sexta-feira, 9 de junho de 2017

O cristianismo se tornou discípulo de Jesus ou de Maquiavel?


Se Jesus não tivesse dito que Seu reino não é deste mundo, então teríamos que dizer que o Cristianismo venceu. O Cristianismo se tornou uma poderosa potestade deste mundo. A mais poderosa delas.

De fato, quando se tornou religião no quarto século, o Cristianismo entrou num mundo no qual nenhuma religião, até então, havia penetrado com tanta força.Nesses dois mil anos de dominação cristã no Ocidente vimos “uma fé”, aliás, a fé ser diluída, corrompida, deformada, e metamorfoseada em outra coisa que nega a essência original.

Não é apenas uma questão de forma, trata-se de algo muito mais visceral ainda, e que penetra o âmago daquilo que um dia foi a fé em Jesus.

Foram dois mil anos de busca desenfreada do poder, de privilégios, de controle de reis e de príncipes, de usos e abusos da máquina pública em seu próprio favor, sempre aliando-se ao lado que haveria de vencer. O Cristianismo sempre encontra um meio de abençoar o tirano—pode até reagir no início, mas sempre se rende depois.

E foram todas as intervenções que o Cristianismo fez. Desde bênçãos, aos mais macabros projetos de “conquistas”, às mais inconcebíveis perseguições dos direitos individuais, sempre em nome de sua moral cristã, supostamente superior à do resto da humanidade.

No nível individual, o sexo foi o “demônio” eleito pelo demônio da “igreja” para sofrer as punições em lugar dos demais demônios, muito mais verdadeiros, e que se fantasiaram de cardeais, arcebispos, bispos, sacerdotes e pastores a fim de se esconderem... enquanto faziam suas próprias maldades contra o próximo. “Controle” é a palavra. Controle dos homens pelo medo, pelas punições eternas e temporais; e controle pela manipulação da devoção, transformando o medo em piedade, e os terrores eternos em suposto temor a Deus.

O maior golpe de todos foi a instituição da “Igreja” como representante dos desígnios divinos na Terra. Conseguiram essa façanha no passado e continuam a conseguir até hoje.

É impressionante, mas o povo pensa que aqueles carinhas vestidos de sacerdotes, pastores, bispos, ou de qualquer outra fantasia sacerdotal... representam Deus.

O povo crê... e isso é que é trágico e engraçado.

No Brasil atual, vemos uma das mais sofisticadas formas de expressão dessa força do Cristianismo em plena manifestação. É verdade que esse Poder Maior gerou — até pela inveja e pelo desejo de obter parte de seu poder — uma legião de filhotes da mesma natureza. Todavia, para quem gosta de ver e admitir a força dos fenômenos históricos, não há como negar que a Igreja Universal do Reino de Deus é a maior e mais sofisticada forma de adaptação do Cristianismo aos poderes deste mundo. Está vencendo a Igreja Católica. Também já deixou pra trás todos os concorrentes americanos.

É uma máquina. Máquina como nunca antes se havia criado. Máquina de comunicação, de manipulação do sagrado, de venda de favores divinos, de acorrentamento das pessoas ao poder que reside no “Lugar”, e de transformação do rebanho num “rebanho”.

Se as coisas continuarem assim...

Bem, o Cristianismo crescerá apenas nos lugares onde ele já está presente, pois seu atrelamento aos poderes políticos é tão profundo que já não lhe resta a isenção que é filha da sinceridade para com o Evangelho — e só pra com o Evangelho — a fim de compartilhar o Evangelho do Reino com as nações da Terra.

Também nesse sentido, devemos dizer que os evangélicos conseguiram o que sempre desejaram: ser mais poderosos.

Hoje pode-se dizer que os evangélicos têm poder. E aqui eu não estou preocupado em separar nada dentro desse pacote. Não há mais porque separar uma coisa da outra, dividindo o grupo em subgrupos, etc. De fato, é tudo a mesma coisa, e o que os une é a fixação pelo poder.

Sei que um monte de gente fica irritada com tais generalizações... mas não vou mais fazê-las: na hora do “vamos ver”, todos tocam e dançam a mesma música. São iguais.


Poder nos Estados Unidos e poder na Inglaterra... E muito poder no Brasil. Hoje em dia os Estados Unidos e o Brasil são das duas máquinas políticas dentro das quais o Cristianismo tem seu maior poder.

O problema é que Jesus disse “...o meu reino não é deste mundo...”

Então, assim estamos, cheios de influências, próximos do poder, usufruindo dele, fazendo barganhas, levando vantagem, enriquecendo, assustando o mundo com a nossa falta de caráter, e nos tornando parte da Grande Babilônia.

O que acabei de dizer o fiz com responsabilidade. Quem desejar, que me julgue em alguns anos. Estou dando a cara para apanhar.

Repito: o Cristianismo é parte da Grande Babilônia, ajudará a Besta, e se unirá em voz ao Falso Profeta.

A Igreja que sobreviverá a tais tempos é a mesma que sobreviveu em todos os tempos: aquela que é salva pela terra quando a fúria do Dragão se manifesta:
“...então a terra salvou a mulher que estava para dar a luz...” diz o Apocalipse.

A verdadeira Igreja é salva porque ela não está tão disponível assim aos sentidos históricos, como fenômeno. Sabe-se dela, mas ela não sucumbiu à fixidez das forças do poder. Daí ela estar presente, porém com grande capacidade de se espalhar pela Terra.

A verdadeira Igreja é hebréia... está sempre em movimento... não se deixa prender por nenhuma estrutura. A verdadeira Igreja usa circunstancialmente essas “coisas”, mas não se deixa usar por elas. De fato, ela não as usa... ela as sobrevive.

A verdadeira Igreja sabe que quanto mais poder tiver entre os homens, menos poder terá no Espírito.

A verdadeira Igreja sabe que o poder fica perfeito na fraqueza.

A verdadeira Igreja quer se parecer com Jesus, e não sonha para si nenhum futuro de conquista da Terra e de seus poderes.

O Cristianismo venceu... É um “case” de total sucesso. Seu patrono deveria ser Maquiavel.

Quem quiser ser discípulo, siga a Jesus de Nazaré. O único problema é que com Ele a gente não aprende as maldades tão necessárias para que se possa ser um líder cristão bem-sucedido.

Quem sabe o ideal seja o nome de Jesus para enganar e Maquiavel para ser o mentor.


Fonte: Título original: "O Cristianismo venceu o Mundo?" Link: www.caiofabio.net.com/

Uma posição bíblica sobre a "maldição" proferida por Valdomiro Santiago ao jornalista Marcelo Rezende



Ontem eu fui surpreendido por um vídeo onde um "apóstolo" afirmou que o câncer que sobreveio sobre um jornalista se deveu a uma maldição por ele enviada.

Pois é, era o que faltava, crentes em Jesus absortos em ódio proferindo pragas evangélicas contra aqueles que deles discordam.

Infelizmente não são poucos os líderes que ao se sentirem incomodados com os questionamentos doutrinários amaldiçoam os que lhes questionam. Em nome de Deus, tais pessoas rogam “pragas e desgraças” para aqueles que em algum momento da vida se contrapuseram a seus desejos e vontades. É nesta perspectiva, que tem emergido em nossas comunidades o toma-la-dá-cá evangélico. Basta por exemplo alguém cogitar mudar de igreja que lá vem maldição.

Em certas igrejas discordar do ensino do pastor significa "tocar no ungido do Senhor" e quem o faz, comete rebeldia. Aliás, a palavra “rebeldia” tem sido usada para todo aquele que foge dos caprichos fúteis de uma liderança enfatuada. Em tais comunidades, discordar do apóstolo ou profeta quase que implica com que o discordante tenha o seu nome  colocado na “boca gospel do sapo”. Senão bastasse isso os adeptos da maldição, partem do pressuposto que o pastor em nome de Deus tem o poder de amaldiçoar outras pessoas através da oração positiva e determinante. Em outras palavras, os caras ensinam que o pastor pode  rogar ao Senhor da glória o aparecimento de desgraças e frustrações na vida de seus desafetos, determinando assim a desventura alheia.

Caro leitor, isso não é, não foi e nunca será o evangelho de Cristo.

À luz das Escrituras  não tenho a menor dúvida em afirmar que comportamentos como estes afrontam os ensinos de Jesus e dos apóstolos. Todavia, a igreja evangélica devido a ignorância bíblica e teológica, dá ouvidos a apedeutas da fé mergulhando assim no buraco da sincretização, deixando pra trás valores, virtudes e princípios onde a afetividade e o amor deveriam ser marcas indeléveis de uma comunidade que conhece a Cristo. 

Isto, posto, afirmo sem titubeios que as maldições proferidas pelos adeptos da teologia da vingança afrontam de forma efetiva os ensinos das Escrituras. 

Ao contrário dos que se dizem apóstolos, os apóstolos verdadeiros ensinavam o perdão aos adversários. Paulo por exemplo escreveu aos Romanos: "abençoai os que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis" (Rm 12:14). Nosso Senhor também ensinou " Eu, porém, vos digo: "Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus."(Mateus 5:44).

Bem diferente do ensino de Valdomiro.

Pense nisso!

quinta-feira, 8 de junho de 2017

SOBRE A MATÉRIA SOBRE A "INVASÃO" DOS MUÇULMANOS NO MARANHÃO

Achei a matéria sobre a visita dos muçulmanos no Maranhão sensacionalista e penso o seguinte:
O problema não é o Islamismo e nunca foi...


Você acha que Jesus ficaria preocupado com o Islamismo?...
Sim, o Jesus que disse que as portas do Inferno não prevalecerão contra a Igreja terá medo do Islã?...
Se nós fossemos gente como Paulo, João, Policarpo e outros [...] — não teríamos medo de invasões bárbaras ou islâmicas, pois, no espírito do que seja Igreja, não Cristianismo, quando mais invadidos formos, mas próximos ficam os que têm de ser alcançados.

Quem é de Jesus e está cheio do Espírito Santo e do espírito do Evangelho, vê os planos islâmicos de invasão do Brasil, e diz “Oba! Eles mesmos estão vindo!...”.
Sim, pois entrar lá está cada vez mais difícil, a menos que se vá como gente/apenas, e não como “missionário”...

A melhor coisa que pode acontecer à verdadeira Igreja é ver a sua densidade geográfica invadida pelo opositor, pois, se não se pode ir onde eles estão [...], então, que se aprenda a servi-los em amor, como Jesus mandou, aqui mesmo; o que torna tudo muito mais fácil.

A questão é que a mentalidade do “Cristianismo” é a mentalidade mundana do poder, do controle e das definições geopolíticas de soberania religiosa...
Ora, para quem pensa e sente assim os tempos atuais devem ser desesperadores mesmo, posto que de fato o poder do “Cristianismo” no mundo esteja se esvaindo, principalmente quando se olha no contexto religioso da Europa.

Então, sinceramente, o que vejo é que o Espírito de Deus está trazendo os Impermeáveis para dentro de um ambiente que, tendo gente de Deus nele, torna o trabalho de alcançar tais pessoas algo infinitamente mais simples.
As orações devem acontecer, mas não pedindo que os mulçumanos não venham... [...]; mas ao contrário: pedindo que nós nos convertamos ao Evangelho da Graça de Deus, segundo Jesus, e apenas segundo Jesus, antes que Maomé chegue.

Se a ênfase for a que alguns irmãos estão propondo, os males serão os seguintes:
1. Estabelecer-se-á o mesmo espírito de defesa de geografias de poder que moveu as Cruzadas cristãs contra os Islâmicos; e que foi um fiasco absoluto, tanto na proposta quanto no resultado; e de cujos frutos de veneno o choque civilizatório entre “ocidentais cristãos” e “islâmicos” se alimenta até ao dia de hoje;
2. Estabelecer-se-á o espírito anti-Jesus de “territorialidade”, o qual não existe Nele e nem no Seu ensino, em lugar nenhum do Novo Testamento, mas que superabunda no “Cristianismo Constantiniano”;
3. Criar-se-á um espírito anti-Jesus de intolerância, quando o chamado de Jesus é para amar e acolher até o inimigo;
4. Transferir-se-á o problema de quem não somos [discípulos de Jesus é que não temos sido!...] para os islâmicos; quando, de fato, todo esse “medo e pânico” apenas decorrem da realidade que, lá no fundo, você e todos os evangélicos e cristãos ligados ao espírito territorial do Cristianismo, sabem que nós não temos verdade de vida, segundo Jesus e de acordo com o Evangelho, para lidarmos com tais invasões sem o medo da perda de poder;
5. Atiçar-se-á o ódio e não o amor; se instilará o medo e não a ousadia no amor; se criará a mentalidade defensiva da “igreja” e não se estimulará a coragem certeira e segura da Igreja, ante cuja realidade as portas do Inferno não prevalecerão jamais;
6. Desviar-se-á, portanto, o centro do problema para outro eixo [...], sem que se veja que o único problema é a nossa falta de conversão verdadeira ao Evangelho; posto que no Evangelho não haja o espírito de medo que existe em sua carta; mas o oposto disso: que é a alegria de saber que se os crentes nunca foram a Maomé, Maomé está vindo aos crentes... A menos que não haja crentes!... Ainda há?...

Se “as igrejas” se converterem ao Evangelho de Jesus e deixarem as palhaçadas diabólicas, então, tal “vinda islâmica” será apenas uma boa nova para eles... E para os verdadeiros discípulos de Jesus será apenas uma facilitação escatológica do mandamento da Evangelização do mundo.
Entretanto, para quem pensa com as categorias da religião e do Cristianismo, de fato tal vinda é ameaça e possibilidade de perda de poder.

A questão é: Você acha que Jesus está preocupado com a perda de poder do Cristianismo?
Sinceramente, minha oração é pela conversão das “igrejas” no Brasil, pois, a Igreja de Deus no Brasil está preparada para qualquer coisa, mas as “igrejas” não dão conta nem de si mesmas...

Para quem vive das “igrejas” e para as “igrejas” [...] a decisão islâmica de tomar o Brasil é uma ameaça. Mas para quem está cheio do Evangelho e é Igreja de Deus, tal fato apenas facilita a missão; afinal, eles estão vindo até nós... Temos nós medo deles?...
Saiba que tal vinda islâmica pode ser pura bondade de Deus por eles, a menos que nesta terra não haja sal nem luz de Jesus para eles... Há?...

Jesus nos mandou ir a todo mundo, e que nunca teve medo que o mundo viesse até Ele; afinal, Ele morreu e ressuscitou por brasileiros evangélicos enganados tanto quanto por islâmicos sem luz.

Para quem quiser ler a matéria que já rodou o facebook e o Wattsap:

https://www.luiscardoso.com.br/politica/2017/05/pastor-diz-que-muculmanos-querem-islamizar-o-brasil-partir-do-maranhao/ 

Será que Deus está renovando a Europa através dos refugiados?

   
Será que Deus está renovando a Europa através dos refugiados?
De ‘Syrian Refugees Face an Uncertain Future‘ (World Bank Photo Collection) por Mohamed Azakir (CC BY-NC-ND 2.0).

Transformando a maior crise humanitária da atualidade na maior oportunidade missionária

Por Sam George
A crise de refugiados está sendo considerada a maior crise humanitária do nosso tempo. De acordo com as Nações Unidas, atualmente há mais de 65 milhões de pessoas forçadas a se dispersarem no mundo. A magnitude do deslocamento por conta das guerras e instabilidades sociais e políticas é sem precedentes. A chegada de milhões de imigrantes a Europa recebeu mais do que só a atenção da mídia, está abalando os fundamentos da civilização pós-cristã ocidental.[1]

A atual crise de refugiados provocou a consciência coletiva e alavancou a imigração para uma posição de destaque nos debates nacionais. Ela está sob o holofote nas discussões sobre segurança e políticas eleitorais em diversos países. A crise também redefiniu a agenda econômica e de desenvolvimento com relação às outras partes do mundo. Estes distúrbios já estão alterando o nosso mundo de forma significativa e irão continuar a alterar nosso futuro muito além do que imaginamos.

No epicentro da crise de refugiados estão as contínuas guerras na Síria, Iraque e Afeganistão, que produzem cerca de metade dos refugiados globais. Por volta de 60% da população síria teve que deixar seu lar, sendo que metade destes são menores de idade. Uma diáspora desta proporção é um fato sem precedente na história recente. Quando as vizinhanças são bombardeadas, os meios de subsistência se esgotam, familiares são mortos e suas próprias vidas estão em risco, a única opção que resta é fugir.

Os refugiados na Europa se voltam a Cristo
Deus está fazendo algo novo e empolgante diante desta crise abissal. Em dezembro de 2016, tive a oportunidade de observar em primeira mão o que Deus está fazendo entre e através dos refugiados na Europa. Durante três semanas eu viajei por dez cidades em cinco países diferentes, visitando diversos campos de refugiados, igrejas e agências missionárias que trabalham com refugiados. No mês anterior, eu visitei três outras cidades em três países distintos. Durante este período, entrevistei diversos líderes de ministérios com refugiados na Europa para avaliar e estudar a situação desesperadora e para ouvir como o povo de Deus está respondendo à situação.

Foi incrível estar presente em reuniões onde centenas de refugiados entregaram suas vidas a Cristo. Visitei diversas comunhões e igrejas que batizaram centenas de refugiados. Uma igreja na Alemanha havia batizado mais de mil sírios e curdos nos seis meses anteriores à minha visita. Em nossas reuniões, ao final de cada noite, em cidades diferentes da Grécia e Alemanha vimos quase todos os refugiados presentes respondendo ao evangelho. Há mais de 100 igrejas de idioma árabe na Europa, algumas fundadas antes da crise e outras fundadas em resposta a ela. Além de estarem profundamente envolvidas com a causa, são muito eficientes por conta dos aspectos linguísticos e culturais que as aproxima aos refugiados.

Igrejas transformadas
Somente Deus poderia ter transformado uma situação tão desesperadora em tamanha oportunidade de missões. O que está acontecendo está além do planejamento estratégico de qualquer igreja ou agência missionária:

Um líder de ministério com refugiados admitiu: “Deus me trouxe à Alemanha há alguns anos e durante este tempo estava me preparando para o ministério com refugiados. Eu não imaginava que isto iria acontecer!”
Um pastor do norte da Alemanha confessou: “Começar um programa para alcançar os refugiados foi a melhor coisa que aconteceu nesta igreja nos últimos 50 anos e agora é a parte mais empolgante da nossa comunidade.”
Um pastor na Grécia me informou que três quartos dos frequentadores de sua igreja são refugiados que se juntaram à igreja nos seis meses anteriores.
Pastores e líderes de missões me mostraram vídeos dos batismos recentes e me apresentaram a diversos refugiados recém convertidos de origens religiosas diferentes.

Histórias dos refugiados
Eu conheci refugiados da Síria, Curdistão, Iraque, Afeganistão, Marrocos, Sudão, Somália e Irã. Em grande parte, homens entre 20 e 30 anos de idade, alguns na casa dos 40. Conheci algumas mulheres refugiadas com filhos pequenos em campos para famílias, enquanto outros campos continham meninos adolescentes que foram separados de suas famílias. A maioria dos campos na Alemanha oferecem abrigo em contêineres de carga modificados e as famílias são mantidas juntas, tanto quanto possível. As condições de moradia dos refugiados na Grécia são desoladoras. Alguns refugiados estavam ansiosos em nos conhecer e compartilhar as histórias de como escaparam, suas viagens e sobre seu país de origem, enquanto outros demonstravam sinais claros de trauma extremo ou desilusão como resultado do que viveram ao longo de sua jornada.

Alguns dos refugiados que conheci foram forçados a fazer parte de grupos radicais. Me contaram sobre incidentes horrendos durante a fuga de suas pátrias – como tudo o que conheciam sumiu da noite para o dia. Irmãos ou pais foram mortos diante de seus olhos; suas casas, trabalho e negócios foram destruídos; e muitos me mostraram as cicatrizes em seus corpos causadas por balas ou mostravam sinais claros de cicatrizes psicológicas profundas que carregarão pelo resto de suas vidas.

No entanto, queriam deixar suas velhas vidas para trás e estavam ansiosos em abraçar as novidades do país estrangeiro. Como todo imigrante, questionavam algumas premissas e visões de mundo que definiram suas vidas e cultura até então e, ao mesmo tempo, demonstravam grande abertura às novas ideias. Faziam perguntas profundas sobre a vida, significado, propósito, verdade, Deus, etc. De fato, o deslocamento migratório é uma experiência favorável à “teologação”.[2]

Fiquei surpreso ao ouvir sobre os diversos encontros sobrenaturais com “Issa”. Me contaram sobre seus sonhos e visões de Jesus e diversos casos de encontros miraculosos durante a fuga de regiões de conflito. Suas histórias de fuga, perda, sobrevivência e determinação são de tirar o fôlego. Estão profundamente gratos por terem sobrevivido a tudo, e senti neles o desejo sincero de reconstruírem suas vidas. Sua ânsia em buscar a Deus e o fervor do seu louvor e orações impactam o profundo da alma. As transformações dramáticas em suas vidas e novas perspectivas com esperança testemunham o poder do evangelho, não deixando motivo para duvidar da genuinidade de suas conversões. Sua disposição em aceitar qualquer trabalho e motivação para alcançarem o sucesso são extraordinárias.

Transformando a crise em oportunidade: reavivando a igreja
Eu acredito que uma das formas pelas quais Deus está reavivando o cristianismo na Europa é através dos refugiados. Eles podem parecer os agentes menos prováveis, e o que está acontecendo é uma forma totalmente inesperada para uma grande jogada de Deus. No entanto, a história do Natal é inesperada da mesma forma: uma adolescente, um carpinteiro, uma manjedoura, pastores, astrólogos persas, Belém e assim por diante. Deus entra no nosso mundo da forma mais inesperada. Os refugiados são portadores de Deus (theotokos) reavivando as igrejas estagnadas na Europa, são usados por Deus da mesma forma que Ele sempre operou, através de pessoas que estão dispostas a arriscarem tudo para trazê-Lo ao nosso mundo.[3]

Afinal, praticar hospitalidade aos estrangeiros não é somente sobre oferecer algo aos recém-chegados, é também experimentar como os estrangeiros abençoam de forma inesperada as nações que os hospedam. Abrir nossos corações e vizinhanças para as pessoas que estão acostumadas com hospitalidade como parte de suas culturas e que são diferentes de nós, dá favor divino à terra e a seus habitantes. Certamente esse é o centro das missões. Não que estejamos mudando o mundo, mas que Deus quer nos mudar ao nos deixar ver o que Ele está fazendo no mundo, nos locais mais inesperados e através dos agentes menos prováveis.

De acordo com Andrew Walls, o centro do Cristianismo está sempre mudando, como refletido na mudança que ocorre do centro gravitacional demográfico do Cristianismo; e as margens revitalizam o centro.[4]
A teologia missionária é um trabalho contínuo, movendo-se em direção à maior inclusão. Missões nas margens sempre aparecem de formas novas e não muito claras, mas são caracterizadas pelos sinais claros de avanço do evangelho, empoderamento do Espírito Santo e (como resultado) mudanças na própria natureza da fé cristã e seus conceitos. Portanto, missão é um fenômeno que quebra barreiras e se difunde através da geografia e cultura.

No ano do 500º aniversário da reforma protestante, Deus está, mais uma vez, reavivando a igreja na Europa, desta vez por meio de refugiados do Oriente Médio. Quem poderia ter imaginado algo assim? A igreja e os ministérios envolvidos com refugiados estão experimentando a renovação, enquanto os que se mantém céticos estão deixando de aproveitar o mover do Espírito. Deus está realmente fazendo coisas novas no mundo. Que enorme privilégio é vê-Lo trabalhar onde ninguém espera!

Um estudioso da área da Diáspora Africana descreveu a Europa como o “continente pródigo”[5]
Ao discutir “missão reversa” e estudar cronologicamente o impacto de cristãos africanos na Europa no início do século 21. Agora isto está sendo feito também pelos novos cristãos originários do Oriente Médio e da Ásia, que estão trazendo novo fôlego ao cristianismo estagnado e moribundo da Europa. No passado, a grande imigração europeia levou o cristianismo para os extremos da terra, agora cristãos destes extremos estão retornando o favor ao trazerem a renovação para as igrejas europeias.
No mundo atual, as pessoas estão em constante movimento. Deus também está se movendo entre as pessoas que se movem, como está evidente pelo fato de tantos refugiados que se voltam a Cristo e que se tornam uma forma de reavivar a igreja na Europa. As diásporas que surgem do deslocamento, incluindo a fuga dos refugiados do Oriente Médio para a Europa são solo fértil para a atividade de renovação do Espírito de Deus e com Ele o avanço e transformação do Cristianismo.[6]

Notas de Rodapé
  1. Nota do editor: Leia o artigo de Arthur Brown: “The Refugee and the Body of Christ” na edição de setembro de 2016 da Análise Global de Lausanne (artigo em inglês)
  2. Timothy Smith, ‘Religion and Ethnicity in America’ (“Religião e Etnia na América”, em tradução livre), The American Historical Review 83, nº 5 (1978): 1155
  3. Nota do editor:  Leia o artigo de Darrell Jackson ‘Mission in Europe 25 Years after the Fall of the Berlin Wall’ na edição de março de 2016 da Análise Global de Lausanne (artigo em inglês)
  4. Andrew F. Walls, Cross Cultural Process in Christian History (New York: Orbis Books, 2002), 31. 
  5. Afe Adogame, The African Christian Diaspora: New Currents and Emerging Trends in World Christianity(London: Bloomsbury, 2013), 169. 
  6. Nota do editor:Leia o artigo por Sadiri Joy Tira ‘Diasporas from Cape Town 2010 to Manila 2015 and Beyond’ na edição de março de 2015 da Análise Global de Lausanne
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Sam George, PhD, serve como catalisador de Diásporas com o Movimento de Lausanne. Ele tem raízes indianas e vive com sua família no nordeste de Chicago, EUA. Ele é autor do livro Coconut Generation (Geração Coco, em tradução livre) e editor de Diaspora Christianities (Cristianismo de Diásporas) – a ser lançado. Atualmente ele está trabalhando em um novo livro sobre a atual crise de refugiados.
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Fonte: AnajurePublicado originalmente em: www.lausanne.org

Fonte: http://www.searanews.com.br/sera-que-deus-esta-renovando-a-europa-atraves-dos-refugiados/

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