quinta-feira, 9 de julho de 2009

COMO ZAQUEU, EU QUERO SUBIR...

Vi recentemente na internet, uma crítica a esta canção que hoje é cantada em todo Brasil, tanto por evangélios como por não evangélicos. Conheço o cantor da canção desde 2003, quando veio congregar conosco. Somos membros da mesma igreja. Em 2005, Regis Danese, ainda não havia assinado contrato com a Gravadora Line Records, mas já tinha uma música "O meu Deus é forte", que era bem tocada nas rádios gospel e cantada nas igrejas. Naquele ano eu pastoreava uma pequena, mas muito amável igreja em um bairro de Uberlândia, na região periférica da cidade. Convidei Regis para cantar em nossa festivadade de jovens, e ele prontamente atendeu, sem cobrar cachê, nem exigir cds vendidos. Simplesmente foi lá e cantou de forma linda, sem nenhum "estrelismo". Sei que hoje, ele está famoso, seu último cd vendeu mais do muitos cantores seculares de sucesso. Mas guardo na minha memória, esta lembrança dele neste evento. Quanto às críticas a canção: Ficar polemizando se a música está certa ou não em falar "entra na minha casa", se Zaqueu subiu ou não subiu para ver Jesus, é demais para mim. Sinceramente minha gente, com tanta coisa grave acontecendo no meio evangélico, acredito que tem coisa mais importante para ser debatida e esclarecida do que ficar criticando uma canção.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O SHOW NÃO PODE PARAR - UMA ANÁLISE SOBRE O CULTO DA PERFORMANCE



Essa imagem é de Michael Jackson dois dias antes da morte, em um ensaio para o seu novo show:a atuação foi "impecável", dizem os produtores – que planejam lançar um DVD. Michael Jackson viveu cercado de escândalos – e agora, uma semana depois de sua morte, enquanto os parentes disputam seu espólio, a indústria de fofocas está mais ativa do que nunca. (Revista Veja, Edição n° 2120 de 08/07/2009).

O texto que eu vou colocar abaixo não é meu, é do Paulo Brabo (www.baciadasalmas.com), escrito em 29/05/2006, portanto à três anos atrás. Mas como é atual! Veja e reflita:

"Levada às últimas conseqüências, a visão de mundo capitalista gerou o nosso mundo e seu exigente culto da performance: a glorificação final do sucesso e do desempenho. Porque, como vivo dizendo, o capitalismo é religião; seu deus, ao contrário do que se pensa, não é o dinheiro, mas a performance.
Resta-nos pouca moral, mas o que nossa ética de fato cultua é o talento e o empreendorismo. Os heróis e santos contemporâneos são inequivocamente os vencedores, os talentosos, os empreendedores, os famosos, os bem-sucedidos. Esses, no nosso livrinho, é que são gente edificante, de valor, a ser admirada, seguida e – se tudo der certo – superada. O que temos no fim das contas não nos satisfaz, porque medimos nossa própria felicidade pela proporção em que nos conformamos aos padrões e precedentes estabelecidos pelos mais tecnicamente bem-sucedidos que nós.
É na verdade apenas essa crença no mérito inerente do desempenho que nos faz posicionar contra pecados modernos como a corrupção. O problema da corrupção, por essa nossa visão de mundo, é que ela impede o livre curso e a supremacia da performance – quando cremos que a performance é a verdadeira medida do valor. A corrupção nos parece ruim porque não permite que os verdadeiramente talentosos e esforçados sejam recompensados. E que os talentosos e esforçados devem ser recompensados e os incompetentes e preguiçosos punidos, é inquestionado item de fé da nossa religião.
Nossa teologia é o liberalismo econômico, nosso deus a performance.
Nosso panteão é por essa razão povoado por gente admirável como Ayrton Senna, Paul McCartney, Steve Jobs, George Clooney e Bill Gates – gente que se define pela naturalidade com que palmilha os átrios do talento e do empreendedorismo no templo do sucesso.
Naturalmente que nossa idolatria da performance é, por necessidade, contraditória e distorcida. Na mesma medida em que nos prostramos diante de santos contemporâneos como Senna, nos deleitamos na desconstrução pública de outros de nossos ícones. Acompanhamos com delícia e horror o espetáculo da auto-destruição de Michael Jackson ou a infâmia do mais recente ídolo do rock encontrado morto e drogrado e nu (não necessariamente nessa ordem) em sua banheira. Torcemos pela pobrezinha do Big Brother, e no momento seguinte vemos com um misto de inveja e indignação sua decisão de posar para a Playboy. Intuímos, no entanto, que faz tudo parte do espetáculo e que toda religião tem seus sacrifícios e vítimas".

segunda-feira, 6 de julho de 2009

METADE DO BRASIL SERÁ EVANGÉLICO EM 2020 - E DAÍ?

O Serviço de Evangelização para a América Latina, organização protestante de estudos teológicos conhecida pela sigla Sepal, fez, recentemente, uma estimativa surpreendente: de que a metade dos brasileiros será evangélica em 2020. 

A projeção baseia-se na premissa de que a taxa de crescimento dessa religião na próxima década continue a mesma dos últimos 40 anos. Em 1960, os evangélicos eram apenas 4% da população. 

Hoje, na falta de estatísticas recentes, estima-se que sejam quase 24%. Agora os estudiosos do Sepal preveem que em 12 anos essa proporção poderá dobrar. Seria um salto enorme. Fonte: Revista Época 

COMENTÁRIO: Tenho estado muito preocupado, ultimamente com o espírito de fanatismo que tem invadido a igreja evangélica no Brasil. Nesses 20 anos, também tenho estado muito alegre por ver que a igreja evangélica tem crescido muito e, com isso, muita gente está encontrando Jesus e, Nele, salvação, libertação, esperança e a possibilidade de uma vida melhor. 

Entretanto, angustia-me ver que, algumas vezes, esse crescimento, o qual tem o seu aspecto extraordinário, vem tomando contornos de algo não tão sadio, adoecido, estranho, que se assemelha à enfermidade, à patologia, redundando em evidências explicitamente fanáticas. Estamos vivendo, hoje no Brasil, um momento no qual precisamos definir o que queremos que aconteça em nossa pátria. Como povo de Deus, temos duas opções: a primeira é querer ver o Brasil evangélico; a segunda é ver o Brasil de Jesus. 

O que queremos? O Brasil pode ser evangélico sem ser de Jesus, como pode também ser de Jesus sem ser evangélico. E pode ser de Jesus e ser evangélico. Se tudo aquilo que fosse de Jesus tivesse que ser, necessariamente evangélico, Jesus só estaria tendo vez na História de 180 anos para cá, quando o “Movimento Evangélico” - tal qual o conhecemos hoje começou a existir. Se, para ser de Jesus o mundo tivesse que ser protestante, Jesus só estaria agindo e atuando nele de 500 anos para cá, quando da Reforma Protestante. 

Enfim, Deus tem meios e modos de fazer que a sua salvação entre no mundo sem, obrigatoriamente, ter que fazê-la evangélica. Digo isto, porque às vezes desenvolvemos esquemas religiosos que se tornam independentes de Deus e divorciados Dele, como uma coisa autônoma. Isso aconteceu com o movimento farisaico do judaísmo, que no início fora um movimento defensor do zelo pelas coisas de Deus, tornando-se, ao final, o “carro-chefe” que deflagou a morte histórica de Jesus. 

De igual modo, isto se verificou no cristianismo original dos apóstolos, do Novo Testamento, que 300 anos depois, foi “constantinizado”, transformando-se num movimento de natureza política com vistas à unificação do Império Romano, em decorrência do que a Igreja se foi paganizando, até que ela mesma criou um dos movimento mais escuro da história da civilização humana (a Idade das Trevas) do ocidente, com as Cruzadas e o advento da Santa Inquisição, feitas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, utilizando a cruz e todos os demais elementos sagrados do cristianismo, ainda que o Espírito Santo, neles não estivesse presente, nos quais Jesus estivesse ausente e nos quais Deus não se manifestou, mas o diabo. 

Nós hoje, estamos vivendo um momento singular, quando vemos a fé espalhando-se pelo Brasil. Aleluia! No entanto, a pergunta que devemos nos fazer, com relação à expansão da fé neste país, é o que queremos que aconteça com o Brasil. Queremos vê-lo apenas tornar-se uma nação evangélica, tendo templos em todos os lugares, vendo a maioria das lideranças políticas confessando-se evangélicas, tendo muitos veículos de comunicação evangélicos, com uma boa parte dos recursos financeiros do país em poder daqueles que se dizem evangélicos, etc?...

Mas, o Brasil vai continuar o mesmo! Na mesma miséria, com os mesmos casos de corrupção, com a mesma prática política...Talvez, até, pior, pelo fato de não haver mais nenhuma referência evangélica à qual se possa recorrer, não se tendo esperança de alguma coisa alternativa, porque o que era alternativo, acabou virando em algo associado ao que existe de pior no mundo, que por sua vez, passou a usar o nome de Deus para justificar suas ações.

É isso, que queremos? E mais, que imagem a Igreja deve buscar construir? Ora, como não poderia deixar de ser, Jesus tem que ser a nossa referência, a nossa busca de reconstrução da imagem da Igreja. Primeiro, porque se somos cristãos, a referência é Cristo e não há nenhum outro. Não é um homem, não é um apóstolo secundário, não é um missionário fabuloso que viveu na Índia - é Jesus a referência. 

Segundo, se somos evangélicos temos que viver conforme o Evangelho de Jesus. Ora, Jesus desagradou vários grupos políticos e religiosos do seu tempo. Agradou ao Pai e agradou ao povo, que vinha trazendo a Ele, os perdidos, oprimidos, doentes, para serem, salvos, curados e libertos. Então, para uns, a sua imagem estava tremendamente desgastada, enquanto que, para outros, ela crescia em respeito e admiração.

O problema da Igreja acontece quando o grupo com as características daqueles que antes odiavam Jesus, começa a aplaudir a Igreja hoje; enquanto o grupo que amava a Jesus, naqueles dias começa a repudiar a Igreja hoje. Ou seja, quando a gente vê pessoas com as mesmas posturas daqueles que, naqueles dias, repudiavam e odiavam as ações de Jesus, afinados com a Igreja hoje, e até liderando-a; enquanto aqueles que nos Evangelhos eram amigos de Jesus, e andavam com Ele, agora ficam longe, não querendo nem ouvir fale dele. 

Quando isso acontece é porque houve uma inversão radical de valores na Igreja, e ela não tem mais quase nada a ver como o coração do seu Senhor. E ainda, quando as pessoas dizem: "Jesus eu quero, só não quero a Igreja", é porque a Igreja virou anticristã.