quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

“Chega a ser imoral”: Teólogos comentam exclusão do renomado Robert P. Menzies das Assembleias de Deus

 “Os Executivos determinaram que meu livro violava os estatutos da Assembleia de Deus”

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A decisão das Assembleias de Deus dos Estados Unidos em exluir o renomado teólogo Robert P. Menzies de seus quadros causou um espanto na comunidade acadêmica mundial – Menzies é o teólogo pentecostal mais conceituado atualmente e seu legado (e de sua família) é indiscutível para o segmento assembleiano em todo o mundo.

O desligamento de Menzies veio após seu posicionamento em seu livro chamado “The End of History: Pentecostals and A Fresh Approach to the Apocalypse”, onde ele defende interpretação divergente das Assembleias de Deus acerca do Milênio.

“Os Executivos determinaram que meu livro violava os estatutos da Assembleia de Deus e, como resultado, minhas credenciais como ministro da Assembleia de Deus foram revogadas”, contou o escritor.

Leia também: Teólogo assembleiano alerta para “calvinização” dos pentecostais

Julgado

Em seu posicioamento, o teólogo falou sobre o desligamento e como se portará diante disso.

“Meu livro, ‘The End of History: Pentecostals and A Fresh Approach to the Apocalypse’, gerou mais interesse do que eu esperava, a maior parte dele positivo. O livro já está sendo traduzido para o espanhol e o português. Também recebi e-mails de muitos pastores da Assembleia de Deus me agradecendo por ter escrito o livro… No entanto, também houve reações negativas. Mais importante ainda, o Presbitério Executivo das Assembleias de Deus dos EUA determinou que meu livro, que clama por uma abordagem mais ampla da escatologia nos círculos assembleianos, é problemático. Em 13 de outubro de 2022, encontrei-me com cinco líderes denominacionais da Assembleia de Deus, incluindo três Presbíteros Executivos (EPs)… Saí dessa reunião com grande respeito pelo grupo e apreço por nossa comunhão. Agradeço por ter tido a oportunidade de falar e pelo clima geral de respeito e amor fraterno que caracterizou o encontro. Ficou claro que todos queriam fazer o que fosse melhor para a igreja como um todo. Nesta reunião, fui solicitado a escrever uma carta explicando meus motivos para escrever o livro… A carta […] e presumivelmente meu livro foram revisados ​​e discutidos em uma reunião do Presbitério Executivo em 15 a 16 de novembro de 2022. Os Executivos determinaram que meu livro violava os estatutos da Assembleia de Deus e, como resultado, minhas credenciais como ministro da Assembleia de Deus foram revogadas. Como minhas visões escatológicas são compatíveis com as declarações doutrinárias das Assembleias de Deus australianas e das Assembleias Pentecostais do Canadá (PAOC), posso buscar a ordenação dentro de um desses grupos. No entanto, qualquer que seja o caminho para a ordenação que agora continua, é claro que nosso relacionamento com as Missões Mundiais das Assembleias de Deus (AGWM) será afetado.” [Robert P. Menzies, dezembro de 2022]

Brasileiros se posicionam

Em um post nas redes sociais, o teólogo assembleiano Gutierres Siqueira criticou o desligamento de Menzies das Assembleias de Deus dos Estados Unidos (AG) e disse que, embora seja lícito a denominação excluir um teólogo que discorda em algum ponto de sua Declaração de Fé, o fato em tela veio de um “erro histórico da AD (tanto nos EUA como no Brasil) em sacralizar uma corrente escatológica”.

Siqueira ainda disse que “Em nome do denominacionalismo, não há o mínimo respeito ao histórico de serviços da família Menzies. Organizações humanas são assim, infelizmente: a sua história normalmente nunca conta diante de uma controvérsia. Por esse motivo, sempre aconselho aos mais jovens: respeitem e sejam fiéis ao seu grupo, mas, se possível, não sejam dependentes financeiramente dele. Sigamos a receita do apóstolo Paulo”.

No mesmo post de Gutierres alguns nomes dentro do pentecostalismo brasileiro se manifestaram sobre o caso.

“Aprendi isso contigo: não sou dogmático em escatologia. A Bíblia é clara nos seguintes pontos: Morte- ressurreição, céu- inferno- Novo céu e nova terra. Ele vem e com ele a gente vai para estarmos onde ele estiver!”, esceveu o pastor Elizeu Rogrigues.

O pastor César Moises disse que concordou “perfeitamente” com o texto de Gutierres.

“Certeiro e pontual, amigo. Subscrevo cada ponto. Lamento e me solidarizo com o Menzies; chega ser imoral tal exclusão”, declarou o pastor Nilson Gomes.

Outros usuários tambem comentaram a decisão e se solidarizaram com Menzies.

“Acho que o ato de exclusão foi exagerado. Talvez uma Nota de um Conselho de Doutrina, informando e reafirmando aos irmãos o Milenismo conforme a Declaração de Fé e que o livro do Menzies é uma interpretação particular não referendada pela instituição, já seria suficiente. Temos agora o Pecado de Hermenêutica”, questionou um internauta.

“Que covardia!!! Menzies é um mestre dos tempos hodiernos. O seu texto falou tudo, Gutierres!”, lamentou outro.

Outro comentou que “ele não vai deixar de ser um Gigante do Pentecostalismo por isso. Mas que o Amilenismo não é possível Logicamente, não é”.

Fonte: https://jmnoticia.com.br/chega-a-ser-imoral-teologos-comentam-exclusao-do-renomado-robert-p-menzies-das-assembleias-de-deus/


terça-feira, 6 de dezembro de 2022

LIÇÃO 11 - A VISÃO DO TEMPLO E O MILÊNIO - COMENTÁRIO DE CAIO FÁBIO



Sim é isso que você leu mesmo! O melhor comentário sobre esse tema que eu encontrei foi justamente esse vídeo gravado em 2019, na época do início do governo Bolsonaro quando ele fez uma visita a Israel. Tirando a parte política do vídeo, o que se vê a seguir é uma explicação sobre as profecias de Ezequiel relacionadas a Israel e a um "templo" que ele vê na visão.


A Confusão a Respeito do Milênio

 Certa vez ouvi alguém definir o milênio como um período de mil anos durante os quais os cristãos brigarão por uma interpretação apropriada do livro de Apocalipse. Embora seja engraçada, essa definição está obviamente incorreta. Os cristãos têm discutido sobre a interpretação adequada do livro de Apocalipse por dois mil anos. Em toda a seriedade, contudo, toda a discussão levou alguns cristãos a adotarem desesperadamente uma posição que eles chamam de pan-milenismo (nós não sabemos qual visão do milênio está correta, mas sabemos que tudo vai ficar bem no final).

A palavra milênio se refere aos “mil anos” mencionados em Apocalipse 20. Visto que esse capítulo é encontrado em um dos mais difíceis livros do Novo Testamento, sua interpretação adequada é polêmica. Como resultado, existem quatro visões principais do milênio defendidas na igreja hoje: pré-milenismo histórico, pré-milenismo dispensacionalista, amilenismo e pós-milenismo. Os prefixos pré- e pós- antes da palavra milênio têm a ver com o momento da segunda vinda de Cristo em relação ao próprio milênio. O termo pré-milenismo se refere à crença de que a Segunda Vinda ocorrerá antes do milênio. O termo pós-milenismo se refere à crença de que a Segunda Vinda ocorrerá após o milênio. Na verdade, o amilenismo é uma versão do pós-milenismo nesse sentido, porque os amilenistas creem que a segunda vinda de Cristo ocorrerá após o milênio. Há outras diferenças que distinguem os amilenistas dos pós-milenistas. Um entendimento de quais propostascada uma dessas visões têm ensinado historicamente fornece um contexto útil para atuais discussões sobre Apocalipse 20.

Pré-milenismo Histórico

O pré-milenismo histórico ensina que no fim do presente século haverá uma grande tribulação seguida pela segunda vinda de Cristo. Na vinda de Cristo, o Anticristo será julgado, os justos serão ressuscitados, Satanás será preso e Cristo estabelecerá o seu reino na terra, o que durará mil anos e será um tempo de bênção sem precedentes para a igreja. No fim do milênio, Satanás será solto e instigará uma rebelião, que será rapidamente subjugada. Nesse momento, os injustos serão ressuscitados para o julgamento, e o estado eterno terá início.

O pré-milenismo histórico teve seus proponentes na igreja desde pelo menos o segundo século DC em diante. Foi ensinado, por exemplo, por Ireneu (140-203) e Justino Mártir (100-165), e pode ter sido ensinado no final do primeiro século por Papias (80-155). Alguns dentro da tradição reformada, como James Montgomery Boice, ensinaram essa visão. O mais notável proponente do pré-milenismo histórico no século vinte foi George Eldon Ladd, cujos comentários no livro do Apocalipse argumentam fortemente em favor dessa posição.

Pré-milenismo Dispensacionalista

O pré-milenismo dispensacionalista oferece a mais complexa cronologia do fim dos tempos. De acordo com o dispensacionalismo, o presente século terminará com o arrebatamento da igreja, que, junto com a aparição do Anticristo, marca o início dos sete anos da grande tribulação na terra. A tribulação terminará com a batalha do Armagedom, no meio da qual Cristo retornará para destruir os seus inimigos. As nações serão, então, reunidas para o julgamento. Aqueles que apoiaram Israel entrarão no reino milenar de Cristo, e o resto será lançado no Hades para aguardar o último julgamento. Cristo sentará no trono de Davi e governará o mundo a partir de Jerusalém. Israel receberá lugar de honra entre as nações novamente. O templo terá sido reconstruído e os sacrifícios do templo serão instituídos novamente como sacrifícios memoriais. No fim do milênio, Satanás será solto e liderará os incrédulos em rebelião contra Cristo e a Nova Jerusalém. A rebelião será subjugada através de fogo dos céus, e Satanás será lançado no lago de fogo. Os perversos serão trazidos diante do Grande Trono Branco, julgados e lançados no lago de fogo; e nesse ponto começará o estado eterno.

A versão dispensacionalista foi originada no século dezenove dentro do Movimento Brethren. Suas características aparecem pela primeira vez nos escritos de John Nelson Darby (1800-1882). O pré-milenismo dispensacionalista se popularizou rapidamente nos Estados Unidos através do movimento chamado de Bible Conference Movement. Foi popularizado por C.I. Scofield nas notas de sua Bíblia de referência e sistematizado por Lewis Sperry Chafer, o fundador do Dallas Theological Seminary e autor de um texto de teologia sistemática dispensacionalista de oito volumes. No século vinte, essa visão foi ensinada em um nível mais acadêmico por homens como John Walvoord, Charles Ryrie e J. Dwight Pentecost, e foi popularizado por escritores como Hal Lindsey e Tim LaHaye.

Pós-milenismo

O pós-milenismo ensina que os “mil anos” de Apocalipse 20 ocorrem antes da segunda vinda de Cristo. Até recentemente, a maioria dos pós-milenistas ensinavam que o milênio seriam os últimos mil anos do presente século. Hoje, muitos pós-milenistas ensinam que a era do milênio é todo o período entre o primeiro e o segundo advento de Cristo. Como veremos, isso significa que versões contemporâneas do pós-milenismo são muito próximas em muitas maneiras ao amilenismo contemporâneo. A principal diferença entre os dois não é tanto o momento do milênio, mas a natureza do milênio. Em geral, o pós-milenismo ensina que no presente século, o Espírito Santo atrairá multidões sem precedentes para Cristo através da fiel pregação do evangelho. Entre as multidões que serão convertidas estão os israelitas étnicos que, até então, rejeitaram o Messias. No fim do presente século, Cristo retornará, haverá uma ressurreição geral dos justos e injustos, e o julgamento final acontecerá.

O pós-milenismo foi defendido amplamente entre os puritanos. Ele também foi a visão dominante entre teólogos reformados dos séculos dezoito e dezenove. Foi ensinado, por exemplo, por homens como Jonathan Edwards, Charles Hodge, James Henley Thornwell, A.A. Hodge e B.B. Warfield. Por terem os liberais adotado uma versão humanista dessa escatologia, o pós-milenismo sofreu um declínio no século vinte, mas tem sido visto um ressurgimento nos últimos vinte ou trinta anos. Livros que apoiam essa visão foram publicados por homens como Loraine Boettner, J. Marcellus Kik, Kenneth Gentry, John Jefferson Davis e eu mesmo.

Amilenismo

O amilenismo vê Apocalipse 20 como uma descrição do reino de Cristo com o santos ao longo de todo o presente século. Alguns amilenistas enfatizam o reino de Cristo com os santos nos céus, enquanto outros ensinam que esse reino também está conectado com a igreja militante aqui na terra. Amilenistas tendem a argumentar que o crescimento do reino de Cristo possui poucas, se é que possui, manifestações visíveis. O foco está mais no sofrimento pelo qual Cristo indicou que a igreja passaria. De acordo com o amilenismo, o presente século milenar, que é caracterizado pelo sofrimento, será seguido pela segunda vinda de Cristo, a ressurreição geral, o último julgamento e os novos céus e nova terra.

O amilenismo também tem sua origem na igreja primitiva. Agostinho (354-430) ensinou uma versão do amilenismo que influenciou a igreja ao longo da Idade Média até a Reforma. Dentro da tradição reformada, a versão contemporânea do amilenismo começou a se distinguir das antigas formas de pós-milenismo no final do século dezenove e início do século vinte. O teólogo do século dezenove Herman Bavinck, por exemplo, foi um convicto proponente do amilenismo. No século vinte, a visão foi ensinada por teólogos como Geerhardus Vos, Louis Berkhof, Anthony Hoekema, Cornelis Venema, Kim Riddlebarger e Sam Storms. Alguns amilenistas contemporâneos não gostam do termo amilenismo porque o prefixo a- significa “não” ou “sem”, então amilenismo significa literalmente “sem milênio”. Um amilenista, Jay Adams, sugeriu o termo “milenismo realizado” no lugar.

Conclusão

As versões de pós-milenismo que reconhecem o milênio como sendo um símbolo de todo o presente século diferem em apenas poucos aspectos do amilenismo. Pré-milenistas, como George Ladd, que entendem que o reino de Cristo já foi inaugurado em conexão com os eventos do primeiro advento de Cristo estão mais próximos do que podemos perceber dessas formas de pós-milenismo e amilenismo. Todos nós deveríamos separar um tempo para entender as visões daqueles de quem discordamos e entender os argumentos bíblicos que eles utilizam. Nós podemos ainda assim não concordar. Há muito mais trabalho exegético a ser feito antes que qualquer esperança de consenso seja possível, mas deveria nos encorajar o fato do trabalho estar sendo feito por teólogos bíblicos e sistemáticos. Apesar das discordâncias remanescentes, podemos nos alegrar com o fato de que todos concordamos que Jesus está vivo e que foi dada a ele toda autoridade nos céus e na terra.

 Autor: Keith Mathison -  Fonte: Ministério Fiel

Qual a posição da Assembleia de Deus no Brasil?

A posição esposada pela Assembleia de Deus brasileira, em sua maioria, é a pré-milenista dispensacionalista. Portanto, a Declaração de Fé assembleiana defende que o Milênio ocorrerá após os sete anos de tribulação que se seguirão à volta de Cristo. Nunca foram claras, porém, as razões pelas quais o Milênio deverá ocorrer. É uma das coisas que estão na presciência divina, seus planos são insondáveis.

Fonte:http://www.daladierlima.com/

Dr. Keith Mathison é editor associado da Tabletalk magazine, deão e professor de Teologia Reformada na Reformation Bible College em Sanford, Florida e autor do livro From Age to Age: The Unfolding of Biblical Eschatology.