.28; I Pe 2.22)
Sacrificava continuamente (Hb 10.11)
Fez um único sacrifício (Hb 7.26,27; 9.25-28,10.10,12,14)
Teve o seu ministério impedido pela morte (Hb 7.23)
É sacerdote para sempre (Hb 6.20; 7.3,24)
Entrou no tabernáculo terrestre (Hb 9.1)
Entrou no tabernáculo celeste (Hb 8.1,2; 9.11,24)
Oferecia sacrifício de animais (Hb 9.13)
Ofereceu a si mesmo como sacrifício (Hb 9.11-14)
Entregou dízimos a Melquisedeque na pessoa de Abraão(Hb 7.9,10)
Recebeu dízimos até de Levi na pessoa de Melquisedeque(Hb 7.9,10)

O SACERDÓCIO UNIVERSAL
A Bíblia nos mostra que no Novo Pacto, ratificado pelo sangue de Cristo na cruz do Calvário, todo aquele que o recebe como Salvador e Senhor têm diversos privilégios, entre os quais podemos citar:

O véu do templo foi rasgado. O véu era uma espécie de divisória ou cortina de separação geralmente usada para ocultar algo (Êx 26.31; Hb 6.19). A passagem por este véu era proibida a não ser no dia da expiação do povo de Israel (Lv 16.34; Hb 9.7). Três verdades devem ser destacadas sobre a função do véu: (1ª) o véu fazia separação (Êx 26.33); (2ª) o véu vedava o acesso ao Lugar Santíssimo (Hb 9.7); (3ª) o véu ocultava a Arca (Hb 9.3). Quando Jesus, o nosso Sumo Sacerdote morreu na cruz como oferta pelos nossos pecados, o véu do Templo foi rasgado de alto a baixo, como registra os evangelistas (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45). Agora, por meio de Cristo ficou aberto o caminho a Deus, a fim de que todos quantos crerem nele e na Sua Palavra tenham livre acesso (Hb 9.1-14; 10.19-22).

Ele nos fez sacerdotes. Já vimos que no AT, o sacerdócio era restrito a tribo de Levi. Sua atividade distintiva era oferecer sacrifícios a Deus, em prol do seu povo e comunicar-se diretamente com Deus (Êx 19.6; 28.1,2; II Cr 29.11). Agora, por meio de Jesus Cristo, todo crente é constituído sacerdote para o serviço de Deus (Ap 1.6; 5.10; 20.6). Esse sacerdócio de todos os crentes abrange o seguinte: (1) todos os crentes têm acesso direto a Deus, através de Cristo (Jo 14.6; At 4.12; Ef 2.18); (2) todos os crentes têm a obrigação de viver uma vida santa (I Pe 1.14-17; 2.5,9); (3) todos os crentes devem oferecer “sacrifícios espirituais” a Deus (Cl 3.16; Hb 13.15; I Pe 2.5); (4) todos os crentes devem interceder e orar uns pelos outros e por todos (Cl 4.12; I Tm 2.1; Ap 8.3); (5) todos os crentes devem proclamar a Palavra e orar pelo bom andamento dela (At 4.31; I Co 14.26; II Ts 3.1).

Temos acesso direto a Deus. Contrastando o acesso limitado a Deus que os israelitas tinham na Antiga Aliança, Cristo, ao dar sua vida por nós como como sacrifício perfeito, abriu o caminho para a própria presença de Deus e para o trono da graça (Hb 4.16). Por isso, na Nova Aliança, os crentes podem com muita liberdade achegar-se a Deus em oração (Tg 4.8; Ef 2.18, 3.12), chamando-o de Pai como Jesus nos ensinou e o Espírito Santo nos leva a fazer (Mt 6.9; Rm 8.15).

CONTEXTUALIZANDO PARA OS NOSSOS DIAS

A Antiga Aliança era transitória. As Escrituras afirmam que “… se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda” (Hb 8.7). Por isso, Jesus trouxe uma Nova Aliança, que se estabeleceu, não em atos exteriores e rituais, mas, no interior do homem. Jesus, como Sumo Sacerdote constituído por Deus, no céu, exerce seu trabalho no verdadeiro tabernáculo, fundado pelo Senhor, e não pelo homem (Hb 8.1-4).

Foi no início da década de 90 que chegaram aqui as famosas “restaurações ministeriais” e suas nomenclaturas. Dos que estavam propagando isto, alguns eram sinceros, embora ignorantes do espírito do Evangelho, enquanto outros eram oportunistas de temas e moveres. Uma questão mercadológica e de marketing apenas!

Ninguém que leia o NT pode fazer um retrocesso desse tamanho! É pisar na Cruz! 
É minimizar o que o Sacerdote Eterno já consumou! É ofensa contra o ensino apostólico! É epístola Anti-Hebreus!
 É a reedição da Sombra contra o Realizado! É o retorno aos bodes e touros como sacrifício!
É Velhotestamentização da “igreja”!É vitória de Caifás contra Jesus!

É a volta à adoração em Jerusalém ou no monte Geresin — anulando a hora de todos os que adoram em espirito e em verdade! É a supremacia do sacerdócio profissional sobre a espontaneidade e a alegria voluntaria do louvor de todos! É a justificação do levita e do sacerdote sobre o Samaritano, afinal de contas, o “culto” não pode parar!

 Ontem ouvi alguém dizer que a família dele é uma família de sacerdotes — isto para diferenciarem-se dos demais crentes, pois eles são bem pagos para oferecer a Deus, pelos irmãos, aquele culto.

Pensei: “Que ardil sutil! Qual a família humana consciente de Jesus em fé que não é parte do reino de sacerdotes?

”Gente de Deus! TODOS somos sacerdotes em Cristo. A ordem levítica morreu na Cruz. Seria calcar aos pés o sangue da aliança, como diz Hebreus falando acerca da mesma coisa. O Cap. 6 de Hebreus foi escrito como advertência aos que faziam essa viagem de volta! Crer hoje como se cria antes da revelação de Deus em Jesus e no Evangelho — tendo-se consciência de tudo — é cair da Graça; é colocar-se no lugar difícil de renovar alguém para arrependimento.

REFERÊNCIAS
·                     STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
·                     ANDRADE, Claudionor de. Dicionário TeológicoCPAD.
·                     HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
·                     CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·                     MOODY, D. L. Comentário Bíblico. HAGNOS.

A tentação no pináculo do templo

Um texto da Escritura que mostra um momento crucial é a tentação de Jesus no Pináculo do Templo.

Ela é vista também como a tentação do marketing da piedade pessoal—o que também é poder;ou ainda, como a tentação de “encurtar” a longa estrada do discipulado e da vivência na Palavra, por uma “rota mais curta”, especialmente visando à auto-afirmação ministerial no ambiente cristão.

No entanto, Satanás convidava Jesus muito mais do que para um Show Messiânico. Ele convidava Jesus para o “Pináculo do Templo”, para aquele lugar de onde o “Querubim da Guarda” foi derrubado, tornando-se Diabo e Satanás.
Figurativamente, Satanás tenta colocar Jesus acima do Pai, no Pináculo de Sua Habitação!

Essa é a tentação de todos aqueles que desejam se afirmar acima de sua vocação e que desejam se tornar independentes de Deus no “lugar sagrado”.
E pior: é a tentação dos que confundem Deus com o “lugar sagrado”, que rejeitam sua situação de criaturas, que pensam que possuem auto-suficiência para cumprir sua própria missão e que se enganam pensando-se detentores da chave da vida, ou do significado pessoal de suas próprias histórias — baseados em suas próprias virtudes —, sendo que, na maioria das vezes, tomam para si também a prerrogativa de juízes na Terra.

E isto tudo fundados no sucesso de suas performances espirituais ou materiais. Ora, Satanás também tem anjos a seu serviço. E se estavam disponíveis para o “sucesso do salto de Jesus”, não estariam também disponíveis para o sucesso da “igreja”?

Sucesso não é problema para quem disse “tudo isto te darei se prostrado me adorares”. E se fosse mentira, não seria, pelo menos para Jesus, nenhuma tentação!

A tentação é a possibilidade! Exatamente como lá no Jardim do Éden. Tanto era possível, que aconteceu! Tanto era mentira, que aconteceu sem realizar a promessa de Vida e Saber para o Bem!

As “verdades” do Diabo realizam o possível. O que não realizam é o impossível dos homens — e do Diabo também —, que só são possíveis para Deus, e, no caso, a maior impossibilidade da Terra e do Céu é a salvação de um homem por seus próprios méritos ou pelo apropriar-se das “possibilidades disponíveis”.

A proposta de Satanás realiza qualquer coisa, menos a entrega verdadeira ao Deus de Jesus! Neste sentido, pode-se dizer que nos ambientes da Religião, a tentação se apresenta de forma bem sedutora. 

Quanto mais perto do Pináculo do Tempo se chega, mais entregue aos ventos dessa tentação nós ficamos! Afinal, o que o Diabo diz também é: “Prove, por você mesmo, e com seus próprios méritos, que você é Filho de Deus!” 

O próximo passo é a “interpretação da Escritura”, conforme uma “hermenêutica satânica”. Aparece, então, a exegese do Salmo 91.
Pois, então, lhe disse o Diabo: “Se és o Filho de Deus, atira-te abaixo, por que está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que te guardem; e: Eles te sustentarão em suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra”. 
E que ironia: no pináculo teológico e religioso a tentação é muito maior! 

E nesse particular é bom que ninguém esqueça os fariseus e os escribas da Lei dos dias de Jesus. Eles eram homens do templo, sua piedade e religiosidade externas eram inquestionáveis; suas boas obras, irrepreensíveis; suas esmolas e jejuns, impossíveis de não serem reconhecidos; seu interesse pelas Escrituras, obsessivo. 

Mas, e daí? Quanto mais uma pessoa se dedica à letra, menos se dedica à Palavra e mais distante fica de Deus. A letra mata! Satanás também nos incita à “possibilidade” de escravizar Deus às “ordenanças de nossas profecias”. Afinal, “está escrito!” 

E neste aspecto, basta ouvir a programas cristãos no rádio ou vê-los na televisão, ou mesmo, basta ir à maioria das “igrejas de poder”, que se verá a “hermenêutica de satanás” sendo pregada. 

É quando Deus tem que “obedecer” à Sua Palavra em sujeição à ignorância humana — o que é o de-menos em toda a história; ou quando Ele tem de se tornar “cúmplice” da pilantragem realizada em Seu nome, cumprindo, supostamente, promessas que Ele não fez; ou quando Ele é o “estivador celestial” que apenas realiza a “agenda” de curas e milagres que os agentes de publicidade e marketing da religião predefiniram.

E mais: isto acontece também quando Deus tem que cumprir a “Escritura”, que no caso foi objeto não só de exegese satânica, mas também teve seu aplicativo “cristão” muito bem “apropriado” aos interesses financeiros, psicológicos — no caso de “messias” que sofrem de surto religioso—; ou, “teológicos”, daqueles que dizem: “Deus não pensa assim!” 

Assim, aprende-se que é no lugar sagrado e no manejo autônomo da Escritura, onde mais corremos o risco de cair em tentação!
Jesus poderia até ter pulado do Pináculo do Templo. Anjos poderiam até ter vindo socorrê-Lo — e não faltavam voluntários celestiais satânicos para cumprir a missão de aterrissagem de Jesus no pátio do Templo —, mas a Glória do Pai teria sido profanada! 

Na base de tudo está o seguinte: A Escritura é absoluta. Sua interpretação, todavia, é relativa. Olhamos em volta e vemos o Livro de Deus em todas as prateleiras. Vemos o povo carregando-o sob o braço, e percebemos que eles são apenas “consumidores de Bíblias”.

Vemos certos líderes e os percebemos, muitas vezes, apenas como “mercadejadores” de Bíblias e dos “esquemas” e “programas” que se derivam do marketing que oferece e vende sucesso em “pacotes em nome de Jesus”. 

Sim! E isto tudo, não porque nos faltam Bíblias e, muito menos, acesso à Palavra. 
Se há medo, não há amor. Se não há amor, pode haver sujeição, mas nunca obediência.
.Assim, nascem os “sacrifícios” e as “trocas” com a divindade.
Jesus, todavia, responde ao Diabo com o que, estando “escrito”, estava também dito; e não com aquilo que estando “escrito”, não fora jamais dito.
“Não tentarás ao Senhor teu Deus” — respondeu Jesus. O que equivale a dizer: “Não use o que está escrito contra aquilo que Deus disse!” 

Se eu busco o texto bíblico, uso-o, o exploro para meus próprios fins — sejam eles quais forem —, de fato estou é obedecendo à hermenêutica de Satanás, que, sobretudo, manipula o texto com o fim de fazê-lo ser a “nossa palavra”. 
No fundo, é apenas um “outro evangelho”, mesmo que seja pregado por um anjo de Luz ou um ministro de justiça.

Aprendemos também como a Escritura pode se transformar num concurso de verdades e de sabedorias. Jesus, todavia, não entrou na disputa. Respondeu não com um discurso, mas com a Palavra. E se colocou na fragilidade que Ele escolheu para si, pois, sendo Deus, não julgou, como usurpação, ser igual a Deus. Antes pelo contrário: se humilhou e confiou apenas na Palavra e disse: “Ele dará ordens a teu respeito para que te guardem...”.

Portanto, é Deus quem sabe a hora. É Dele e somente Dele a agenda. E qualquer tentativa de tirar a Palavra de Deus das mãos de Deus e colocá-la nas mãos do homem, dando a este o poder de decidir, de ordenar, de demandar, de liberar, ou de trazer da mera “Escritura” o cumprimento de suas promessas, conforme a agenda humana, é aceitar a sugestão de Satanás e é ensinar as pessoas a usarem a “Escritura” contra a Palavra e contra elas mesmas. 

Na tentação de Jesus — e quando falo de “tentação”, obviamente não me refiro apenas às três “clássicas”, conforme os evangelhos, mas a todas, conforme Hebreus—, o que vemos é Deus se entregando ao “risco supremo”. 
Entregar Seu Filho ao confronto verdadeiro com a tentação em sua maior plenitude, foi, sem dúvida, um risco divino imensamente maior que qualquer outro.
A vitória de Jesus sobre a tentação é também vitória da Cruz. É a decisão da liberdade do Messias. É o fruto de Seu amor ao Pai e de Sua escolha pela Escritura como Palavra de Deus. Ele é livre e usa Sua liberdade na submissão de um amor obedientemente livre!

Cada um vive sua própria tentação e “usa” a do outro para justificá-la! Tentação é normal num mundo caído. Jesus é a prova de que saúde espiritual não nos isenta de tentações. Ele foi “tentado em todas as coisas à nossa semelhança, mas sem pecado”.