Quando
Jesus anunciou mistérios guardados desde a fundação do mundo através parábolas,
ao contar um desses mistérios mediante a Parábola do “Joio
e do Trigo”, Jesus disse que a razão da semente que Deus plantara no mundo
ter sido boa, embora no curso da História as coisas tenham si tornado ambíguas,
tinha a ver com o fato de, durante o sono humano (“enquanto os homens dormiam...”),
um inimigo haver semeado o joio no Campo de Trigo, que é o mundo original. E
conclui que os filhos do reino terão que conviver com o disfarce do Joio
até o fim...
A
simplicidade dessas palavras carrega as respostas às questões mais freqüentes
dos homens. Sim! Porque o que mais se ouve é: “Por
que Deus criaria algo tão ambíguo?” Ou ainda: “Por
que Deus permite que o poder da ambigüidade domine a História Humana?” Além
disso, pergunta-se também de onde vem essa semente do mal que existe indubitavelmente
entre os homens.
Ora, da
simplicidade da mente de Jesus o que nos vem como resposta é que a semente
original era boa; que o diabo semeou a semente do mal entre os homens; que há
homens-trigo e homens-joio; que a introdução do Joio aconteceu durante a
Inconsciência Humana (o sono); que o poder do Joio está na Imagem, na
aparência; e que o amor de Deus não delega a tarefa de separação de ambos para
ninguém; pois, para Ele, a perversidade de milhões de Joios não justifica o
equivoco da eliminação de nenhum Trigo. Pois, Deus ama o Trigo mais do que odeia o
estelionato praticado pelo Joio.
Assim,
Jesus diz que a separação de ambos é uma tarefa divina, e que homem algum
poderá executá-la. O Trigo do Campo do Mundo é um ser frutuoso. O trigo se dá e produz
muito fruto. O Joio, porém, ama a proximidade do Trigo, e existe para parecer
ser, pois, existe em razão da semelhança; ou seja: da Imagem.
Desse
modo o ensino de Jesus se estende para trás e para frente, mostrando que o
fenômeno humano é feito de tal ambigüidade. E mais: que a infiltração da
semente do Joio no Campo de Trigo aconteceu por um plantio do diabo durante o
estado de inconsciência dos homens. “Enquanto dormiam”. É no Inconsciente que as boas e as más sementes são
semeadas em nós! É
durante o “sono” de uns que o surto de outros cresce!
E mais,
falando de um modo hoje considerado simplista e politicamente incorreto, Jesus
simplesmente diz que existem humanos que são semente do reino e que há outros
que carregam a semente do inimigo, do diabo.
Dura é
esta palavra! Ele
mesmo, Jesus, não teve qualquer pudor ao chamar os religiosos de Israel, que
vivem de Imagem e de Leis, porém sem amor e misericórdia, de “filhos
do diabo”; e disse que a ambição da vida deles era homicida, e,
portanto, tinha a ver com satisfazer os desejos do diabo, que era “o
pai deles”.
Os que
ouviram isso (João 8), disseram que eles eram “filhos
de Abraão”, e não do diabo. Jesus, porém, disse que se assim era, que
eles então dessem o mesmo fruto que Abraão dera. Do contrário, eles eram Joios
vivendo de Imagem e Proximidade Histórica com o Trigo-Abraão, sem que gerassem
o fruto que correspondia à semente de fé de Abraão.
Imagem é o
único produto do Joio!
O Trigo
dá fruto. O Joio deseja parecer que dá. O trigo sabe quem é. Já o Joio quer que
os outros pensem que ele é. O Trigo cuida de si mesmo. Já o Joio cuida de sua
reputação e aparência exterior.
Desse modo
Jesus ensina que o Trigo é Essência, mas que o Joio é Imagem e Aparência.
O Trigo é da Verdade. O Joio é da Moral. O Trigo é
da Vida. O Joio é da Performance. O Trigo é do amor. O Joio é da Filantropia
como Marketing. O Trigo é. Mas o Joio quer apenas parecer ser.
Entretanto,
o discernimento humano não é acurado o suficiente a fim de poder com certeza
discernir um do outro. Desse modo, a paciência divina, por amor ao Trigo, e
para que ele não seja arrancado pela ação insana de nenhum justicismo, diz que
tal tempo e hora de separação somente Deus faz e fará.
O Joio,
todavia, não é como o Trigo. É do Joio que procedem os juízos, as morais
aparentes, os virtuosismos performáticos, e a propaganda. Mas é do Trigo que procede
o Pão da Esperança que alimenta o mundo.