terça-feira, 24 de setembro de 2013

Subsídio para EBD - O Sacrifício que agrada a Deus



Paulo aprendeu a se contentar com o que tinha em todas as circunstâncias, tendo em vista que a fonte da sua alegria era Cristo, não as condições materiais, nem mesmo a oferta dos filipenses.

O RECEBIMENTO DA OFERTA POR PAULO
Paulo recebeu a oferta dos crentes filipenses com gratidão, não com um espírito de ganância, como muitos líderes evangélicos contemporâneos. Como ele mesmo expressou em Fp. 4.17, seu foco não estava nos presentes. Ele havia aprendido o segredo do contentamento, esse mistério que se encontra em Cristo, a fonte da verdadeira alegria. Essa é uma demonstração de maturidade, nem todos a alcançaram. Há obreiros totalmente dependentes das circunstâncias, que se distraem com qualquer tribulação. Esses certamente passarão por muitas provas, até que sejam capazes de tirar as lições dadas por Deus através do Apóstolo. A escola de Deus é o inverso da humana, primeiro passamos pela prova, depois extraímos a lição. Somente aqueles que passam por esse aprendizado podem dizer como Paulo: “tudo posso em Cristo que me fortalece” (Fp. 4.13). Quando o cristão chega a esse nível de maturidade, então é capaz de depender de Deus, e colocar nEle sua confiança. Tal como o salmista, poderá afirmar: o Senhor é o meu pastor e de nada tenho falta (Sl. 23.1). Essa é a tradução aproximada do texto no hebraico, o Senhor, de fato, é nosso Pastor, mesmo que falte alguma coisa, Ele é nossa suficiência. Para o obreiro que confia em Deus, as ofertas que chegam às suas mãos são sacrifícios, agradáveis a Deus. Primeiramente porque sabe que se trata de uma provisão de Deus, a expressão de renúncia dos irmãos. Além disso, é uma demonstração de generosidade, atitude pouco comum, em virtude da natureza egocêntrica do ser humano. Paulo diz aos crentes filipenses, e por extensão, a nós, que Deus supre as necessidades daqueles que contribuem para a obra do Senhor. De vez em quando alguém quer se apropriar indevidamente de Fp. 4.19, requerendo o suprimento das necessidades, sem predisposição para o sacrifício da oferta. O agricultor investe alguns grãos na terra, a fim de, no futuro, possa colher o seus frutos, assim acontece com aqueles que contribuem para o crescimento do Reino de Deus (II Co. 9.6). Em uma sociedade que endeusou Mamom, curvando diante do Mercado, é um sacrifício ofertar, mas essa é uma demonstração de submissão ao senhorio de Cristo (Mt. 6.24).

COMO SACRIFÍCIO AGRADÁVEL A DEUS
Deus ama aqueles que entregam suas ofertas com alegria, não porque são coagidos a fazê-lo, mas com generosidade (II Co. 9. 7). Paulo reconheceu que a atitude dos crentes filipenses era um exercício de sacrifício. Esse é um sentimento que precisa ser cultivado pelos obreiros do Senhor. Nem todos atentam para o fato de que muitos abrem mão do pouco que ganham para investir no Reino. Em uma sociedade de consumo, na qual todo dinheiro é pouco, somente os que são fiéis a Deus podem ser generosos. Os obreiros, ao invés de coagir os crentes à doação, devem orientá-los, ao desprendimento. Ao mesmo tempo, serem compreensíveis, e motivando aqueles que têm dificuldade para tal. Eles precisam ser ensinados que na medida em que doam ao outro, menos colocam o foco em neles mesmos. É o que faz Paulo em Fp. 4.17, inicialmente revela que seu propósito maior não é a dádiva, mas o aumento da conta espiritual dos crentes. O Apóstolo faz uso de uma metáfora contábil, o verbo grego pleonazein, traduzido por “que aumente”, mostra que os crentes têm um banco espiritual no qual precisam investir. Jesus também ensinou Seus discípulos a depositarem não apenas o dinheiro, mas a fé, na eternidade (Mt. 6.19,20). A oferta é um ato espiritual que tem uma dimensão escatológica. Aqueles que o fazem com alegria estão mostrando, não apenas a Deus, mas a eles mesmos, que miram em riquezas eternas. Os líderes da teologia da ganância têm explorado essas passagens bíblicas para explorarem seus adeptos. A teologia da barganha tem campeado nos arraias pseudopentecostais. Os cristãos evangélicos precisam ter cuidado com esses lobos devoradores (II Co. 12.14-18). Por outro lado, não podem deixar de reconhecer que aqueles que ofertam ao Senhor, exercitam a generosidade, se o fizerem com alegria. Dízimos e ofertas devem ser entregues à igreja, mas isso não exime o crente de atentar para os necessitados. Lembremos, pois, da orientação do sábio: “quem se compadece do pobre ao Senhor empresta” (Pv. 19.17), e que “mais bem-aventurado é dar do que receber” (At. 20.35).

TUDO PARA A GLÓRIA DO DEUS
A igreja de filipos supriu as necessidades de Paulo, não os desejos, que são coisas totalmente diferentes. Há muitos líderes, e também liderados da igreja, que querem ter todas as suas vontades satisfeitas. Mas Jesus nos ensinou a orar pedindo “o pão nosso de cada dia”, não tudo o que desejamos (Mt. 6.11). Estar atento às necessidades, e diferenciá-las dos desejos, é uma forma de dar glória a Deus. Na verdade, tudo que nos acontece, deve ser motivo de glorificar o Deus de providência. Por isso Paulo conclui sua Epístola com uma doxologia, um louvor ao Senhor que a tudo providencia. Lutero dizia que muitas pessoas chegam diante de Deus somente com os cestos vazios. Tal como os nove leprosos curados por Jesus, não retornam para agradecer (Lc. 19.11-19). Em consideração à generosidade dos filipenses, Paulo impetra sobre eles as bênçãos divinas. Ele invoca a graça do Senhor Jesus Cristo, para que essa esteja com eles (Fp. 4.23). Isso porque o tratamento de Paulo para com os filipenses está baseado na graça, o favor imerecido de Deus. Diferentemente dos líderes religiosos que tentavam se infiltrar naquela igreja, ele tinha amor pelo rebanho de Deus, e não fazia imposições legalistas. Ele saúda “a todos os santos em Cristo Jesus”, esse é o fundamento da comunhão cristã, sem ela imitamos o mundo, em suas hierarquias e relações de negociação. Os santos que estavam com Paulo também enviaram saudações aos filipenses, principalmente os que estavam “na casa de Cesar” (Fp. 4.22). O evangelho de Jesus Cristo estava sendo disseminando até mesmo no seio do império romano. Esse era um espaço inóspito, repleto de traições, opressão e violência. Mas o senhorio de Cristo estava tomando lugar entre os súditos do imperador, vidas estavam sendo transformadas naquele antro de dissolução. O lugar dos cristãos não é escondido em guetos, ou em clausuras, mas no mundo, para nele serem sal e luz (Mt. 5.13-15). Paulo compreendeu que sua prisão em Roma era uma oportunidade, não uma adversidade, para que o evangelho se espalhasse a partir daquele grande centro.

CONCLUSÃO
Como Paulo, devemos, no mundo, agir como súditos do Reino de Cristo, certos de que somos embaixadores de uma pátria celestial. Essa não é uma tarefa fácil, na verdade, é desafiador proclamar uma mensagem que é considerada ultrapassada pela sociedade moderna. Mas devemos, com amor, investir esforços e recursos, para a expansão da mensagem de Cristo até aos confins da terra (At. 1.8). Para tanto é preciso demonstrar generosidade, na contribuição para com aqueles que estão além-fronteiras, trabalhando na seara de Cristo, esses devem ser objeto da nossa consideração, e não poucas vezes, sacrifício, inclusive financeiro.

BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. Filipenses. São Paulo: Hagnos, 2007.
WIERSBE, W. W. Philippians: be joyfull. Colorado: David Cook, 2008. 

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com/




segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A força das pastoras - Revista destaca ministério feminino

As mulheres ganham espaço nos altares evangélicos do Brasil, conquistando cada vez mais fiéis para essas denominações. Em algumas igrejas, quase metade do corpo pastoral é feminino

por Rodrigo Cardoso, na IstoÉ
O papa Francisco voltou a surpreender o mundo na quinta-feira 19, quando, durante longa entrevista, de 29 páginas, publicada no jornal jesuíta italiano “La Civiltà Cattolica”, não se furtou a falar sobre assuntos indigestos para a Igreja Católica, como aborto, gays e o papel das mulheres. “É necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja. O gênio feminino é necessário nos locais onde se tomam decisões importantes”, afirmou, num discurso que, à primeira vista, pode soar progressista, mas continua tão engessado quanto as colunas da Praça de São Pedro. Em seu comentário, o pontífice enaltece o gênero, mas o coloca como apêndice dos homens na estrutura da Santa Madre Igreja. Ou seja, nada mudou desde sua visita ao Rio de Janeiro, para a Jornada Mundial da Juventude, há dois meses, quando, na volta para o Vaticano, foi questionado por um jornalista durante o voo, sobre o direito das religiosas. Francisco, assim como fizeram seus antecessores, deixou claro que as mulheres são semelhantes aos homens – mas não iguais; são importantes para o crescimento do catolicismo – mas jamais irão atingir o status de sacerdotes. “Sobre a ordenação das mulheres, a Igreja falou e disse: não! Esta porta está fechada”, sentenciou. Enquanto a Igreja Católica segue acorrentada a essa tradição milenar, o grupo dos evangélicos, aquele que mais cresce e faz frente aos católicos no País, anda em sintonia com as mudanças em relação ao lugar das mulheres na sociedade. Transformações essas que vêm fazendo com que elas ocupem cada vez mais postos de liderança e atraiam milhares de fiéis para os templos cristãos.
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O mais novo e fulgurante exemplo de liderança feminina religiosa é Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A jovem acaba de superar a marca de um milhão de cópias vendidas de seu livro “Casamento Blindado” e faz sucesso na tevê à frente do programa “Escola do Amor”, na Record, que apresenta junto com o marido, Renato. “Entendemos que a liderança da mulher é uma necessidade da igreja e vai muito além do título ou cargo que ela exerce”, afirma Cristiane. “Temos pastoras consagradas no Brasil e ao redor do mundo.” Quem abriu caminho para Cristiane e tantas outras foi Sônia Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo. Apesar de Estevam Hernandes, seu marido, ter o título de apóstolo, é atribuído à bispa Sônia o papel de protagonista. É ela quem arrebata multidões na Marcha para Jesus e reúne milhares de evangélicos nas ruas de São Paulo todos os anos. “Sem o viés feminino que Sônia trouxe à igreja, por certo a denominação não teria tido tanto avanço como houve no Brasil, sobretudo em São Paulo”, afirma Rogério Rodrigues da Silva, pesquisador da Universidade de Brasília.
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LIDERANÇA
Apresentadora da Rede Record, Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo,
da Universal do Reino de Deus, vendeu mais de um milhão de exemplares de seu último livro
Para a professora Sandra Duarte de Souza, de ciências sociais e religião da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), em muitas instituições religiosas as mulheres conseguem criar uma empatia muito mais sólida com a comunidade do que os homens. Na Igreja Batista da Lagoinha, fundada em Belo Horizonte (MG), 44,6% do corpo pastoral é do sexo feminino – a cultuada cantora gospel Ana Paula Valadão é uma delas. Entre os metodistas, as mulheres representam aproximadamente 30% dos pastores – a mesma porcentagem é verificada entre os presbíteros da Igreja Anglicana. Até mesmo uma das mais conservadoras denominações pentecostais brasileiras, a Assembleia de Deus, tem aberto caminhos para as fiéis ocuparem altos postos na sua hierarquia. No mês passado, a denominação permitiu pela primeira vez em sua história que mulheres assumissem o cargo de evangelistas. Para essa posição, que permite, por exemplo, que a eleita dirija um templo, duas jovens foram consagradas no ministério do Brás, em São Paulo. “Já não dá mais para negar a importância da mulher dentro das nossas igrejas”, diz Samuel Ferreira, pastor da Assembleia. “Eu não tenho o direito de negar a elas a prerrogativa de exercerem essa liderança.” Especialistas no tema ouvidos por ISTOÉ têm notado um aumento no número de ordenações de mulheres, principalmente daquelas que estudam para atingir um alto posto na instituição. Ainda é bem maior o contingente de religiosas escaladas para tarefas como limpar e ornamentar a igreja, cozinhar e assessorar pastores em visitas externas. Mas vê-las pregando em púlpitos, batizando, realizando casamentos e celebrando a ceia são cenas vistas já com normalidade e frequência em muitos templos.
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PROTAGONISTA
O carisma, na Renascer em Cristo, está em poder
da bispa Sônia Hernandes: referência para as fiéis
Aos 48 anos, a gaúcha Margarida Ribeiro é reverenda da Igreja Metodista, que possui uma bispa entre as oito pessoas que ocupam esse posto no Brasil. Para tanto, ela encarou seis anos de preparação por meio de estudos teológicos e experiências em comunidades. Hoje, em 27 anos de pastorado, já foi titular em 20 igrejas. Mas o início não foi fácil. Quando pisava em alguma comunidade para pregar a palavra, Margarida ouvia o seguinte questionamento: “Você quem vai fazer o culto? Onde está o seu pai ou marido?” Hoje, no entanto, conta com orgulho que, ao ser convidada a dirigir cultos em igrejas pentecostais que possuem dois púlpitos, é frequentemente instada a pregar no principal, local costumeiramente ocupado por um homem. A reverenda, hoje, cuida da criação da primeira comunidade em Santa Isabel, interior de São Paulo. No Rio Grande do Sul, já esteve à frente de templos em zonas rurais, atuou na pastoral do agricultor, desenvolveu atividades sociais, ecumênicas e com mulheres, além de ter supervisionado trabalhos de outros pastores.
“Uma liderança feminina dá credibilidade à igreja evangélica.
Mulher não é vista como exploradora da fé” 

Bispo Hermes C. Fernandes, da Igreja Reina
Para Margarida e outras lideranças femininas de origem protestante histórica, a ascensão dentro da hierarquia está muito atrelada à formação teológica, o que facilita o acesso delas a posições de destaque. É o que aponta a professora Sandra, da Umesp. No universo pentecostal e neopentecostal, no entanto, fazer parte do corpo sacerdotal depende em muitos casos do apadrinhamento de personalidades da instituição. Recentemente, só para citar um exemplo, um ministério da Assembleia de Deus consagrou compulsoriamente todas as mulheres de pastores presidentes no Brasil. “Ordenar ou não mulheres não classifica uma igreja como mais ou menos patriarcal. Ter mais mulheres na hierarquia pode significar apenas um dado”, alerta a professora Sandra.
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BELAS DA FÉ
Em Vila Velha, no Espírito Santo, três amigas fundaram e administram
uma igreja desde 2011: únicas pastoras de um templo
Sarah Sheeva é alvo de preconceito até hoje simplesmente por ser uma mulher que constrói sua trajetória no meio evangélico sem ser referendada por alguém do sexo masculino. Filha de Baby Consuelo e ex-membro da Igreja Celular Internacional, ela se tornou pastora aspirante aos 38 anos, depois de 16 dedicados à denominação. Hoje, aos 40, ela acaba de se mudar do Rio de Janeiro para Goiânia. Deixou de ser pastora da igreja local e, em vez de administrar uma igreja, preferiu ser pastora missionária e viajar pelo Brasil para realizar palestras e conferências em diferentes denominações evangélicas. “Pessoas ficam com um pé atrás quando chego. Pensam: ‘Mas é essa jovem que vai trazer a palavra, ministrar um congresso?’”, diz. “Temos de nos esforçar duas vezes mais para ganhar a confiança.” A missionária Sarah, ex-ninfomaníaca assumida e mãe de uma jovem de 21 anos, tem um canal no YouTube que já foi visto por dois milhões de pessoas. Alguns vídeos nos quais comanda o culto das princesas, uma espécie de pregação misturada à autoajuda, somam 150 mil visualizações. O que ela fala tem ressonância também no Twitter, onde é seguida por 120 mil pessoas, e no Facebook – sua página já recebeu 325 mil curtidas. Muitas são as confissões evangélicas que reconhecem o dom espiritual das mulheres, mas lhes negam um título, como o de pastora. “Dizem que não há respaldo na Bíblia”, afirma a pastora Simone Saiter, 40 anos, da Igreja Viva Praia da Costa. Uma passagem do apóstolo Paulo é frequentemente usada por lideranças evangélicas que excluem as mulheres de seus quadros: “As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei” (1Coríntios 14:34)
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PREPARO
A gaúcha Margarida tornou-se uma referência na Igreja Metodista
depois de estudar seis anos antes de ser consagrada
O silêncio exigido naquela época, porém, fazia parte de um contexto cultural. Os cristãos se reuniam em sinagogas, onde as mulheres não podiam se manifestar. Para evitar atrito com os judeus, eram orientadas a apresentar seus questionamentos em casa, junto dos maridos. Hoje, a realidade é outra. A pastora Simone e duas amigas, casadas e formadas em teologia, resolveram dar voz à palavra que aprofundavam em núcleos de estudo. Decidiram abrir uma igreja evangélica, a Viva Praia da Costa, em Vila Velha, no Espírito Santo, em 2011. As três são as únicas pastoras da denominação, hoje frequentada por cerca de 100 membros. “Uma liderança feminina dá credibilidade. Mulher não é vista como exploradora da fé, como ocorre com os homens”, diz o bispo Hermes C. Fernandes, da Igreja Reina. Instituição com cerca de 120 templos, a Reina tem 40 mulheres entre seus 160 pastores. Uma delas, a carioca Miriam de Lourdes Silva, realiza uma próspera obra à frente de um templo na comunidade de Acari, no Rio de Janeiro. Naquela área dominada pelo tráfico de drogas, Miriam, 48 anos, já converteu cerca de 20 pessoas, segundo suas contas, todas ex-traficantes. Detalhe: nenhum de seus antecessores do sexo masculino conseguiu tal feito. “Teve um pastor que gastou R$ 20 mil para blindar a igreja dele. A nossa é blindada pelo Espírito Santo”, diz ela.
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CORAGEM
Em Acari, uma comunidade dominada por traficantes, a pastora
Miriam já ficou no fogo cruzado entre bandidos e a polícia:
cerca de 20 ex-traficantes foram convertidos por ela
Um dos motivos para o aumento do número de mulheres no corpo pastoral, segundo o sociólogo Ricardo Mariano, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio Grande do Sul, é o crescente sucesso do movimento gospel, onde as estrelas são as cantoras. Aos 37 anos, Ana Paula Valadão é um dos maiores expoentes do gênero no País. “O movimento gospel colocou não somente homens, mas também mulheres em evidência”, diz Ana Paula, que estudou em um seminário para poder ser consagrada. “Algumas cantoras começaram a se destacar nos grupos de louvor e um dos desdobramentos disso foi o reconhecimento da capacidade que a mulher tem para exercer a função de liderança, inclusive em outras frentes.” Não é um diploma que faz uma pastora. Esse título se ganha na prática, com a comprovação da vocação e dos dons espirituais. Mesmo assim, a presença de fiéis do sexo feminino em seminários evangélicos é crescente já há duas décadas. A porta para o exercício do pastorado pode não se abrir para boa parte delas. Mas a busca por conhecimento é a melhor forma de forçar a maçaneta.
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PRESENÇA 
Na Igreja Batista da Lagoinha, onde a cantora Ana Paula Valadão
é pastora, 44,6% do corpo pastoral é composto por mulheres
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