sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Quando a vida começa? Aborto é assassinato? Pesquisar células-tronco é brincar com pequenos seres humanos? Manipular embriões é crime?




 





Ao lado de “paz” e “amor”, “vida” é uma daquelas poucas palavras capazes de provocar unanimidade. Quem pode ser contra? “Amor” e “paz”, no entanto, são conceitos cuja definição não desperta polêmica. Com “vida” é diferente. Ninguém é capaz sequer de explicar o que é vida. Só no Aurélio há 18 tentativas. Por mais de 2 mil anos, essa indefinição foi motivo de inquietação só para poucos filósofos. Em geral, nos contentamos em falar que vida é vida e pronto. Hoje, porém, a ciência mexe fundo neste conceito. Expressões como “proveta” e “manipulação genética” estão cada vez mais presentes no cotidiano. E a pergunta sobre o que é vida, e quando ela começa, virou uma polêmica que vai guiar boa parte da sociedade em que vamos viver. A resposta sobre a origem de um indivíduo será decisiva para determinar se aborto é crime ou não. E se é ético manipular embriões humanos em busca da cura para doenças como o mal de Alzheimer e deficiências físicas.
“Ter embriões estocados em laboratório é um evento tão novo e diferente para a humanidade que ainda não tivemos tempo de amadurecer essa idéia”, diz José Roberto Goldim, professor de bioética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Biologicamente, é inegável que a formação de um novo ser, com um novo código genético, começa no momento da união do óvulo com o espermatozóide. Mas há pelo menos 19 formas médicas para decidir quando reconhecer esse embrião como uma pessoa.”
Vida é quando acontece a fecundação? Isso significa dizer que cerca de metade dos seres humanos morre nos primeiros dias, já que é muito comum o embrião não conseguir se fixar na parede do útero, sendo expelido naturalmente pelo corpo. Vida é o oposto de morte – e então ela se inicia quando começam as atividades cerebrais, por volta do 2º mês de gestação? Vida é um coração batendo, um feto com formas humanas, um bebê dando os primeiros gritos na sala de parto? Ou ela começa apenas quando a criança se reconhece como indivíduo, lá pelos 2 anos de idade? Para a Igreja, vida é o encontro de um óvulo e um espermatozóide e, portanto, não há qualquer diferença entre um zigoto de 3 dias, um feto de 9 meses e um homem de 90 anos. Mas então por que não existem velórios com coroas de flores, orações e pessoas de luto para embriões que morrem nos primeiros dias de gravidez? Essa é uma discussão cheia de contradições e respostas diferentes. Um debate em que a medicina fica mais perto de ser uma ciência humana do que biológica e em que frequentemente se encontram cientistas usando argumentos religiosos e religiosos se valendo de argumentos científicos. Por isso, o melhor a fazer é começar pela história de como a idéia de vida apareceu entre nós.

A história da vida

Saber onde começa a vida é uma pergunta antiga. Tão velha quanto a arte de perguntar – a questão despertou o interesse, por exemplo, do grego Platão, um dos pais da filosofia. Em seu livro República, Platão defendeu a interrupção da gestação em todas as mulheres que engravidassem após os 40 anos. Por trás da afirmação estava a idéia de que casais deveriam gerar filhos para o Estado durante um determinado período. Mas quando a mulher chegasse a idade avançada, essa função cessava e a indicação era clara: o aborto. Para Platão, não havia problema ético algum nesse ato. Ele acreditava que a alma entrava no corpo apenas no momento do nascimento.
As idéias do filósofo grego repercutiram durante séculos. Estavam por trás de alguns conceitos que nortearam a ciência na Roma antiga, onde a interrupção da gravidez era considerada legal e moralmente aceitável. Sêneca, um dos filósofos mais importantes da época, contou que era comum mulheres induzirem o aborto com o objetivo de preservar a beleza do corpo. Além disso, quando um habitante de Roma se opunha ao aborto era para obedecer à vontade do pai, que não queria ser privado de um filho a quem ele tinha direito.
A tolerância ao aborto não queria dizer que as sociedades clássicas estavam livres de polêmicas semelhantes às que enfrentamos hoje. Contemporâneo e pupilo de Platão, Aristóteles afirmava que o feto tinha, sim, vida. E estabelecia até a data do início: o primeiro movimento no útero materno. No feto do sexo masculino, essa manifestação aconteceria no 40º dia de gestação. No feminino, apenas no 90º dia – Aristóteles acreditava que as mulheres eram física e intelectualmente inferiores aos homens e, por isso, se desenvolviam mais lentamente. Como naquela época não era possível determinar o sexo do feto, o pensamento aristotélico defendia que o aborto deveria ser permitido apenas até o 40º dia da gestação.
A teoria do grego Aristóteles sobreviveu cristianismo adentro. Foi encampada por teólogos fundamentais do catolicismo, como São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, e acabou alçada a tese oficial da Igreja para o surgimento da vida. E assim foi por um bom tempo – até o ano de 1588, quando o papa Sixto 5º condenou a interrupção da gravidez, sob pena de excomunhão. Nascia aí a condenação do Vaticano ao aborto, você deve estar pensando. Errado. O sucessor de Sixto, Gregório 9º, voltou atrás na lei e determinou que o embrião não formado não poderia ser considerado ser humano e, portanto, abortar era diferente de cometer um homicídio. Essa visão perdurou até 1869, no papado de Pio 9º, quando a Igreja novamente mudou de posição. Foi a solução encontrada para responder à pergunta que até hoje perturba: quando começa a vida? Como cientistas e teólogos não conseguiam concordar sobre o momento exato, Pio 9º decidiu que o correto seria não correr riscos e proteger o ser humano a partir da hipótese mais precoce, ou seja, a da concepção na união do óvulo com o espermatozóide.
A opinião atual do Vaticano sobre o aborto, no entanto, só seria consolidada com a decisão dos teólogos de que o primeiro instante de vida ocorre no momento da concepção, e que, portanto, o zigoto deveria ser considerado um ser humano independente de seus pais. “A vida, desde o momento de sua concepção no útero materno, possui essencialmente o mesmo valor e merece respeito como em qualquer estágio da existência. É inadmissível a sua interrupção”, afirma dom Rafael Llano Cifuentes, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O catolicismo é das únicas grandes religiões do planeta a afirmar que a vida começa no momento da fecundação e a equiparar qualquer aborto ao homicídio. O judaísmo e o budismo, por exemplo, admitem a interrupção da gravidez em casos como o de risco de vida para a mãe. Isso mostra que a idéia de vida e a importância que damos a ela varia de acordo com culturas e épocas. Até séculos atrás, eram apenas as crenças religiosas e hábitos culturais que davam as respostas a esse debate cheio de possibilidades. Hoje, a ciência tem muito mais a dizer sobre o início da vida.

A ciência explica

O astrônomo Galileu Galilei (1554-1642) passou a vida fugindo da Igreja por causa de seus estudos de astronomia. Ironicamente, sem uma de suas invenções – o telescópio, fundamental para a criação do microscópio –, a Igreja não teria como fundamentar a tese de que a vida começa já na união do óvulo com o espermatozóide. Foi somente no século 17, após a invenção do aparelho, que os cientistas começaram a entender melhor o segredo da vida. Até então, ninguém sabia que o sêmen carregava espermatozóides. Mais tarde, por volta de 1870, os pesquisadores comprovaram que aqueles espermatozóides corriam até o óvulo, o fecundavam e, 9 meses depois, você sabe. Foi uma descoberta revolucionária. Fez os cientistas e religiosos da época deduzir que a vida começa com a criação de um indivíduo geneticamente único, ou seja, no momento da fertilização. É quando os genes originários de duas fontes se combinam para formar um indivíduo único com um conjunto diferente de genes.
Que bom se fosse tão simples assim. Hoje sabemos que não existe um momento único em que acontece a fecundação. O encontro do óvulo com o espermatozóide não é instantâneo. Em um primeiro momento, o espermatozóide penetra no óvulo, deixando sua cauda para fora. Horas depois, o espermatozóide já está dentro do óvulo, mas os dois ainda são coisas distintas. “Atualmente, os pesquisadores preferem enxergar a fertilização como um processo que ocorre em um período de 12 a 24 horas”, afirma o biólogo americano Scott Gilbert, no livro Biologia do Desenvolvimento. Além disso, são necessárias outras 24 horas para que os cromossomos contidos no espermatozóide se encontrem com os cromossomos do óvulo.
Quando a fecundação termina, temos um novo ser, certo? Também não é bem assim. A teoria da fecundação como início de vida sofre um abalo quando se leva em consideração que o embrião pode dar origem a dois ou mais embriões até 14 ou 15 dias após a fertilização. Como uma pessoa pode surgir na fecundação se depois ela se transforma em 2 ou 3 indivíduos? E tem mais complicação. É bem provável que o embrião nunca passe de um amontoado de células. Depois de fecundado numa das trompas, ele precisa percorrer um longo caminho até se fixar na parede do útero. Estima-se que mais de 50% dos óvulos fertilizados não tenham sucesso nessa missão e sejam abortados espontaneamente, expelidos com a menstruação.
Além dessa visão conhecida como “genética”, há pelo menos outras 4 grandes correntes científicas que apontam uma linha divisória para o início da vida. Uma delas estabelece que a vida humana se origina na gastrulação – estágio que ocorre no início da 3ª semana de gravidez, depois que o embrião, formado por 3 camadas distintas de células, chega ao útero da mãe. Nesse ponto, o embrião, que é menor que uma cabeça de alfinete, é um indivíduo único que não pode mais dar origem a duas ou mais pessoas. Ou seja, a partir desse momento, ele seria um ser humano.
Com base nessa visão, muitos médicos e ativistas defendem o uso da pílula do dia seguinte, medicação que dificulta o encontro do espermatozóide com o óvulo ou, caso a fecundação tenha ocorrido, provoca descamações no útero que impedem a fixação do zigoto. Para os que brigam pelo o direito do embrião à vida, a pílula do dia seguinte equivale a uma arma carregada.
Para complicar ainda mais, há uma terceira corrente científica defendendo que para saber o que é vida, basta entender o que é morte. E países como o Brasil e os EUA definem a morte como a ausência de ondas cerebrais. A vida começaria, portanto, com o aparecimento dos primeiros sinais de atividade cerebral. E quando eles surgem? Bem, isso é outra polêmica. Existem duas hipóteses para a resposta. A primeira diz que já na 8ª semana de gravidez o embrião – do tamanho de uma jabuticaba – possui versões primitivas de todos os sistemas de órgãos básicos do corpo humano, incluindo o sistema nervoso. Na 5ª semana, os primeiros neurônios começam a aparecer; na 6ª semana, as primeiras sinapses podem ser reconhecidas; e com 7,5 semanas o embrião apresenta os primeiros reflexos em resposta a estímulos. Assim, na 8ª semana, o feto – que já tem as feições faciais mais ou menos definidas, com mãos, pés e dedinhos – tem um circuito básico de 3 neurônios, a base de um sistema nervoso necessário para o pensamento racional.
A segunda hipótese aponta para a 20ª semana, quando a mulher consegue sentir os primeiros movimentos do feto, capaz de se sentar de pernas cruzadas, chutar, dar cotoveladas e até fazer caretas. É nessa fase que o tálamo, a central de distribuição de sinais sensoriais dentro do cérebro, está pronto. Se a menor dessas previsões, a de 8 semanas, for a correta, mais da metade dos abortos feitos nos EUA não interrompem vidas. Segundo o instituto americano Allan Guttmacher, ONG especializada em estudos sobre o aborto, 59% dos abortos legais acontecem antes da 9ª semana.
Apesar da discordância em relação ao momento exato do início da vida humana, os defensores da visão neurológica querem dizer a mesma coisa: somente quando as primeiras conexões neurais são estabelecidas no córtex cerebral do feto ele se torna um ser humano. Depois, a formação dessas vias neurais resultará na aquisição da “humanidade”. E essa opinião também é partilhada por alguns teólogos cristãos, como Joseph Fletcher, um dos pioneiros no campo da bioética nos EUA. “Fletcher acreditava que, para se falar em ser humano, é preciso se falar em critérios de humanidade, como autoconsciência, comunicação, expressão da subjetividade e racionalidade”, diz o filósofo e teólogo João Batistiolle, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Para o filósofo Peter Singer, da Universidade de Princeton, nos EUA, levado às últimas consequências o critério da autoconsciência pode ser usado para considerar o infanticídio moralmente aceitável em algumas situações. Segundo ele, é lícito exterminar a vida de um embrião, feto, feto sem cérebro ou até de um recém-nascido extremamente debilitado se levarmos em conta que o bebê não têm consciência de si, sentido de futuro ou capacidade de se relacionar com os demais. “Se o feto não tem o mesmo direito à vida que a pessoa, é possível que o bebê recém-nascido também não tenha”, afirma o filósofo australiano, que atraiu a ira de grupos pró-vida que o acusam de ser nazista, embora 3 de seus avós tenham morrido no holocausto. “Pior seria prolongar a vida de um recém-nascido com deficiências graves e condenado a uma vida repleta de sofrimento.”
É o caso de bebês com anencefalia, que não têm o cérebro completamente formado. Dos fetos anencéfalos que nascem vivos, 98% morrem na 1ª semana. Os outros, nas semanas ou meses seguintes. Nesse caso, é melhor prolongar a existência do bebê ou abortar para evitar o sofrimento da criança? “Provavelmente, a vida de um chimpanzé normal vale mais a pena que a de uma pessoa nessa condição. Assim, poderia dizer que há circunstâncias em que seria mais grave tirar a vida de um não-humano que de um humano”, alega Singer. A tese é recebida com desprezo no campo adversário. “Há testemunhos entre pais de pacientes desenganados pela medicina de que é possível viver uma positividade mesmo dentro da situação de sofrimento”, afirma Dalton Luiz de Paula Ramos, professor da USP e coordenador do Projeto Ciências da Vida, da PUC-SP. Em julho de 2004, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar liberando o aborto de fetos anencéfalos no país. A decisão final da Justiça, que legalizou definitivamente o aborto de anencéfalos no Brasil, saiu em abril de 2012.

A cura dentro de nós

Perto da deficiência física, porém, o nascimento de fetos anencéfalos é um problema pequeno. Segundo o IBGE, existem 937 mil brasileiros paraplégicos, tetraplégicos ou com um lado do corpo paralisado. Sem conseguir se mexer, muitos acabam morrendo por causa das escaras, feridas na pele criadas pela falta de circulação do sangue. Foram elas que mataram, em outubro de ano passado, o ator americano Christopher Reeve, célebre no papel do Super-Homem e ativista em prol dos estudos com células-tronco. Desde a década de 1980, esse tipo de células vem dando esperança a quem antes pensava que nunca voltaria a andar. Mas o futuro dessas pesquisas também está ligado à polêmica sobre onde começa a vida humana.
Do mesmo modo que as primeiras células que formam o embrião humano, as células-tronco são como curingas: ainda não foram diferenciadas para formar os tecidos que compõem o organismo. Podem se transformar em células ósseas, renais, neurônios, dependendo da necessidade e do poder de regeneração de cada órgão. Mesmo depois do nascimento, o corpo conserva essas células, sobretudo no cordão umbilical e na medula óssea. Injetando ou incentivando a migração de células-tronco adultas da medula para o coração, por exemplo, os cientistas estão conseguindo fazer o principal órgão humano se regenerar. Em pouco mais de um mês, pacientes com insuficiência cardíaca provocada por infartos ganham vida nova. A idéia é que a técnica das células-tronco, eleita pela revista Science como a mais importante pesquisa biológica do milênio, possa curar problemas renais, hepáticos, lesões da medula espinhal, mal de Alzheimer e até possibilitem a criação de órgãos em laboratório.
Até aí, nenhum conflito ético. Em 1998, porém, descobriu-se que as células-tronco mais potentes, capazes de se transformar em qualquer um dos 216 tecidos humanos e se replicar com grande velocidade, são as originais, o resultado da fecundação do óvulo com o espermatozóide. Os cientistas utilizam embriões com 3 a 4 dias de desenvolvimento (e entre 16 e 32 células), que sobram do processo de fertilização in vitro em clínicas especializadas. No laboratório, as células-tronco são retiradas num processo que provoca a destruição do embrião. Mas, se a vida começa na fecundação, os cientistas estariam lidando, em seus tubos de ensaio, com seres humanos vivos. O mesmo problema ético acontece com a inseminação artificial, que cria diversos embriões em laboratório e depois os descarta ou os congela. Não só os religiosos consideram essas técnicas um absurdo.
“Assim como não dá para dizer que matar um jovem é melhor que matar um adulto, não há diferença de dignidade entre um embrião e um feto de 6 meses”, afirma o professor Dalton, da USP. Um embrião, apesar de ser um amontoado de meia dúzia de células, muito menos complexo que uma mosca, carrega toda a informação genética necessária para a formação de um indivíduo. Nos seus 23 cromossomos paternos e 23 maternos, estão os 30 mil genes que determinarão os traços, a cor dos olhos, da pele, do cabelo, além de doenças como a síndrome de Down. Pensando nisso, países como a França chegaram a proibir pesquisas com células-tronco embrionárias. Hoje, os franceses permitem esses estudos, assim como a maioria dos outros países europeus e do Brasil. Desde março de 2005, a Lei de Biossegurança permite o uso de embriões descartados por clínicas de fertilização e congelados há pelo menos 3 anos – o prazo foi definido para evitar a produção de embriões exclusivamente para estudos. Há no país 20 mil embriões em condições de pesquisa dentro da lei. Mas uma ação de inconstitucionalidade movida pelo ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles coloca o assunto em xeque.
Quer dizer então que o governo brasileiro proíbe o aborto mas permite a manipulação de embriões humanos vivos? Depende do que você considera humanos vivos. “A vida começou há milhões de anos e cada um de nós é fruto contínuo daquele processo”, afirma Fermin Roland Schramm, presidente da Sociedade de Bioética do Estado do Rio de Janeiro (Sbrio). “A pergunta pertinente não é quando começa a vida, mas quando começa uma vida relevante do ponto de vista ético. Um embrião num tubo de ensaio é apenas uma possibilidade de vida, assim como eu sou um morto em potencial, mas ainda não estou morto.” Como logo após a fertilização o zigoto tem grande probabilidade de não se tornar uma gravidez e ainda pode se dividir, alguns cientistas preferem chamar o embrião que ainda não se fixou no útero de “pré-embrião”. “A ética considera relações entre seres, entre um ‘eu’ e um ‘tu’. É difícil considerar um embrião um ‘tu’”, diz Fermin. “Já quando ele começa a estabelecer uma relação com a mãe, a interrupção do processo passa a ser mais problemática do ponto de vista moral.”
Outro ponto a favor dos que estão mexendo com os embriões é que novidades da ciência sempre assustaram. Foi assim com a fertilização artificial, com o transplante de coração e até com a transfusão de sangue. Hoje, esses avanços são essenciais para a saúde pública. “A única certeza que temos em relação às células-tronco adultas, encontradas no cordão umbilical, é que elas podem se diferenciar em células sanguíneas”, afirma a geneticista Mayana Zatz, do Instituto de Biociências da USP, considerada a principal voz da classe científica na aprovação do dispositivo da Lei de Biossegurança que trata da pesquisa com células-tronco embrionárias. “Nunca vamos descobrir o potencial das células-tronco embrionárias se não pudermos estudá-las.”
Polêmicas à parte, às células-tronco embrionárias mostram que a solução para os males que perturbam o ser humano pode estar em nós mesmos. Ao contrário da discussão sobre o aborto, a polêmica das células-tronco surgiu com o esforço de fazer aleijados levantar e andar, doentes renais ganhar órgãos novos, cardíacos ter o coração reforçado. É um jeito de usar a essência da vida para encarar o maior inimigo da ciência: a morte, que também está no grupo das palavras que provocam unaniminade. É impossível gostar dela. O problema é que também não sabemos exatamente o que é morte. É quando o coração pára? Quando o cérebro deixa de funcionar? Cenas para a próxima reportagem.
FECUNDAÇÃO
Espermatozóides tentam penetrar no óvulo. Quando um deles vence a disputa, ainda são necessárias 24 horas até que as duas estruturas se fundam num único zigoto.
40 HORAS
Depois da fecundação, o número de células do zigoto dobra a cada 20 horas.
14 DIAS
O embrião chega à parede do útero. A menstruação pára e a mãe começa a suspeitar que está grávida.
4ª SEMANA
Uma versão rudimentar do que um dia será o coração começa a bater. O embrião mede cerca de 4 milímetros, o tamanho de um feijão.
6ª SEMANA
A aparência humana se define com o aparecimento dos primeiros órgãos. Já é possível reconhecer onde estão coração, cérebro, braços e pernas. O tamanho chega a 1 centímetro.
10ª SEMANA
O feto apresenta ondas cerebrais, podendo responder a estímulos, e ganha unhas. O fígado começa a liberar a bílis. Para muitos cientistas, neste estágio ele já é capaz de sentir dor.
17ª SEMANA
A mãe começa a sentir movimentos do feto, que já tem músculos e ossos. Nas próximas 3 semanas ele passará de 8,5 para 15 centímetros de tamanho.
5 MESES
O pulmão está pronto – é a última estrutura vital a se desenvolver. A partir daqui, o feto tem chances de sobreviver fora do útero.
Fonte: José Roberto Goldim (Ufrgs)

5 respostas da ciência

1. Visão genética
A vida humana começa na fertilização, quando espematozóide e óvulo se encontram e combinam seus genes para formar um indivíduo com um conjunto genético único. Assim é criado um novo indivíduo, um ser humano com direitos iguais aos de qualquer outro. É também a opinião oficial da Igreja Católica.
2. Visão embriológica
A vida começa na 3ª semana de gravidez, quando é estabelecida a individualidade humana. Isso porque até 12 dias após a fecundação o embrião ainda é capaz de se dividir e dar origem a duas ou mais pessoas. É essa idéia que justifica o uso da pílula do dia seguinte e contraceptivos administrados nas duas primeiras semanas de gravidez.
3. Visão neurológica
O mesmo princípio da morte vale para a vida. Ou seja, se a vida termina quando cessa a atividade elétrica no cérebro, ela começa quando o feto apresenta atividade cerebral igual à de uma pessoa. O problema é que essa data não é consensual . Alguns cientistas dizem haver esses sinais cerebrais já na 8ª semana. Outros, na 20ª .
4. Visão ecológica
A capacidade de sobreviver fora do útero é que faz do feto um ser independente e determina o início da vida. Médicos consideram que um bebê prematuro só se mantém vivo se tiver pulmões prontos, o que acontece entre a 20ª e a 24ª semana de gravidez. Foi o critério adotado pela Suprema Corte dos EUA na decisão que autorizou o direito do aborto.
5. Visão metabólica
Afirma que a discussão sobre o começo da vida humana é irrelevante, uma vez que não existe um momento único no qual a vida tem início. Para essa corrente, espermatozóides e óvulos são tão vivos quanto qualquer pessoa. Além disso, o desenvolvimento de uma criança é um processo contínuo e não deve ter um marco inaugural.

5 respostas da religião

1. Catolicismo
A vida começa na concepção, quando o óvulo é fertilizado formando um ser humano pleno e não é um ser humano em potencial. Por mais de uma vez, o papa Bento 16 reafirmou a posição da Igreja contra o aborto e a manipulação de embriões. Segundo o papa, o ato de “negar o dom da vida, de suprimir ou manipular a vida que nasce é contrário ao amor humano.”
2. Judaísmo
“A vida começa apenas no 40º dia, quando acreditamos que o feto começa a adquirir forma humana”, diz o rabino Shamai, de São Paulo. “Antes disso, a interrupção da gravidez não é considerada homicídio.” Dessa forma, o judaísmo permite a pesquisa com células-tronco e o aborto quando a gravidez envolve risco de vida para a mãe ou resulta de estupro.
3. Islamismo
O início da vida acontece quando a alma é soprada por Alá no feto, cerca de 120 dias após a fecundação. Mas há estudiosos que acreditam que a vida tem início na concepção. Os muçulmanos condenam o aborto, mas muitos aceitam a prática principalmente quando há risco para a vida da mãe. E tendem a apoiar o estudo com células-tronco embrionárias.
4. Budismo
A vida é um processo contínuo e ininterrupto. Não começa na união de óvulo e espermatozóide, mas está presente em tudo o que existe – nossos pais e avós, as plantas, os animais e até a água. No budismo, os seres humanos são apenas uma forma de vida que depende de várias outras. Entre as correntes buditas, não há consenso sobre aborto e pesquisas com embriões.
5. Hinduísmo
Alma e matéria se encontram na fecundação e é aí que começa a vida. E como o embrião possui uma alma, deve ser tratado como humano. Na questão do aborto, hindus escolhem a ação menos prejudicial a todos os envolvidos: a mãe, o pai, o feto e a sociedade. Assim, em geral se opõem à interrupção da gravidez, menos em casos que colocam em risco a vida da mãe.

5 respostas da lei

1. Brasil
Aqui, só há três situações em que o aborto é permitido: em casos de estupro, quando a gravidez implica risco para a gestante, ou em caso de fetos anencéfalos.
2. Eua
O aborto é permitido nos EUA desde 1973, quando a Suprema Corte reconheceu que o aborto é um direito garantido pela Constituição americana. Pode-se interromper a gravidez até a 24ª semana de gestação – na época em que a lei foi promulgada, era esse o estágio mínimo de desenvolvimento que um feto precisava para sobreviver fora do útero.
3. Japão
Foi um dos primeiros países a legalizar o aborto, em 1948. A prática se tornou o método anticoncepcional favorito das japonesas – em 1955 foram realizados 1 170 000 abortos contra 1 731 000 nascimentos. Hoje, o aborto é legal em caso de estupro, risco físico ou econômico à mulher, mas apenas até a 21ª semana – atual limite mínimo para o feto sobreviver fora do útero.
4. França
Desde 1975 as francesas podem fazer abortos até a 12ª semana de gravidez. Após esse período, a gestação só pode ser interrompida se dois médicos certificarem que a saúde da mulher está em perigo ou que o feto tem problema grave de saúde . Em 1988, a França foi o primeiro país a legalizar o uso da pílula do aborto RU-486, que pode ser utilizada até a 7ª semana de gestação.
5. Chile
Proíbe o aborto em qualquer circunstância. A prática é considerada ilegal mesmo nos casos que colocam em risco a vida da mulher. Em casos de gravidez ectópica – quando o embrião se aloja fora do útero, geralmente nas trompas – a lei exige que a gravidez se desenvolva até a ruptura da trompa, colocando em risco a saúde da mulher.

Para saber mais

O Futuro da Natureza Humana – Jürgen Habermas, Martins Fontes, 2004
Bioética – Marco Segre e Cláudio Cohen (org.), Edusp, 2002
Vida Ética – Peter Singer, Ediouro, 2002
Biologia do Desenvolvimento – Scott F. Gilbert, Sociedade Brasileira de Genética, 1994
Fonte: https://super.abril.com.br/ciencia/vida-o-primeiro-instante/

Por Eliza Muto e Leandro Narloch - 




MEU COMENTÁRIO: Na lei de Moisés conforme Êxodo 21:21,22, diz que se dois homens brigassem e na luta ferissem uma mulher grávida e ela abortasse, o que feriu pagaria uma multa ao marido da mulher. Se a mulher grávida morresse
Então a pena para o culpado seria a morte: olho por olho, dente por dente, vida por vida. Assim, a pena de morte seria no caso de morte da mulher e não do feto, cuja punição seria uma multa. Ou seja, por mais chocante que possa parecer, mas no único mandamento da Bíblia que fala sobre o aborto, descrito na lei mosaica, a vida do feto tinha menos valor que a da mulher.
Quem é contra o aborto, cita como referências que a vida começa no útero, os seguintes textos:
Jeremias 1:5; Salmo 119:16; Salmo 51:7; Eclesiastes 11:5. É bom lembrar que esses versículos falam da vida já no útero, mas não falam que dia/semana/mês de gestação ela começa e nem no caso de um embrião que ainda não se fixou no útero. São questões em aberto.
A igreja católica durante sua história já fixou o início da vida em três meses, 40 dias e por aí vai. Atualmente defende que começa na concepção. O bispo Edir Macedo da Igreja Universal, fez uma declaração polêmica ao dizer que em determinadas circunstâncias (não indiscriminadamente) era a favor do aborto e citou o texto bíblico de Mateus 26:24 para defender sua posição.
Particularmente sou contra o aborto, mas há casos muito difíceis de se analisar. Acredito que deve-se ter um cuidado pastoral de misericórdia com quem já praticou ou autorizou o mesmo. Porque há somente um pecado imperdoável que é contra o Espírito Santo, os demais havendo arrependimento e confissão podem ser perdoados (Salmo 103:3;9;10).

Assembleianos creem em predestinação?

A doutrina da Predestinação na Igreja Assembleia de Deus.  

Na Lição 6 da atual revista de adultos da Escola Dominical (CPAD), está sendo abordado um pertinente tema: A abrangência universal da salvação, com comentários do Pr. Claiton Pommerening. Em virtude de estarmos experimentando uma descoberta e um crescimento do interesse pela Teologia Arminiana Clássica em nossas igrejas pentecostais brasileiras, gostaria de trazer um esclarecimento sobre o tema PREDESTINAÇÃO, visto que o assunto foi citado de passagem no quadro “Interagindo com o Professor” (página 41 da Lição do Professor, CPAD) de modo não muito claro, deixando algumas brechas para mal-entendidos. Neste quadro da Lição está dito assim: “Não podemos concordar com a predestinação…”, e aí não se faz qualquer distinção teológica entre a predestinação defendida pelo Calvinismo e a predestinação defendida pelo Arminianismo clássico, que é a linha soteriológica seguida pelas Assembleias de Deus no Brasil.
Faltou a Lição definir que predestinação é essa com a qual não podemos concordar (embora leitores mais inteirados do assunto logo percebam a que predestinação se está referindo), e ao mesmo tempo apresentar aquela predestinação com a qual devemos concordar por ser bíblica. Pois, sim, a Bíblia fala de predestinação! Apenas não podemos concordar com a predestinação INCONDICIONAL (defendida pelo Calvinismo), mas podemos e devemos concordar com a predestinação CONDICIONAL (defendida pelo Arminianismo). Explico a seguir.
1 – PREDESTINAÇÃO INCONDICIONAL
Agostinho, bispo de Hipona (na África), foi quem introduziu de modo inédito na Igreja, entre os séculos IV e V, a teoria da predestinação incondicional, segundo a qual alguns homens já estão predestinados à vida eterna, antes mesmo de qualquer previsão de fé ou perseverança. Segundo aquele bispo, alguns pecadores receberão fé e perseverarão nela porque estão predestinados para isso. Deus predeterminou que eles tenham fé e perseverança. Daí vêm outros conceitos como o de graça irresistível – também introduzido de modo inédito por Agostinho – e perseverança dos santos (embora aqui, Agostinho mesmo defendia a possibilidade de alguns salvos virem a declinar da fé, não estando eles contados entre aqueles que Deus predestinou incondicional e irresistivelmente para o gozo eterno. Ou seja, para Agostinho, nem a todos os salvos Deus concede a graça da Perseverança, mas apenas aos eleitos).
O bispo de Hipona, que é um dos mais eminentes teólogos cristãos do Ocidente, foi um dos antigos Pais latinos da Igreja, de vasta cultura e conhecimento, mas que, todavia, não dominava o grego, língua do Novo Testamento (1). Ele, que em sua juventude seguiu os passos dos Pais que lhe antecederam, foi longe demais em sua obsessiva luta contra o monge bretão, Pelágio, que negava o pecado original e afirmava erradamente, dentre outras coisas, “que o homem poderia sim, cumprir a Lei de Deus por sua própria força e capacidade; mas ainda com maior facilidade por meio da graça de Cristo” (2). Agostinho, tentando superar Pelágio e demovê-lo de seu erro ao atribuir ao homem força inerente para cumprir a Lei de Deus, acabou caindo em outro extremo tão errado quanto o de Pelágio, senão pior! Campenhausen, um dos mais importantes historiadores do século passado, comenta: “Essa preocupação [de Agostinho] levou-o à afirmação da completa predestinação divina, em outras palavras, da previsibilidade de Deus que como tal deve ser ao mesmo tempo uma pré-determinação e uma pré-decisão” (3). Nessa sua luta contra Pelágio e em sua defesa da inédita teoria da predestinação incondicional e individual, Agostinho não tinha razão, mas tinha persuasão. Logo, tinha razão. Impunha sua própria razão pela força do discurso! Campenhausen é certeiro como uma flecha: “Embora essa atitude o tenha tornado teologicamente invencível, fez também com que, ao mesmo tempo, fosse levado para muito longe dos dados imediatos da Bíblia, e até mesmo dos ensinos de Paulo, o que prendeu-o a posições difíceis de defender. Na verdade, seus oponentes o haviam levado para mais longe ainda: todavia, em seu próprio modo de pensar, achava que não havia se colocado à frente deles ainda o suficiente, e isso pode explicar muitas das fraquezas e do rigor da sua posição a que finalmente chegou. Agostinho não desejava ser um inovador, porém, não havia até então encontrado um precursor nas reivindicações pelas quais lutava” (4).
O teólogo anglicanob John Kelly, ao tratar sobre aqueles que recebem a graça da salvação na perspectiva de Agostinho, comenta: “Agostinho crê que Deus fez isso desde a eternidade. O número dos eleitos”, segundo o bispo de Hipona, “está rigorosamente limitado, não sendo maior nem menor do que é necessário para substituir os anjos caídos. Desse modo, ele precisa distorcer [!] o texto que diz que ‘Deus deseja que todos os homens sejam salvos’ (1Tm 2.4), interpretando que Ele deseja a salvação de todos os eleitos, entre os quais estão representados homens de todas as raças e tipos” (5). É de Agostinho que vem a interpretação calvinista comum – embora não unânime (6) – de que Deus não quer exatamente que todos os homens sejam salvos, mas sim que todos os tipos de homens sejam salvos. Nas palavras do teólogo J. Kelly, isto é “distorcer o texto”. Mesmo o pregador calvinista Charles Spurgeon, estava de acordo de que esta interpretação calvinista de “tipos de homens” é uma “explosão gramatical”, como ele disse em seu sermão Salvation by knowing th truth(1880).
O teólogo alemão Gustav Wiggers, considerando o ineditismo da teoria da predestinação incondicional de Agostinho, chega a fazer a seguinte declaração: “Quanto à doutrina da Igreja, até onde ela foi defendida até agora pelos símbolos, Agostinho poderia muito mais que Pelágio, ser chamado de herege. A doutrina agostiniana em toda a sua extensão, pelo menos na sua teoria da predestinação [incondicional], nunca foi expressamente pronunciada ortodoxa, em qualquer sínodo, inclusive no efésio [Primeiro Concílio Efésio, ano 431]” (7).
De modo geral, o entendimento de Agostinho sobre predestinação é aceito pelos calvinistas, desde o próprio Calvino, que, dentre muitas citações que poderíamos fazer aqui, declarou as seguintes palavras: “Chamamos PREDESTINAÇÃO o eterno decreto de Deus pelo qual houve por bem DETERMINAR O QUE ACERCA DE CADA HOMEM QUIS QUE ACONTECESSE. Pois ele não quis criar a todos em igual condição; ao contrário, preordenou a uns a vida eterna; a outros, a condenação eterna. Portanto, como cada um FOI CRIADO PARA um ou outro desses dois destinos, assim dizemos que um foi predestinado ou para a vida, ou PARA A MORTE” (8). Aí está declarada a dupla predestinação de Calvino: os que foram predestinados para vida eterna e os que foram predestinados para morte eterna. E a prova de que Calvino crê que esta predestinação é incondicional – ou seja, independe de qualquer coisa que o homem pense, diga ou faça – está em sua declaração: “os réprobos SÃO SUSCITADOS PARA ESTE FIM, ou, seja, para que através deles a glória de Deus resplandeça. (…) Portanto, se não podemos assinalar outra razão por que Deus usa de misericórdia para com os seus, a não ser porque assim lhe apraz, tampouco disporemos de outra razão por que rejeita e exclui aos demais, senão pelo uso deste mesmo beneplácito” (9).
O teólogo calvinista R.C. Sproul, um dos maiores representantes do calvinismo em nosso tempo, assim resume a posição reformada calvinista sobre predestinação: “a visão reformada assevera que a decisão final para salvação está com Deus e não com o homem. Ensina que desde a eternidade Deus escolheu intervir nas vidas de algumas pessoas e trazê-las à fé salvadora, e escolheu não fazer isso para as outras pessoas. Desde toda a eternidade, sem nenhuma visão prévia de nosso comportamento humano, Deus escolheu alguns para a eleição e outros para a reprovação (…) Na visão reformada da predestinação, a escolha de Deus precede a escolha do homem”. (10)
Portanto, que fique claro: é com esta predestinação calvinista, que tem seu precedente teológico em Agostinho de Hipona, que não foi conhecido, defendido ou estabelecido em qualquer Sínodo ou Concílio da Igreja em seus primeiros séculos… é contra esta teoria de predestinação individual e incondicional que nós erguemos nossa voz de protesto e rejeitamos peremptoriamente! Cremos que a salvação é uma dádiva da graça, mas que deve ser recebida pela fé, sem a qual “é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6), e que somente perseverando nessa fé é que o salvo terá garantida para si a vida eterna, pois, como disse Jesus, “É perseverando que vocês obterão a vida” (Lc 21.19), e que sem santificação “ninguém verá a Deus” (Hb 12.14), sendo possível ao que foi santificado com o sangue da nova aliança, vir a pisar neste sangue e profaná-lo (Hb 10.29), e o justo pode vir a recuar da fé e não encontrar mais o prazer de Deus (Hb 10.38), e que Deus quer que todos sejam salvos (1Tm 2.4) e que nenhum se perca (2Pe 3.9) e que Ele não tem prazer na morte do ímpio, antes deseja que o ímpio se arrependa (Ez 18.23; 33.11), e que há sim uma condição a ser cumprida pelo homem para que ele possa ser contado entre os escolhidos de Deus para salvação (Jo 3.16; At 16.31). Por esta razão, não podemos concordar com a predestinação de Agostinho ou de Calvino.
2 – PREDESTINAÇÃO CONDICIONAL
Jacó Armínio, teólogo holandês do século XVI, em sua famosa Declaração de Sentimentos, depois de apresentar uma longa refutação à predestinação defendida pelos calvinistas, apresenta seus próprios apontamentos sobre a doutrina da predestinação, e o faz em acordo com os antigos Pais da Igreja, anteriores a Agostinho, tanto Pais latinos quanto Pais gregos. É conforme estes postulados de Jacó Armínio que nós cremos, porque acreditamos estarem não só em conformidade com o ensino geral dos antigos Pais, mas em subordinação a própria Bíblia sagrada, que é nossa regra de fé e prática.
Armínio, depois de dizer que Jesus Cristo estabelecido como Salvador, Mediador e Rei é o primeiro decreto de Deus concernente à nossa salvação, diz que “o segundo decreto preciso e absoluto de Deus é aquele em que Ele decretou receber aqueles que se arrependerem em Cristo, e, em Cristo, por causa dEle e por meio dEle, para efetivar a salvação de tais penitentes e crentes que perseverarem até o fim, mas deixar em pecado, e sob a ira, todas as pessoas impenitentes e incrédulas, condenando-as como alheios a Cristo” (11). Mais à frente, Armínio expõe que este decreto de salvação condicionado ao arrependimento, tem como embasamento a presciência de Deus, ou seja, Deus já previu na eternidade quem e quantos exatamente – sua onisciência é perfeita! – aceitariam a salvação pela fé e nela perseverariam até o fim, tanto quanto os que persistiriam na incredulidade: “Deus decretou salvar e condenar certas pessoas em particular. Este decreto tem o seu embasamento na presciência de Deus, pela qual Ele sabe, desde toda a eternidade, que tais indivíduos, por meio de sua graça preventiva, creriam, e por sua graça subsequente perseveraria (…) e, do mesmo modo, pela sua presciência, Ele conhecia aqueles que não creriam, nem perseverariam”(12).
Perceba que o ensino de Armínio difere do de Agostinho (que foi adotado por Calvino no século XVI): para Agostinho, a predestinação é incondicional – Deus predestina alguns apenas para serem salvos e a estes dá irresistivelmente a graça da salvação e, a eles somente, dá a dádiva da perseverança; para Armínio, a predestinação é condicional – Deus predestina o que crê para salvação e aos que perseverarem em fé nesta salvação recebida Ele dará necessariamente a vida eterna, como prometeu e decretou. Na verdade, Armínio apenas está resgatando o antigo ensino dos Pais da igreja, conforme os teólogos metodistas do século 19, James Strong e John McClintock, bem descreveram:
“A doutrina unânime e inquestionável da Igreja sobre este ponto [Predestinação] por mais de quatrocentos anos foi, até onde se desenvolveu em distinção, exatamente idêntica àquela que deve sua forma científica e nome a Armínio. (…) ‘Em relação à predestinação’, escreveu Wiggers [1840], ‘os Pais antes de Agostinho diferem inteiramente dele… Eles fundaram a predestinação sobre a presciência’ [de Deus] (…) Justino Martir, Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes, Crisóstomo – em declarações claras e decisivas – deram sua adesão à teoria da predestinação condicional, rejeitando o oposto como falsa, perigosa e totalmente subversiva da glória de Deus (…) durante mais de quatrocentos anos não se ouviu uma única voz, seja na Igreja Oriental ou Ocidental, na advocacia da predestinação divina incondicional” (13).
Como prova desta crença comum na predestinação condicional baseada na presciência de Deus entre os Pais da Igreja, vejamos como exemplo o que disse Irineu de Lião, ainda no segundo século:
“E Deus que conhece todas as coisas antecipadamente preparou para uns e outros morada conveniente: aos que procuram a luz da incorruptibilidade e tendem a ela, dá com bondade a luz que desejamaos que a desprezam e se afastam fugindo dela, que de certa maneira cegam-se a si mesmos, preparou obscuridade, como convém, e aos que se subtraem à submissão a Deus, castigo apropriado. A submissão à Deus é o descanso eterno e os que fogem da luz terão lugar digno da sua fuga e os que fogem do descanso eterno terão morada apropriada à sua fuga. Todos os bens se encontram em Deus e os que fogem de Deus por sua própria vontade privam-se de todos os bens e, privados de todos os bens que se encontram em Deus, justamente cairão sob o justo juízo de Deus” (14)
Apesar de Irineu, um dos Pais gregos, não usar neste trecho a expressão “predestinação condicional”, é justamente o conceito dela que subjaz em sua fala: Deus concedendo um futuro a um e a outro conforme a resposta do pecador à revelação divina.
Aos assembleianos é preciso ainda dizer que a própria Declaração de Fé das Assembleias de Deus rejeita a predestinação incondicional e reitera a crença na predestinação condicional, nos seguintes termos:
“O Soberano Deus não predestinou incondicionalmente pessoa alguma à condenação eterna, mas, sim, almeja que todos, arrependendo-se, convertam-se de seus maus caminhos (…). A predestinação genuinamente bíblica diz respeito apenas à salvação, sendo condicionada à fé em Cristo Jesus, estando relacionada à presciência de Deus. Portanto a predestinação dos salvos é precedida pelo conhecimento prévio de Deus daqueles que, diante do chamado do Evangelho, recebem Cristo como o seu Salvador pessoal e perseveram até o fim” (15).
Talvez a única distinção entre o posicionamento agora oficial assembleiano e o posicionamento do teólogo Jacó Armínio, com quais postulados a Assembleia de Deus está de acordo, é que enquanto o teólogo holandês não via dificuldade em admitir a predestinação para a condenação, mas condicionada à rejeição deliberada e persistente, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus parece evitar argumentar assim, preferindo defender apenas a predestinação para a vida eterna. Todavia, se atentarmos para as palavras de Jesus em João 3, não teremos dificuldade alguma em admitir que há predestinação para condenação, tanto quanto para salvação, mas sempre condicionalmente (que isso fique claro!): “(…) para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (…) Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus” (v. 18) – veja que os destinos tanto do que vier a crer, quanto do que não vier a crer já estão previamente estabelecidos: vida eterna para aquele, condenação para este. É o que Paulo diz em Romanos: “E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para destruição” (Rm 9.22).
O vaso da ira, suportado por Deus e preparado para destruição é aquele que “despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento” (Rm 2.4), e que “por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento” (Rm 2.5). Há uma condição para predestinação da salvação: CRER, consentindo em seu coração com a mensagem do Evangelho e o chamado da graça; como há uma condição para predestinação da condenação: NÃO CRER, resistindo aos apelos benevolentes e desprezando as oportunidades do Deus paciente. Armínio é contundente, e concordo com sua afirmação:“os homens iníquos que perseverarem em seus pecados necessariamente perecerão. Pois Deus, por meio de uma força irresistível, os lançará nas profundezas do inferno” (16).
Os que possuem uma Bíblia de Estudo Pentecostal poderão consultar as páginas 1808 e 1809 onde há um subsídio sobre ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO. Entre outras coisas, está dito lá que: “A predestinação abrange o que acontecerá ao povo de Deus (todos os crentes genuínos em Cristo)”; e ainda: “A predestinação, assim como a eleição, refere-se ao corpo coletivo de Cristo (i.e., a verdadeira igreja), e abrange indivíduos somente quando inclusos neste corpo mediante a fé viva em Jesus Cristo”. Aqui fica demonstrado o caráter coletivo da predestinação dos salvos: a Igreja predestinada. Entretanto, esta predestinação coletiva não exclui a predestinação individual, “quando inclusos neste corpo mediante a fé viva em Jesus”.
O teólogo Roger Olson, coloca como mito a afirmação de que “o Arminianismo não acredita na predestinação”. No capítulo 8 de seu livro Teologia Arminiana – mitos e realidades, Olson esclarece: “A Predestinação é um conceito bíblico; o Arminianismo clássico a interpreta de maneira diferente dos calvinistas, mas sem negá-la. É o decreto soberano de Deus em eleger os crentes em Jesus Cristo e inclui a presciência de Deus da fé destes crentes” (17).
Dois textos bíblicos são singulares na defesa da predestinação condicional e embasada na presciência divina. Nas palavras de Paulo: “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). Perceba: “aqueles que de antemão [Deus] conheceu, também os predestinou…”. Esse conhecimento prévio engloba o conhecimento da fé e da perseverança. Nas palavras de Pedro: “escolhidos de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue” (1Pe 1.2). Perceba: “escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus Pai…”, pré-conhecimento este que leva em conta a fé aceita e exercitada livremente pelo pecador, mediante ação da graça do Espírito de Deus. Se a fé prevista não é levada em conta para predestinação, então não é verdade que “Deus amou o mundo”, pois nesse caso, Deus teria amado apenas os predestinados. E também a verdade não seria que “todo aquele que nele crê tenha vida eterna”, mas que “apenas aquele que foi predestinado para vida eterna, creia nele”.
Portanto, que fique claro: nós cremos sim em predestinação. Mas a que é condicional à fé e que é estabelecida segundo a presciência de Deus das escolhas que fazemos em face da graça que Ele nos dirige. Não é o homem que tem a última palavra em sua eternidade – como nos acusam os calvinistas. É Deus quem já deu a primeira, e dará a mesma palavra como última aos homens: “vida eterna ao que creu! E morte eterna ao infiel!”. O homem só seria realmente dono de seu destino, se ele pudesse alterar os desígnios soberanos de Deus, e alcançar a vida eterna a despeito de sua permanência na incredulidade, ou se ele pudesse ser condenado ao inferno a despeito de sua permanência na fé. Como é impossível que Deus minta, e ele já estabeleceu o fim previamente para os que creem e para os que não creem, então, assim será: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado” (Jo 3.18). Agora, quem vai crer ou deixar de crer, cabe ao homem decidir (não sozinho, pois para isso terá o auxílio indispensável da graça de Deus), como coube ao jovem rico decidir seguir a Cristo ou continuar preso às riquezas (Mc 10.21.22), e como coube a Israel se deixar ser acolhido por Cristo ou fugir de suas “asas de salvação” (Mt 23.37). As mãos de Deus não estão encolhidas para salvação de ninguém! (Is 59.1). Todavia, a salvação é uma dádiva da graça que deve ser recebida livremente (e só é realmente livre, porque há a possibilidade de ser recusada), não uma ação da força onipotente de Deus, contra a qual o homem não possa resistir.
Assim creem os pentecostais clássicos, assim creram os wesleyanos, assim creram os Remonstrantes, assim creram muitos pós-reformadores, reformadores e pré-reformadores, assim creram os Pais da Igreja, assim ensinaram os apóstolos de Cristo e profetas do Senhor. Assim creio eu!
 (1) Hans von Campenhausen. Os Pais da Igreja, 3. ed., CPAD, p. 369
(2) Jacó Armínio. As Obras de Armínio, vol. 1, CPAD, p. 235.
(3) Hans von Campenhausen. Op. cit., p. 384
(4) Hans von Campenhausen. Op. cit.
(5) J. N. D. Kelly. Doutrinas centrais da fé cristã, Vida Nova, p. 279. Grifo meu
(6) Eu disse “não unânime” porque há muito calvinistas que defendem que Deus de fato e verdade quer a salvação de todos os homens, não apenas de todos os “tipos de homens”. São os chamados “calvinistas de quatro pontos”, que creem que a redenção de Cristo foi feita por todos os homens, que a expiação é irrestritamente oferecida a todos os homens, mas especialmente aplicada aos eleitos, os que foram predestinados para recebê-la. Nomes como R. T. Kendall, F.F. Bruce, Millard Erickson, Lewis S. Chafer, Augustus H. Strong, dentre outros calvinistas, defendem a expiação ilimitada. Há inclusive uma antiga e longa discussão se o próprio João Calvino não teria também defendido a expiação ilimitada (ele diz: “É a vontade de Deus que busquemos a salvação de todos os homens, sem exceção, porque Cristo sofreu pelos pecados do mundo inteiro” – Gálatas, FIEL, p. 145). De minha parte, julgo por demais confuso que tais calvinistas creiam no modus operandi da graça como sendo irresistível (um dos pilares da TULIP calvinista, os cinco pontos essenciais de sua soteriologia) e ainda assim defendam uma expiação ilimitada, ou uma oferta generosa e sincera de salvação a todos os pecadores sem exceção. Pois bastaria questionarmos: se Deus realmente quer com sinceridade salvar a todos os pecadores, e se Cristo de fato morreu por todos eles, sendo a sua graça irresistível, como isso não desembocaria necessariamente na salvação de todos os pecadores? A combinação entre graça irresistível e expiação ilimitada é justamente o que defendem os universalistas, para os quais, todos os homens serão salvos irresistivelmente no final!

(7) Gustav Wiggers, An historical presentation of Augustine and Pelagianism, cap. 23.
(8) João Calvino. Institutas da Religião Cristã, vol. 3, cap. 21, seção 5. Os destaques são meus.
(9) João Calvino. Op. cit., seção 11
(10) R.C. Sproul. Eleitos de Deus, 2. ed., Cultura Cristã, p. 101
(11) Jacó Armínio. Op. cit., pp. 226,7
(12) Jacó Armínio. Op. cit., p. 227
(13) James Strong & John McClintock. The Cyclopedia of Biblical, Theological, and Ecclesiastical Literature, Haper and Brothers, NY: 1880. Verbete PREDESTINATION
(14) Irineu de Lião. Contra as heresias, Paulus, p. 510
(15) Declaração de Fé das Assembleias de Deus, CPAD, p. 110
(16) Jacó Armínio. Op. cit., p. 266
(17) Roger Olson. Teologia Arminiana – mitos e realidades, Reflexão, p. 233
Fonte: Tiago Rosas. https://artigos.gospelprime.com.br/


ITTER


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

URGENTE: Pastor Samuel Câmara protocola pedido de desligamento da CGADB Com o apoio de vários convenções de todo o país, Samuel Câmara caminha para fundar a C.A.D.B – Convenção da Assembleia de Deus do Brasil


Conforme adiantado com exclusividade pelo JM Notícia – O presidente da Assembleia de Deus em Belém do Pará, pastor Samuel Câmara, protocolou nesta segunda-feira, 06, de Novembro de 2017, na sede da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB), no Rio de Janeiro, o seu pedido de desligamento da instituição, após 33 anos de filiação. Na CGADB, ele exerceu diversos cargos na Mesa Diretora, entre eles, o de 1º vice-presidente.
De acordo com o documento, Samuel Câmara deixa claro que o  desligamento se restringe somente ao vínculo com a CGADB e não com o pastorado ou história da Assembleia de Deus onde é o Pastor da Igreja Mãe. O documento foi redigido e assinado no  dia da Reforma, 31 de Outubro, que coincide com o Aniversário do próprio Pastor Samuel.
NOVA CONVENÇÃO
Com o apoio de vários convenções de todo o país, Samuel Câmara caminha para fundar a C.A.D.B – Convenção da Assembleia de Deus do Brasil: “É em um novo movimento que vem trazer avanços, dinamismo e resgate Histórico da Assembleia de Deus.[…] Nasce Frutífero e abençoado com inúmeros pastores, ministérios e convenções que se unem para fazer um Assembleia de Deus mais forte”, cita o Samuel do pastor Samuel Câmara.
Fonte: http://www.jmnoticia.com.br/
Meu Comentário: No fim de semana, vi nas redes sociais já os boatos sobre essa notícia que agora se confirma - Pr. Samuel Câmera está fora da CGADB e vai criar uma nova convenção nacional assembleiana, sendo essa a terceira. A primeira vez que surgiu o boato foi logo depois da eleição da Mesa Diretora em 2009, quando o Pr. Silas Malafaia foi eleito 1º Vice-Presidente, apesar do mesmo ter sido candidato na chapa no Pr. Samuel Câmera. 
O que houve em 2010, foi o desligamento do Pr. Silas Malafaia e do ministério da igreja que ele preside a AEVEC, passando a mesma a ser uma igreja sem vínculos com nenhuma das duas grandes convenções nacionais - CGADB e CONAMAD. Agora se Malafaia irá embarcar junto nessa terceira convenção que vem com o nome de C.A.D.B. é a a incógnita. 
Como membro da Assembleia de Deus há quase 36 anos eu fico triste com notícias como estas porque sei que por trás de toda essa briga eclesiástica gira em torno de poder e outras coisas. O Evangelho de Jesus no entanto está longe desse negócio.