Um fenômeno que vem sendo detectado no Ocidente há bastante tempo é o crescimento do ceticismo religioso, da indiferença por preocupações de natureza transcendente. Por diferentes razões apontadas pelos sociólogos e antropólogos, o chamado “homem moderno” é bem menos religioso que os seus antepassados. Claro, esse não é um fato generalizado. Existem grupos, especialmente étnicos, em que a religião continua atraindo a atenção da grande maioria dos indivíduos. No entanto, a secularização da sociedade como um todo é um fato inquestionável e tende a crescer no futuro previsível, inclusive em países como o Brasil. Essa constatação representa um grande desafio e uma valiosa oportunidade para os cristãos.
Exemplos norte-americanos
A questão de fé e incredulidade varia muito de um lugar para outro, de uma época para outra. É interessante considerar o que ocorreu na Nova Inglaterra puritana do final do século 17. Quando os puritanos (calvinistas ingleses) chegaram à América do Norte, a partir de 1620, eles eram extremamente fervorosos em suas convicções religiosas. A leitura da Bíblia, as devoções domésticas e a freqüência aos cultos eram características marcantes desse grupo. Em certo sentido, o puritanismo foi um avivamento contínuo, em que as atividades religiosas ocupavam um lugar extremamente importante na vida da maior parte das pessoas. Todavia, algumas gerações mais tarde, depois que os puritanos prosperaram grandemente na nova terra, sua religiosidade experimentou um acentuado declínio, lamentado pelos pregadores da época.
A situação brasileira
Como fica nessa questão o Brasil, um país tradicionalmente muito religioso? A religiosidade brasileira tem sofrido profundas transformações desde as últimas décadas do século 20, com o declínio numérico dos católicos, o pequeno crescimento dos espíritas e protestantes históricos e a acelerada expansão das igrejas pentecostais e neopentecostais. Outro dado revelador é o contínuo crescimento percentual daqueles que não se identificam com nenhuma confissão religiosa. Segundo o último Censo Geral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano 2000, 12,5 milhões de habitantes se declararam “sem religião” (de um total de 170 milhões). A título de comparação, o número estimado de pentecostais no mesmo ano era de 17,6 milhões. De lá para cá é provável que esse número tenha aumentado.
Causas da incredulidade
Nem sempre é fácil identificar as causas do ceticismo ou do desinteresse religioso, mas algumas possibilidades são as seguintes: (a) prosperidade socioeconômica: a posse de bens e privilégios materiais dá às pessoas uma sensação de poder, segurança e auto-suficiência; (b) a influência da mídia: programas de televisão, livros e revistas populares defendem abertamente um ideário secular, materialista e, por vezes, anticristão; (c) a educação secundária e a superior transmitem uma visão de mundo em que não há nenhum lugar para a transcendência, para a espiritualidade; os departamentos de muitas universidades são controlados por materialistas de diversos tipos; (d) a popularização das teorias científicas naturalistas sobre as origens do ser humano, da vida e do universo; (e) dificuldades e perplexidades existenciais: muitas pessoas têm dificuldade de conciliar tragédias e sofrimentos com a existência de Deus.
Um fator adicional muito importante é o freqüente mau exemplo ou incoerência das religiões e dos religiosos. As guerras religiosas e a intolerância da época da Reforma Protestante (séculos 16 e 17) contribuíram para o surgimento do Iluminismo, com sua rejeição do cristianismo histórico. Nos dias atuais, vê-se o ressurgimento do fanatismo, extremismo e fundamentalismo religioso, que têm resultado em algumas das mais horrendas manifestações de violência do mundo contemporâneo. Esses fatos produzem antipatia para com a religião em muitas mentes. Por outro lado, multiplicam-se no Brasil os casos de curandeirismo, charlatanismo e exploração emocional e financeira das pessoas por diferentes grupos religiosos. Além disso, tornaram-se corriqueiras as irregularidades éticas de muitas igrejas e líderes religiosos, fazendo com que muitos associem a religião com toda espécie de coisas condenáveis.
Conclusão
Essas realidades representam um sério desafio para as igrejas evangélicas. Se elas quiserem restaurar a credibilidade da fé cristã diante do mundo incrédulo, devem, em primeiro lugar, praticar um evangelismo íntegro e bíblico. Isso implica anunciar não só as promessas, mas as exigências do evangelho; mostrar não só um interesse pelas almas, mas pelo ser humano integral; buscar não só a transformação de indivíduos, mas da sociedade como um todo. Outra necessidade imperiosa é a ênfase na boa apologética, ou seja, o esforço de proporcionar às pessoas argumentos sólidos sobre a veracidade e relevância do cristianismo, de uma visão cristã da vida. Finalmente, é preciso haver coerência entre fé e conduta, lembrando que os exemplos valem mais que muitas palavras. A realidade de uma sociedade cada vez mais incrédula -- e ao mesmo tempo mais angustiada e perplexa diante de tantos problemas e indagações -- exige um renovado empenho dos seguidores de Cristo em testemunhar da sua fé, das boas novas de vida e esperança presentes no evangelho.
• Fonte: Texto publicado na Revista Ultimato, Edição nº 315, Novembro/Dezembro de 2008, por Alderi Souza de Matos, doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
O MÁGICO E O PESCADOR
No livro de Atos dos Apóstolos, no capítulo 8, diz que com o apedrejamento de Estevão, e em razão da perseguição que se seguiu, os discípulos que estavam em Jerusalém se dispersaram por toda a Judéia e Samaria, anunciando o Evangelho.
O diácono Felipe, companheiro de Estevão, e que é aquele que também pregou ao Ministro das Finanças da Etiópia, e que o batizou — foi o primeiro a chegar a Samaria e a pregar; fazendo também grandes milagres; o que trouxe grande alegria àquele lugar.
Ora, ali estava certo homem chamado Simão, o qual era respeitado como grande figura, considerado o Grande Poder, e que na História é mencionado por Irineu como realmente tendo tido um expressivo número de discípulos, garantindo que Jesus era a Palavra de Deus, mas que ele, Simão, era o Espírito, o poder do divino, na forma masculina, já que Helena, uma ex-prostituta que era sua mulher e com ele andava, era afirmada por ele como sendo a dimensão do divino no feminino; visto que ela fora uma prostituta, e que agora era uma deusa, mostrando assim que o Espírito tem o poder de incluir a todos. Simão, porém, seria a manifestação mais divina dessa nova “emanação” de Deus.
O livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, nos diz que Simão ouviu, viu, creu, foi batizado, e passou a seguir a Pedro, João e Felipe bem de perto — isto porque Pedro e João haviam descido até a Samaria para ver o que estava acontecendo —; ficando extasiado com o fato de ver não somente os milagres, mas ante a constatação de que, os apóstolos impunham as mãos e as pessoas recebiam o dom do Espírito Santo, que se manifestava, para testemunho aos que viam, mediante sinais sensoriais, como o falar em outras línguas.
Foi então que Simão, vendo a sinceridade de tudo, foi tomado pelos seus vícios de alma, pela sua Síndrome de Onipotência e de Lúcifer; pois, percebendo que aquilo era lindo, viu também que, no caso de um homem como ele, deveria se transformar num grande negócio.
Assim, a ganância de Simão venceu sua breve alegria!
Ele, que já havia sido considerado muito grande, e que a si mesmo chamava de “O Grande Poder”, não tendo nada mais importante dentro de si mesmo do que avidez por poder, status e dinheiro —, ofereceu dinheiro a Pedro, para que ele, Simão, também recebesse aquele poder de conceder o Espírito pela imposição das mãos.
Simão ficara impressionado pelo fato de que ele era um mágico do status de um David Cooperfield, e sabia o que era verdadeiro e o que era falso no mundo sobrenatural e da ilusão; posto que ele era um grande mestre da ilusão.
Agora, entretanto, ele via algo sincero e verdadeiro realmente acontecendo. Simão viu no poder do Espírito Santo, um “novo mover”, uma nova chance de renovar o repertório; e algo que não era espetáculo “de um indivíduo” apenas, mas, muito além disso, era um poder que se fazia sentir nos outros — o que certamente daria a ele, Simão, muito mais poder ainda; quem sabe até concedendo-lhe a chance de ter sua própria “igreja”, conforme Irineu mais tarde diria.
“Concede-me também a mim este poder” — pede ele a Pedro, oferecendo-lhe dinheiro como pagamento pela compra da benção.
Pedro diz que o dinheiro dele fosse com ele para a perdição; pois, Deus e Seu dom não estavam à venda. Portanto, afirmava que o mágico não teria parte naquele ministério; pois seu coração era cheio de maldade e que o intento de seu coração era perverso.
Além disso, Pedro enxergou angustia de morte na alma de Simão, ao dizer-lhe que sua alma estava em fel de amargura e laço de iniqüidade; e isto não sem dizer ao ser ganancioso que se arrependesse, na esperança de ser curado de seu vício essencial, de sua Síndrome de Poder.
Simão apavorou-se e pediu que eles, Pedro e João orassem por ele, para que nenhum mal viesse sobre ele.
É de Simão que, vem à designação humana desse pecado, de tentar comprar as bênçãos de Deus. Trata-se do Simonismo ou simonia.
Gente como Simão, não são difíceis de serem encontrados. Eles amam o sobrenatural. Mas eles são viciados na ilusão e na manipulação. Têm Síndrome de Grande Poder. Assim, não se sabe o que lhes acontecerá no coração quando são confrontados pela verdade da sinceridade pura do Evangelho.
Quando Pedro disse “arrepende-te”, obviamente ele estava afirmando uma difícil, porém, real possibilidade. Pedro, entretanto, nos diz como a alma de Simão estava. O que havia nele era fel de amargura e laço de iniqüidade.
Fel de amargura equivale à mágoa e complexo de inferioridade. Daí ele querer poder; e mais que isto: chamava-se de O Grande Poder.
Já o laço de iniqüidade é o “estado mental reprovável”; e que é um processo vicioso de pensar, ver e sentir.
Simão, o mágico, foi convencido de um poder maior, mas não convertido. Ele quis comprar o dom de Deus. Vivemos na era da teologia da prosperidade, as pessoas são ensinadas a barganhar com Deus: "Se o Senhor me conceder isso, eu dou aquilo". Há um misticismo terrível, e isso num país como o Brasil, já carrega um apelo chamativo muito grande.
Se Lutero vivesse hoje, estaria querendo fazer uma nova reforma. Se Jesus estivesse, realizando seu ministério terrestre hoje, diria que nem reforma, dá mais: "Não se coloca vinho novo, em odres velhos, não se põe remendo novo em roupa velha".
Se Simão tivesse se convertido nos nossos dias, não levaria repreensão como ganhou de Pedro, mas viraria celebridade evangélica, vendendo seu testemunho por aí.
Jesus disse que os sinais seguirão os que crêem, mas, o povo atualmente faz o contrário, corre atrás de sinais.
O diácono Felipe, companheiro de Estevão, e que é aquele que também pregou ao Ministro das Finanças da Etiópia, e que o batizou — foi o primeiro a chegar a Samaria e a pregar; fazendo também grandes milagres; o que trouxe grande alegria àquele lugar.
Ora, ali estava certo homem chamado Simão, o qual era respeitado como grande figura, considerado o Grande Poder, e que na História é mencionado por Irineu como realmente tendo tido um expressivo número de discípulos, garantindo que Jesus era a Palavra de Deus, mas que ele, Simão, era o Espírito, o poder do divino, na forma masculina, já que Helena, uma ex-prostituta que era sua mulher e com ele andava, era afirmada por ele como sendo a dimensão do divino no feminino; visto que ela fora uma prostituta, e que agora era uma deusa, mostrando assim que o Espírito tem o poder de incluir a todos. Simão, porém, seria a manifestação mais divina dessa nova “emanação” de Deus.
O livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, nos diz que Simão ouviu, viu, creu, foi batizado, e passou a seguir a Pedro, João e Felipe bem de perto — isto porque Pedro e João haviam descido até a Samaria para ver o que estava acontecendo —; ficando extasiado com o fato de ver não somente os milagres, mas ante a constatação de que, os apóstolos impunham as mãos e as pessoas recebiam o dom do Espírito Santo, que se manifestava, para testemunho aos que viam, mediante sinais sensoriais, como o falar em outras línguas.
Foi então que Simão, vendo a sinceridade de tudo, foi tomado pelos seus vícios de alma, pela sua Síndrome de Onipotência e de Lúcifer; pois, percebendo que aquilo era lindo, viu também que, no caso de um homem como ele, deveria se transformar num grande negócio.
Assim, a ganância de Simão venceu sua breve alegria!
Ele, que já havia sido considerado muito grande, e que a si mesmo chamava de “O Grande Poder”, não tendo nada mais importante dentro de si mesmo do que avidez por poder, status e dinheiro —, ofereceu dinheiro a Pedro, para que ele, Simão, também recebesse aquele poder de conceder o Espírito pela imposição das mãos.
Simão ficara impressionado pelo fato de que ele era um mágico do status de um David Cooperfield, e sabia o que era verdadeiro e o que era falso no mundo sobrenatural e da ilusão; posto que ele era um grande mestre da ilusão.
Agora, entretanto, ele via algo sincero e verdadeiro realmente acontecendo. Simão viu no poder do Espírito Santo, um “novo mover”, uma nova chance de renovar o repertório; e algo que não era espetáculo “de um indivíduo” apenas, mas, muito além disso, era um poder que se fazia sentir nos outros — o que certamente daria a ele, Simão, muito mais poder ainda; quem sabe até concedendo-lhe a chance de ter sua própria “igreja”, conforme Irineu mais tarde diria.
“Concede-me também a mim este poder” — pede ele a Pedro, oferecendo-lhe dinheiro como pagamento pela compra da benção.
Pedro diz que o dinheiro dele fosse com ele para a perdição; pois, Deus e Seu dom não estavam à venda. Portanto, afirmava que o mágico não teria parte naquele ministério; pois seu coração era cheio de maldade e que o intento de seu coração era perverso.
Além disso, Pedro enxergou angustia de morte na alma de Simão, ao dizer-lhe que sua alma estava em fel de amargura e laço de iniqüidade; e isto não sem dizer ao ser ganancioso que se arrependesse, na esperança de ser curado de seu vício essencial, de sua Síndrome de Poder.
Simão apavorou-se e pediu que eles, Pedro e João orassem por ele, para que nenhum mal viesse sobre ele.
É de Simão que, vem à designação humana desse pecado, de tentar comprar as bênçãos de Deus. Trata-se do Simonismo ou simonia.
Gente como Simão, não são difíceis de serem encontrados. Eles amam o sobrenatural. Mas eles são viciados na ilusão e na manipulação. Têm Síndrome de Grande Poder. Assim, não se sabe o que lhes acontecerá no coração quando são confrontados pela verdade da sinceridade pura do Evangelho.
Quando Pedro disse “arrepende-te”, obviamente ele estava afirmando uma difícil, porém, real possibilidade. Pedro, entretanto, nos diz como a alma de Simão estava. O que havia nele era fel de amargura e laço de iniqüidade.
Fel de amargura equivale à mágoa e complexo de inferioridade. Daí ele querer poder; e mais que isto: chamava-se de O Grande Poder.
Já o laço de iniqüidade é o “estado mental reprovável”; e que é um processo vicioso de pensar, ver e sentir.
Simão, o mágico, foi convencido de um poder maior, mas não convertido. Ele quis comprar o dom de Deus. Vivemos na era da teologia da prosperidade, as pessoas são ensinadas a barganhar com Deus: "Se o Senhor me conceder isso, eu dou aquilo". Há um misticismo terrível, e isso num país como o Brasil, já carrega um apelo chamativo muito grande.
Se Lutero vivesse hoje, estaria querendo fazer uma nova reforma. Se Jesus estivesse, realizando seu ministério terrestre hoje, diria que nem reforma, dá mais: "Não se coloca vinho novo, em odres velhos, não se põe remendo novo em roupa velha".
Se Simão tivesse se convertido nos nossos dias, não levaria repreensão como ganhou de Pedro, mas viraria celebridade evangélica, vendendo seu testemunho por aí.
Jesus disse que os sinais seguirão os que crêem, mas, o povo atualmente faz o contrário, corre atrás de sinais.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
PORQUE SOU CRISTÃO, FICO NA IGREJA
O problema hoje não é apenas “democratizar” a Igreja. Quem analisar a fundo a atual insegurança de direção e de conceitos na Igreja verificará que ela ficou muito para trás, não só no tempo, mas também em sua própria missão. Consoante opinião de amigos e adversários - em muita coisa a Igreja não palmilhou as pegadas daquele ao qual recorre sem cessar. Daí o interesse pela pessoa de Jesus em contraste com o desinteresse pela Igreja. Onde quer que, em vez de serviço aos homens, a Igreja exerce poder sobre os homens, onde quer que suas instituições, doutrinas e leis se arvoram em meta em si, onde quer que os seus porta-vozes apresentam suas próprias opiniões e interesses como mandamentos e ordens de Deus: ali está sendo traído o mandato da Igreja; esta afasta-se de Deus e dos homens e entra em crise.
Que fazer? Rebelar-se? Reformar? Resignar-se? Amigos e inimigos teimam em lançar à conta de cada cristão engajado o fracasso da Igreja - lamentando ou acusando, com pesar ou sentimentos triunfais. Porém, mais interessante que o eterno repisar na chronique scandaleuse da Igreja, deveria ser a questão: por que um cristão engajado, um insider, sem ilusões, ao qual fosse difícil contar algo original em matéria de histórias escandalosas da Igreja, apesar de tudo, permanece na Igreja. Pergunta-se dos dois lados: do lado dos que estão fora, que acham esbanjamento de energias com uma instituição eclesiástica esclerosada, havendo muito mais chances fora dela. E pelos de dentro, convencidos de que uma crítica radical das condições e autoridades eclesiásticas não se coadunaria com a permanência na Igreja.
(…) Portanto, por que ficar na Igreja? Porque a fé nos infunde esperança de que o programa, a causa de Jesus Cristo, como sempre, continua sendo mais forte do que toda a confusão criada na Igreja e com a Igreja. E, por essa causa, vale a pena o decidido empenho na Igreja e o especial esforço no serviço da Igreja, apesar de tudo. Fico na igreja, não apesar de ser cristão: não me considero mais cristão do que a Igreja. Mas porque sou cristão, fico na Igreja.
- Hans Küng em Ser Cristão, 1976, Imago (pp. 452,455)
Fonte: www.sandrobaggio.blogspot.com/
Que fazer? Rebelar-se? Reformar? Resignar-se? Amigos e inimigos teimam em lançar à conta de cada cristão engajado o fracasso da Igreja - lamentando ou acusando, com pesar ou sentimentos triunfais. Porém, mais interessante que o eterno repisar na chronique scandaleuse da Igreja, deveria ser a questão: por que um cristão engajado, um insider, sem ilusões, ao qual fosse difícil contar algo original em matéria de histórias escandalosas da Igreja, apesar de tudo, permanece na Igreja. Pergunta-se dos dois lados: do lado dos que estão fora, que acham esbanjamento de energias com uma instituição eclesiástica esclerosada, havendo muito mais chances fora dela. E pelos de dentro, convencidos de que uma crítica radical das condições e autoridades eclesiásticas não se coadunaria com a permanência na Igreja.
(…) Portanto, por que ficar na Igreja? Porque a fé nos infunde esperança de que o programa, a causa de Jesus Cristo, como sempre, continua sendo mais forte do que toda a confusão criada na Igreja e com a Igreja. E, por essa causa, vale a pena o decidido empenho na Igreja e o especial esforço no serviço da Igreja, apesar de tudo. Fico na igreja, não apesar de ser cristão: não me considero mais cristão do que a Igreja. Mas porque sou cristão, fico na Igreja.
- Hans Küng em Ser Cristão, 1976, Imago (pp. 452,455)
Fonte: www.sandrobaggio.blogspot.com/
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