"O problema hoje não é apenas “democratizar” a Igreja. Quem analisar a fundo a atual insegurança de direção e de conceitos na Igreja verificará que ela ficou muito para trás, não só no tempo, mas também em sua própria missão. Consoante opinião de amigos e adversários - em muita coisa a Igreja não palmilhou as pegadas daquele ao qual recorre sem cessar. Daí o interesse pela pessoa de Jesus em contraste com o desinteresse pela Igreja. Onde quer que, em vez de serviço aos homens, a Igreja exerce poder sobre os homens, onde quer que suas instituições, doutrinas e leis se arvoram em meta em si, onde quer que os seus porta-vozes apresentam suas próprias opiniões e interesses como mandamentos e ordens de Deus: ali está sendo traído o mandato da Igreja; esta afasta-se de Deus e dos homens e entra em crise. Que fazer? Rebelar-se? Reformar? Resignar-se? Amigos e inimigos teimam em lançar à conta de cada cristão engajado o fracasso da Igreja - lamentando ou acusando, com pesar ou sentimentos triunfais. Porém, mais interessante que o eterno repisar na chronique scandaleuse da Igreja, deveria ser a questão: por que um cristão engajado, um insider, sem ilusões, ao qual fosse difícil contar algo original em matéria de histórias escandalosas da Igreja, apesar de tudo, permanece na Igreja. Pergunta-se dos dois lados: do lado dos que estão fora, que acham esbanjamento de energias com uma instituição eclesiástica esclerosada, havendo muito mais chances fora dela. E pelos de dentro, convencidos de que uma crítica radical das condições e autoridades eclesiásticas não se coadunaria com a permanência na Igreja.(…) Portanto, por que ficar na Igreja? Porque a fé nos infunde esperança de que o programa, a causa de Jesus Cristo, como sempre, continua sendo mais forte do que toda a confusão criada na Igreja e com a Igreja. E, por essa causa, vale a pena o decidido empenho na Igreja e o especial esforço no serviço da Igreja, apesar de tudo. Fico na igreja, não apesar de ser cristão: não me considero mais cristão do que a Igreja. Mas porque sou cristão, fico na Igreja.- Hans Küng em Ser Cristão, 1976, Imago (pp. 452,455).
Meu Comentário: A tese de doutorado de Hans Küng, foi: "Justificação: A doutrina de Karl Barth e uma reflexão católica".Nos anos 60, foi nomeado professor de teologia na Universidade Eberhard Karls em Tübingen, Alemanha, juntamente com o seu colega Joseph Ratzinger (futuro Papa Bento XVI). Foi também consultor teológico para o Concílio Vaticano II.No final da década de 1960, Küng iniciou uma reflexão rejeitando o dogma da Infalibilidade Papal.Em consequência disso, em 18 de Dezembro de 1979, foi revogada a sua licensa pela Igreja Católica Apostólica Romana de oficialmente ensinar teologia em nome dela, mas permaneceu como sacerdote e professor em Tübingen até a sua aposentadoria em 1996. Küng defende o fim da obrigatoriedade do celibato clerical, maior participação laica e feminina na Igreja Católica, retorno da teologia baseada na mensagem da Bíblia. Dá-se para ver pela pesquisa, que Küng, tem idéias protestantes, mas sinceramente não acredito que ele seja um teólogo que toda instituição evangélica gostaria de ter em suas fileiras, pelo fato de que muito líder institucional não gosta de gente "que pensa" e sim apenas robôs que seguem suas ordens sem questionar.