sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Subsídio para EBD - Lição 6: A REBELDIA DE SAUL E A REJEIÇÃO DE DEUS

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Nesta lição trataremos sobre a rebeldia de Saul e de sua rejeição por parte de Deus. Figuradamente, Israel foi comparado a uma vaca rebelde que se rebelou contra Deus (Os 4.16). A Bíblia mostra que há castigo divino para quem trilha o caminho da rebeldia (Nm 17.10; 20.24; Rm 10.21; 1 Tm 1.9). É isso o que estudaremos aqui, tomando como exemplo Saul, o primeiro rei de Israel||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]

- Sobre a rebeldia de Saul, veremos que ele “escolhia o que obedecer” das ordens de Deus emanadas através de Samuel. Depois de repetir o erro, Samuel reprova Saul e rompe totalmente com o rei (1Sm 15.35). “Saul tinha tudo para ser um homem de sucesso e foi um fracasso. Começou bem e terminou mal. Suas decisões foram desastradas. Ele tropeçou nas suas próprias pernas. Foi derrotado não pelos inimigos nem pelas circunstâncias, mas por si mesmo.

• A vida de Saul é uma trombeta a alertar-nos para o perigo de começar bem a carreira e perder-se na caminhada. O perigo de transigir-se com os absolutos de Deus e praticar o que um dia se condenou.

• A vida de Saul nos ensina que podemos desperdiçar as oportunidades da vida. Ela nos ensina o que não devemos fazer. Ela nos aponta para o perigo de receber em si mesmo a merecida punição do seu erro.” (hernandesdiaslopes). Bom estudo e crescimento maduro na fé cristã!
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I – DEFINIÇÃO DE REBELDIA
||1. Conceito. A rebeldia é caracterizada como um ato de resistência; é opor-se a uma autoridade; por vezes se trata de uma obstinação em excesso. Na Bíblia, há exigências constantes para que o servo de Deus evite a rebelião, quer seja contra Deus, quer seja contra os pais, os líderes e as autoridades||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]

- “Característica de rebelde; qualidade da pessoa que não obedece ou que se opõe a uma autoridade: foi demitido por rebeldia.Resistência; força, convicção, vontade contrária ou oposta a: a rebeldia dos manifestantes.Teimosia; excesso de obstinação ou birra” (dicio.com)

Rebelde é um adjetivo para qualificar alguém que não obedece ninguém e nem escuta conselhos, que acredita que possui uma autoridade legítima. Também pode ser usado para qualificar uma pessoa que se rebela, que se revolta.” (significados)

Definição de Rebelião - de rebellione - insurreição; acto de se rebelar; revolta; rebeldia, indisciplina. "Pesha" - Palavra hebraica que significa "rebelião deliberada e premeditada contra DEUS (Ez 21.24 Portanto, assim diz o Senhor Jeová: Visto que me fazeis lembrar da vossa maldade, descobrindo-se as vossas prevaricações, aparecendo os vossos pecados em todos os vossos atos, e visto que viestes em memória, sereis apanhados na mão)” (apazdosenhor)
- 1 Samuel 15.23 afirma que rebeldia é pecado, é pecar contra Deus de propósito, com a intenção de desobedecer. A rebeldia afasta de Deus e causa muitos problemas. A rebeldia é escolher o pecado, conhecendo o que é certo.

||2. O aspecto bíblico. Algumas passagens do Antigo Testamento, como por exemplo, Jeremias 3.23 e 31.22, apontam a nação de Israel como filhos e filhas rebeldes, que escolheram o mal para desenvolver uma vida de pecado. No livro de Oseias, Israel é comparado a uma vaca rebelde (Os 4.16), uma linguagem campestre em que o fazendeiro realça a rebeldia do animal. Portanto, o real significado de rebeldia no Antigo Testamento é uma ênfase ao retorno de um “servo de Deus” às mais horríveis práticas pecaminosas, incluindo também a adoração aos ídolos. O cristão não pode viver na prática da rebeldia, visto que no seu ser há uma nova natureza implantada por Cristo Jesus (2 Co 5.17; 1 Pe 1.23); praticá-la é o mesmo que chamar a natureza velha para que reine outra vez − e a ordem de Paulo é que ela não reine (Rm 6.12).||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]

- Como definido no ponto anterior, rebelião é ação ou procedimento para seguir o que se quer em vez do que Deus quer. Rebeldia é insolência, desobediência ou oposição aberta à autoridade ou controle por parte de Deus.  Em Oséias 4.16, como Israel era como um bezerro teimoso, Deus não tentaria mais mantê-lo no curral, mas o abandonaria como uma ovelha no vasto deserto. Alguns pecados são cometidos em ignorância mas o rebelde sabe que está agindo contra a vontade de Deus. A rebeldia é uma afronta direta a Deus, rejeitando Sua autoridade (At 7.51). A maior forma de rebeldia é conhecer a verdade do Evangelho mas rejeitar Jesus como salvador.

- Em Romanos 6.12 Paulo não fala em Rebeldia mas em ‘corpo mortal’ - o único depósito restante onde o pecado encontra o cristão vulnerável. A mente e seus processos do pensamento são parte do corpo, e assim, tentam a nossa alma com seus desejos pecaminosos (Rm 8.22-23; 1 Co 15.53; 1 Pe 2.9-11). Seremos tentados sempre a ceder ao pecado. Enquanto vivermos nesse mundo, a natureza pecaminosa que há em nós sempre tentará se alimentar. No entanto, O salvo por Cristo Jesus não tem mais como hábito mentir, cobiçar, roubar, fofocas e nem cometer qualquer outro pecado (Rm 6.14,15).

||3. O cristão e a rebelião. A Bíblia ensina ao cristão respeitar todas as autoridades, inclusive os líderes da igreja; jamais ser insubmisso, rebelar-se (Rm 13.1), mas tendo como dever orar por elas (1 Tm 2.1,2). Entretanto, segundo as Escrituras, o cristão não deve sujeitar-se a uma autoridade quando a prioridade da justiça está em risco e quando há violação aos princípios bíblicos (At 5.29); mesmo assim, o ato de não submeter-se ao erro não significa liberdade para usar de ataques com palavras indecorosas, motins e exposições em redes sociais. O Antigo Testamento mostra os três amigos de Daniel que não se sujeitaram à ordem do rei, sendo preparados para serem lançados no fogo; entretanto, ainda assim, demonstraram respeito para com o monarca, não pronunciando palavras ofensivas (Dn 3.16,17). O verdadeiro cristão mede bem as palavras, pois sabe que disso depende também a sua vida espiritual (Mt 12.37).||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]
- “Rebeldia também é desobedecer e se opor a uma autoridade legítima. Não é o mesmo que se opor por motivos de consciência a alguma coisa que você acha errado. Isso pode ser feito de maneira respeitosa e justa. Rebeldia é querer fazer as coisas do seu jeito, mesmo quando a autoridade tem razão. O rebelde não tem bons motivos para se opor à autoridade. Ele acha que sua vontade é mais importante. O rebelde não tem respeito pela autoridade nem tenta ter. Sua atitude é acusatória e fala mal da autoridade, em vez de tentar negociar e entender as outras opiniões (Jeremias 6:28).” (RESPOSTAS)

- Em Daniel 3.16,17, os três homens não tinham intenção de desrespeitar o rei. Eles não tinham qualquer defesa não tinham a necessidade de reconsiderar o seu comprometimento, urna vez que se apegaram firmemente ao seu Deus como o único e verdadeiro Deus. A vida deles estava nas mãos dele, como indicado nos vs. 17-18 (Is 43.1-2).
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II - A REBELDIA DE SAUL
||1. Não cumpria com a ordem divina. Por ordem expressa de Deus, Samuel ordenou a Saul que matasse os amalequitas porque a medida dos seus pecados estava completa (Êx 17.8-13; Dt 25.17,18). Tudo deveria ser destruído e banido, pois os amalequitas estavam sob o julgamento divino. Essa ação divina era para evitar que o mal deles se espalhasse cada vez mais. Entretanto, nada dos amalequitas deveria ser saqueado ou roubado, pois não tratava-se de uma guerra qualquer. O que não poderiam ser queimado, como o ouro, a prata e o ferro, seriam objetos solenes de consagração a Deus||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]

- Os amalequitas eram um povo nômade do deserto, descendentes de Esaú (Gn 36.12), tornaram-se um povo marcado quando atacaram Israel no deserto depois de este ter saído do Egito (Êx 17.8-16; Nm 24.20; Dt 25.17-19; Is 6.3-3). Deus deu uma oportunidade a Saul para se redimir mediante a obediência. O castigo deveria ser a destruição completa e total de qualquer ser que respirasse. O castigo de Deus era rigoroso para aqueles que destruíam o seu povo. Era igualmente rigoroso para aqueles que desobedeciam a ele (Js 7.10-26). Motivados pela cobiça, Saul e o povo gananciosamente pouparam o melhor do despojo da terra, desobedecendo à palavra de Deus, demonstrando sua infidelidade.

||2. Deus se “arrependeu” em relação a Saul. Foram duas as razões para isso: Saul deixou de seguir e de executar a vontade de Deus. A Palavra “arrepender-se”, oriunda do hebraico nacham, significa “sentir profundamente, lamentar”. Referindo à pessoa de Deus, essa expressão pode ser compreendida como mudança em relação à pessoa de Saul. Deus não tolera o pecado e, dessa forma, não poderia deixar que Saul continuasse dirigindo o Seu povo. Por isso, por meio de Samuel, Ele o rejeitou. A desobediência, a teimosia e a rebelião do primeiro rei de Israel atraíram a ira de Deus. O prazer de Deus não está em sacrifícios, mas na obediência do ser humano à sua Palavra. Mais do que um belo sermão, ou de grandiosas construções, Deus requer de seu povo a obediência (Sl 50.13-14).||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]
- “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?”. (Nm 23.19 “Nacham” não pode ser entendido como arrependimento ou reconhecimento de erro da parte de Deus.

A palavra “naham” (arrepender) tem o significado básico de “ter compaixão” ou “lamentar”. Por isso, o estudioso judeu Martin Buber traduziu o versículo desta forma: “Lamentou-se ele de ter feito o homem sobre a terra, e angustiou-se em seu coração”. O sentido geral é que Deus sofre junto conosco quando precisa nos castigar. O Todo-Poderoso não gosta de punir, isto o angustia, Ele o lamenta, mas precisa agir assim por causa de Sua santidade e justiça. Por isso, o arrependimento de Deus deve ser entendido como misericórdia, como indicação da impossibilidade de suportar a situação pecaminosa gerada pelo homem, que exige a retirada do Seu favor. Portanto, o texto não expressa que Deus esteja descrevendo sua ação como um erro, pois Ele continua tendo razão em tudo o que faz (Jr 12.1). Na verdade, Ele lamenta que o homem se feche ao propósito do Seu amor. É dessa forma que esse “arrependimento de Deus” nos permite ver o que passa em seu coração. (Norbert Lieth)” (chamada)

- Saul demonstrou-se igual aos reis das outras nações, ou seja, egoísta, voluntarioso e totalmente desobediente no que dizia respeito às coisas de Deus. Ele precisava entender que o culto verdadeiro era indicado pelo seu comportamento e não pelos seus sacrifícios. Ele demonstrou ser um idólatra cujo ídolo era ele mesmo. Saul havia falhado no cumprimento das condições que teriam abençoado a nação (1Sm 12.13-15). ‘Visto que rejeitaste... ele também te rejeitou’ – aqui temos um princípio universal, em que aqueles que rejeitam a Deus continuamente um dia serão também rejeitados por ele. Os pecados de Saul levaram Deus a imediatamente destituí-lo e a seus descendentes do trono de Israel para sempre. O que levou Saul a ser recusado por Deus foi sua arrogância e rebeldia. A desobediência era apenas a manifestação do mal que se escondia no interior do coração de Saul: “Samuel, porém, respondeu: Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, ele o rejeitou como rei”. (NVI)

||3. “A rebelião como pecado de feitiçaria”. Essa expressão traz a ideia de “uma decisão por meio de adivinhação ou de lançamento de sorte”, uma atitude obstinada e teimosa. E a expressão “porfiar é como iniquidade e idolatria” refere-se ao engano de um ídolo, demonstrado na arrogância de quem pratica a idolatria. No texto está claro que as expressões falam de apostasias. A primeira, a respeito da negação da autoridade divina; a segunda, a de reconhecer outros poderes acima de Deus. Nesse contexto, o profeta Samuel afirma que não há valor em sacrifícios a Deus quando se quebra um de seus mandamentos por desobediência deliberada. Quem age assim coloca a sua vontade no lugar da de Deus. Por isso a rebelião é tão maléfica quanto à adivinhação, pois ela rouba o lugar da glória de Deus. A insolência e a arrogância de Saul revalam a tentativa de ele se impor no lugar de Deus. Era como se as regras da guerra fossem dele, esquecendo-se de que Deus não dá a sua glória a ninguém (Is 42.8). De fato, Lutero estava certo quando disse: “diante da Palavra eu é que tenho que me render; nenhum de nós jamais pode e deve querer impor nossa vontade perante as ordens do Senhor”.||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]

- Sua desobediência estava no mesmo patamar que a feitiçaria e a idolatria, pecados esses passíveis da pena de morte. Desde que era o próprio Deus falando através do profeta, a desobediência à Samuel era desobediência à Deus, Saul rejeitou o próprio Deus quando se rebela contra Samuel, na verdade, rebelou-se contra Deus em sua palavra manifesta por meio de Samuel. Referente à feitiçaria, o mal está no resultado da ação: o coração se endurece. Como no caso dos feiticeiros de Faraó quando Moisés se apresentou diante desta e aqueles imitaram os milagres operados por meio de Moisés; A palavra foi transmitida a Faraó, no entanto, seus feiticeiros com suas artes mágicas endureceram o coração do monarca em relação `palavra de Deus através de Moisés. Saul se fez como os feiticeiros de faraó, tirou o valor da Palavra de Deus.
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III - SAUL: UM LÍDER SEM CRITÉRIOS
||1. Não sabia esperar. Uma das provas de que Saul não tinha critérios para a liderança era a sua impaciência. Ele não sabia esperar. Samuel já havia dito para Saul esperar até a sua chegada (1 Sm 10.8). Infelizmente, o rei de Israel não o fez (1 Sm 13.8-13). Essa ordem era para que Saul esperasse, antes de começar qualquer invasão, pois ele deveria colocar tudo diante de Deus, apresentando sacrifícios, como havia feito antes (1 Sm 7). A falha principal de Saul não foi ter oferecido sacrifício, mesmo ele não sendo sacerdote, mas foi não esperar o profeta Samuel para receber a bênção de Deus. Na obra de Deus é preciso capacidade para esperar. O salmista esperou com paciência (Sl 40.1). Deus age no momento certo em nosso favor. Esperemos no Senhor!||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]

- Fora ordenado a Saul que esperasse sete dias para ir ter com Samuel em Gilgal. É preciso destacar aqui que o pecado de Saul não foi especificamente ter feito um sacrifício (2Sm 24.25; TRs 8.62-64), mas não ter esperado pela assislência sacerdolal de Samuel (1Sm 10.8). Ele queria governar como um autocrata, que possuísse poder absoluto em questões civis e sagradas. Samuel havia pedido que esperasse sete dias para testar o caráter e a obediência de Saul a Deus, mas Saul falhou no teste ao se apossar do ofício sacerdotal.

||2. Saul: o rei rejeitado. Destacamos a rejeição de Saul por causa do pecado de não atentar à voz de Deus (1 Sm 13.13). Foram muitas as características que marcaram a rebelião de Saul: irreverência com a ordem de Deus, voto tolo, infidelidade na guerra contra osamalequitas e desobediência às palavras do Senhor. Assim, Deus rejeitou a Saul! Essa história nos mostra que devemos, irrestritamente, obedecer aos desígnios de Deus e servi-lo de todo o coração. O Pai deseja que andemos todos num só propósito!||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]

- A desobediência de Saul era uma violação direta da ordem de Samuel em 10.8. Saul reagiu com desobediência baseado naquilo que via e não na fé. Com o passar dos dias de espera, o povo que estava com Saul para a batalha, o abandonaram por causa da ansiedade e do medo da batalha iminente. Ele temia perder seus homens e não considerou adequadamente o que Deus queria que ele fizesse. Essa falta de visão espiritual levou o primeiro monarca de Israel à desobediência e em conseqüência, sua rejeição por Deus.

Não há coisa pior para o crente do que deixar de obedecer a Palavra de Deus. Vejam a advertência de Samuel a Saul, Vs. 19-23, "19 Por que, pois, não deste ouvidos à voz do SENHOR, antes te lançaste ao despojo, e fizeste o que parecia mau aos olhos do SENHOR? 20 Então disse Saul a Samuel: Antes dei ouvidos à voz do SENHOR, e caminhei no caminho pelo qual o SENHOR me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destruí totalmente; 21 Mas o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do interdito, para oferecer ao SENHOR teu Deus em Gilgal. 22 Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. 23 Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei":

a) A desobediência nos leva a tropeçar na Palavra, 1 Pe 2.8, "E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados".
b) A desobediência atrai sobre nós a ira de Deus, Ef 5.6, "Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência".
c) A desobediência é uma característica do ímpio e não do filho de Deus, Tt 1.16, "Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra".” (ibvir)
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CONCLUSÃO
O que é ter sucesso no ministério? É ter agenda concorrida? Um estilo de vida confortável? Não. O sucesso do ministério não está somente em ser separado para um cargo, mas sim na obediência completa ao Deus da Palavra. Assim, Salomão escreveu: “é melhor o fim das coisas, do que seu princípio” (Ec 7.8). Que Deus nos ajude a obedecer e a viver para sua glória!||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 6, 10 Novembro, 2019]
- Notemos três erros cometido por Sal que o levaram à rejeição por Deus:
(1) deixou de cumprir a palavra de deus (1Sm 15.1-9);
(2) lançou sobre os outros a sua responsabilidade (1Sm 15.14-21), e
(3) faltou sinceridade para um verdadeiro arrependimento (1Sm 15.24-31).
Com Saul notamos que tão rápida quanto sua subida, foi a sua descida e sua queda; menosprezou a Palavra do Senhor. Se quisermos manter a nossa posição e galgar novos degraus, devemos estar atentos à Palavra de Deus ((Js 1.7-8). Nas palavras do Rev. Hernandes Dias Lopes: “O que distinguiu Saul de seu sucessor Davi, não foi o pecado. Ambos pecaram contra Deus. A diferença é que Davi quando foi confrontado, arrependeu-se; Saul tornou-se mais endurecido”.



terça-feira, 5 de novembro de 2019

Assembleianos creem em predestinação?


A doutrina da Predestinação na Igreja Assembleia de Deus.



Assembleia de Deus. (Foto: Reprodução)

Na Lição 6 da revista de adultos da Escola Dominical (CPAD), está sendo abordado um pertinente tema: A abrangência universal da salvação, com comentários do Pr. Claiton Pommerening. Em virtude de estarmos experimentando uma descoberta e um crescimento do interesse pela Teologia Arminiana Clássica em nossas igrejas pentecostais brasileiras, gostaria de trazer um esclarecimento sobre o tema PREDESTINAÇÃO, visto que o assunto foi citado de passagem no quadro “Interagindo com o Professor” (página 41 da Lição do Professor, CPAD) de modo não muito claro, deixando algumas brechas para mal-entendidos.

Neste quadro da Lição está dito assim: “Não podemos concordar com a predestinação…”, e aí não se faz qualquer distinção teológica entre a predestinação defendida pelo Calvinismo e a predestinação defendida pelo Arminianismo clássico, que é a linha soteriológica seguida pelas Assembleias de Deus no Brasil.

Faltou a Lição definir que predestinação é essa com a qual não podemos concordar (embora leitores mais inteirados do assunto logo percebam a que predestinação se está referindo), e ao mesmo tempo apresentar aquela predestinação com a qual devemos concordar por ser bíblica. Pois, sim, a Bíblia fala de predestinação! Apenas não podemos concordar com a predestinação INCONDICIONAL (defendida pelo Calvinismo), mas podemos e devemos concordar com a predestinação CONDICIONAL (defendida pelo Arminianismo). Explico a seguir.
1 – PREDESTINAÇÃO INCONDICIONAL
Agostinho, bispo de Hipona (na África), foi quem introduziu de modo inédito na Igreja, entre os séculos IV e V, a teoria da predestinação incondicional, segundo a qual alguns homens já estão predestinados à vida eterna, antes mesmo de qualquer previsão de fé ou perseverança. Segundo aquele bispo, alguns pecadores receberão fé e perseverarão nela porque estão predestinados para isso. Deus predeterminou que eles tenham fé e perseverança. Daí vêm outros conceitos como o de graça irresistível – também introduzido de modo inédito por Agostinho – e perseverança dos santos (embora aqui, Agostinho mesmo defendia a possibilidade de alguns salvos virem a declinar da fé, não estando eles contados entre aqueles que Deus predestinou incondicional e irresistivelmente para o gozo eterno. Ou seja, para Agostinho, nem a todos os salvos Deus concede a graça da Perseverança, mas apenas aos eleitos).

O bispo de Hipona, que é um dos mais eminentes teólogos cristãos do Ocidente, foi um dos antigos Pais latinos da Igreja, de vasta cultura e conhecimento, mas que, todavia, não dominava o grego, língua do Novo Testamento (1). Ele, que em sua juventude seguiu os passos dos Pais que lhe antecederam, foi longe demais em sua obsessiva luta contra o monge bretão, Pelágio, que negava o pecado original e afirmava erradamente, dentre outras coisas, “que o homem poderia sim, cumprir a Lei de Deus por sua própria força e capacidade; mas ainda com maior facilidade por meio da graça de Cristo”(2).

Agostinho, tentando superar Pelágio e demovê-lo de seu erro ao atribuir ao homem força inerente para cumprir a Lei de Deus, acabou caindo em outro extremo tão errado quanto o de Pelágio, senão pior! Campenhausen, um dos mais importantes historiadores do século passado, comenta: “Essa preocupação [de Agostinho] levou-o à afirmação da completa predestinação divina, em outras palavras, da previsibilidade de Deus que como tal deve ser ao mesmo tempo uma pré-determinação e uma pré-decisão” (3).

Nessa sua luta contra Pelágio e em sua defesa da inédita teoria da predestinação incondicional e individual, Agostinho não tinha razão, mas tinha persuasão. Logo, tinha razão. Impunha sua própria razão pela força do discurso! Campenhausen é certeiro como uma flecha: “Embora essa atitude o tenha tornado teologicamente invencível, fez também com que, ao mesmo tempo, fosse levado para muito longe dos dados imediatos da Bíblia, e até mesmo dos ensinos de Paulo, o que prendeu-o a posições difíceis de defender. Na verdade, seus oponentes o haviam levado para mais longe ainda: todavia, em seu próprio modo de pensar, achava que não havia se colocado à frente deles ainda o suficiente, e isso pode explicar muitas das fraquezas e do rigor da sua posição a que finalmente chegou. Agostinho não desejava ser um inovador, porém, não havia até então encontrado um precursor nas reivindicações pelas quais lutava” (4).

O teólogo anglicanob John Kelly, ao tratar sobre aqueles que recebem a graça da salvação na perspectiva de Agostinho, comenta: “Agostinho crê que Deus fez isso desde a eternidade. O número dos eleitos”, segundo o bispo de Hipona, “está rigorosamente limitado, não sendo maior nem menor do que é necessário para substituir os anjos caídos. Desse modo, ele precisa distorcer [!] o texto que diz que ‘Deus deseja que todos os homens sejam salvos’ (1Tm 2.4), interpretando que Ele deseja a salvação de todos os eleitos, entre os quais estão representados homens de todas as raças e tipos” (5).

É de Agostinho que vem a interpretação calvinista comum – embora não unânime (6) – de que Deus não quer exatamente que todos os homens sejam salvos, mas sim que todos os tipos de homens sejam salvos. Nas palavras do teólogo J. Kelly, isto é “distorcer o texto”. Mesmo o pregador calvinista Charles Spurgeon, estava de acordo de que esta interpretação calvinista de “tipos de homens” é uma “explosão gramatical”, como ele disse em seu sermão Salvation by knowing th truth (1880).

O teólogo alemão Gustav Wiggers, considerando o ineditismo da teoria da predestinação incondicional de Agostinho, chega a fazer a seguinte declaração: “Quanto à doutrina da Igreja, até onde ela foi defendida até agora pelos símbolos, Agostinho poderia muito mais que Pelágio, ser chamado de herege. A doutrina agostiniana em toda a sua extensão, pelo menos na sua teoria da predestinação [incondicional], nunca foi expressamente pronunciada ortodoxa, em qualquer sínodo, inclusive no efésio [Primeiro Concílio Efésio, ano 431]” (7).

De modo geral, o entendimento de Agostinho sobre predestinação é aceito pelos calvinistas, desde o próprio Calvino, que, dentre muitas citações que poderíamos fazer aqui, declarou as seguintes palavras: “Chamamos PREDESTINAÇÃO o eterno decreto de Deus pelo qual houve por bem DETERMINAR O QUE ACERCA DE CADA HOMEM QUIS QUE ACONTECESSE. Pois ele não quis criar a todos em igual condição; ao contrário, preordenou a uns a vida eterna; a outros, a condenação eterna. Portanto, como cada um FOI CRIADO PARA um ou outro desses dois destinos, assim dizemos que um foi predestinado ou para a vida, ou PARA A MORTE” (8).

Aí está declarada a dupla predestinação de Calvino: os que foram predestinados para vida eterna e os que foram predestinados para morte eterna. E a prova de que Calvino crê que esta predestinação é incondicional – ou seja, independe de qualquer coisa que o homem pense, diga ou faça – está em sua declaração: “os réprobos SÃO SUSCITADOS PARA ESTE FIM, ou, seja, para que através deles a glória de Deus resplandeça. (…) Portanto, se não podemos assinalar outra razão por que Deus usa de misericórdia para com os seus, a não ser porque assim lhe apraz, tampouco disporemos de outra razão por que rejeita e exclui aos demais, senão pelo uso deste mesmo beneplácito” (9).

O teólogo calvinista R.C. Sproul, um dos maiores representantes do calvinismo em nosso tempo, assim resume a posição reformada calvinista sobre predestinação: “a visão reformada assevera que a decisão final para salvação está com Deus e não com o homem. Ensina que desde a eternidade Deus escolheu intervir nas vidas de algumas pessoas e trazê-las à fé salvadora, e escolheu não fazer isso para as outras pessoas. Desde toda a eternidade, sem nenhuma visão prévia de nosso comportamento humano, Deus escolheu alguns para a eleição e outros para a reprovação (…) Na visão reformada da predestinação, a escolha de Deus precede a escolha do homem”. (10)

Portanto, que fique claro: é com esta predestinação calvinista, que tem seu precedente teológico em Agostinho de Hipona, que não foi conhecido, defendido ou estabelecido em qualquer Sínodo ou Concílio da Igreja em seus primeiros séculos… é contra esta teoria de predestinação individual e incondicional que nós erguemos nossa voz de protesto e rejeitamos peremptoriamente! Cremos que a salvação é uma dádiva da graça, mas que deve ser recebida pela fé, sem a qual “é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6), e que somente perseverando nessa fé é que o salvo terá garantida para si a vida eterna, pois, como disse Jesus, “É perseverando que vocês obterão a vida” (Lc 21.19), e que sem santificação “ninguém verá a Deus” (Hb 12.14), sendo possível ao que foi santificado com o sangue da nova aliança, vir a pisar neste sangue e profaná-lo (Hb 10.29), e o justo pode vir a recuar da fé e não encontrar mais o prazer de Deus (Hb 10.38), e que Deus quer que todos sejam salvos (1Tm 2.4) e que nenhum se perca (2Pe 3.9) e que Ele não tem prazer na morte do ímpio, antes deseja que o ímpio se arrependa (Ez 18.23; 33.11), e que há sim uma condição a ser cumprida pelo homem para que ele possa ser contado entre os escolhidos de Deus para salvação (Jo 3.16; At 16.31). Por esta razão, não podemos concordar com a predestinação de Agostinho ou de Calvino.
2 – PREDESTINAÇÃO CONDICIONAL
Jacó Armínio, teólogo holandês do século XVI, em sua famosa Declaração de Sentimentos, depois de apresentar uma longa refutação à predestinação defendida pelos calvinistas, apresenta seus próprios apontamentos sobre a doutrina da predestinação, e o faz em acordo com os antigos Pais da Igreja, anteriores a Agostinho, tanto Pais latinos quanto Pais gregos. É conforme estes postulados de Jacó Armínio que nós cremos, porque acreditamos estarem não só em conformidade com o ensino geral dos antigos Pais, mas em subordinação a própria Bíblia sagrada, que é nossa regra de fé e prática.

Armínio, depois de dizer que Jesus Cristo estabelecido como Salvador, Mediador e Rei é o primeiro decreto de Deus concernente à nossa salvação, diz que “o segundo decreto preciso e absoluto de Deus é aquele em que Ele decretou receber aqueles que se arrependerem em Cristo, e, em Cristo, por causa dEle e por meio dEle, para efetivar a salvação de tais penitentes e crentes que perseverarem até o fim, mas deixar em pecado, e sob a ira, todas as pessoas impenitentes e incrédulas, condenando-as como alheios a Cristo” (11).

Mais à frente, Armínio expõe que este decreto de salvação condicionado ao arrependimento, tem como embasamento a presciência de Deus, ou seja, Deus já previu na eternidade quem e quantos exatamente – sua onisciência é perfeita! – aceitariam a salvação pela fé e nela perseverariam até o fim, tanto quanto os que persistiriam na incredulidade: “Deus decretou salvar e condenar certas pessoas em particular. Este decreto tem o seu embasamento na presciência de Deus, pela qual Ele sabe, desde toda a eternidade, que tais indivíduos, por meio de sua graça preventiva, creriam, e por sua graça subsequente perseveraria (…) e, do mesmo modo, pela sua presciência, Ele conhecia aqueles que não creriam, nem perseverariam” (12).

Perceba que o ensino de Armínio difere do de Agostinho (que foi adotado por Calvino no século XVI): para Agostinho, a predestinação é incondicional – Deus predestina alguns apenas para serem salvos e a estes dá irresistivelmente a graça da salvação e, a eles somente, dá a dádiva da perseverança; para Armínio, a predestinação é condicional – Deus predestina o que crê para salvação e aos que perseverarem em fé nesta salvação recebida Ele dará necessariamente a vida eterna, como prometeu e decretou. Na verdade, Armínio apenas está resgatando o antigo ensino dos Pais da igreja, conforme os teólogos metodistas do século 19, James Strong e John McClintock, bem descreveram:
“A doutrina unânime e inquestionável da Igreja sobre este ponto [Predestinação] por mais de quatrocentos anos foi, até onde se desenvolveu em distinção, exatamente idêntica àquela que deve sua forma científica e nome a Armínio. (…) ‘Em relação à predestinação’, escreveu Wiggers [1840], ‘os Pais antes de Agostinho diferem inteiramente dele… Eles fundaram a predestinação sobre a presciência’ [de Deus] (…) Justino Martir, Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes, Crisóstomo – em declarações claras e decisivas – deram sua adesão à teoria da predestinação condicional, rejeitando o oposto como falsa, perigosa e totalmente subversiva da glória de Deus (…) durante mais de quatrocentos anos não se ouviu uma única voz, seja na Igreja Oriental ou Ocidental, na advocacia da predestinação divina incondicional” (13).
Como prova desta crença comum na predestinação condicional baseada na presciência de Deus entre os Pais da Igreja, vejamos como exemplo o que disse Irineu de Lião, ainda no segundo século:
“E Deus que conhece todas as coisas antecipadamente preparou para uns e outros morada conveniente: aos que procuram a luz da incorruptibilidade e tendem a ela, dá com bondade a luz que desejamaos que a desprezam e se afastam fugindo dela, que de certa maneira cegam-se a si mesmos, preparou obscuridade, como convém, e aos que se subtraem à submissão a Deus, castigo apropriado.

A submissão à Deus é o descanso eterno e os que fogem da luz terão lugar digno da sua fuga e os que fogem do descanso eterno terão morada apropriada à sua fuga. Todos os bens se encontram em Deus e os que fogem de Deus por sua própria vontade privam-se de todos os bens e, privados de todos os bens que se encontram em Deus, justamente cairão sob o justo juízo de Deus” (14)

Apesar de Irineu, um dos Pais gregos, não usar neste trecho a expressão “predestinação condicional”, é justamente o conceito dela que subjaz em sua fala: Deus concedendo um futuro a um e a outro conforme a resposta do pecador à revelação divina.
Aos assembleianos é preciso ainda dizer que a própria Declaração de Fé das Assembleias de Deus rejeita a predestinação incondicional e reitera a crença na predestinação condicional, nos seguintes termos:

“O Soberano Deus não predestinou incondicionalmente pessoa alguma à condenação eterna, mas, sim, almeja que todos, arrependendo-se, convertam-se de seus maus caminhos (…). A predestinação genuinamente bíblica diz respeito apenas à salvação, sendo condicionada à fé em Cristo Jesus, estando relacionada à presciência de Deus. Portanto a predestinação dos salvos é precedida pelo conhecimento prévio de Deus daqueles que, diante do chamado do Evangelho, recebem Cristo como o seu Salvador pessoal e perseveram até o fim” (15).
Talvez a única distinção entre o posicionamento agora oficial assembleiano e o posicionamento do teólogo Jacó Armínio, com quais postulados a Assembleia de Deus está de acordo, é que enquanto o teólogo holandês não via dificuldade em admitir a predestinação para a condenação, mas condicionada à rejeição deliberada e persistente, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus parece evitar argumentar assim, preferindo defender apenas a predestinação para a vida eterna. Todavia, se atentarmos para as palavras de Jesus em João 3, não teremos dificuldade alguma em admitir que há predestinação para condenação, tanto quanto para salvação, mas sempre condicionalmente (que isso fique claro!): “(…) para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (…) Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus” (v. 18) – veja que os destinos tanto do que vier a crer, quanto do que não vier a crer já estão previamente estabelecidos: vida eterna para aquele, condenação para este. É o que Paulo diz em Romanos: “E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para destruição” (Rm 9.22).

O vaso da ira, suportado por Deus e preparado para destruição é aquele que “despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento” (Rm 2.4), e que “por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento” (Rm 2.5). Há uma condição para predestinação da salvação: CRER, consentindo em seu coração com a mensagem do Evangelho e o chamado da graça; como há uma condição para predestinação da condenação: NÃO CRER, resistindo aos apelos benevolentes e desprezando as oportunidades do Deus paciente. Armínio é contundente, e concordo com sua afirmação: “os homens iníquos que perseverarem em seus pecados necessariamente perecerão. Pois Deus, por meio de uma força irresistível, os lançará nas profundezas do inferno” (16).

Os que possuem uma Bíblia de Estudo Pentecostal poderão consultar as páginas 1808 e 1809 onde há um subsídio sobre ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO. Entre outras coisas, está dito lá que: “A predestinação abrange o que acontecerá ao povo de Deus (todos os crentes genuínos em Cristo)”; e ainda: “A predestinação, assim como a eleição, refere-se ao corpo coletivo de Cristo (i.e., a verdadeira igreja), e abrange indivíduos somente quando inclusos neste corpo mediante a fé viva em Jesus Cristo”.

Aqui fica demonstrado o caráter coletivo da predestinação dos salvos: a Igreja predestinada. Entretanto, esta predestinação coletiva não exclui a predestinação individual, “quando inclusos neste corpo mediante a fé viva em Jesus”.

O teólogo Roger Olson, coloca como mito a afirmação de que “o Arminianismo não acredita na predestinação”. No capítulo 8 de seu livro Teologia Arminiana – mitos e realidades, Olson esclarece: “A Predestinação é um conceito bíblico; o Arminianismo clássico a interpreta de maneira diferente dos calvinistas, mas sem negá-la. É o decreto soberano de Deus em eleger os crentes em Jesus Cristo e inclui a presciência de Deus da fé destes crentes” (17).

Dois textos bíblicos são singulares na defesa da predestinação condicional e embasada na presciência divina. Nas palavras de Paulo: “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). Perceba: “aqueles que de antemão [Deus] conheceu, também os predestinou…”. Esse conhecimento prévio engloba o conhecimento da fé e da perseverança.
Nas palavras de Pedro: “escolhidos de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue” (1Pe 1.2). Perceba: “escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus Pai…”, pré-conhecimento este que leva em conta a fé aceita e exercitada livremente pelo pecador, mediante ação da graça do Espírito de Deus. Se a fé prevista não é levada em conta para predestinação, então não é verdade que “Deus amou o mundo”, pois nesse caso, Deus teria amado apenas os predestinados. E também a verdade não seria que “todo aquele que nele crê tenha vida eterna”, mas que “apenas aquele que foi predestinado para vida eterna, creia nele”.
Portanto, que fique claro: nós cremos sim em predestinação. Mas a que é condicional à fé e que é estabelecida segundo a presciência de Deus das escolhas que fazemos em face da graça que Ele nos dirige. Não é o homem que tem a última palavra em sua eternidade – como nos acusam os calvinistas. É Deus quem já deu a primeira, e dará a mesma palavra como última aos homens: “vida eterna ao que creu! E morte eterna ao infiel!”.
O homem só seria realmente dono de seu destino, se ele pudesse alterar os desígnios soberanos de Deus, e alcançar a vida eterna a despeito de sua permanência na incredulidade, ou se ele pudesse ser condenado ao inferno a despeito de sua permanência na fé. Como é impossível que Deus minta, e ele já estabeleceu o fim previamente para os que creem e para os que não creem, então, assim será: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado” (Jo 3.18).
Agora, quem vai crer ou deixar de crer, cabe ao homem decidir (não sozinho, pois para isso terá o auxílio indispensável da graça de Deus), como coube ao jovem rico decidir seguir a Cristo ou continuar preso às riquezas (Mc 10.21.22), e como coube a Israel se deixar ser acolhido por Cristo ou fugir de suas “asas de salvação” (Mt 23.37). As mãos de Deus não estão encolhidas para salvação de ninguém! (Is 59.1). Todavia, a salvação é uma dádiva da graça que deve ser recebida livremente (e só é realmente livre, porque há a possibilidade de ser recusada), não uma ação da força onipotente de Deus, contra a qual o homem não possa resistir.
Assim creem os pentecostais clássicos, assim creram os wesleyanos, assim creram os Remonstrantes, assim creram muitos pós-reformadores, reformadores e pré-reformadores, assim creram os Pais da Igreja, assim ensinaram os apóstolos de Cristo e profetas do Senhor.
Assim creio eu!
Notas Bibliográficas:
1) Hans von Campenhausen. Os Pais da Igreja, 3. ed., CPAD, p. 369
(2) Jacó Armínio. 
As Obras de Armínio, vol. 1, CPAD, p. 235.
(3) Hans von Campenhausen. Op. cit., p. 384
(4) Hans von Campenhausen. Op. cit.
(5) J. N. D. Kelly. 
Doutrinas centrais da fé cristã, Vida Nova, p. 279. Grifo meu
(6) Eu disse “não unânime” porque há muito calvinistas que defendem que Deus de fato e verdade quer a salvação de todos os homens, não apenas de todos os “tipos de homens”. São os chamados “calvinistas de quatro pontos”, que creem que a redenção de Cristo foi feita por todos os homens, que a expiação é irrestritamente oferecida a todos os homens, mas especialmente aplicada aos eleitos, os que foram predestinados para recebê-la. Nomes como R. T. Kendall, F.F. Bruce, Millard Erickson, Lewis S. Chafer, Augustus H. Strong, dentre outros calvinistas, defendem a expiação ilimitada. Há inclusive uma antiga e longa discussão se o próprio João Calvino não teria também defendido a expiação ilimitada (ele diz: 
“É a vontade de Deus que busquemos a salvação de todos os homens, sem exceção, porque Cristo sofreu pelos pecados do mundo inteiro” – Gálatas, FIEL, p. 145). De minha parte, julgo por demais confuso que tais calvinistas creiam no modus operandi da graça como sendo irresistível (um dos pilares da TULIP calvinista, os cinco pontos essenciais de sua soteriologia) e ainda assim defendam uma expiação ilimitada, ou uma oferta generosa e sincera de salvação a todos os pecadores sem exceção. Pois bastaria questionarmos: se Deus realmente quer com sinceridade salvar a todos os pecadores, e se Cristo de fato morreu por todos eles, sendo a sua graça irresistível, como isso não desembocaria necessariamente na salvação de todos os pecadores? A combinação entre graça irresistível e expiação ilimitada é justamente o que defendem os universalistas, para os quais, todos os homens serão salvos irresistivelmente no final!
(7) Gustav Wiggers, 
An historical presentation of Augustine and Pelagianism, cap. 23.
(8) João Calvino. 
Institutas da Religião Cristã, vol. 3, cap. 21, seção 5. Os destaques são meus.
(9) João Calvino. Op. cit., seção 11
(10) R.C. Sproul. 
Eleitos de Deus, 2. ed., Cultura Cristã, p. 101
(11) Jacó Armínio. Op. cit., pp. 226,7
(12) Jacó Armínio. Op. cit., p. 227
(13) James Strong & John McClintock. 
The Cyclopedia of Biblical, Theological, and Ecclesiastical Literature, Haper and Brothers, NY: 1880. Verbete PREDESTINATION
(14) Irineu de Lião. 
Contra as heresias, Paulus, p. 510
(15) 
Declaração de Fé das Assembleias de Deus, CPAD, p. 110
(16) Jacó Armínio. Op. cit., p. 266
(17) Roger Olson. 
Teologia Arminiana – mitos e realidades, Reflexão, p. 233


Fonte: Tiago Rosas via https://www.gospelprime.com.br/