Os ensinamentos deste mundo, repassados
pelos falsos mestres, levam as pessoas ao desespero. Muitos não conseguem
desfrutar da alegria que vem de Jesus, produzida pelo Espírito Santo (Jo.
15.11). Os crentes em Jesus permanecem firmes na fé, naquilo que nos foi
revelado pela Palavra, por isso estão sempre alegres, independentemente das
circunstâncias. Esses, por sua vez, têm suas mentes guardadas por Cristo, que
lhes dá a paz que o mundo desconhece (Jo. 14.27), e que excede a todo
entendimento.
EXORTAÇÃO À FIRMEZA NA FÉ
Paulo identifica os irmãos da igreja de
Filipos como sua “alegria e coroa” (Fp. 4.1). Em grego há duas palavras para
coroa: diadema, que diz respeito a uma coroa real, e stefanos, à coroa usada
pelos vencedores de atletismo. O termo usado pelo Apóstolo é stefanos,
aludindo, assim, à conquista em uma competição olímpica. Ele sabia que, ao
chegar ao céu, receberia um prêmio pelo seu labor pastoral. Os falsos mestres,
ao contrário, buscavam prêmios terrenais, a vanglória humana. Mas Paulo busca
uma premiação celestial, o reconhecimento do Senhor pelo seu trabalho. Em
seguida, admoesta os crentes a permanecerem “firmes no Senhor”. O verbo grego
aqui usado é stekete, e está no imperativo, uma espécie de ordenança dada a um
soldado. Nesse caso o lutador deveria permanecer em sua posição, sem deixar seu
lugar estratégico. Muitos crentes querem abandonar sua posição por qualquer
motivo. Somos instados, pelo mesmo Apóstolo, a sermos firmes e constantes,
abundantes na obra. E mais importante ainda, saber que, no Senhor, não nos
homens, nossa obra não é vã (I Co. 15.58). Adiante Paulo destaca um problema de
relacionamento na igreja de Filipos, que envolvia Evódia e Síntique. Essas
irmãs não deveriam ser descartadas, mas ajudadas a amadurecerem na fé. Ao invés
de buscarem o crescimento da obra, estavam digladiando-se entre si. Essas
mulheres tornaram-se exemplos negativos de partidarismos nas igrejas, que
impedem a maturidade espiritual (I Co. 3.4,5). Muitas igrejas evangélicas estão
adoecidas por causa das disputas por cargos nos departamentos. O corpo de Cristo
não pode ser fragmentado por causa de vaidades pessoais, dos interesses
particulares. Uma igreja que vive em unidade é caracterizada pelo sentimento
comum entre os membros. Isso não quer dizer que todos devem ser iguais, uma das
belezas da igreja está justamente na diferença. Existem pessoas de diferentes
condições socioeconômicas na igreja, todas salvas pelo sangue do mesmo Cordeiro
(Gl. 3.26-28). A diversidade pode existir, mas apenas nos aspectos periféricos,
no principal, unidade deve prevalecer. A produção do fruto do Espírito (Gl.
5.22), em amor (I Co. 13), é o elo que consolida a igreja no Senhor.
ADMOESTAÇÃO À ALEGRIA DIVINA
O Apóstolo retoma o tema da alegria,
certamente porque os crentes filipenses estavam entristecidos. Os judaizantes
colocavam um fardo tão pesado sobre os ombros das pessoas que essas não
conseguiam ser alegres (At. 15.28,29). Os gnósticos apregoavam uma liberdade
que era pura libertinagem, tornando as pessoas escravas dos prazeres. Contra
esses caprichos humanos, a resposta de Paulo é a alegria que vem de Deus (Fp.
4.4). A chara, alegria do Espírito, não é circunstancial. Ela é resultante da
salvação em Cristo Jesus, que lança o ser humano na liberdade para servir em
amor. Jesus atrai para Ele todos os que estão cansados e sobrecarregados, e
coloca sobre eles o seu jugo, que é suave, e o seu fardo, que é leve (Mt.
11.30). Muitos atualmente querem felicidade, mas não buscam a verdadeira
alegria. Os livros de autoajuda prometem uma felicidade de bens perecíveis. Mas
a alegria que vem de Deus não resulta daquele que anda em derredor (I Pe. 5.8),
mas nAquele que está dentro de nós (I Jo. 4.4). Em prosseguimento, Paulo
orienta os filipenses quanto à moderação, epieikeia em grego. Esse é um termo
bastante amplo, que diz respeito não apenas ao que é legal, mas ao que é certo.
As leis são produções humanas, nem sempre estão corretas. Os cristãos vivem a
partir de uma Lei maior, a de Cristo, exercitada em graça e amor (Rm. 13.10). O
mundo se pauta pelas leis humanas, que merecem respeito, e na maioria dos
casos, obediência. Mas existe uma lei que está acima de todas as leis, é a Lei
de Deus, revelada em Sua palavra. É a partir dessa que o crente deve viver, e
mais importante, que essa sirva de testemunho da nossa fé em Cristo. Todos os homens
devem reconhecer, pelas nossas práticas, que somos filhos de Deus (Tg. 2.14; I
Jo. 3.7,8). Uma das motivações para o exercício da moderação é que o Senhor
está perto. A dimensão escatológica é condição ética para o viver cristão, pois
virá o dia em que todos prestaremos contas pelo que fizemos no corpo (Rm.
14.10). Muitos acham que o Senhor está demorando para voltar, por isso estão
vivendo dissolutamente, mas Ele é longânimo (II Pe. 3.8,9). Ao Seu tempo Ele
voltará para levar a Sua igreja, conforme prometeu (Jo. 14.1; I Pe. 2.9). Essa
é a bendita esperança da igreja cristã (Rm. 8.23; I Co. 15.51,52; I Ts.
4.16,17; Tt. 2.13), não a ganância terrena, como muitos tem apregoado
atualmente Todos aqueles que têm essa esperança não vivem como bem entendem, mas
de acordo com a vontade de Deus (I Jo. 3.3), perfeita, boa e agradável (Rm.
12.1,2).
A PAZ DE DEUS PARA VENCER A
ANSIEDADE
A ansiedade é um problema crônico na
sociedade contemporânea, por falta de alegria espiritual, não poucos estão
angustiados. Essa ansiedade, merimnau em grego, pode resultar dos problemas de
olharmos para as circunstâncias. A preocupação com as coisas materiais podem
nos distanciar do foco, que é o céu. O mundo moderno, ao esquecer-se de Deus,
perdeu a tranquilidade. O reino de Mammon é cruel, e desgraçado, não permite
que as pessoas tenham paz. Por causa disso as muitas pessoas são destroçadas,
sendo puxadas, como expressa a etimologia da palavra ansiedade em grego, em
direções opostas. Jesus advertiu a respeito dos perigos de viver em ansiedade
constante (Mt. 5.19-34). O problema da ansiedade é que ela faz com que deixemos
de confiar em Deus, e percamos a paz. O antídoto contra a ansiedade é a oração,
este é o melhor remédio. Ao invés de andarmos ansiosos, devemos levar nossas preocupações
para Deus (Fp. 4.6). Existem três palavras gregas que fazem referência à oração
nessa passagem: oração (proseuche, usado para as petições gerais ao Senhor),
súplica (deesis, a petição em relação às necessidades) e ação de graça
(euxaristia, disposição para agradecer pelos feitos do Senhor). Infelizmente
tudo hoje em dia contribui para que deixemos de orar, até mesmo o excesso de
atividades eclesiásticas. Essa geração esqueceu-se de orar porque se tornou
dependente do pragmatismo. As pessoas querem resultados rápidos, negam-se a
esperar com paciência pelo Senhor, tal como fez o salmista (Sl. 40.1). Como
resultado, não conseguem desfrutar da paz de Deus, que excede “todo o
entendimento” (Fp. 4.7). Somente a paz de Deus é capaz de guardar a nossa mente,
nossos corações e sentimentos em Cristo. As adversidades, principalmente as
perseguições, não conseguem abater o coração cuja mente está em Cristo. É essa
paz, eirene em grego, que nos guarda dos ataques circunstanciais. Nossas mentes
precisam estar protegidas dos pensamentos mundanos. Para isso devemos levar
cativo todo entendimento à obediência de Cristo (II Co. 10.5).
Fonte: www.subsidio.blogspot.com/