sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Subsídio para EBD - Daniel, "nosso contemporâneo"











Nesse último trimestre de 2014, vamos estudar sobre o livro do Profeta Daniel. O nome hebraico Daniyye'l significa “Deus é Juiz” (Príncipe) ou “Deus é meu Juiz” (Príncipe). Daniel e Ezequiel, os dois profetas do exílio, tinham o sufixo El (El, Elah e Eloah, no singular; Elohim, no plural) que significava Deus. Isaías e Jeremias, os outros dois profetas maiores, tinham o sufixo “YAH” de onde vem Iahweh. Embora o consideremos como profeta, e assim Jesus o tenha chamado (Mt 24.15), ele foi colocado entre os Khetubym (“Escritos”), na Bíblia Hebraica. Depois dos Nabyym (“Profetas”). 
Isto é suficiente para que liberais digam que Daniel nunca existiu, e é um romance tardio, na literatura hebraica. A explicação é simples: ele é mais um estadista que um profeta clássico, e todo seu ministério é entre pagãos. Por isso sua classificação entre os últimos livros, na Bíblia hebraica.

1. AUTOR
Daniel era membro da família real, nascido em Jerusalém em 623 a.C. (um ano antes de Ezequiel) durante a reforma de Josias, no início do ministério de Jeremias (627-582). Alguns acham que ele era um dos descendentes do rei Ezequias (Is 39.5-8; Dn 1.3). Boa parte dos comentaristas pensa que ele foi tornado em eunuco (2Rs 20.17,18; 2Rs 24.1,12-14; Dn 1.3,7).
Levado para a Babilônia na primeira deportação em 606 a.C., e depois de três anos de estudos, foi selecionado para o serviço real de Nabucodonosor (1.17-21). Seu nome foi mudado, de acordo com o panteão de deuses babilônicos, para Beltessazar (1.7), “Que Bel proteja a sua vida” ou “Príncipe de Bel” (um dos deuses principais dos babilônios). Seus amigos de nobreza receberam os seguintes nomes: Hananias (“Iahweh tem sido gracioso”) foi chamado Sadraque, “Servo de Aku”, o deus da lua Sin; Misael (“semelhante a Deus”) foi chamado Mesaque, “Quem é igual a Aku”; e Azarias (“Quem Iahweh ajuda”) foi chamado Abede-nego, “Servo de Nebo”.
Em 603 a.C., com 20 anos de idade, Daniel foi declarado governador da província da Babilônia e chefe supremo de todos os “sábios” (2.48-49). Foi o principal conselheiro de Nabucodonosor durante a destruição de Jerusalém em 586 a.C., e com seus amigos (2.49), exerceu grande influência sobre os judeus cativos levados à Babilônia. Ajudou muito as vilas e colônias agrícolas dos judeus, como Tel Abibe (outeiro de grão) de Ezequiel (Ez 3.15).
Profetizou durante 67 anos (603-536 a.C.), servindo cinco reis babilônios e dois reis medo-persas. No governo de três deles (Nabucodonosor, Belsazar e Dario) ele serviu como primeiro ministro. Seu livro, escrito em cerca de 535 a.C., provavelmente foi trazido de Babilônia para Jerusalém por um dos três grupos que retornaram, liderados por Zorobabel, Esdras e Neemias. A data e as circunstâncias de sua morte na Babilônia são desconhecidas.
Daniel era um homem resoluto, corajoso, sábio, cheio de fé, e homem de oração. O texto de Daniel 6.3-4 descreve-o como tendo “espírito excelente”, “fiel”, e “sem erro ou falta” (irrepreensível). Os textos de Daniel 9.23 e 10.11 e 19 chamam-no três vezes de “muito amado” (altamente estimado).

2. AUTORIA
A autoria do livro de Daniel também é motivo de muitas controvérsias, atualmente. Questiona-se sua autoria. Os argumentos contra a redação de Daniel são:
 
(1) - A colocação do livro no cânon hebraico entre os últimos livros históricos, que suposta, mas erroneamente, são considerados como tendo sido canonizados em 165 a.C. enquanto o cânon dos livros proféticos foi completado em 425 a.C.
(2) - As características literárias refletem o tempo dos persas e gregos (8.5,21, o tempo de Alexandre e 8.23, o tempo de Antíoco).
(3) - Os conceitos teológicos a respeito do Messias (9.24-27), dos anjos, e da ressurreição são anacrônicos, refletindo a literatura apócrifa dos séculos II e III a.C.
(4) - As profecias sobre os gregos e a época dos macabeus (Dn 11.1-45). Segundo o ponto de vista humanista, não existe predição do futuro, e, portanto Daniel teria sido escrito depois dos acontecimentos dos macabeus; isto é, depois de 165 a.C., 2 pois Daniel escreveu de Alexandre o Magno (8.5; 11.3), de Antíoco Epifânio - 175-164 a.C. (8.23).
(5) - Os milagres fantásticos (3 e 6).
6) - As alegadas referências históricas inexatas.
(7)-  O uso da terceira pessoa, como se fosse uma outra escrevendo (cap. 1.1 - 7.1) e da primeira pessoa (cap. 7.2 - fim). Mas Moisés, Samuel, Esdras usaram a mesma forma literária; estilo daquela época).

Os argumentos que defendem a autoria de Daniel são:
(1)  O autor identifica-se muitas vezes como "Eu, Daniel" (7.2; 8.1; 9.2; 10.2)
(2) Ezequiel reconheceu-o como personagem histórico junto a Noé e Jó (Ez 14.14,20; 28.3). Lembremos que Ezequiel e Daniel foram contemporâneos. Daniel na corte e Ezequiel, no campo.
(3) O autor conhecia intimamente os hábitos, costumes, história e religiões do sexto século (1.5,10;2.2;3.3,10).
(4) Jesus deu crédito a Daniel como autor das visões do livro (Mt 24.15; Dn 9.27).
(5) Josefo (75 d.C.) escreveu que Alexandre, o Grande foi anunciado em Daniel 8.21; 11.3.
(6)  As tradições judaica e cristã sempre têm reconhecido Daniel como o autor.
 
4. LÍNGUAS
Daniel foi escrito em hebraico e aramaico, como Esdras também (Ed 4.18-6.18; 7.12-26 estão escritos em aramaico, bem como Jr 10.11). A forma escrita do aramaico é a mesma do hebraico. Daniel 1.1 - 2.4a, escrito para os judeus está em hebraico; Daniel 2.4b - 7.28, que traz profecias sobre as nações gentílicas, está em aramaico, a língua da região; Daniel 8.1 - 12.13, que traz profecias sobre a nação judaica, está em hebraico. O aramaico foi a língua oficial dos discursos diplomáticos; a língua franca do Oriente Médio durante os séculos 7 a.C. a 7 d.C. (2Rs 18.26,28). O hebraico desapareceu como a língua vernácula dos judeus durante o exílio. Permaneceu a língua religiosa, mas não a língua popular, comum. Jesus falava aramaico em casa e na rua, e hebraico no templo e na sinagoga. Devia conhecer bem o latim, língua pública, de contato com os romanos. O hebraico voltou a ser a língua oficial, em 1948 com a fundação do estado de Israel, em 19/5/1948.

5. TIPO DE LITERATURA
Daniel é considerado um livro histórico na Bíblia Hebraica, não um livro profético. Daniel tinha o dom da profecia, mas não exerceu o ministério profético. Serviu muito mais nas cortes dos reis gentílicos e profetizou muito a respeito das nações presentes e futuras deles. Na realidade, Daniel foi muito mais um estadista. Uma lição para nós: Deus não precisa apenas de profetas, mas também de administradores e políticos fiéis e leais a ele.
Daniel, Ezequiel, e Zacarias, no AT e o Apocalipse, no NT, pertencem ao tipo de literatura conhecido como apocalíptica. Ela floresceu muito entre 200 a.C. e 100 d.C., mas já existia vários séculos antes. Esta literatura se caracterizava por visões e imagens simbólicas, vagas, bizarras e sobrenaturais. Tratava de catástrofes cósmicas e iminentes, mostrando as forças do bem vencendo as forças do mal. Muitos pseudepígrafos eram deste tipo de literatura que tinha uma abordagem determinista e foram escritos para encorajar os fiéis a lutarem até o final com a certeza que o bem vencerá o mal.
O livro de Daniel não foi nos dado por Deus para promover o misticismo, nem a adivinhação escatológica, mas para fortalecer nosso caráter; não para despertar nossa curiosidade, mas para promover coragem.

6. TEMA
Deus é o soberano governador das nações do mundo (2.21; 4.17,35). O versículo 2.44 é chave para entendimento do livro. Deus é o Senhor da história. Ela não é uma sucessão de fatos sem nexo nem pode ser controlada pelos homens. Há alguém nos bastidores, conduzindo-a para um ponto determinado, que podemos compreender qual seja em Efésios 1.10, Filipenses 2.9-11. Isto acontecerá quando se cumprir o texto de Apocalipse 1.7.


BIBLIOGRAFIA SOBRE ASSUNTO:
1. Mesquita, Antonio. Estudo no livro de Daniel, 3ª ed., Rio de Janeiro; Juerp, 1993
2. Litz, Osvaldo. A estátua e a pedra. Rio de Janeiro: Juerp, 1985
3. Wallace, Ronald. A mensagem de Daniel. S. Paulo: ABU Editora, 1985
4. Baldwin. Joyce. Daniel - introdução e comentário. S. Paulo: Vida, 1983
5. Marconcini, Benito. Daniel. S. Paulo: Edições Paulinas, 1984




quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Vaticano investigou Padre Marcelo Rossi por quase dez anos

O padre Marcelo Rossi teve seus passos, CDs, livros, missas e aparições na TV seguidos de perto pelo Vaticano do final dos anos 90 até cerca de quatro anos atrás.
A investigação, que durou quase 10 anos, foi provocada por uma denúncia feita por um religioso brasileiro, que acusou o padre de culto ao personalismo, exibicionismo por ir demais às TVs, de desvirtuar as práticas católicas e de transformar a missa em uma espécie de "circo".
 
A investigação foi comandada pela Congregação para a Doutrina da Fé, liderada pelo cardeal Joseph Ratzinger, que mais tarde se tornaria o papa Bento 16. A Congregatio pro Doctrina Fidei é o novo nome que o Vaticano dá para a assassina Inquisição.
O UOL apurou com exclusividade que, entre o final dos anos 90 e a década de 2000, a Congregação recebia regularmente vídeos com as participações do padre Marcelo em programas como o de Gugu Liberato no SBT e de Fausto Silva, na Globo.
 
A Cogregatio matou na fogueira, por asfixia ou afogamento centenas de milhares de pessoas no mínimo entre os séculos 12 e século 19 (mas há relatos de incipientes matanças já no século 10).
A Inquisição também calou, excomungou ou proibiu de ensinar milhares de padres e freiras ao redor do mundo até o presente.
 
Procurada, a assessoria do padre Marcelo e do bispo dom Fernando, da Mitra de Santo Amaro, superior direto do padre, disseram desconhecer a investigação. A assessoria do padre afirma que, "se isso realmente ocorreu, trata-se de um fato do passado."
O Vaticano, por meio de sua embaixada no Brasil, se recusou a se manifestar a respeito.
Procurada por telefone e por e-mail durante vários dias, a CNBB também se calou sobre o fato.
A investigação foi feita no Vaticano ao mesmo tempo em que ocorriam outras centenas de investigações a respeito de outros padres, freiras e bispos ao redor do mundo.
A Congregação costuma se reunir aos sábados, no Vaticano.
 
PERTO DA SUSPENSÃO
A reportagem do UOL levantou junto a fontes da Santa Sé que o padre Marcelo Rossi e o bispo dom Fernando estiveram a ponto de serem chamados ao Vaticano para prestar contas, no final de 2004 e início de 2005.
O padre esteve próximo de ter suas atividades suspensas, bem como a publicação de livros e CDs –por pressão do denunciante, cuja identidade o Vaticano mantém oculta sob sete chaves. Ele não poderia mais celebrar missas, ouvir confissões e dar a hóstia.
Curiosamente, o que acabou por livrar padre Marcelo da punição foi a morte do papa João Paulo 2º, em abril de 2005, quando praticamente toda a atividade da Congregação para a Doutrina da Fé foi interrompida com a eleição de Ratzinger para o posto de novo papa. Ele era o "prefeito" da congregação.
 
BARRADO NO BAILE
Em 2007, padre Marcelo tentou se reunir com papa Bento 16 durante a visita deste ao Brasil.
No entanto, o padre foi impedido de se encontrar com Bento 16. Segundo dados obtidos pelo UOL, quem impediu o papa de aceitar o encontro foram funcionários da Congregação que estavam presentes na comitiva de Bento 16.
Segundo eles, não cairia bem ao papa receber um religioso que estava "sob investigação". Bento 16 concordou e se recusou a receber Marcelo Rossi no mosteiro de São Bento. O padre o aguardara desde as 5h e mal havia dormido, de tão ansioso que estava pelo encontro.
Na ocasião, o UOL publicou reportagem contando o ocorrido, sobre o impedimento do padre, com exclusividade. Padre Marcelo então negou veementemente que isso tivesse acontecido.
Dois anos atrás, porém, em entrevista à revista "Veja", o padre se retratou e confirmou que a reportagem estava correta e que, sim, fora barrado pela comitiva de Bento 16.
Reprodução/TV Globo
Padre Marcelo Rossi em entrevista ao "Fantástico"
Padre Marcelo Rossi em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo
O que o padre não sabia era que o veto se devia à investigação a que ele estava sendo submetido pelo Vaticano.
No final de 2009, a Congregação decidiu encerrar as investigações sobre padre Marcelo. Ele foi inocentado de todas as falsas "acusações".
Em 2010, o padre finalmente foi recebido por Bento 16, no Vaticano, e este lhe outorgou um prêmio de Evangelizador Moderno, concedido pela Fundação São Mateus.
Foi o final feliz para quase dez anos de suspeitas sobre o trabalho do padre, que chamou a atenção desde que um de seus CDs vendeu quase 3,5 milhões de cópias e se tornou um fenômeno social e midiático.
Matéria publicada originalmente no UOL

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

MEU TESTEMUNHO - PARTE 03

Em 1996, comecei a dar seminários ou palestras nas igrejas sobre seitas e heresias. Eram ministrações de dois ou três dias. Fiz uma apostila com o título: A Nova Era e o Espiritismo, e onde os pastores me convidavam eu ia. Em 1997, fiz mais duas apostilas, uma de escatologia e outra onde falava sobre A Nova Era, Mormonismo, Igrejas Unicistas, Testemunhas de Jeová e Catolicismo Romano. Foram três anos de experiência interessantes, porque geralmente eu dava estudos de sexta-feira até domingo pela manhã ou tarde e encerrava com uma pregação à noite. Até hoje, encontro pessoas aqui e ali, que me param na rua ou na igreja e dizem que foram abençoados através destas ministrações. Dou glória a Deus por isso. 

Em 1999, dei um tempo nos seminários de escatologia e heresiologia, porque fui convidado a fazer parte da equipe de seminários da Semap (nossa secretaria de missões), que havia sido criada naquele ano. Eram seminários de conscientização missionária, e eu falava sobre os blocos religiosos no mundo, dando mais ênfase ao Budismo, Islamismo e Hinduísmo. 

Viajei pelo Brasil a fora, ensinando e pregando. Foi bom também trabalhar em equipe, pois antes eu ministrava sozinho, agora tinha outros palestrantes junto. Nos meus seminários, eu só pedia as despesas de viagem e o custo da apostila, a igreja ficava livre para me dar oferta ou não. Algumas vezes recebi, outras vezes não. Dormia em hotéis em alguns lugares, em outros na casa de irmãos da igreja, escola infantil em reforma, gabinete pastoral e até numa rádio pirata de uma igreja. É mole? 

Nos seminários da Semap, eu não recebia nada pelas palestras, pois todas as ofertas eram dirigidas a Secretaria de Missões. Ofertas estas, que muitas vezes garantiram o sustento de missionários no exterior. Portanto, apesar de ter ministrado em vários lugares, nunca me senti um evangelista itinerante, porque nunca tive coragem de pedir hotel cinco estrela, cachê alto e etc. Minhas despesas pessoais sempre foram mantidos pelo meu emprego secular, por isso até hoje, procuro controlar a agenda para ministrações nos fins de semana. 

Dos 17 até os 24 anos, eu até cheguei a dar uns “pulinhos” na hora da pregação, mas depois eu caí na real, que essa não era minha praia. Pelo conselho sábio da minha esposa, passei a pregar como prego até hoje, ensinando. Aliás por falar nisso, ela me conheceu dando aula na Escola Dominical. Depois casou com o professor. 

Agora vou desestimular a todos de me convidarem para pregar. Minha pregação não tem pulo, grito, sopração em cima das pessoas, simplesmente falo a Palavra. Confesso que já fui tentado a fazer um sermão “elétrico” (espiritual para muitos), a cobrar cachê estratosférico. Parece que os que cobram valores imorais e fazem um punhado de estripulias no púlpito tem uma agenda cheia. 

Mas é isso, poderia mentir aqui e dizer que sou conferencista internacional, que tenho todos os dons de cura, fui arrebatado ao céu e depois ao inferno, que sou “ex” isso, gravar um CD ou DVD e sair por aí na maior “cara de pau”, inventando histórias das mais absurdas. Gente que faz isso, não falta, hoje em dia. O triste é que o povo acredita e sustenta esse tipo de gente. E pior, algns pastores gostam, porque essas “celebridades” é sinônimo de “casa cheia”, ou seja templos, e também são bons para tirarem oferta. Acho que falei demais. Gente, por hoje é só, depois eu continuo.