sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Subsídio para EBD - A atualidade dos Profetas Menores


O tema do trimestre em Lições Bíblicas é “Os Doze Profetas Menores: Advertências e consolações para os dias de hoje”. O objetivo dessa temática é estudar as mensagens dos Dozes profetas, considerados menores, a fim de analisar os desdobramentos e implicações dos seus ministérios.

É urgente que nossas igrejas conheçam e compreendam as mensagens milenares desses profetas. Os temas são palpitantes! Por exemplo, veremos como os profetas lidavam com questões políticas e sociais no exercício de seus ministérios; e como esse processo pode influenciar a igreja contemporânea.

Para introduzir a lição para a classe é importante conceituar o termo profeta. Mostre-a que esse termo deriva do grego prophetes, “aquele que fala sobre aquilo que está porvir”; “um proclamador ou intérprete da revelação divina”. Ainda, refere-se àquele que age como porta-voz de um superior. Pode, também, ser utilizado como sinônimo de “vidente” ou “pessoa inspirada” (Os 9.7; 1 Sm 9.9).

O termo hebraico para profeta é nabi’ cujo significado etimológico mostra uma força de autoridade representativa . No livro de Deuteronômio 1.18b o Senhor afirma que o profeta [nabi’] declarará tudo que Ele [Deus] ordenar.4 Em Êxodo 7.1 nabi’ [profeta] tem o mesmo valor semântico de representação de autoridade. Em outras passagens como Êxodo 4.15,16; Jeremias 1.17a; 15.19; a palavra nabi’ [profeta] aparece no contexto de um mensageiro que fala em nome de um superior.5

O ministério de profeta tem seu início em Moisés com a manisfestação clara do exercício profético no arraial israelita (Nm 11.25,26). A concepção da instituição divina de ministério profético é ratificada em Deuteronômio 18.9-22, onde a contraposição entre profeta e prognosticadores (encantadores, mágico, etc.) é feita com a promessa do surgimento do grande profeta em Israel (vv. 15-22): Jesus Cristo (At 7.37,38).

No período monárquico, em Israel, aparecia a primeira escola de profetas (1 Sm 10.5,10). Isso introduz o papel importante que o profeta exerceria no período monárquico. Ele seria consultado pelos os reis como representantes de Deus para com o povo. Este profeta falaria ao rei através dos oráculos.

Esse período para os profetas, em Israel, é marcado por respeito e reverência por parte da nobreza e do povo (1 Sm 16.4,5). No período da monarquia dividida, surge o então conhecido movimento de profetas em Israel que, em Teologia, chamamos tecnicamente de Profetismo.

Esse movimento tinha o objetivo de restaurar o monoteísmo hebreu; combater a idolatria; denunciar as injustiças sociais; proclamar o Dia do Senhor, objetivando reacender a esperança messiânica outrora arrefecida.

Esse movimento iniciou em Amós e encerrou, cronologicamente, em Malaquias.O período do profetismo foi caracterizado pelo sofrimento e marginalização dos profetas. De homens dignos e reverenciáveis passaram a “merecedores” de tratamentos dos mais indignos que um ser humano poderia ser submetido. Ir contra interesses escusos de lideranças religiosas e políticas, em Israel, significava sofrer, naquele período, as agruras inimagináveis. De fato, em relação a eles, o mundo não era digno (Hb 11.36-38).

Apesar de distanciados pelo tempo, geografia, cultura e língua, a mensagem dos Profetas Menores se mantém atualíssima. Ao longo do trimestre nos depararemos com abordagens semanais que envolvem o relacionamento com Deus, o derramar do Espírito, justiça social, retribuição, misericórdia divina, obediência, tolerância divina, soberania divina, juízo vindouro, aliança, reinado messiânico e a sacralidade da família.

BIBLIOGRAFIA:

Dicionário Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2009, p.1607.

ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. 13. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2004, p.305.



quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Quando a religião caminha na contramão de Deus - Parte 02

Por mais de quinze vezes, o evangelho de Marcos diz que Jesus ensinava. O conteúdo desse ensino nunca está desligado da pessoa que o comunica. Jesus era uma pessoa acolhedora (Mc 6:34). Queria bem ao povo. A bondade e o amor que transparessem nas suas palavras fazem parte do conteúdo. São o tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado.

Marcos define o conteúdo do ensino de Jesus como "Boa nova de Deus" (Mc 1:14). A Boa Nova vem de Deus e revela algo sobre Deus. Faz saber que Deus é Pai. Em tudo que Jesus diz e faz transparessem os traços do rosto de Deus.

O conteúdo que Jesus tem para comunicar transparece não só nas palavras, mas também nos gestos e próprio jeito de ele se relacionar com o povo. Lendo assim o evangelho de Marcos, apesar de não ter muito discurso, tudo nele se transforma num grande "ensinamento novo, dado com autoridade" (Mc 1:22-27), que nos revela a presença do Reino no meio do povo, a saber:

Perdão
O perdão de Deus está sempre aí, já não depende do templo (Mc 2:5-12). A moça prostituída encontra amor e perdão, e recebe defesa contra o fariseu praticante que a desprezava (Lc 7:36-50);

Exclusão
Ningém pode ser excluído da comunhão de mesa (Mc 2:15-17). A mulher encurvada é acolhida como "filha de Abraão" e recebe defesa contra o dirigente da sinagoga que a expulsava (Lc 13:10-17);

Próximo e não-próximo
Jesus manda imitar o Samaritano (que era considerado um herege), e ensina que "proximo" é todo aquele de quem você se aproxima (Luc 10:29-37). Outro exemplo, a Samaritana, despresada como "herética", é a primeira a receber o segredo de que Jesus é o Messias (Jo 4:26);

Puro e impuro
Jesus questiona e critica as muitas leis da pureza legal (Mat 23:23,24); (Mc 7:8-23) e declara puro todos os alimentos (Mc 7:19). Os leprosos e possessos eram consideradas pessoas impuras recebem atenção e cura de Cristo (Mt 8:2-4; Lc 11:14-22; 17:12-14; Mc 1:25,26). Maria Madalena, considerada possessa, foi curada por Jesus (Lc 8:2) e recebeu a "ordenação" de transmitir a Boa Nova da Ressurreição aos apóstolos (Jo 20:16-18);

Obras santas e profanas
Jesus critica a ostentação com que muitos praticavam a esmola, a oração e o jejum, e ensina um novo jeito de realizá-los (Mat 6:1-4; Mat 6:5-8; Mat 6:16-18);

Tempo sagrado
Jesus coloca o sábado a serviço do ser humano (Mc 2:27; Jo 7:23);

Lugar Sagrado e Profano
Jesus relativiza o Templo e ensina que Deus pode ser adorado em qualquer lugar, contando que seja em espírito e verdade (Jo 4:21-24; Mc 13:2).


Continua...

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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O dia em quem Hebe Camargo foi expulsa


Hebe deixou o local escoltada por seguranças.

Cansada de tanto conversar e lutar para fazer uma praça na única área institucional do Umuarama, a primeira moradora do bairro, Sueli Del Grossi, foi uma das responsáveis por expulsar do local a apresentadora Hebe Camargo. Isso aconteceu no final de 2000, quando a Prefeitura de Uberlândia doou a área para a construção da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) e Hebe, a madrinha da entidade, veio lançar a pedra fundamental.

"Fizemos um panelaço e foi tanta gente que no fim das contas perdemos o controle e as pessoas acabaram usando a tenda montada para a Hebe, com almofadas brancas. Beberam champanhe e comeram os salgadinhos. As autoridades saíram de lá com a placa simbólica debaixo do braço e a Hebe foi tão vaiada que saiu escoltada", lembra Sueli Del Grossi.

Sueli chegou ao bairro em 1971, vinda de Taquaritinga (SP) para montar o curso de geografia da Universidade Federal de Uberlândia. Logo em seguida, outros professores da universidade começaram a construir casas no bairro.

"O curso estava sendo montado e todos os professores foram contratados fora. Como davam aula no campus, acabaram vindo morar por aqui. Foi assim o início do bairro", diz, referindo-se ao surgimento do Umuarama.

Sueli Del Grossi e Marlene Colesanti lutaram para que a AACD não fosse instalada no local. Marlene Colesanti, também professora de geografia, diz que a área institucional já tinha sido doada outras duas vezes e foi preciso manifestação por parte da associação de moradores para mudar essa decisão. "Em 1982, a área foi trocada por um terreno no Jardim Brasília. Aqui seria um loteamento, numa clara troca em favor de interesses privados", diz a professora.

Em 1996, o então prefeito Paulo Ferolla (1993-1996) doou a área para a construção do Hemocentro Regional. "Lá fomos nós tentar reverter essa doação. Entendíamos que o bairro Umuarama não comportava mais equipamentos de saúde e pela segunda vez conseguimos manter a área da praça, mas em 2000 recebemos, pelo Jornal Correio de Uberlândia, a notícia de que estávamos perdendo a praça mais uma vez."

Saber das coisas do bairro pelo jornal era uma prova, segundo as professoras, de que a administração municipal não discutia nada com a população. "A gente abria o Jornal Correio de manhã e era surpreendida. Aí começava a mobilização. Procuramos a Câmara e a prefeitura", diz Sueli Del Grossi.

Com o conhecimento de geografia, as professoras se armaram do instrumento mais usado pela disciplina, o mapa, e passaram a mostrar à AACD que existia, na época, oito quadras no bairro sem nenhuma construção.

"Pesquisamos questões de infraestrutura urbana, apresentamos muitas sugestões, mas nem a prefeitura nem a AACD aceitavam discutir o assunto. Não éramos contra a vinda da AACD, só não queríamos que ela fosse montada na única área institucional do bairro, onde queríamos que fosse construída a nossa praça", afirma Sueli.

Depois de muita discussão, a associação do Umuarama foi surpreendida numa manhã pela engenheira da prefeitura, que media a área. Aí foi o estopim. O panelaço começou a ser organizado. Quando Hebe Camargo chegou para lançar a pedra fundamental, as crianças batiam as tampas das panelas em volta dela, na tenda de almofadas brancas. Os adultos gritavam: "A praça é nossa". Hebe deu entrevista indignada e o ex-prefeito Virgílio Galassi (1923-2008) passou vergonha no finalzinho do seu mandato -Galassi foi prefeito de Uberlândia de 1997 a 2000.

O seu sucessor, Zaire Rezende (2001-2004), assumiu o governo e doou outra área para a AACD, onde hoje funciona, no bairro Planalto. "E A AACD está lá, está bem, atende todo mundo, ninguém saiu prejudicado", afirma Sueli.

Como consequência, o Umuarama ganhou a praça Urias Batista.


Meu Comentário:
 É lamentável que a apresentadora Hebe Camargo, falecida no último dia 29/09/2012, em decorrência de uma luta contra o câncer, tenha passado por esse constrangimento aqui em Uberlândia há doze anos atrás. Hebe foi um mito e um marco da televisão brasileira. Além de uma apresentadora carismática e consagrada, era também ligada as obras sociais.  O Teleton foi criado em 16 de maio de 1998 e exibido pelo SBT, a pedido da apresentadora Hebe Camargo ao dono do SBT, Sílvio Santos, que aceitou transmitir o programa em sua rede de televisão.

Já foram realizados 11 edições do Teleton. O terceiro que foi ao ar em 1 de setembro de 2000, transmitido diretamente da moderna casa de espetáculos Via Funchal, em São Paulo, até a 1h do dia 3. Sob o comando de Silvio Santos, e tendo Hebe Camargo e o cantor Daniel como padrinhos da maratona, o Teleton ficou no ar 27 horas e arrecadou pouco mais de R$ 10 milhões.

Toda a verba recolhida com as doações foi utilizada para a construção do Centro de Reabilitação de Uberlândia, em Minas Gerais, com capacidade para realizar de 450 a 500 atendimentos por dia e para a manutenção de toda a estrutura da AACD, agora com 5 centros de reabilitação. Arrecadou R$ 10.226.000, construiu em Uberlândia a AACD - Minas Gerais.

Conheço pessoalmente a professora Suely Del Grossi (o nome dela se escreve assim e não como o Jornal citou). Uma pessoa maravilhosa, que foi inclusive minha professora e coordenadora de curso em duas instituições em que estudei geografia: UFU-Universidade Federal de Uberlândia e na Faculdade Católica de Uberlândia. Ela, juntamente com a Associação de Moradores do bairro Umuarama estavam reinvindicando seus direitos como cidadãos diante de uma decisão da Prefeitura, que não tinha estabelecido canais de comunicação com os mesmos. 

No final das contas, a cidade não saiu prejudicada, pois o prefeito que assumiu no ano seguinte doou outra área, e a AACD foi construída, beneficiando muitas pessoas. Eu conheço essa unidade da AACD que faz um trabalho incrível. O triste do episódio foi que a Hebe, coitada, que veio simplesmente inaugurar a unidade, caiu no meio de uma disputa, da qual não tinha nada haver.