Ao ler o subsídio publicado no
site da CPAD sobre a lição do próximo domingo gostaria de dizer que discordo de
duas colocações que disseram ter sido extraídas da obra “Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento", publicada pela referida editora. As frases são as seguintes:
1) "Elias Vem Primeiro (17.10-13). O
aparecimento de Elias com Jesus leva os discípulos a perguntar como interagir
os papéis destes dois. A crença dos “escribas” (v.10) refere-se a Malaquias 4.6
(veja também Eclesiástico 48.1-12)".
2) "Elias ascendeu ao céu, enquanto que
Moisés morreu; os ensinos judaicos posteriores dizem que o seu corpo foi
admitido ao céu. Lucas diz que eles também sabem sobre o iminente “êxodo” de
Jesus. Os santos no céu não cessam de
existir, nem estão em estado comatoso. Eles estão vivos e aptos para se
comunicar com os que habitam a terra — nesta ocasião, com Jesus. Embora a
transfiguração de Jesus revele principalmente sua natureza como o Messias
celestial, também mostra que os santos que faleceram são participantes ativos e
testemunhas do trabalho contínuo de Deus (Hb 12.1). A morte não é
não-existência para o crente em Deus". Fonte:
http://www.cpad.com.br/escoladominical/view-subsidios.php?s=71&i=1536
O site da CPAD é visitado por muitas pessoas, no caso da área de subsídios para Escola Dominical, muitos desses visitantes, são professores de EBD, em busca de auxílio para poderem dar sua aula aos domingos nas igrejas. Citar um livro considerado apócrifo (Eclesiástico) em paralelo com um livro canônico (Malaquias) pode gerar sérias dúvidas na mente de alguns leitores.
Sobre o segundo ítem, a frase foi colocada de forma muito infeliz na minha opinião. Acaba gerando uma dúvida incômoda: Na transfiguração, o que
aconteceu? Pois vejo que pode haver uma brecha para um argumento de ordem
espírita. Explico: Elias foi arrebatado, até aí tudo bem; afinal, assim podemos
argumentar em favor da sua aparição na Transfiguração. Mas o que dizer de
Moisés?
Dizer que o destino de Moisés é
um enigma, não esgota a questão, apenas reforça a pergunta. O que se entende
por comunicação? Ter uma visão não significaria também comunicar-se? Houve
comunicação entre vivos e mortos?
Qualquer resposta a essa questão, na minha maneira de ver, tem que iniciar com a Soberania de Deus para ser Deus, e agir como bem entender. Deus é livre. Quando Ele me diz pra não fazer algo, isso não significa que Ele não possa fazer o que Ele me impede de fazer. Quem criou todas as coisas, pode todas as coisas para Si mesmo.
Bem, e Elias? E Moisés? O que
eles têm a ver com isto? E as sessões espíritas? Eu nunca consultei, não
consulto e jamais consultarei os mortos, porque Deus me disse para jamais
fazê-lo. E ponto. Eu obedeço. Isso me basta!
Todavia, não o faço pela vitória doutrinária sobre a tese espírita. As coisas reveladas são para nós e os nossos filhos; as ocultas pertencem ao Senhor nosso Deus (Deuteronômio 29:29). Portanto, somos advertidos a não sair atrás de fenômenos mesmo que sejam reais, porém de origem oculta para nós. Daí o termo que define tais fenômenos como “ocultismo”.
Eu penso o seguinte: Moisés
morreu, e o Senhor o sepultou — isso, a Bíblia diz. Depois, em Judas, lemos
acerca da disputa de Satanás com o arcanjo Miguel acerca do corpo de Moisés.
Assim,
ficamos sabendo que houve uma batalha simbólica, pela matéria de Moisés; seu
corpo. Por quê? Ora, a Bíblia quase nunca explica, apenas conta a história; e
pelo “tom”, a gente fica sabendo se o assunto está aberto ou se está fechado;
sendo, nesse caso, apenas contado, já deveríamos ficar agradecidos!
Bem, Elias, foi trasladado, à semelhança de Enoque, para que não visse a morte.
Eu
concordo com os estudiosos bíblicos que afirmam que Moisés e Elias estavam ali,
como uma “mensagem” de natureza histórico-salvífica. Ou seja: A Lei e os Profetas
estavam dando testemunho do Filho de Deus. Ambos, Moisés e Elias, representavam
uma legião de testemunhas.
A
Transfiguração apontava a convergência da História da Fé para Aquele que era o
Enviado; o objeto de todas as lutas e de todas as esperanças de todos os que
nos precederam, e de toda a Revelação. A Lei e os Profetas estavam fazendo sua
síntese ali, em Cristo.
Quanto a isto parecer uma sessão espírita; e quanto a abrir precedentes para falsas interpretações, tenho algumas coisas a dizer:
Os
espíritas dizem que na Bíblia tem precedentes que validam a doutrina espírita
da reencarnação e comunicação com os mortos. Os “precedentes” seriam a
Transfiguração, Saul e a Pitonisa de
Endor; e João Batista, que Jesus disse ser Elias. Sobre esse último, porém o
próprio João, quando perguntado sobre sua “identidade Eliasiana” histórica,
disse: “Não sou Elias”.
Então você me pergunta: Você acha
possível que mortos — arrebatados ou não — possam falar com os homens? Ou, você
acha que isso possa acontecer sem a permissão divina? Minha resposta é um
sonoro “Não”.
Então você me pergunta: O que, então,
você crê acerca disso? Bem, falo do que eu creio para mim.
Creio que consultar mortos é uma
abominação, conforme está escrito em Deuteronômio 18: 10-12, I Crônicas 10:13, Isaías 8:19. Tal prática
foi explicitamente proibida conforme as referências bíblicas acima, e se Deus
proibiu, é porque é mal para os humanos.
Quanto a
reencarnação, o texto em Hebreus 9:27 é muito claro quanto a isso ao dizer que “é
ordenado ao homem morrer uma só vez, vindo depois disso, o juízo”.
Para mim, sinceramente, isso encerra a questão. E, também, nunca entro nessas questões quando estou conversando com espíritas. Se me perguntam, eu falo. Se não me perguntam, eu falo de Jesus, da Boa Nova de que em Cristo não há carma, não há retornos de auto-purificação, não há purgatórios; nem no céu e nem na terra, onde se tenha que pagar as dívidas de existências anteriores. Pela Graça sois salvos!