O
Evangelho de Lucas é um dos livros mais belos e fascinantes do mundo. De fato,
o terceiro Evangelho se distingue pelo seu estilo literário, pelo seu
vocabulário e uso que faz do grego, considerado pelos eruditos como o mais
refinado do Novo Testamento. Mas a sua maior beleza está em narrar a história
da salvação (Lc 19-10). O autor procura mostrar, sempre de forma bem
documentada, que o plano de Deus em salvar a humanidade, revelado através da
história, cumpriu-se cabalmente em Cristo quando Ele se deu como sacrifício
expiador pelos pecadores (Jo 10.11). Deus continua sendo Senhor da história e o
advento do Messias para estabelecer o seu Reino é a prova disso. Lucas mostra
que é através do Espírito Santo, primeiramente operando no ministério de Jesus
e, posteriormente na Igreja, que esse propósito se efetiva. [Comentário: Lucas,
o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da
vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas
sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã. Homem
crente, cheio do Espírito do Senhor, com ampla visão da necessidade da obra,
Lucas empregou seus dons ligados à palavra escrita para proclamar o que sabia a
respeito de Jesus Cristo. Ele fora evangelista, pastor e chamado de “médico
amado”, um tratamento afetivo que lhe dispensa Paulo em Cl 4.14. Seus pais eram
de origem grega. Provavelmente converteu-se com a pregação de Paulo. Por ter
amplo vocabulário e dom da comunicação, ao escrever o terceiro Evangelho e
Atos, Lucas oferece-nos maior quantidade de informações históricas do que
qualquer outro autor do Novo Testamento. Lucas é o autor do terceiro Evangelho
e do livro de Atos (At 1.1-5). Os dois livros mostram uma similaridade de
estilo. O escritor foi um companheiro de viagem de Paulo (At 16. 10-17).
E os dois documentos são dirigidos à mesma pessoa: Teófilo. O evangelho de
Lucas foi escrito por volta do ano 60 d.C.] Convido
você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
1 - O TERCEIRO EVANGELHO
1.
Autoria e data. Lucas,
"o médico amado" (Cl 4.14), a quem é atribuída a autoria do terceiro
Evangelho, é citado no Novo Testamento três vezes. Todas as citações estão nas
epístolas paulinas e são usadas no contexto do aprisionamento do apóstolo Paulo
(Cl 4.14; Fm 24; 2 Tm
4.11).
Embora o autor do terceiro Evangelho não se identifique pelo nome, isso não
depõe contra a autoria lucana. Desde os seus primórdios, a Igreja Cristã
atribui a Lucas a autoria do terceiro Evangelho. A crítica contra a autoria de
Lucas não tem conseguido apresentar argumentos sólidos para demover a Igreja de
sua posição. A erudição conservadora assegura que Lucas escreveu a sua obra
(aproximadamente) no início dos anos sessenta do primeiro século da era cristã. [Comentário: O
Evangelho Segundo Lucas (em grego: Τὸ κατὰ Λουκᾶν εὐαγγέλιον; transl.: To kata
Loukan euangelion) é o terceiro dos quatro evangelhos canônicos. Ele relata a
vida e o ministério de Jesus de Nazaré, detalhando a história dos
acontecimentos de Seu nascimento até Sua Ascensão. O autor é tradicionalmente
identificado como Lucas, o evangelista. Certas histórias populares, como o
Filho Pródigo e o Bom samaritano, são encontrados somente neste evangelho. A
obra tem uma ênfase especial sobre a oração, a atividade do Espírito Santo, a
alegria e o cuidado de Deus para com os pobres, as crianças e as mulheres.
Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente
para a humanidade dEle, com Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os
marginalizados. Com base em Lucas 1.1-4 e Atos 1.1-3, é evidente que o mesmo
autor escreveu ambos Lucas e Atos, dirigindo os dois ao "excelentíssimo
Teófilo", possivelmente um dignitário romano. A tradição desde os
primeiros dias da igreja foi que Lucas, um médico e companheiro próximo ao
Apóstolo Paulo, escreveu tanto Lucas e Atos (Colossenses 4.14; 2 Timóteo 4.11).
Isto faria de Lucas o único gentio a escrever um dos livros da Escritura. De
acordo com o prefácio do livro, o propósito de Lucas é relatar o início do
Cristianismo, enquanto procura o significado teológico da história. A erudição
cristã tradicional tem datado a composição do evangelho para o início dos anos
60 d.C., enquanto a alta crítica data para décadas mais tarde do século.
Irineu, um dos pais da Igreja, já citava o Evangelho Segundo Lucas em seus
escritos, por volta do ano 180 d.C. Alguns intérpretes argumentam a favor de
uma data entre 75 e 85 d.C., afirmando que algumas passagens de Lucas
pressupõem a destruição de Jerusalém, fato ocorrido em 70 d.C. (ex. 19.43; 21.20,
24). Mas essas passagens falam daquilo que era costumeiro quando um exército
sitiava uma cidade da época, e não se podem acrescentar novas conclusões além
daquilo que foi profetizado por Jesus. Jesus profetizou que as políticas em
vigência levariam à ruína da nação no devido tempo. Alguns poucos críticos
argumentam a favor de uma data no século II, mas parece não haver boas razões
para isso. Com as informações que dispomos a data mais razoável é no início dos
anos 60.]
2. A
obra. Lucas
era historiador e médico. Ele escreveu sua obra em dois volumes (Lc 1.1-4; At
1.1,2). 0 terceiro Evangelho é a primeira parte desse trabalho e é uma
narrativa da vida e obra de Jesus, enquanto os Atos dos Apóstolos compõem a
segunda parte e narram o caminhar espiritual dos primeiros cristãos da Igreja
Primitiva. [Comentário: Muitos
acreditam que o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos originalmente
constituíam uma obra de dois volumes, compostos em grego koiné, que os estudiosos chamam de
Lucas-Atos. O
Evangelho de Lucas é único por ser uma narração meticulosa -- uma
"exposição em ordem" (Lucas 1.3) compatível com a
mente médica de Lucas -- muitas vezes dando detalhes que as outras narrativas
omitem. A história de Lucas da vida do Grande Médico enfatiza o seu ministério
- e compaixão – aos
gentios, samaritanos, mulheres, crianças, cobradores de impostos, pecadores e
outros considerados marginalizados em Israel. O estilo de Lucas é o mais literário de
todos eles. Graham Stanton avalia a abertura do Evangelho de Lucas como "a
frase mais refinada de todo o período pós-clássico da literatura grega".
Linguisticamente, o Evangelho de Lucas
divide-se em três seções. O prefácio (1:1-4), escrito num bom estilo clássico. O
restante do capítulo 1 e o capítulo 2 têm um sabor nitidamente hebraico. É tão
marcante que certo número de estudiosos chegou à conclusão de que
aqui temos uma tradução de um original em hebraico. A partir de 3:1, Lucas
escreve num tipo de grego helenístico que relembra fortemente a Septuaginta, versão
grega do Antigo Testamento. O
vocabulário é extensivo e Lucas utiliza 266 palavras (além dos nomes próprios)
que não são achados noutras partes do Novo Testamento. O estilo do Evangelho
constantemente lembra a septuaginta. As citações do Antigo Testamento de Lucas
são comumente tiradas daquela versão, e normalmente o autor emprega as formas
de nomes próprios achadas ali. Às vezes a linguagem de Lucas contém hebraísmos
e, às vezes, aramaísmos. Além disso, sua linguagem é mais semítica nalguns
trechos do que noutros. Esses fatos parecem melhor explicados como sendo a
reflexão das fontes de Lucas.Texto extraído de http://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelho_segundo_Lucas]
3. Os
destinatários originais. O
doutor Lucas endereçou seu Evangelho a Teófilo, certamente uma pessoa
importante que devia ocupar uma alta posição social, sendo citado como
"excelentíssimo". Pode se dizer que além deste ilustre destinatário,
Lucas também escreveu aos gentios. O terceiro Evangelho pode ser classificado
como sendo de natureza soteriológica e carismática. Soteriológica, porque narra
o plano da salvação, e carismática porque dá amplo destaque ao papel do
Espírito Santo como capacitador do ministério de Jesus Cristo. [Comentário: Tal como
Marcos (mas ao contrário de Mateus), o público alvo é a população de gentios de
língua grega, assegurando aos leitores que o cristianismo não uma seita
exclusivamente judaica, mas uma religião mundial. O Evangelho de Lucas é
especificamente endereçado a Teófilo (Lucas 1:3), cujo nome significa
"aquele que ama a Deus". A maneira mais natural de entender a
expressão é que Teófilo ("θεόφιλος" (Theóphilos), neles citado,
significa "amigo de Deus", "amado por Deus" ou "amando
a Deus" em grego clássico.) é uma pessoa de verdade e o mecenas de
Lucas, provavelmente pagando os custos da publicação do livro, sendo por isso a
ele dirigido. O adjetivo "excelentíssimo" significa que Teófilo era
uma pessoa de posição. Teófilo, no entanto, era mais que um publicador. A
mensagem desse evangelho visava à instrução não só daqueles entre os quais o
livro circularia, mas também dele próprio (Lucas 1:4). O fato do evangelho ser
dirigido a Teófilo não reduz nem limita seu propósito. O livro foi escrito para
fortalecer a fé de todos os crentes e para reagir aos ataques dos incrédulos.
Foi apresentado para substituir relatórios desconexos e infundados a respeito
de Jesus. Lucas queria demonstrar que o lugar ocupado pelo gentio convertido no
reino de Deus baseia-se nos ensinos de Jesus. Queria recomendar a pregação do
evangelho ao mundo inteiro. Texto
adaptado, com alguns acréscimos, de:http://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelho_segundo_Lucas. Não
se conhece a verdadeira identidade de Teófilo e há variadas conjecturas e
tradições sobre quem poderia sê-lo: O Easton's Bible Dictionary, considerando
que Lucas se refere a Teófilo com o mesmo honorífico que Paulo se dirige a
Félix, supõe que Teófilo era uma pessoa importante, possivelmente um oficial
romano. Segundo John Wesley, o honorífico era usado para os governadores
romanos. Teófilo seria um personagem importante de Alexandria. Teófilo seria o
patrono de Lucas, a quem ele dedica o livro, segundo Matthew Henry. Albert
Barnes comenta sobre a hipótese de que Teófilo não seria o nome de uma pessoa,
mas teria o significado literal de "amigo de Deus", ou um homem
piedoso, porém rejeita esta hipótese por causa do tratamento honorífico.
Teófilo provavelmente seria um grego ou romano convertido, um amigo de Lucas,
que havia pedido um relato sobre os eventos, e havia recebido uma carta
privada, que ele mesmo publicou.http://pt.wikipedia.org/wiki/Te%C3%B3filo_(B%C3%ADblia)]
SÍNTESE DO TÓPICO I
Lucas,
o médico amado, é o autor do terceiro Evangelho, que foi endereçado a Teófilo,
um gentio.
“ A fé cristã não se trata
de uma Lenda ou fábula engenhosamente inventada. São fatos históricos.
”
II-OS FUNDAMENTOS E HISTORICIDADE DA FÉ CRISTÃ
1. O
cristianismo no seu contexto histórico. Lucas
mostra com riqueza de detalhes sob que circunstâncias históricas se deram os
fatos por ele narrados. Vejamos: "E, no ano quinze do império de Tibério
César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, e Herodes, tetrarca da
Galileia, e seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da província de Traconites,
e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no
deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias" (Lc 3.1,2). Esses
dados têm um propósito claro: mostrar que o plano da salvação no cristianismo
pode ser localizado com precisão dentro da história. A fé cristã, portanto, não
se trata de uma lenda ou fábula engenhosamente inventada. São fatos históricos
que poderiam ser testados e provados e, dessa forma, podem ser aceitos por
todos aqueles que procuram a verdade. [Comentário: Todo
cristão deve buscar na História da Igreja as origens para a defesa de sua fé,
já que o Cristianismo é uma religião histórica e apela para os fatos da história
como argumento comprobatório de sua veracidade. O ambiente histórico em que
Cristo surgiu cooperou de modo colossal para a disseminação do evangelho.
Dentro desse período três povos merecem destaque pela sua rica contribuição: os
Judeus, os Romanos e os Gregos. A longa referência cronológica de Lucas começa
com o ministério de João Batista, provavelmente cerca de 27 a 29 d.C. Diz-se
que um tetrarca era um rei sem importância. Lucas cita Herodes Agripa como
tetrarca da Galiléia. É dito, ainda, de dois sumos sacerdotes, Anás e Caifás.
Os judeus tinham um só sumo sacerdote por vez. Anás tinha sido deposto pelos
romanos, que, para o seu lugar, escolheram Caifás, seu genro. Os romanos
cuidavam para que Caifás exercesse as funções oficiais, porém muitos judeus
ainda consideravam Anás o verdadeiro sumo sacerdote e sua influência era grande
por traz do genro.]
2.
Discipulado através dos fatos. A
palavra grega katecheo, traduzida como "informado" ou
“instruído" no versículo 4, deu origem à palavra portuguesa catequese.
Esse vocábulo significa também: doutrinar, ensinar e convencer. Nesse contexto
possui o sentido de "discipular". Lucas escreveu o seu Evangelho para
formar discípulos. O discipulado, para ser autêntico, deve fundamentar-se na
veracidade dos fatos da fé cristã. Nos primeiros versículos do seu Evangelho,
Lucas revela, portanto, quais seriam as razões da sua obra (Lucas 1.1-4). O terceiro
Evangelho foi escrito para mostrar os fundamentos das verdades nas quais os
cristãos são instruídos. [Comentário: A
fé cristã está bem fundamentada. Mas, quais são exatamente os fundamentos? Isso
é um pouco mais difícil. Há uma série de maneiras de se responder a esta
pergunta. Poderíamos olhar para a história da igreja e o que o povo de Deus
sempre acreditou. Poderíamos olhar para os antigos credos e confissões da
igreja. Poderíamos olhar para os maiores temas da Bíblia (por exemplo, a
aliança, o amor, a glória, a expiação) e as passagens mais importantes (por
exemplo, Gênesis 1, Êxodo 20, Mateus 5-7, João 3, Romanos 8).]
SÍNTESE DO TÓPICO II
A
veracidade dos fatos narrados por Lucas pode ser comprovada peta história.
CONHEÇA MAIS
*Como o Evangelho
de Lucas
Retrata a Cristo
“No
Evangelho de Lucas, Cristo é retratado como o Homem Perfeito e de grande
empatia. A genealogia é rastreada desde Davi e Abraão até Adão, nosso
antepassado comum, apresentando-o, deste modo, como alguém da nossa raça”. Para
conhecer mais leia Introdução ao Novo Testamento. CPAD, pág 77
III-A UNIVERSALIDADE DA SALVAÇÃO
1. A
história da salvação. A
teologia cristã destaca que Lucas divide a história da salvação em três
estágios: o tempo do Antigo Testamento; o tempo de Jesus e o tempo da Igreja. O
terceiro Evangelho registra as duas primeiras etapas e o Livro de Atos, a
terceira (Lc 16.16). No contexto de Lucas a expressão a "Lei e os
Profetas" é uma referência ao Antigo Testamento, onde é narrado o plano de
Deus para o povo de Israel. A frase "anunciado o Reino de Deus" se
refere ao tempo de Jesus que, através do Espírito Santo, realiza manifesta o
Reino de Deus. O tempo da Igreja ocorre quando o Espirito Santo, que estava
sobre Jesus, é derramado sobre todos os crentes. [Comentário: O
Evangelho de Lucas testemunha uma proposta de libertação e salvação universal,
se estende a todos e a tudo, não porque o povo judeu a recusou, mas porque está
no plano libertador e salvífico do Deus da vida favorecer toda a humanidade e
toda a biodiversidade. O plano libertador-salvífico, segundo o evangelista
Lucas, começa com o movimento de Jesus Cristo, no evangelho, e continua no
livro de Atos dos Apóstolos sob a ação do Espírito Santo prolongando-se na(s)
Igreja(s) – comunidades de fé, amor e esperança - pelo mundo afora. No plano
teológico da obra de Lucas, o tempo da promessa é o Primeiro Testamento, o
tempo de Jesus é o evangelho e o tempo da(s) Igreja(s) está em Atos dos
Apóstolos. Assim Lucas apresenta uma visão unitária de um único projeto de
libertação-salvação, querido pelo Deus da Bíblia, para o ser humano de todos os
tempos e testemunhado em sua plenitude em Jesus de Nazaré por meio do dom e da
presença do Espírito Santo nas comunidades cristãs. A cristologia de Lucas
revela Jesus como eminentemente compassivo-misericordioso (Lc 7,13; 10,33;
15,20), Salvador de todos (Lc 2,32), curador de todas as doenças (Lc 19,5;
15,2); acolhedor dos samaritanos (Lc 10,29-37; 17,11-19); acolhedor amoroso das
mulheres (Lc 8,2-3; 23,49) e praticamente da “comunhão de mesa” com pecadores
ao sentar-se à mesa e comer junto com eles (Lc 5,29-30; 15,2; 19,7). O templo e
a cidade de Jerusalém como lugares exclusivos de salvação ou revelação são
superados. O povo de Israel, segundo Lucas, não é mais o “povo eleito” por
excelência. Basta perceber a prioridade que Lucas dá aos samaritanos e aos
gentios. Lucas nos alerta que o lugar por excelência da revelação de Deus é a
pessoa de Jesus. O Menino Jesus é reconhecido como “bendito” (Lc 1,42); na sua
humanidade “visita” o seu povo e toda a humanidade (Lc 1,68.78; 3,6). Deus, em
Jesus, visita amorosamente o povo e dá início, assim, a um tempo de salvação,
paz, reconciliação e perdão. http://www.ihu.unisinos.br/noticias/517759-evangelho-de-lucas-teologia-da-historia]
2. A
salvação em seu aspecto universal. O
aspecto universal da salvação, revelado no terceiro Evangelho pode ser
facilmente observado pelo seu amplo destaque dado aos gentios. O próprio Lucas
endereça a sua obra a um gentio, Teófilo (Lc 1.1,2). A descendência de Cristo,
o Messias prometido, vai até Adão, o pai de todos, e não apenas até Abraão, o
pai dos judeus (Lc 3.23-38). Fica, portanto, revelado que os gentios, e não
somente os judeus, estão incluídos no plano salvífico de Deus (Lc 2.32; 24.47).
Destaque especial é dado para os samaritanos (Lc 9.51-56; 10.25-37; 17.11-19).
Há ainda outras particularidades do Evangelho de Lucas que mostram o interesse
de Deus por toda a humanidade, especialmente os pobres e excluídos (Lc 19-1-10;
7.36-50, 23.39-43; 18.9-14). [Comentário: A
genealogia de Lucas difere da que está em Mt 1.2-17, começando com Adão, ao
invés de Abraão. Vemos a largura desse grande amor de DEUS na universalidade da
salvação acerca da qual Lucas escreve. A própria palavra “salvação” está
ausente de Mateus e Marcos e ocorre uma só vez em João. Lucas, no entanto,
empregou soteria quatro vezes e soterion duas vezes. Além disto, emprega o
termo “Salvador” duas vezes (e duas vezes mais em Atos), e empregou o verbo
“salvar” mais frequentemente do que qualquer outro Evangelista. Lucas nos conta
que a mensagem do anjo dizia respeito aos homens em geral, e não a Israel especialmente
(2:14). Faz a genealogia de Jesus remontar até Adão (3:38), o progenitor da
raça humana, não parando em Abraão, o pai da nação judaica (conforme faz
Mateus). Conta-nos acerca dos samaritanos, como, por exemplo, quando os
discípulos queriam invocar fogo contra eles (9:51-54), ou na bem conhecida
parábola do Bom Samaritano (10:30-37), ou na informação de que o leproso
agradecido era desta raça (17:16). Refere-se aos gentios no cântico de Simeão
(2:32) e nos conta que Jesus falou com aprovação acerca de não israelitas tais
como a viúva de Sarepta e Naamã, o sírio (4:25-27). Conta-nos acerca da cura do
escravo de um centurião (7:2-10). Registra palavras acerca de pessoas que vem
de todas as direções da bússola para assentarem-se no reino de Deus (13:39) e
da grande comissão para pregar o evangelho em todas as nações (24:47).
Sustenta-se geralmente que sua história da missão dos setenta (10:1-20) tem
relevância para os gentios. Fica claro que Lucas tinha profundo interesse pela
solicitude de Deus para com todas as pessoas. Não devemos, no entanto, entender
tudo isto como se ele quisesse dizer que todos seriam salvos. Vê a igreja
existente num mundo hostil. Distingue entre “os filhos do mundo” e “os filhos
da luz” (16.8; cf. 12.29-30, 51 ss.). O evangelho é oferecido gratuitamente a
todos os homens, mas eles têm uma responsabilidade no sentido de se
arrependerem, e serão julgados no devido tempo (Atos 17:30-31). O julgamento
não é um tema infrequente neste Evangelho (cf. 12.13ss.; 17.26ss.). Nem devemos
entender isto no sentido de depreciar a importância de Israel no propósito de
Deus. Uma das coisas fascinantes no escrito de Lucas é a maneira em que este
gentio ressalta a importância do Templo e de Jerusalém. Começa e termina seu
Evangelho com pessoas no templo em Jerusalém, em contraste com o Evangelho
“judaico” de Mateus, cuja cena de abertura ressalta o lugar dos magos gentios e
que termina com uma comissão na Galiléia no sentido de os seguidores de Jesus
irem para todo o mundo. Lucas menciona que Jesus foi apresentado no Templo como
nenê, e que o visitou como menino. Ocorre de novo como o clímax da narrativa da
tentação de Jesus, e como o lugar para o clímax da obra de Jesus em prol dos
homens. Entre estas referências, uma seção considerável do Evangelho é ocupada
com uma viagem para Jerusalém (9.51-19.45; note a ênfase em Jerusalém como o
destino, 9.51, 53; 13.22; 17.11; 18.31; 19.28; cf. 13.33-34). Ao todo,
refere-se a Jerusalém 31 vezes em contraste com 13 vezes em Mateus, 10 vezes em
Marcos e 12 vezes em João. O universalismo de Lucas é real, mas não devemos
deixar que ocultasse de nós uma “qualidade judaica” muito real.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
Todos estão incluídos no plano salvífico de Deus: gentios e
judeus.
“O discipulado, para ser
autêntico, deve fundamentar-se na veracidade dos fatos da fé cristã.
”
IV- A IDENTIDADE DE JESUS. O MESSIAS ESPERADO
1.
Jesus, o homem perfeito. No
Evangelho de Lucas, Jesus aparece como o "Filho de Deus" (Lc 1.35) e
Filho do Homem" (Lc 5.24). São expressões messiânicas que revelam a
deidade de Jesus. A primeira expressão mostra Jesus como verdadeiro Deus
enquanto a segunda, que ocorre 25 vezes no terceiro Evangelho, mostra-o como
verdadeiro homem. Ele é o Filho do Homem, o Homem Perfeito. Ao usar o título
"Filho do Homem" para si mesmo, Jesus evita ser confundido com o
Messias político esperado pelos judeus. Como Homem Perfeito, Jesus era
obediente a seus pais. Todavia, estava consciente de sua natureza divina (Lc
2.4-52). É como o Homem Perfeito que Jesus enfrenta, e derrota, Satanás na
tentação do deserto (Lc 4.1-13).[Comentário: O
Novo Testamento se refere a Jesus como o “Filho do Homem” 88 vezes. O que isso
significa? A Bíblia não diz que Jesus era o Filho de Deus? Então como Jesus
também poderia ser o Filho do Homem? O primeiro significado para o termo
"Filho do Homem" é usado em referência à profecia de Daniel 7:13-14:
"Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as
nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o
fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os
povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio
eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído." O termo
"Filho do Homem" era um título Messiânico. Jesus é o único a quem foi
dado domínio, glória e o reino. Quando Jesus usou esse termo em referência a Si
mesmo, Ele estava atribuindo a profecia do “Filho do Homem” a Si mesmo. Os
judeus daquela época com certeza estariam bem familiarizados com o termo e a
quem se referia. Ele estava proclamando ser o Messias. O segundo significado
para o termo "Filho do Homem" é que Jesus realmente era um ser
humano. Deus chamou o profeta Ezequiel de "filho do homem" 93 vezes.
Deus estava simplesmente chamando Ezequiel de um ser humano. Um filho do homem
é um homem. Jesus era 100% Deus (João 1:1), mas Ele também era um ser humano
(João 1:14). 1 João 4:2 nos diz: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus:
todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus." Sim,
Jesus era o Filho de Deus – Ele era Deus em Sua essência. Sim, Jesus também era
o Filho do Homem – Ele era um ser humano em Sua essência. Em resumo, a frase
"Filho do Homem" indica que Jesus é o Messias e que Ele realmente é
um ser humano. Leia mais:http://www.gotquestions.org/Portugues/Jesus-filho-homem.html#ixzz3VjhVKV9u.]
2. O
Messias e o Espírito Santo. Lucas
revela que Jesus, o Messias, como Homem Perfeito, dependia do Espírito Santo no
desempenho do seu ministério (Lc 4.18). Isaías, o profeta messiânico, mostra a
estreita relação que o Messias manteria com o Espírito do Senhor (Is 11.1,2;
42.1). 0 Messias seria aquele sobre quem repousaria o Espírito do Senhor, tal
como profetizara Isaías e Jesus aplicara a si, na sinagoga em Nazaré (Lc
4.16-19; Is 61.1).[Comentário: Os escritores dos evangelhos,
especialmente Lucas, concebiam em todo o ministério de Jesus como estando sob o
poder do Espírito Santo. Depois de declarar que Jesus estava “cheio do Espírito
Santo” e que foi levado pelo Espírito no deserto por quarenta dias, em Lc 4.1,
ele declara, em Lc 4.14, que Jesus “retornou no poder do Espírito para a
Galiléia.” Isto é seguido no versículo seguinte, um resumo geral de suas
atividades: “E ensinava nas sinagogas, sendo glorificado por todos.” Então,
como que para completar o ensino como a relação entre o Espírito de Jesus, ele
narra a visita à Nazaré e a citação por Jesus na sinagoga das palavras de
Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim”, com a descrição detalhada da sua
atividade messiânica, ou seja, a pregação aos pobres, o anúncio da liberação
aos cativos, a recuperação da vista aos cegos, e para proclamar o ano aceitável
do Senhor (Is 61.1). Jesus proclama o cumprimento desta profecia em si mesmo
(Lc 4.21). Em Mt 12.18 uma citação de Is 42.1-3 é feita em conexão com o
trabalho de cura milagrosa de Jesus. É uma passagem de rara beleza e descreve o
Messias como um tranquilo e discreto ministro das necessidades humanas, dotado
de poder irresistível e paciência infinita. Assim, os ideais do Antigo
Testamento sobre as operações do Espírito de Deus se realizam, especialmente no
ministério público de Jesus. Os termos globais da descrição tornam
incontestavelmente claros em que os escritores do Novo Testamento encaravam
toda a vida pública de Jesus como sendo dirigida pelo Espírito de Deus.]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
Lucas
apresenta Jesus como o Filho de Deus e o Filho do Homem, ressaltando tanto a
sua humanidade quanto a sua divindade.
“A descendência de
Cristo, o Messias prometido, vai até Adão, o pai de todos, e não apenas até
Abraão, o pai dos judeus.
”
CONCLUSÃO
O
terceiro Evangelho é considerado a coroa dos Evangelhos sinóticos. Enquanto o
Evangelho de Mateus enfoca a realeza do Messias e Marcos o poder, Lucas
enfatiza o amor de Deus. Lucas é o Evangelho do Homem Perfeito; da alegria (Lc
1.28; 2.11; 19-37; 24.53); da misericórdia (Lc 1.78,79); do perdão (7.36-50; 19.1-10); da
oração (Lc 6.12; 11.1; 22.39-45); dos pobres e necessitados (Lc A.18) e do
poder e da força do Espírito Santo (Lc 1.15,35; 3-22; 4.1; 4.14; 4.17-20;
10.21; 11.13; 24.49). Lucas é, portanto, o Evangelho do crente que quer
conhecer melhor o seu Senhor e ser cheio do Espírito Santo. [Comentário: “Visto
que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre
nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram
deles testemunhas oculares e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu
bem depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por
escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem” (Lc 1.1-4). O
Evangelho de Lucas apresenta Jesus não somente como o Messias prometido por
Deus ao povo de Israel, mas como Salvador da Humanidade. Ele nos conta sobre os
pais de Jesus, conta também sobre o nascimento de seu primo João Batista (Lc
3.16), a trajetória de José e Maria até Belém, lugar em que Jesus nasceu, e
ficou numa manjedoura (Lc 2. 4-7). O Evangelho de Lucas apresenta muitos fatos
importantes e lições significantes sobre Jesus Cristo. Primeiro, o Evangelho
claramente estabelece que Jesus Cristo é o Messias profetizado no Velho
Testamento. Segundo, o Evangelho prova que Jesus é o Filho de Deus, assim como
Ele clama. Terceiro, esse evangelho confirma que Jesus tem autoridade completa
sobre qualquer coisa nesse mundo, incluindo o mal (Lucas 4.12, 35, 9.38,
11.14), a natureza (Lucas 8.22-25, 9.12-17, 5.4-11), a morte (Lucas 8.41-42,
7.11-15), doenças (Lucas 5.12-13, 7.1-10, 4.38-35, 5.18-25, 6.6-10, 18.35-43),
perdão de pecados (Lucas 5.24, 7.48), bênçãos (Lucas 6.20-22) e a autoridade de
dar vida eterna no céu (Lucas 23.43). Jesus demonstrou o milagre de superar Sua
própria morte através da Sua ressurreição depois de ter sido crucificado na
cruz romana. O Evangelho de Lucas providencia uma narrativa de primeira mão dos
eventos da vida de Cristo, baseado nos próprios Apóstolos ou outras
testemunhas.] “NaquEle que me garante:
"Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de
Deus" (Ef 2.8)”.