sexta-feira, 4 de maio de 2012

Subsídio para EBD - Tiatira, a igreja tolerante




Tiatira era a cidade mais sem significado político das sete igrejas mencionadas no Apocalipse, mas com grande importância comercial e industrial, pois produzia tintas de várias qualidades. Ela era religiosa como qualquer outra cidade da Grécia. Não era possível ter consciência Greco-romana e não ter, junto com todas as coisas, templos dedicados aos deuses. Lá havia o templo de Apolo, de Artemis e de Sambate, que era um oráculo do Oriente.

A primeira pessoa que se converteu, originária de Tiatira, foi a irmã Lídia, que aparece em Atos, no capítulo 16, que era vendedora de púrpura. Paulo a encontrou em Filipos. Ela ouvir a Palavra, e creu. Paulo a discipulou. Ela provavelmente fosse vendedora de tecidos e tintas, fazendo viagens de representação comercial, porque havia grandes sindicatos e corporações organizadas em Tiatira, pois o espírito da cidade se dedicava ao comércio e a indústria.

A igreja em Éfeso era ortodoxa, mas sem amor. Pérgamo fazia acordos profundos com o poder e vendia a alma. O problema de Tiatira era outro: tolerância demais. Jesus disse no verso 19, que havia coisas boas acontecendo em Tiatira. Ele diz: “Eu conheço seu amor”. Diferente de Éfeso que era ortodoxa, mas havia decaído do seu primeiro amor, lá em Tiatira havia amor manifesto entre os irmãos. O problema é que eles ficaram tão bonzinhos, que se tornaram permissivos. Faltava parâmetros para o amor e a fé.

A figura de Jezabel

Como sou assembleiano há trinta anos, me lembro do tempo quando ao se pregar sobre usos e costumes, as irmãzinhas da igreja que se atreviam a usar alguma maquiagem no rosto eram chamadas de “Jezabel”. Muitas mulheres das igrejas mais conservadoras nesse sentido devem ter essa triste lembrança. Mas voltando ao comentário da Igreja de Tiatira, Jesus diz no verso 20 o seguinte: “Tenho,porém contra ti, que toleras que essa mulher Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos”.

Aqui é usada a linguagem do Antigo Testamento acerca da mulher do rei Acabe, a rainha Jezabel. Acabe foi um dos piores reis de Israel, e a Bíblia diz que o que piorou muito a situação foi ele ter casado com a sidonita Jezabel. Acabe até tinha lá suas qualidades, pois tinha uma capacidade dialogal grande. Elias disse coisas terríveis para ele, e Acabe acabou engolindo. Durante seu reinado, ele teve boas relações diplomáticas com o reindo do sul de Israel, Judá. Chegou até a receber algumas vitórias em batalhas com a ajuda de Deus. Porém, o negócio tem a haver com a mulher dele, que estava lá em Samaria, construindo templos a Baal, e a Astarote, com sacerdotes e sacerdotisas, fazendo toda sorte de promiscuidade física e espiritual que se seguiam nesses cultos. Acabe participava dessas liturgias. Vendeu o coração à mulher e foi corrompido.

Então o nome dessa mulher aparece aqui em Tiatira. Óbvio que não havia lá uma mulher chamada Jezabel. É um empréstimo para designar um espírito presente naquela comunidade e encarnado como consciência numa mulher. E aqui, há um detalhe que chama a nossa atenção, porque o verso 20 diz: “Tu toleras que essa mulher Jezabel não só ensine, mas seduza”. Há textos gregos antigos que não dizem “esta mulher”, mas “a tua mulher, Jezabel”. E a carta foi enviada ao anjo da igreja.

É claro que nem todos os estudiosos da Bíblia concordam com essa interpretação. Mas, se for levado em consideração o último significado da palavra, eu diria que esse pastor estava numa situação complicadíssima. Já pensou, liderar uma comunidade, e a mulher do sujeito foi essa Jezabel? O duro é que isso é real em muitos lugares por aí: anjos casados com Jezabeis!

“A si mesmo se declara como profetisa”. Já viram esse filme por aí também? O marido é o líder, a mulher se declara profetisa. E naquele tempo, profetas e profetisas tinham um poder extraordinário, pois não havia o texto da Escritura para se estudar. Se bem que hoje em dia temos os textos canônicos facilmente nas mãos, pois nunca se vendeu tanta Bíblia como agora, mas “os profetas e profetisas” continuam a dando “profetadas” para todo o lado, e o pior é que o povo acredita.

A profetisa enganava o povo dizendo que conhecia a profundidade de Deus. Mas Jesus adverte na carta de que “essas coisas profundas” não eram de Deus e sim de Satanás.

O ensino dela, provavelmente era gnóstico. E a aplicação do ensino era a sedução que induzia os indivíduos a pensarem que realmente não havia limites. No versículo 21, Jesus disse que ela havia sido advertida e dado tempo para que se arrependesse. O problema é que ela não queria arrepender. Era uma decisão dela. Ela se tornara seu próprio absoluto, a medida de todas as coisas. Esse é o perigo. O pior é quando a pessoa pega a sua própria condição e a coletiviza.

O que Jesus diz que fará a essa pessoa, a essa Jezabel?

Primeiro, Ele diz que já ela gosta de cama, é para a cama que ela iria ficar prostrada(versículo 22). Depois diz algo terrível: “Matareis os seus filhos”. Seus filhos aqui, não deve ser entendido como os filhos que gerou, mas os filhos espirituais que ela produziu, os que se tornaram herdeiros dessa malignidade, porque foram seduzidos pelos ensinos dela. E mais, Jesus diz que isso vai acontecer como uma terapia para os demais. No verso 23 diz: “E todas as outras igrejas verão e saberão que eu sou aquele que conhece mentes e corações”.

Meretrizes e prostitutas podem nos proceder no Reino de Deus, conforme diz nos Evangelhos, porque vivem batendo no peito como o publicano dizendo: “tem misericórdia de mim, pecador”. Mas na hora em que se fizer a “doutrina” das prostitutas, dos publicanos virar um instrumento de sedução, todo mundo está perdido. A meretriz como indivíduo vai receber graça. A meretriz que quer sacerdotalizar sua prostituição recebe juízo. E isso é sério!

Em resumo, na igreja há lugar para uma Jezabel conflitada, mas não há lugar para uma Jezabel que ensine sua escolha pessoal como doutrina.

Bibliografia: Fábio, Caio - O Apocalipse das Igrejas, Abba Press, 2009.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Construtoras faturam mais de R$ 400 milhões com mega templos - o perigo do modelo da igreja de Salomão


Por mais de 20 anos, a paulista Sobrosa foi uma construtora de pequeno porte, dedicada ao ramo industrial. Teve oportunidade de fazer obras públicas e projetos residenciais, mas manteve o rumo. No ano passado, porém, recebeu um convite inusitado. Por indicação de um cliente, foi chamada a participar da concorrência para a construção do templo sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, em São Paulo. Entrou na disputa e levou o contrato, de cerca de R$ 70 milhões. Hoje, é sua maior obra.

A Sobrosa é um exemplo emblemático de como os projetos de grandes templos no Brasil começam a chamar a atenção de construtoras tradicionalmente focadas em outros mercados. A Construcap é outro.

Entre as dez maiores empreiteiras do país, com receita de R$ 1,6 bilhão em 2010 – segundo ranking da revista O Empreiteiro –, a empresa está construindo o Templo do Rei Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo. Inspirado no antigo templo judeu, o prédio terá colunas com quase o dobro da altura da estatua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; capacidade para mais de 10 mil pessoas sentadas; vagas para 1,2 mil veículos e será todo revestido com pedras importadas de Israel.

Uma das grandes vantagens de explorar o mercado de templos, diz Fabio Said Bittar, diretor da Solidi Engenharia e Construções, é justamente o perfil dos projetos. “Igrejas são obras tecnicamente simples – um grande caixote –, com prazo de entrega relativamente curto, acabamento de qualidade e contratado por quem tem dinheiro em caixa”, afirma.

Responsável pela construção do Santuário Mãe de Deus, do padre Marcelo Rossi, a Solidi é um caso à parte neste de nicho de mercado. Segundo Bittar, a construtora embarcou no negócio a convite do próprio padre, quando as obras já haviam começado. A primeira contratada, diz, teria desistido pela inconstância no fluxo de caixa da obra, alimentado basicamente por doações, pela venda de discos e de livros do religioso – a assessoria de imprensa de Marcelo Rossi não confirma. “Estamos tocando a obra na medida em que o dinheiro entra. É difícil uma empresa que visa lucro topar assim”, afirma.

Normalmente, é o que a Solidi faria também. Mas o empresário diz que aceitou a empreitada em agradecimento ao apoio recebido do padre, há cinco anos, quando teve um problema grave na família. E hoje o Santuário é uma das 14 frentes de obras da Solidi, a maior parte delas em São Paulo.

Orçamento reservado

As igrejas donas dos templos costumam ser discretas em relação aos valores envolvidos nos projetos. Procuradas, não falam sobre o assunto. Bittar, porém, diz que o projeto do Santuário Mãe de Deus começou orçado em R$ 45 milhões e deverá custar perto de R$ 50 milhões. É pouco menos que os R$ 70 milhões que Eduardo Ferri Sobrosa, sócio-diretor da Sobrosa, diz que vai custar a nova sede da Igreja Mundial do Poder de Deus. Mas muito menos que o suntuoso Templo do Rei Salomão.

Trabalhadores na obra contam que Edir Macedo, fundador da Universal, aparece em vídeo no processo de integração de novos funcionários e diz que a está investindo no templo cerca de R$ 300 milhões. A reforma do estádio Beira Rio, em Porto Alegre, para a Copa de 2014, e a construção do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, custarão pouco mais que isso.

Para Bittar, da Solidi, a comparação com shopping centers, em particular, dá também uma boa dimensão do potencial do mercado de grandes templos no país. É comum donos de empreendimentos do tipo usarem como referência para abertura de novas unidades o número de habitantes de uma cidade. “Se tem mais de 100 mil, tem espaço para a construção de um grande templo”, afirma o empresário.

Só Belo Horizonte, onde a população supera os 2,3 milhões de habitantes, há um projeto para 25 mil pessoas – a Catedral Cristo Rei, da igreja católica –, e outro para 30 mil, da igreja Batista Lagoinha. Como base de comparação, a Catedral da Sé, em São Paulo, tem capacidade para 8 mil pessoas, e a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, menor apenas que a de São Pedro, no Vaticano, para 35 mil pessoas.

Na avaliação de Sobrosa, igrejas com capacidade acima de 10 mil pessoas já são um bom negócio. “Com uma dessas por ano, dobro meu faturamento”, afirma, em referência ao templo que sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, que terá capacidade para 15 mil pessoas, estúdio de TV e estacionamento com capacidade para 1633 carros. “Não estou mudando o direcionamento estratégico da minha empresa – ela continua focada em obras industriais. Mas este é um mercado com potencial para o futuro, que não podemos desprezar”, afirma.
Fonte: Dubes Sônego, no IG

Meu Comentário: Ao ler essa reportagem não resta dúvida que as igrejas hoje representam grandes negócios. Mas se o filho do Rei Davi é o "modelo de gestão" para os líderes religiosos de hoje, convém dar uma olhada na Bíblia para lembrar como foi seu reinado e ver as lições espirituais que podem ser tiradas paras as igrejas contemporâneas. Salomão ascendeu ao trono de Israel ainda adolescente e logo se tornou a pessoa mais rica de seu tempo. A Bíblia diz que em Jerusalém a prata era tão comum quanto pedras. Uma frota de navios comerciais saía em busca de coisas exóticas para as coleções particulares do rei — macacos e babuínos da África, e marfim e ouro às toneladas. Salomão também possuía talento artístico: escreveu 1.005 canções e 3.000 provérbios.

Governantes viajavam centenas de quilômetros para testarem, eles mesmos, a sabedoria de Salomão e para verem a grande cidade que ele construíra. Salomão empregou generosamente a riqueza de seu reino num local para Deus habitar: um templo magnífico, construído por 200.000 homens, que se colocava como uma das maravilhas do mundo. À distância, reluzia como uma montanha coberta de neve.

Deus o cumprira! Suas promessas a Abraão e a Moisés finalmente haviam se tornado verdade. Os israelitas agora possuíam terra, uma nação com fronteiras seguras, e um símbolo refulgente da presença de Deus entre eles. Deus havia cumprido a sua parte na aliança. Nenhuma pessoa presente no famoso dia da dedicação do templo poderia duvidar da realidade de Deus; todos viram o fogo e a nuvem de sua presença. E tudo isso veio a ocorrer não num deserto inóspito, cheio de serpentes e escorpiões, mas numa terra rica de ouro e prata.

Com tudo que se podia imaginar trabalhando a seu favor, à primeira vista parecia que Salomão seguiria a Deus com gratidão. Sua oração de dedicação do templo, em 1 Reis 8, é uma das orações mais majestosas já feitas. Porém, no final de seu reinado Salomão já havia desperdiçado quase todas as vantagens. O homem de verve poética que havia celebrado o amor romântico quebrou todos os recordes de promiscuidade: no total, setecentas esposas e trezentas concubinas! O sábio que compusera um número tão grande de provérbios de bom senso fez pouco caso deles com uma extravagância jamais igualada. E, para agradar suas esposas nascidas no estrangeiro, o devoto que construíra o templo de Deus deu um passo final e terrível: introduziu a adoração de ídolos na cidade santa de Deus.

Em apenas uma geração, Salomão transformou Israel, um reino inexperiente que dependia de Deus para sua própria sobrevivência, numa potência política auto-suficiente. Mas nessa jornada perdeu de vista a visão original à qual Deus o havia chamado. Ironicamente, por volta da época da morte de Salomão, Israel assemelhava-se ao Egito, de onde Deus os tinha resgatado: um Estado imperial mantido em pé por uma burocracia agigantada e pelo trabalho escravo, com uma religião oficial que estava sob o comando do governante. O sucesso do reino deste mundo havia provocado um desinteresse no reino de Deus. Esvaiu-se a rápida e resplendente visão de uma nação de aliança, e Deus retirou sua aprovação. Após a morte de Salomão, Israel cindiu-se em dois e gradualmente se encaminhou para a ruína.

Salomão gradualmente foi dependendo menos de Deus e mais das coisas que o cercavam: o maior harém do mundo, uma casa duas vezes maior que o templo, um exército bem abastecido de carruagens, uma economia forte. O progresso pode ter eliminado quaisquer crises de desapontamento com Deus, mas também parece que eliminou totalmente o desejo que Salomão tinha de Deus. Quanto mais apreciava as boas dádivas do mundo, menos ele pensava no Doador.