quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A igreja e o ministério profético na atualidade

A igreja em nosso país tem a tendência de desenvolver uma relação ambígua com o poder político. No nosso caso, aqui no Brasil, o poder constituído não tentou nos enfrentar. Tal enfrentamento, na verdade quando acontece, é saudável, porque deixa a igreja livre da tentação de ser poderosa por vias humanas.

O que o poder político fez foi assimilar-nos, absorver-nos; e nós num certo sentido, permitimos que isso acontecesse. Quando eles sentiram que tínhamos uma teologia que nos ensinara uma atitude de quieta subserviência a qualquer tipo de poder constituído, uma compreensão de mundo que nos fazia viver em guetos fechados e relativamente organizados, e que éramos em quantidade suficiente para fazermos diferença em pleitos políticos. Viram que ao manipular-nos, poderiam alterar as coisas.

Hoje, a grandeza numérica da igreja evangélica brasileira, tornou-se um de seus maiores inimigos. Essa grandeza, é alienada, sem cabeça, sem ética, e que favorece toda e qualquer perspectiva de manipulação. Vivemos num momento, em que muitos, se sentiram deslumbrados com as oportunidades, os privilégios, os acenos, as portas abertas, as coisas que para a igreja evangélica são franqueadas. Só que isso a tem corrompido. O que se viu foi o movimento passar no decorrer dos anos, de uma profunda alienação política, a uma participação política inescrupulosa e aética de um lado, e excessivamente apaixonada, do outro.

Observe a história de Israel e da igreja, e veja como os tempos da nossa maior simplicidade – quando a provisão financeira não vinha da mesa do rei, mas das viúvas e dos corvos – foram justamente os de maior vitalidade e vigor espiritual. Não havia dinheiro para erguer grandes catedrais; até o século IV, a igreja cristã não soube o que era isso. Não havia dinheiro chegando dos impostos do Estado, verbas públicas para financiar a igreja, ou qualquer das “bênçãos da generosidade do rei”. No entanto, havia graça, paixão, generosidade e integridade.

Ouço frequentemente alguns irmãos muito “espirituais”, dizerem: “Ah, irmãos, que benção! O governo, tem uma verba reservada para o povo de Deus, aleluia”! Este é um aleluia constantiniano, que até o imperador, dá com prazer. Mas não é um aleluia, que os profetas ousariam pronunciar.
A leitura da Bíblia nos mostra que o povo de Deus deve depender o mínimo possível dos poderes políticos. Não se trata de uma questão de ter ou não direito a tais recursos. A questão é mais profunda. Ela tem a ver com o fato de que a história quase não tem registros de relação da igreja com as forças políticas dominantes ou a caminho de se tornarem, que não tenha redundado em rendição a tais poderes.

Muitas vezes, a igreja até cria uma teologia que justifique tal adesão. Tanto faz, se o grupo é de direita ou esquerda, o mesmo potencial para ser “apoio” leal ao Estado ou ao partido está evidente. Mudam-se apenas os termos, mas o resultado é o mesmo. Um simples exemplo disso, poder ser verificado através da leitura dos folhetos de promoção elaborados por algumas comissões evangélicas de apoio a Alckmin e Lula nas eleições presidenciais de 2006. Nos folhetos que ambos os grupos divulgavam, abundaram expressões messiânicas do tipo: “Ele tem cara de homem de Deus” (dito sobre Alckmin); “tem que ser sustentado pelas orações do povo de Deus como Moisés”, (dito sobre Lula); “é sábio e justo, como Daniel e José”, (falando sobre Alckmin); “todo verdadeiro cristão tem que votar em suas propostas de mudança” (referindo-se a Lula). 

Tudo que disse acima, tem apenas a finalidade de mostrar que, conquanto a igreja tenha que ter algo a dizer aos poderes constituídos, todavia esse algo a dizer, não é qualquer coisa, tem que ser a Palavra de Deus. E dizer a Palavra de Deus, não é apenas ler a Bíblia para a pessoa. É mais do que aplicar certos postulados teológicos aprovados pelo consenso da igreja ou dos teólogos da moda.

Dizer a Palavra de Deus, tem a ver com o que Deus está dizendo naquela situação. E isso exige sintonia entre as Escrituras Sagradas e o momento de Deus para a ocasião. Tal conciliação só é possível, se estivermos com os nossos olhos atentos na Bíblia e no jornal, e os nossos ouvidos atentos ao sussurro de Deus, mediante a oração. Sem vida com Deus não há profetismo legítimo. Porque senão, vai haver apenas ação política feita em nome de Deus. E não nos esqueçamos: Esse era o pecado dos falsos profetas.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

E depois da eleição?

O dia 03 de outubro se aproxima, quando o Brasil estará elegendo o próximo presidente ou presidenta, governadores de Estado, dois senadores por Estado, deputados federais e estaduais. As últimas pesquisas apontam a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. Porém pipocam nos meios de comunicação, denúncias envolvendo a Receita Federal e a Chefia da Casa Civil, um dos ministérios mais importantes do governo.
Serra apesar de ter mais experiência administrativa governamental, está perdendo a eleição, apesar de ter começado bem nas pesquisas. O próprio Lula, disse que a posição de Serra é a mesma que ele próprio enfrentou nas eleições de 1994 e 1998, quando perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso.
Na época, FHC venceu essas eleições porque posava de pai e mantenedor do Real, e como o povo estava satisfeito com a nova moeda, Lula não teve chance. Agora, ocorre o mesmo com Serra, pois Dilma é a candidata do Governo Lula, que surfa nos resultados apresentados pelo crescimento da economia, aliado a diminuição da desigualdade de renda.
O que Serra pecou em sua campanha foi justamente em esconder FHC, e mostrar que esses resultados positivos na economia hoje, só foram possíveis, por uma combinação de fatores, que iniciaram na gestão passada, como a estabilização da moeda e da inflação, a privatização de alguns setores que deram resultado, o saneamento do setor bancário, a lei de responsabilidade fiscal e a criação do próprio bolsa família, foi formulado por Ruth Cardoso, ex-primeira dama.
Lula não criou nada disso, mas teve o mérito de segurar os radicais do PT e manter a política econômica de FHC. O Fome Zero que foi criação do PT, não durou o primeiro ano de governo. O que Lula fez foi juntar o bolsa escola, vale gás, que foram criados no governo FHC, aumentar o seu repasse e modificar o nome para bolsa família.
Com o crescimento da economia, geração de empregos, investimento em estradas, universidades, aumentos de salários para o funcionalismo público, aumento da oferta de crédito, fazendo que o povo possa ter acesso a certos bens de consumo, Dilma está sendo eleita como a continuadora do governo Lula. Na mente do povão é como se estivessem dando um terceiro mandato para Lula.
Marina Silva, apesar de ter um passado ético, apresentou um discurso em cima do muro.
Diferente de 2002, quando Garotinho recebeu muito apoio das igrejas evangélicas e de suas lideranças, o mesmo não se vê com Marina Silva este ano. Sua própria denominação não lhe apoiou.
Os meios de comunicação estão divididos, uns são pró-Dilma, outros pró-Serra. Um movimento anti-Dilma e anti-PT, está em curso na internet, seja via blogs e sites, ou até mesmo usando vídeos do Youtube. Liderados por evangélicos e até católicos que vêem na candidata do governo, o perigo do fim da liberdade de imprensa, e de expressão, e temem a aprovação de projetos de leis polêmicos como a PLC 122/06 e o PNDH3, entre outros.
Alguns críticos apresentam discurso contraditório, porque criticam Dilma, Serra e Marina, como filhos da esquerda, portanto tendo ideologias semelhantes. Mas eu pergunto: O que querem então? Que votemos em branco, ou anulemos o voto? Isso não vai resolver nada. Eu como cidadão defendo que devemos votar. Particularmente, votarei em Marina no primeiro turno, se caso houver segundo, vou de Serra. Não voto em branco e nem não anulo meu voto.
Outra pergunta: E depois da eleição, caso Dilma vença o pleito? O que vão fazer os críticos, anti-isso e aquilo? Vão mudar de país? Tem crítico que até já fez isso, antes da eleição. Crente tem obssessão e medo de perseguição. Em 1989, diziam que Lula fecharia as igrejas, e implantaria o comunismo no Brasil.
O paradoxo, foi que Lula, no final do primeiro ano de governo, retirou os artigos do novo Código Civil (aprovado no governo anterior) que tratava as igrejas como associação. Ou seja, na verdade ele com isso, facilitou a vida de muito líder que tinha medo de fiscalização nas igrejas pelo Ministério Público, como estão sujeitos outros tipos de Associação.
O Brasil vai virar uma Cuba? Não acredito, pois o sistema lá está em colapso, o próprio Fidel Castro, reconheceu recentemente. Uma China? Também não acredito. Mas um governo semelhante a um mixto de Argentina e Venezuela, já vejo como possível.
Mas, é se a perseguição vier? Se tiver de vir, virá. Então, meus prezados, veremos quem serve a Deus por Deus, e quem procura apenas um “Papai Noel que dá presentes”. Quem está no ministério por amor, ou por dinheiro. Nessa hora, Hananias se vende para o rei, mas Jeremias continua fiel a Deus. Elias e os sete mil, estarão presentes, assim como os 850 profetas de Baal. O futuro a Deus pertence.