sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Subsídio para EBD - O padrão da lei moral


Se você ler Colossenses, Gálatas e Hebreus não terá dúvidas quanto ao fato de que tais coisas passaram, já começaram prontas para acabar, (Heb 8:6,7,13). Até os profetas do V.T. já tinham insights disso. A Lei hoje só existe para regulamentar relações sociais, mas não tem nenhum valor aos olhos de Deus se não se fizer acompanhar de fé.
O mundo acabou em Cristo. O mundo, a Lei, a circuncisão, os cerimonialismo, os sábados, as luas novas, as festas, os sacerdócios, os levitas, (Gálatas 3:19,22,24,25,26). Tudo isso acabou como era ANTES. AGORA, cada uma dessas coisas tem outro significado, e nenhum deles é Legal. AGORA, somos chamados a ter uma outra justiça; a justiça que vem da fé em Jesus, e que excede em muito a justiça dos fariseus e dos interpretes da Lei — os de ANTES e os de HOJE.
 
Cada uma dessas coisas tem agora outro valor. O mundo é nosso—exceto aquele que jaz no maligno, que em geral a “igreja” não chama de mundo, mas de sucesso, honra e poder. A Lei morreu na Cruz, para sempre. E quem tenta ressuscitá-la pisa o sangue da aliança, conforme Hebreus. A Circuncisão agora é uma obra no coração e na consciência, e se realiza em fé no que Jesus fez na Cruz.
 
Os sacerdócios agora já não são mais da tribo de Levi, mas segundo a Ordem de Melquizedeque, e são universais; isto é: para todos os homens. Os levitas não existem mais. Essa ressurreição atual de “levitas” é infantilidade, e suave retorno à Lei. Os cantores de hoje são só cantores. Louvor não é música—pode até ser. Louvor é tudo que é feito com ações de Graça. O que passar disso é a industria da música desejando criar um legalismo para dar autenticidade aos seus ganhos. O Dízimo não é mais legal. No culto a Deus não há mais nada Legal. Tudo é existencial; ou seja: tem a ver com a oração do publicano, não com a oração Legal do fariseu.
 
Até o dízimo não existe mais como “dízimo” no sentido “Templo/Estado”, mas sim atualizado à luz de II Coríntios nos capítulos 8 e 9 como contribuição. As contribuições devem exceder o “dízimo”, assim como o amor excede as obrigações da Lei. Ou seja: muitas dessas coisas podem ser praticadas como meras simbolizações nos contextos judaicos, mas não para nós, os gentios; à menos que queiramos virar judeus, deixar a Graça, e nos submetermos outra vez à Lei. Se é assim, Paulo diz: da Graça decaístes! Era assim que Paulo, o apóstolo dos gentios, fazia e nos ensinou a proceder. Em Cristo tudo se fez novo. Tudo! No dia que os cristãos abrirem os olhos e crerem no Evangelho haverá uma revolução!
 
Quanto a Jesus ter vindo para cumprir a Lei, eles se perguntavam: Que Lei? Afinal, Jesus era o des-cumprimento de suas “Leis” a fim de poder ser o único cumpridor da Lei da Graça em nosso lugar, para, então, dizer: “Está Consumado”. 

Até mesmo o des-cumprimento da Lei pelos homens, todo aquele que, Jesus trata com relatividade quanto a seus efeitos. Ensina-la erradamente, faz alguém ser pequeno; ensina-la corretamente e vive-la, torna alguém grande no reino dos céus. Assim Ele está dizendo que não se deveria jamais ensina-la de modo adaptado e nem tampouco cumpri-la de modo farisaico ou religioso, pois, para Ele, a justiça excede as exterioridades na direção de dentro, pois, nasce no coração. 

O que segue é uma des-construção total de todas as “interpretações” da Lei, especialmente as explicitamente defendidas pelos discípulos da teologia dos amantes da lei, os escribas e fariseus dos dias de Jesus e seus confrades em nossos dias! 

“Não matarás”— era o que estava escrito. Homicídio, todavia, é algo que sempre começa, lentamente, nos ambientes de causa e efeito das normas adoecidas do coração, e tem uma progressão que vai da ira sem motivo às tentativas de des-construir o ser do próximo. Por isto, Ele ensina que todo homicida existencial precisar se livrar dos desejos de morte durante o caminho, do contrário, duas coisas lhe acontecerão: ele nunca mais terá nenhuma razão para falar com Deus ou tentar cultua-Lo e, também, esse homem se tornará vítima de seu próprio ódio e se alimentará de suas próprias carnes, por muito tempo—pelo menos enquanto o tempo for tempo! 

O adultério, para Ele, acontecia na cama—ou em qualquer outro lugar—apenas depois de ter sido praticado muito tempo antes no coração. Portanto, os maiores adúlteros podem nunca ter praticado um ato sequer de adultério. É quando o fazer é um detalhe se comparado ao permanente estado de ser dos que nunca cometeram historicamente o delito, mas que vivem em permanente estado de imersão interior nos abismos e dinâmicas permanentes do adultério fantasioso.

“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto ao vosso Pai que está nos céus”. 

Neste ponto Ele diz que a Lei e os Profetas não eram inimigos entre si. Ao contrário, os Profetas haviam sido os melhores interpretes da Lei. Ou seja: antes do Verbo haver se encarnado, foi nos Profetas que a Lei encontrou sua interpretação e seu melhor cumprimento existencial. 

Jesus, porém, nos diz: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas”. 

O “resumo” que Jesus faz de todo o seu ensino é horroroso para o coração honesto. Primeiro, porque ninguém, de fato, indo dos abismos da alma à prática cotidiana, consegue encarnar o tempo todo essa verdade. Ao contrário: nós vivemos a maior parte do tempo de modo oposto, pois, uma das coisas que a Queda gerou em nós foi um terrível poder de auto-engano e auto-anestesiamento. 

Sem falar que quando alguém não se trata bem costuma piorar no tratamento com o próximo. Aqui todos nós temos que humildemente assumir nosso déficit de bondade e nossa profunda capacidade de nos anestesiarmos na vida. A prova disto é que o mundo é como é—e, pior ainda: a “igreja” é como é!
 

Somente na Cruz de Cristo Deus-enfrenta-Deus, e Deus se aniquila e se supera a um só tempo. Na Cruz, Deus vence a Si mesmo e Sua Misericórdia prevalece sobre o Seu próprio juízo; sendo Suas palavras finais a respeito desse Combate, as seguintes: “Está consumado!” 

A Graça inverte os pólos da Ética, que, em Cristo, se vincula não à Moral, mas à obediência amorosa a Deus; e se expressa como resposta da consciência do amor à inconsciência do próximo, mesmo que seja o inimigo! Conforme o apostolo João, a si mesmo se purifica, no amor, todo aquele que tem em Jesus sua esperança. Dessa forma, o Evangelho insiste em que se ande no Caminho da Vida, cuja Porta é Estreita—embora esteja aberta a todos—e que nos põe sobe a Lei do Amor. 

O Evangelho insiste em que a Lei do Amor é o melhor de todos os fundamentos para a vida! 
“Quem me ama, guarda os meus mandamentos; assim como eu amo o Pai e guardo os Seus mandamentos. E os mandamentos, são um: que vos amais uns aos outros, assim como eu vos amei.” 

 
 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O sacerdócio universal dos crentes, um ensino esquecido em muitas igrejas evangélicas

O sacerdócio universal dos crentes, um dos ensinos pilares da reforma protestante, é algo meio desconhecido atualmente nas igrejas evangélicas, principalmente no meio pentecostal e neopentecostal. Não é incomum ouvir dizer que o pastor é o ungido do Senhor, o sacerdote, que ele é que pode ministrar a benção na vida do povo, etc.

A hierarquia deve existir, mas sem exageros, sem criar uma casta de privilegiados. Eu sempre me pergunto sobre o porquê daquelas cadeiras especiais para pastores no púlpito? Causa indignação, e com razão, em muitos crentes o fato do povão em épocas de festas nas igrejas comeram o mesmo tipo de almoço durante todos os dias do evento, enquanto há um espaço separado para pastores e suas esposas com comidas melhores. E, também, sempre há eventos onde a mesa do pastor tem Coca-Cola e dos fiéis um refri de quinta categoria. Ora, eu sou pastor, e penso que se o objetivo de separar os pastores, for o de terem um espaço mais reservado para conversar e tratar alguma coisa enquanto fazem as refeições, não vejo problema, desde que a alimentação seja a mesma do povo, sem banquete especial. O texto abaixo do Alderi Souza Matos, deve ser lido com atenção:

"Dentre os princípios fundamentais defendidos pelos reformadores do século XVI, está o “Sacerdócio Universal dos Fiéis” ou “Sacerdócio de Todos os Crentes”. Os outros princípios, dos quais este decorre, são as Escrituras como norma suprema de fé e vida e a salvação pela graça mediante a fé, alicerçada na obra redentora de Jesus Cristo.


Embora o Velho Testamento apresente claramente a noção de um ofício sacerdotal exercido por elementos da tribo de Levi em benefício do povo de Israel, existem passagens que antecipam um entendimento mais amplo dessa função. Êxodo 19.5-6: “Se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade particular dentre todos os povos... vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa”. Outro texto relevante é Isaías 61.6: “Vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus”.


1. Novo Testamento
No Novo Testamento, o conceito de sacerdócio tem dois aspectos: (a) Jesus Cristo é o grande sumo sacerdote: todas as funções do sacerdócio da antiga dispensação concentram-se nele, e são por ele transformadas. Ele é o único mediador entre Deus e os seres humanos (1 Tm 2.5). Ele é o representante de Deus junto aos homens e o representante dos homens junto a Deus. Ele é, ao mesmo tempo, o sacerdote e o sacrifício. A Carta aos Hebreus expõe claramente a superioridade do sacerdócio de Cristo sobre o sacerdócio levítico e apresenta o caráter definitivo e totalmente eficaz do seu auto-sacrifício sobre a cruz (Hb 2.17; 3.1; 4.14s; 5.10; 6.20; 7:24-27; 9:12,26; 10.12). A literatura joanina também fala repetidamente do sacerdócio de Cristo, como em João 1.29.

(b) Todos os crentes partilham desse sacerdócio: isso se expressa principalmente nas áreas da adoração, serviço e testemunho. 1 Pedro 2.5: “Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”. 1 Pedro 2.9: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. O Apocalipse destaca o aspecto governamental desse sacerdócio: “Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai...” (1.5-6); “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes” (5.9-10).

O Novo Testamento não menciona a existência de um ofício sacerdotal na Igreja. Essa idéia surgiu posteriormente, em escritores como Clemente (ministério cristão composto de sumo sacerdote, sacerdote e levita), a Didaquê (chama os profetas cristãos de “vossos sumos sacerdotes” e refere-se à eucaristia como um sacrifício) e, mais especificamente, em Tertuliano e Hipólito, que se referem aos ministros cristãos como “sacerdotes” e “sumos sacerdotes”.


2. Idade Média
Na Idade Média, desenvolveu-se plenamente a idéia do sacerdócio (o clero) como uma classe distinta dos leigos, dotada de dignidade e direitos especiais. Essa idéia resultou do entendimento da eucaristia como um sacrifício – a repetição do sacrifício de Cristo –, o que exigia a figura do sacerdote. Além disso, a noção de que os (sete) sacramentos são canais quase que exclusivos da graça de Deus e só podem ser ministrados através do sacerdócio, deu aos sacerdotes, à hierarquia, um enorme poder sobre as vidas dos fiéis. Os leigos tornaram-se totalmente dependentes da ministração dos sacerdotes para receberem os benefícios da graça de Deus e, em última análise, a própria salvação.


Um exemplo dos malefícios causados por esses dogmas pode ser visto na prática do interdito ou interdição, um instrumento utilizado pelos papas e outros líderes religiosos contra os reis europeus, mediante o qual o clero ficava proibido de ministrar os sacramentos em uma cidade, região ou país inteiro como um instrumento de pressão político-religiosa.


3. Martinho Lutero
Em sua peregrinação espiritual, Lutero veio a ter uma compreensão da graça de Deus que se chocou frontalmente com esse entendimento da Igreja e do ministério cristão. A partir de 1512, quando se tornou professor de estudos bíblicos na Universidade de Wittenberg, ele começou a encontrar nas Escrituras uma série de verdades revolucionárias a respeito da salvação. A salvação fundamentava-se exclusivamente na graça de Deus e na obra expiatória de Cristo. Mediante a fé ou confiança nessa graça e nessa obra, o indivíduo era justificado, ou seja, aceito como justo por Deus, sendo que essa fé também era uma dádiva do alto. As obras ou méritos humanos não desempenhavam nenhum papel nesse processo, mas a salvação era, do começo ao fim, uma dádiva da livre graça de Deus ao pecador arrependido.


A partir de 31 de outubro de 1517, Lutero passou a elaborar as implicações mais amplas dessa nova percepção. Ele o fez principalmente através de uma obra que escreveu em 1520, A Liberdade do Cristão, onde argumenta que “de posse da primogenitura e de todas as suas honras e dignidade, Cristo divide-a com todos os cristãos para que por meio da fé todos possam ser também reis e sacerdotes com Cristo, tal como diz o apóstolo Pedro em 1 Pe 2.9... Somos sacerdotes; isto é muito mais que ser reis, porque o sacerdócio nos torna dignos de aparecer diante de Deus e rogar pelos outros”.

Mais adiante ele pondera: “Tu perguntas: ‘Que diferença haveria entre os sacerdotes e os leigos na cristandade, se todos são sacerdotes?’ A resposta é: as palavras ‘sacerdote’, ‘cura’, ‘religioso’ e outras semelhantes foram injustamente retiradas do meio do povo comum, passando a ser usadas por um pequeno número de pessoas denominadas agora ‘clero’. A Escritura Sagrada distingue apenas entre os doutos e os consagrados, chamando-os de ministros, servos e administradores, que devem pregar aos outros a Cristo, a fé e a liberdade cristã. Já que, embora sejamos todos igualmente sacerdotes, nem todos podem servir, administrar e pregar. Como disse Paulo em 1 Co 4.1: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.” (A Liberdade do Cristão, cap. 17).

Os leigos têm a mesma dignidade que os ministros. Todas as profissões e atividades são igualmente valiosas aos olhos de Deus. Os ministros diferenciam-se dos leigos simplesmente nisso: foram escolhidos para realizar certos deveres definidos, para que haja ordem na casa de Deus. Foi esse princípio do sacerdócio de todos os crentes que libertou os homens do temor e dependência do clero. É o grande princípio religioso que jaz na base de todo o movimento da Reforma. Não somente Lutero, mas todos os demais reformadores o afirmaram, em especial João Calvino.


4. Implicações práticas
Dessa verdade bíblica, decorrem algumas implicações práticas:


a) O princípio do sacerdócio universal dos crentes nos fala do grande privilégio que temos como filhos de Deus: cada cristão é um sacerdote, cada cristão tem livre e direto acesso à presença de Deus, tendo como único mediador o Senhor Jesus Cristo.

b) Todavia, esse princípio jamais deve ser entendido de maneira individualista. A ênfase dos reformadores está no seu sentido comunitário. Somos sacerdotes uns dos outros, devendo orar, interceder e ministrar uns aos outros. À luz do Novo Testamento, todo cristão é um ministro (diákonos) de Deus, o que ressalta as idéias de serviço e solidariedade.

c) Num certo sentido, todos os crentes são “leigos”, palavra que vem do termo grego laós, o povo de Deus. Todavia, a Escritura claramente fala de diferentes dons e ministérios. Alguns cristãos são especificamente chamados, treinados e comissionados para o ministério especial de pregação da Palavra e ministração dos sacramentos.

d) Os leigos, no sentido daqueles que não são “ministros da Palavra”, também têm importantes esferas de atuação à luz do Novo Testamento. Os líderes da Igreja devem falar sobre o ministério do povo de Deus, bem como instruir e incentivar os crentes e desempenharem o seu ministério pessoal e comunitário. A placa de uma igreja nos Estados Unidos dizia o seguinte: “Pastor: Rev. tal; Ministros: todos os membros”.

e) O sacerdócio universal dos crentes corre o risco de tornar-se mera teoria em muitas igrejas evangélicas. Sempre que os pastores exercem suas funções com excesso de autoridade (1 Pedro 5.1-3), insistindo na distância que os separa da comunidade, relutando em descer do pedestal em que se encontram, concentrando todas as atividades de liderança e não sabendo delegar responsabilidades às suas ovelhas, tornando as suas igrejas excessivamente dependentes de sua orientação e liderança, não dando oportunidades para que as pessoas exerçam os dons e aptidões que o Senhor lhes tem concedido, há um retorno ao sacerdotalismo medieval contra o qual Lutero e os demais reformadores se insurgiram.

Que o Senhor nos dê a graça de valorizarmos e praticarmos fielmente o princípio bíblico do sacerdócio de todos os crentes, redescoberto pelos reformadores do século XVI. Dessa maneira, seguindo a verdade em amor, cresceremos “em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.15s)".
Fonte: http://www.mackenzie.br/6967.html




segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O vaso e o Oleiro

 
"A Palavra do Senhor, que veio a Jeremias, dizendo: Levanta-te, e desce à caso do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas. Como o vaso, que ele fazia de barro, se quebrou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme pareceu bem aos seus olhos fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Não poderei eu, fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sóis vós na minha mão, ó casa de Israel". Jeremias 18:1-6.

O profeta Jeremias, viveu em um momento muito difícil da história de Israel. Aquele povo, estava na eminência de serem levados cativos para Babilônia (Potência dominante naqueles dias). Até aquele momento, parecia que, tudo estava normal, e que não aconteceria nada daquilo, que o profeta vaticinara. Geralmente, quando se prega sobre essa passagem, cita-se só o capítulo 18, mas temos que ler também o capítulo 19 e os versículos de 1 a 11, para entendermos o contexto.
O povo era muito religioso, só que do jeito deles. Havia uma classe sacerdotal que, se achavam os únicos intérpretes da Escritura, que estava em sua mão. Havia profetas comprados, só para profetizar benção e prosperidade? Esses fatos, lembram alguma coisa do nosso tempo?
No versículo 12, mostra que eles não queriam mudança, antes preferiam a fixidez, o poder, o controle e status quo. Parafraseando a fala deles, seria assim: "Nós não queremos mudança, e quem quer que fale, somos contra. Somos os senhores das coisas de Deus, os gerentes da religião. Então, vamos desconstruir esse Jeremias, vamos monstrificá-lo" (versículo 18). Tem gente que é assim, prefere fazer qualquer coisa, do que mudar.
Num mundo de desfacelamento, às vezes subitamente, aquilo que a gente chamava de bom, se despedaça.
A lição do barro, nos ensina, que eu não tenho idéias a dar a Deus, não posso me sentir acabado. Estou dizendo que a gente tem escolhas, ou escolhemos o caminho de nos convertermos continuamente, ou então a falsa segurança do "eu nasci assim, vou morrer, assim".
Enquanto o barro está na mão do oleiro, mesmo que se quebre, há cura. Mas se o vaso estiver fora de suas mãos, se quebrar, vira caco e não tem mais jeito.
A Sagrada Escritura utiliza-se de muitas figuras e expressões para revelar Deus e Seu modo peculiar de agir, dentre as quais, está a figura do oleiro. O texto bíblico relata a manifestação de Deus como um oleiro, moldando, a argila, ou seja, àqueles que pertencem a Ele. Essa figura, é rica em expressão e em significado, pois revela Deus em Sua ação e amor, fazendo-nos compreender o “singelo jeito”, com que Ele nos acompanha e faz crescer.
Deus sabe, melhor que nós mesmos, do que realmente precisamos e o que nos fará felizes. Ele nos convida a entrega total em Seus cuidados, os quais sempre nos proporcionam o melhor, mesmo quando não compreendemos.
Por isso, para caminhar no território da fé, a confiança é mais necessária que a compreensão. Confiança de alguém que, se descobre como filho amado e cuidado, e que por isso crê que Deus está sempre agindo e realizando o melhor.
Deus vê além, Ele contempla as surpresas futuras e, na Sua providência, cuida de nós moldando-nos como um Oleiro, ora retirando de nosso caminho o que nos será prejudicial, ora acrescentado aquilo que nos falta.
Não podemos, ter a pretensão de querer condicionar a Ação de Deus, à nossa limitada maneira de enxergar e compreender as coisas; antes, precisamos confiar naquilo que Ele faz.
O Senhor sabe retirar nossos excessos na hora certa, sabe o que nos fará crescer (e crescer às vezes dói…). É preciso que saibamos perder sem apegos, para que Deus nos despoje do que não é essencial.
Não existe arte sem amor; quadro sem pintor; vaso sem oleiro. A obra mais bela é a que é tecida pelas mãos do artista, do Oleiro que tem em Seu coração os belos sonhos que retirarão, um rude barro de sua “não-existência”. O barro não pode moldar a si mesmo, para vir a ser algo ele precisa se confiar aos sonhos e à sensibilidade do oleiro. As mãos deste comportam a medida certa, entre firmeza e delicadeza, para trabalhar essa substância e transformá-la em uma linda obra de arte.
Não existe maturidade sem perdas; felicidade sem se ater ao essencial. É necessário confiar n’Aquele que nos molda, mesmo quando a firmeza de Suas mãos, parecer pesar fortemente sobre nós. Confiemo-nos ao amor e à criatividade do Oleiro Divino, que nos ama e sempre realiza em nós o melhor.
A felicidade, faz morada em nosso coração à medida que nos assumimos, como aquilo que somos: “Barro, apenas barro, nas mãos do Oleiro!”
 
UM FELIZ 2015 A TODOS!