sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Subsídio para EBD - A verdadeira motivação do crente

Existem pessoas que se tornam evangélicas por vários motivos: financeiros, políticos, entre outros. Os discípulos perguntaram a Jesus o que eles receberiam por terem deixado tudo para segui-LO (Mt. 19.27). Paulo atestou que muitos seguem a Cristo por razões diversas (Fp. 1.17,18). Na lição de hoje estudaremos a esse respeito, mostraremos que nem todas as motivações do crente, em relação ao seguir a Cristo, são verdadeiras.

1. MOTIVAÇÕES E MOTIVAÇÕES

A palavra motivação, no dicionário, é definida como uma força interna que faz com que as pessoas tomem determinadas decisões e atitudes. As motivações são as mais diversas, e elas, na maioria das vezes, variam de pessoa para pessoa. Existem motivações individuais e coletivas, que persistem e outras que se modificam ao longo do percurso. A motivação sempre tem a ver com objetivos, isto é, com o interesse aonde determinada pessoa ou grupo pretende chegar. Algumas motivações são inatas, como a de conseguir alimento para satisfazer a fome. Mas a maioria delas é adquirida, depende da cultura, e do que as pessoas privilegiam como necessidade. Alguns estudiosos distinguem quatro tipos básicos de necessidades: psicológicas (comer e se vestir), segurança (ordem, estabilidade, rotina), social (amor, afeição, pertencimento), estima (prestígio, independência, status) e autorrealização (emprego e sucesso). Essas motivações são categorizadas a partir de uma perspectiva sociológica, que leva em consideração a relação necessidade e consumo. Mas na perspectiva cristã, existem outras motivações, dentre elas: fé, esperança e amor (I Co. 13. 13; I Ts. 1.3). Os profissionais que atuam na área de marketing são especialistas em identificar as motivações das pessoas. Outra especialidade da propaganda é a de construir necessidades. O consumismo - que não pode ser confundido com consumo - se alimenta da criação de necessidades e motivações. O cristianismo pode, em alguns contextos, ser comparado a uma mercadoria. Há pessoas que o compram de acordo com suas conveniências, a esse respeito Paulo chamou a atenção do jovem pastor Timóteo e da igreja que este liderava (II Tm. 4.1-4).

2. AS FALSAS MOTIVAÇÕES DO CRENTE

O crescimento do movimento evangélico no Brasil tem favorecido a existência de uma geração de crentes cujas motivações nada têm de bíblicas. Algumas dessas pessoas estão aderindo às igrejas pelos motivos mais diversos e descabidos. A adoção de um modelo evangélico mercantilista, pautado na prosperidade financeira, está atraindo pessoas para as igrejas com interesses meramente monetários. Não são poucas as pessoas que se achegam às igrejas perguntando: o que eu vou ganhar com isso? Os discursos propagados por algumas igrejas televisivas mostram essa realidade. Os adeptos dessa teologia deturpada testemunham da fortuna que fizeram ao adquirir o “produto” de determinada igreja. Há “artistas”, que na verdade nada entendem de arte, que vem para a igreja depois do fracasso na mídia. Como não conseguem mais se projetar na mídia, inventam que são crentes para venderem seus cds gospel entre os evangélicos. As músicas por eles compostas são de péssima qualidade, não passam de vãs repetições, não têm qualquer respaldo bíblico. O culto às celebridades instantâneas e temporárias, decorrentes dos realities shows, também alcançou as igrejas evangélicas. Houve um tempo em que as pessoas eram respeitadas pelo conhecimento bíblico que tinham, e pela vida que testemunhavam. A exposição da Bíblia está sendo substituída, em alguns púlpitos, pelos tristemunhos desses “artistas”. Em entrevista a um canal de televisão, uma modelo (não sei para quem) afirmou que frequentava a igreja porque saia daquele lugar com “alto astral”. As motivações dessas pessoas, ao aderiram a essas igrejas, são meramente utilitaristas. Os “pastores” estão alimentando esse ciclo na medida em que propagam um evangelho que não e o de Jesus Cristo (Gl. 1.9).

3. AS VERDADEIRAS MOTIVAÇÕES DO CRENTE

As motivações verdadeiras do crente são respaldadas pela Palavra de Deus, isso porque é Deus, e não o homem, que diz o que realmente necessitamos. A primeira necessidade do ser humano é a de um Salvador. O salário do pecado é a morte, a condenação eterna (Rm. 6.23), e como todos pecaram (Rm. 3.23), a salvação torna-se uma necessidade prioritária. Deus enviou Seu Filho Jesus Cristo para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3.16). Essa é uma mensagem simples, mas que está sendo esquecida em muitas igrejas evangélicas. O novo nascimento e a santificação tornaram-se doutrinas impopulares, por isso, não são mais ensinadas, é mais vantajoso - principalmente do ponto de vista financeiro - instigar à prosperidade. Mas isso tudo é vaidade, é aflição de espírito, ou como verte uma tradução de Ec. 2.17, é “correr atrás do vento”. A principal motivação do crente deve ser dar glória a Deus, viver para Ele, pois para isso fomos criados (Is. 47.12; I Co. 10.31; Ef. 1.12). A teologia predominante no contexto evangélico brasileiro é antropocêntrica, isto é, coloca o ser humano no centro, ao invés de Deus. O crente não foi chamado para a fama, mas para a simplicidade (Mt. 10.16), a ostentação não é cristã, no evangelho de Cristo não há lugar para soberba (Jo. 13.34,35). O próprio Cristo veio para servir, não para ser servido (Mc. 10.42-45), quem quiser ser o primeiro no Reino de Deus que seja o último (Mt. 20.27). O Reino de Deus está acontecendo, neste exato momento, longe dos holofotes da mídia. Pastores e crentes estão labutando para Deus no anonimato. O discurso do sucesso tem atingido muitos crentes, resultando em uma geração de decepcionados, em virtude das irrealizações. O próprio pastorado, excelente quando levado a sério, não ficou para todos (I Tm. 3.1-7), e alguns crentes, por não conseguirem chegar a essa posição eclesiástica, também se frustram.

CONCLUSÃO

A verdadeira motivação do crente deve ser sempre a de estar com Cristo, a de permanecer nEle, independentemente das circunstâncias, para dar frutos (Jo. 15.1-8). E justamente crescer em santidade, desenvolvendo o fruto do Espírito, deveria ser a meta de todo cristão genuíno (Gl. 5.22). Cristo não prometeu riqueza, fama e poder no presente século. Por isso, a motivação verdadeira do crente deve ser a de continuar no centro da vontade de Deus (Rm. 12.1,2).

BIBLIOGRAFIA

CABRAL, E. A síndrome do canto do galo. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

GONCALVES, J. A prosperidade à luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Descoberto papiro que sugere casamento de Jesus


Pesquisadora da Universidade de Harvard (EUA) diz poder ajudar a esclarecer um dos aspectos mais controversos da vida de Jesus Cristo. Karen King, especialista em religião, encontrou um papiro do século 4 da nossa era cujo texto indica que Jesus Cristo foi casado.

O texto foi apelidado de "Evangelho da esposa de Jesus". A parte do texto que chamou a atenção dos pesquisadores é a seguinte: "Então, Jesus disse a eles: eis a minha esposa", de acordo com a tradução feita do copta (antigo idioma egípcio). "A tradição cristã sempre sustentou que Jesus não era casado, embora não exista evidência histórica para respaldar essa tese", disse Karen durante uma palestra em Roma, nesta terça-feira.

Segundo a pesquisadora de Harvard, "este novo evangelho não prova que Jesus era casado, mas nos diz que toda questão surgiu apenas como parte dos intensos debates sobre sexualidade e casamento. Desde o início, cristãos discordavam se era melhor não casar, mas foi apenas mais de século depois da morte de Jesus que começaram a recorrer à condição matrimonial dele para apoiar suas posições." De acordo com Karen, mostrar Jesus solteiro era uma maneira de fortalecer as posições católicas sobre temas como o celibato.

O fragmento tem oito linhas de texto de um lado e está muito danificado no verso, com apenas três palavras e algumas letras visíveis. O dono do documento procurou Karen em 2010, e na época ela duvidava da veracidade do fragmento do papiro. A tese sobre Jesus ter sido casado ganhou fama com o livro "O Código Da Vinci", de Dan Brown.
Fonte: Do Huffington Post, via Yahoo.

Meu Comentário:
A matéria relacionou a "descoberta" ao polêmico filme de Dan Brown. Em suma: o livro “O Código da Vinci” diz que Jesus e Maria Madalena eram marido e mulher, que tiveram uma filha chamada Sara; e que depois da morte de Jesus, em razão dos perigos locais, Maria, sua filha, e mais duas outras mulheres, acabaram por ser levadas pelos ventos do litoral de Israel até o litoral da França, atravessando o Mediterrâneo numa quase canoa. Lá a filha de Jesus e Madalena casou com o rei, e, daí para frente, fez parte de todas as importantes famílias reais da Europa. Dan Brown, autor do livro, fala no assunto com fervor religioso. Ao invés de tratar a coisa como ficção, ele defende a “veracidade” de sua teoria como se fosse um fundamentalista religioso. Tudo baseado em lendas européias e em textos — a maioria deles de inspiração gnóstica — que formam o corpo dos evangelhos apócrifos de Tomé, Madalena, Filipe, e outros; são fartos nesse tipo de informação ambígua.
O melhor modo de desfazer qualquer tipo de falsa impressão acerca desse assunto é ler os textos originais em questão, os quais, hoje, estão disponíveis em português, todos juntos, no livro “Apócrifos e Pseudo-epígrafes da Bíblia”, da Editora Cristã Novo Século (nseculo@brasilsite.com.br). A simples leitura de tais textos já mostra seu caráter ficcional e tolo, muitas vezes; visto que é de vários deles que também nos vêm todas aquelas histórias malucas sobre a infância de Jesus; em cujas narrativas Jesus é muitas menino travesso cheio de superpoderes.
O sucesso do livro/filme “O Código da Vinci” é um fenômeno religioso-esotérico; e também mostra a sua ligação com movimentos de natureza sócio-política. Isto porque esta geração precisa de um Jesus casado, visto que o “Jesus filho de Maria” (Católico), dos séculos anteriores, já não preenche as expectativas da pós-modernidade. O Jesus pós-moderno precisa ter uma mulher que seja a apóstola dos Apóstolos, e que seja a detentora de mistérios gnósticos que somente os iluminados podem acessar. Assim, a necessidade pós-moderna de ter uma mudança no paradigma das Marias — saindo a Virgem, e vindo a Maria Plena, fêmea, casada, e dona de conhecimentos e mistérios, a Madalena — nada mais é que o resultado social de fazer os “arquétipos ocidentais do Cristianismo” servirem ainda a essa ‘nova era da humanidade’; a qual é feminista, de um lado; e profundamente mística e esotérica, de outro lado.

Há uma nova geração de religiosos tão crédulos quanto os que eles dizem superar em lucidez. Isto porque pensam que estão fazendo progressos em relação ao obscurantismo da “Igreja”, sem verem que eles estão se entregando, sim, às lendas da Idade Média. Na realidade, o que estamos vendo é a troca de uma religiosidade por outra; e ambas são igualmente obscurantistas e mágicas. Assim, necessidades psicológicas e religiosas do Século XXI estão sendo chamadas de “descobertas históricas”. Há pouco tempo atrás, a polêmica ficou por conta do "descobrimento" do "Evangelho de Judas", onde o "filho da perdição" se torna o "herói" do evangelho. 

O que ocorre é que estão criando sua própria versão de um Jesus Pós-Moderno. Esse Jesus é a versão modernosa de um “deus” feito para atender nossa própria necessidade de consumo; e, sobretudo, de adaptação da “imagem de Jesus” a uma figura mais convenientemente palatável para a nossa moderna credulidade, e para o nosso novo-velho obscurantismo. Quem, todavia, prega o Evangelho, nem deve parar para debater tais questões, mas apenas prosseguir anunciando a Boa Nova, e nunca esquecendo que Paulo disse que dentre as coisas que muito corrompem a fé simples e pura, estão as discussões infrutíferas, e fundadas em lendas e fábulas.