sexta-feira, 10 de outubro de 2014

MEU TESTEMUNHO - PARTE 04 - A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA PASTORAL

Em janeiro de 2002, depois de ter sido líder de jovens, professor de escola dominical, palestrante de missões, escatologia e heresiologia, fui pastorear minha primeira igreja. Fui o primeiro pastor daquela igreja, que naquele mês foi oficializada como congregação ligada a igreja sede. Antes, havia sido uma sub-congregação, onde chegou a funcionar uma reunião semanal de oração. 

Quando assumi a igreja, ela estava fechada, as tentativas anteriores de abrir ali uma igreja, haviam sido até então, todas frustradas. No primeiro culto que dirigi, não sabia quantas pessoas iriam aparecer. No final do culto, havia 16 pessoas. Marquei a reunião de escola dominical e na primeira reunião, eu fui o superintendente e o professor de adultos e a minha esposa deu aula para as crianças. Os cultos eram em salão de um irmão da igreja. 

Com vinte anos de convertido, aquela estava sendo uma experiência única e singular na minha vida. Marcamos uma campanha de oração, todos os dias, e era interessante, porque todos os irmãos vinham orar. Com dois meses como pastor, realizei na rua, em frente a igreja, uma cruzada evangelística. O local era conhecido como um bairro onde as igrejas não prosperavam muito. O bairro era perto do rio da cidade, com histórico de cultos afros, e ponto de drogas. Me aconselharam a não realizar o evento, mas eu insisti, por ousadia e fé e também por teimosia de principiante. No final da cruzada de duas noites, 11 pessoas se decidiram por Cristo e não houve nenhum incidente contra o evento. 

Decidi que não iria ficar atrás de crentes, pescando em aquário. Comecei a visitar as casas dos vizinhos, e pouco a pouco, a igreja começou a crescer naquele local pobre da cidade. No mês de setembro daquele ano, recebemos um terrível golpe. 

Minha esposa, passou por uma cirurgia, para retirada de um dos ovários, e o exame acusou um tumor maligno. A solução segundo os médicos, genicologista e oncologista era a chamada cirurgia radical (retirada do outro ovário, útero, trompas). Ela estava fazendo tratamento para engravidar. Foi um choque desesperador. Ela estava com 30 anos e eu com 34, e nós estávamos vendo o sonho de ter um filho se esvair.

Fomos a um médico evangélico, ele chorou e disse que como médico concordava com a solução apresentada pelos outros colegas. Fomos para a oração e clamamos a misericórdia de Deus. Como sempre trabalhei secularmente, e certo dia em meu trabalho, no banheiro da empresa eu clamei a Deus e disse: “Senhor, não por barganhas, que eu não creio nisso, mas pela tua graça e misericórdia, eu te peço, faz um milagre!”. 

Cerca de um mês depois, com a cirurgia marcada para o mês de dezembro, o médico dela me ligou e disse que havia acontecido uma reversão do quadro, pois mais 4 patologistas havia refeito o exame, e ela não precisava mais fazer a cirurgia, o tumor havia sido reavaliado como benigno. 
Graças a Deus, o milagre havia acontecido! 

Animado, preguei com renovadas forças, vi crises familiares de pessoas da igreja serem resolvidas, curas no corpo e na alma serem realizadas. Compramos um terreno e quando já planejava a construção do templo, fui chamado para ser pastor em outra igreja. Havia ficado ali, apenas um ano, mas as experiências foram muitas. Depois eu continuo. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Subsídio para EBD - A firmeza do caráter moral e espiritual de Daniel


"Então, Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?" (Dn 5.13).

Quem foi Daniel? No que sua vida e conduta são relevante como exemplo para a geração de líderes atual? São algumas questões que tentaremos responder neste breve artigo.
Daniel (Deus é meu juiz) foi descendente da alta nobreza judaica (Dn 1.3; Josefo, Anti. 10.10,1). Foi levado cativo para a Babilônia por Nabucodonosor em 605 a.C. juntamente com outros jovens judeus com as mesmas qualidades.
O Livro de Daniel nos revela que apesar das condições adversas, este grande servo de Deus conseguiu manter um padrão de conduta moral e de vida espiritual, que nos serve de exemplo para uma conduta cristã em meio a moderna Babilônia, caracterizada pela pluralidade religiosa, pelo relativismo moral, e por um academicismo frívolo e conivente com estas questões.
A Infância de Daniel: Tempo de Lançar as Bases

Não temos detalhes sobre a infância de Daniel. Há fortes evidências de que ela foi vivida em Jerusalém. Alguns historiadores afirmam que por volta dos doze e dezesseis anos de idade, Daniel já se encontrava na Babilônia. Apesar da falta de informações sobre a infância de Daniel, podemos deduzir algumas coisas.
A Educação de Daniel

Daniel, assim como toda criança judaica, teve como referencial teórico educacional o Livro da Lei (Dt 6.1-9). As realizações, os mandamentos e as promessas de Deus para o seu povo foram por ele conhecidas e apropriadas. Sua base educacional foi a família. Não havia escolas judaicas formais no tempo de Daniel. A educação se voltava para os aspectos práticos da vida, levando em consideração a moral, a vida espiritual, a cultura e outros aspectos sociais.
Nestes termos, a condição econômica e social da criança pouco importava. Nobre ou não, todos deveriam ser educados por seus pais com o mesmo amor, observando-se os mesmos princípios e fundamentos.
Como estamos cuidando da educação de nossos filhos? Como pais ou responsáveis, estamos fazendo a nossa parte, promovendo sólidos fundamentos morais e espirituais em nossos lares a partir do culto domésticos, da leitura e do estudo da Palavra, ou como muitos, já terceirizamos para a escola e para a igreja estas responsabilidades?
As Convicções de Daniel

Acredito que Daniel não apenas aprendeu com o que ouviu de seus pais, mas, acima de tudo, pelo exemplo dos mesmos. Onde não existe o exemplo, as palavras perdem a força. Algumas questões precisam ser consideradas, e se encontram nas entrelinhas da narrativa histórica.
Imagine um jovem crente em plena adolescência, que aprendeu que o seu Deus era o criador e sustentador de todas as coisas, e que elegeu soberanamente sua nação como propriedade peculiar, vendo o templo de adoração a este Deus sendo destruído, a cidade de Jerusalém assolada, e as propriedades de sua família confiscadas. Uma verdadeira tragédia e calamidade que podem abalar as estruturas de qualquer indivíduo, removendo-o em pouco tempo de sua fé para um estado de revolta e incredulidade.
Mas isso não aconteceu com Daniel. As calamidades não se tornaram maior do que as suas convicções. Daniel não conhecia apenas parte da Lei do Senhor, dos Escritos e dos Profetas, ele sabia que a mesma Escritura que prometia bênçãos para a nação por sua obediência, alertava para as maldições face a desobediência e rebeldia do povo (Dt 28; 2 Cr 7.11-22; Jr 25.1-14). Conhecia também as promessas de restauração, quando arrependido este povo se voltasse para o Senhor (Jr 29.10-14; Dn 9.1-3); Dessa forma, submeteu-se a vontade de Deus sem reclamar, sem maldizer, sem blasfemar.
Daniel foi levado prisioneiro para Babilônia deixando para trás a sua terra, mas levando adiante a sua fé em Deus. As lembranças dos tristes acontecimentos não lhe ofuscaram a visão de uma gloriosa restauração.
A Juventude de Daniel: Tempo de Consolidar as Convicções

O Livro de Daniel, em seus primeiros capítulos, registra os desafios na vida de um jovem distante de sua terra, num ambiente hostil, permissivo e violento, em situações concretas de riscos e enfrentamentos.
"Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus. Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei. Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias." (Dn 1.3-6).
Com o propósito de buscar assistentes para as diversas atividades em seu palácio, o rei promoveu um rígido processo seletivo, onde juntamente com outros jovens, Daniel foi escolhido. Estou pesquisando e buscando informações sobre a formação "em ciência", e sobre os "conhecimentos" em que Daniel era versado, visto que Israel, na época, não tinha tradição acadêmica. Como já mencionei na primeira parte deste artigo, a educação entre os judeus era ministrada para a vida prática. Não havia um conjunto de saberes científicos sistematizados, apropriados para a formação intelectual do jovem hebreu.
O fato é que um dos primeiros grandes desafios do jovem Daniel na Babilônia foi participar de um curso onde o aprendizado da cultura e da língua dos caldeus faziam parte do currículo. Literatura, astrologia, astronomia, noções de magia e adivinhação, agricultura, arquitetura, leis, matemática e língua acádica, seriam algumas das disciplinas. Os estudos científicos mesclavam-se com magia e adivinhação.
O quadro é muito parecido com o que enfrenta os nossos jovens cristãos nas universidades e faculdades norteadas pelas ideias pós-modernas, onde nestes espaços a ciência e as experiências místicas se fundem, o espírito de "tolerância" e "pluralismo religioso" dá o tom, a vida moral é relativizada e onde a felicidade é confundida e reduzida ao mero prazer.
Percebo que o grande problema da atualidade é que muitos dos nossos jovens, diferentes de Daniel, não estão preparados para lidar com este ambiente hostil. A negligência com os estudos bíblicos informais e formais (cultos de doutrinas, escola dominical, seminários, conferências, congressos etc.) contribui para isso. Mas a culpa não está apenas nos jovens. O descaso das famílias cristãs na formação moral e espiritual dos filhos, a falta de qualidade dos estudos bíblicos informais e formais, associado à dificuldade de uma leitura clara da realidade, da contextualização e aplicação dos princípios cristãos por parte da liderança, acaba agravando o quadro. O envolvimento cada vez maior dos pais e dos pastores com as coisas da igreja, em detrimento das pessoas, deixa os jovens expostos aos ataques, e o pior, sem terem em quem buscar ajuda e orientação.
O texto de Dn 1.8 nos diz que "Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se". Isto é muito bonito de ser lido e pregado, mas, esta firme decisão de Daniel não é fruto do acaso. Há uma história, há investimentos eternos, há experiências envolvidas que pesam e consolidam as convicções do jovem Daniel.
A Prosperidade do Jovem Daniel

A prosperidade de Daniel, resultado de sua aplicação aos estudos e da bênção de Deus sobre a sua vida (Dn 1.9, 17-21), não mudou o seu caráter. Há ainda muitos jovens que querem a bênção de Deus, a prosperidade nos estudos e nas realizações, mas não querem se aplicar, não investem em sua formação e carreira. Apesar das dificuldades que ainda vivenciou (Dn 2.1-13), Daniel via em cada situação a oportunidade de glorificar ao seu Deus, o que naturalmente fazia com que continuasse crescendo e prosperando em terras estranhas (Dn 2.46-48), além de ser canal de bênção para o crescimento e a prosperidade de seus amigos, que também se encontravam devidamente qualificados para os cargos e funções que ocupariam (Dn 2.49). Atualmente existem milhares de vagas de emprego, que não são preenchidas por falta de mão-de-obra qualificada.
Muitos jovens se esquecem de Deus quando alcançam o "sucesso" acadêmico e profissional. Cuidado! Não se embriague, não se entorpeça, não se iluda com as ofertas, com os prazeres e com o sistema babilônico moderno. Continue temente a Deus. Consagre e mantenha dedicado a Ele todo o teu ser, todo o teu saber, todo o teu fazer.
A Maturidade e a Velhice de Daniel: Tempo de Vigiar e de Continuar Crescendo

Na vida moral e espiritual não basta começar bem, é preciso terminar bem. Na medida em que o tempo passava, o agora maduro e velho Daniel crescia em intimidade e experiências com Deus. Muitos, a partir dos 40 anos, e proporcionalmente no avançar destes anos, dão uma certa "acomodada" e descuidam-se um pouco da moralidade e da espiritualidade. Muitos homens e mulheres de Deus, nesta fase da vida, caem e fracassam, causando grandes prejuízos para si mesmos e para o Reino de Deus.
O Desejo pelo Poder

Vários pesquisadores e escritores já afirmaram que nesta fase da vida surge certo desejo e busca desenfreada pelo "poder". Não foi o caso do maduro Daniel, cujo poder foi uma consequência natural do patrimônio sapiencial, moral e espiritual que construiu ao longo dos anos, e acima de tudo, dentro da vontade de Deus (Dn 5.29; Dn 6.28).
Nesta fome e sede de poder, características nesta fase da vida, o patrimônio sapiencial, moral e espiritual desaba, na medida em que o indivíduo, a todo o custo, tenta usurpar cargos, conquistar espaços e dominar sobre pessoas, negociando a própria alma com Satanás, quebrando todos os princípios éticos e morais, e passando por cima de todos que atravessam o seu caminho.
O desejo de ir além das possibilidades, da legalidade e da legitimidade no exercício do poder, o orgulho e a arrogância, derrubou Lúcifer e continuará derrubando todos os que pensam e agem desta forma (Is 14.12-15; Ez 28.11-19).
Frutos, Visões e Sonhos Proféticos

Os capítulos 5 a12, fazem parte de um período que se inicia em aproximadamente 538 a.C, ou seja, quando Daniel já beirava os 70 anos de idade. Nesta época, encontramos o velho Daniel em plena atividade, atuando e prosperando nos negócios do reino (Dn 5.29; 6.1-3, 28), e melhor, mantendo uma vida de regularidade nas orações (Dn 6.10) e na leitura das sagradas escrituras (Dn 9.1-3).
O resultado desta vida devocional exemplar, foi que as visões, as revelações e a unção profética lhe acompanharam até ao final de seus dias (Dn 5.18-28; Dn 7.1ss; 8.1ss; 9.20ss; 10.1ss; 12.13).
Cumpre-se em Daniel o que diz a Bíblia:
"O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano. Plantados na Casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça." (Sl 92.12-15)
Como crentes e líderes, assim como Daniel, mantenhamos o padrão, o equilíbrio e o crescimento em todo o tempo, e em todas as áreas de nossas vidas, para o louvor e a glória do nome do Senhor!
* Fonte: O texto publicado na obra "Uma Igreja com Saúde", sob o título "O Profeta Daniel: Crescimento em tempos de crise, de autoria do Pr. Altair Germano, via blog: www.altairgermano.net/