A Epístola de Paulo aos Filipenses, a ser
estudada ao longo deste trimestre, terá como foco a revelação da pessoa de
Cristo. Na medida em que temos consciência que estamos nEle, poderemos crescer
em amor cada vez mais, mostrando que somos participantes do Seu evangelho.
Nesses dias difíceis, nos quais outros evangelhos têm sido pregados, que
sejamos despertados por essa mensagem para uma vida de humildade, sobretudo de
alegria, independentemente das circunstâncias.
A Epístola de Paulo aos Filipenses está categorizada entre as Cartas da
Prisão, as outras seriam Colossenses, Efésios e Filemon. A data provável de
escrita é entre 60 a 63 d. C., em Roma, local no qual o Apóstolo estava em
prisão domiciliar (At. 28.30,31). O objetivo do Apóstolo, nessa epístola, é
agradecer uma oferta generosa que lhe fora enviada pelos filipenses, cujo
portador foi Epafrodito (Fp. 4.14-19); e também para fortalecer a fé deles,
mostrando que a verdadeira alegria é Jesus Cristo.
A meta de Paulo era inicialmente adentrar a província
romana da Ásia por ocasião da sua Segunda Viagem Missionária, mas não obteve
êxito. Por isso, tomou a direção do norte, para a Antioquia da Pisídia,
atravessando a cordilheira montanhosa do Sultão Dagh, e prosseguindo para o
norte, aonde chega aos limites da Bitínia, uma província senatorial a noroeste
da Ásia (At. 16.6).
Mas ao tentar entrar na Bitínia, pela estrada do norte,
para a Nicomédia, Paulo foi impedido novamente (At. 16.7), voltando-se para
oeste. Em seguida desceu para a costa de Trôade, onde recebeu uma visão, a qual
o desafiou: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At. 16.9). Em companhia de Lucas,
viajou imediatamente para Samotrácia, chegando a Filipos. De acordo com o
relato de At. 16.12, essa cidade era da Macedônia, “primeira do distrito, e
colônia”. A relevância dessa cidade remete ao Sec. IV a. C., quando Filipe II,
da Macedônia, tomou-a dos tracianos. Por isso ela recebeu esse nome, em sua
própria homenagem. Em 42 a. C., essa cidade foi cenário da batalha entre as
forças republicanas de Brutos e Cassius e as imperiais de Otávio e Antonio.
Por
volta de 52 d. C., Paulo, acompanhado por Silas e Timóteo, chega à cidade de
Filipos, durante sua Segunda Viagem Missionária (At. 15.40; 16.1-3). O grupo
apostólico se encontra com Lídia, de Tiatira, uma comerciante que negociava
púrpura (At. 16.14), que se converte a Cristo, levando o primeiro grupo de
cristãos de Filipos a congregar-se em sua casa (At. 16.15).
O contexto
religioso daquela cidade era de sincretismo, o panteão grego de deuses congregava
uma série de divindades, tanto de origem grega quanto romana. A deusa Artemis
era adorada, sob o nome de Bendis, Marte também era adorado, como deus tanto da
agricultura quanto da guerra. Esse sincretismo religioso pode ser atestado em
At. 16.16, em que uma jovem escrava era usada por um espírito de adivinhação.
Paulo e Silas, após expulsarem aquele espírito da jovem, são presos por
causarem prejuízo, sendo posteriormente libertos, tendo a oportunidade de
plantar uma igreja naquela cidade (At. 16.16-40). Paulo teve a oportunidade de
visitar a igreja de Filipos durante sua Terceira Viagem Missionária (At.
20.3-6).
Obedecer a visão do Senhor e ouvir a voz do
Espírito (At 16.6-10) é algo que glorifica ao Pai, mas que também implica em
sofrimento.
A voz do Espírito é cada vez mais
negligenciada em nossos dias, quando alguns líderes (bispos, pastores, etc) não
buscam mais a sua direção na realização da obra de Deus, no trabalho
missionário e evangelístico, na implantação de igrejas. Disputas pessoais e
ministeriais, expansões de "impérios" particulares e familiares,
ganância por dinheiro, poder e coisas semelhantes a estas ditam as regras e
norteiam os objetivos em alguns círculos evangélicos e denominacionais.
O Evangelho que produz tribulações e prisões
(At 16.23-24) é trocado por um outro evangelho que promete satisfações e
milhões. Os milagres, as curas e libertações viraram mercadoria e objeto de
barganha no vergonhoso mercado da fé. A verdadeira adoração (At 16.25) deu lugar ao
louvorzão, balada gospel, pancadão evangélico, show, apresentação artística.
Os senhores do presente século (políticos) não são contestados por propagarem, defenderem e legalizarem costumes que afrontam a Bíblia e a fé cristã, antes, são procurados (ou procuram) por pastores para negociatas, são bajulados em troca de favores eleitoreiros, provendo supostas "bênçãos" para uma igreja institucionalizada e morna (ou morta).
A prisão foi substituída pela mansão. O
açoite foi trocado pelo conforto. O serviço deu lugar ao reinado. A toalha foi
trocada pelos tronos. O contentamento deu lugar ao consumismo.
As igrejas enriquecem e multiplicam seu
patrimônio institucional, mas cambaleiam e se empobrecem sem o poder
espiritual. Enfraquecem sem o alimento sólido da Palavra.
A Epístola de Paulo aos Filipenses é
atualíssima e urgente para a nossa geração. Que os corações se abram pela graça de Jesus
ao clamor do Espírito, para que sejamos tocados e transformados por esta
magnífica e poderosa mensagem.