A palavra “discípulos” se refere a um “aprendiz” ou
“seguidor”. A palavra “apóstolo” se refere a “alguém que é enviado”. Enquanto
Jesus estava na terra, os doze eram chamados discípulos. Os 12 discípulos
seguiram a Jesus Cristo, aprenderam com Ele, e foram treinados por Ele. Após a
ressurreição e a ascensão de Jesus, Ele enviou os discípulos ao mundo (Mateus
28:18-20) para que fossem Suas testemunhas. Eles então passaram a ser
conhecidos como os doze apóstolos. No entanto, mesmo quando Jesus ainda estava
na terra, os termos discípulos e apóstolos eram de certa forma usados
alternadamente, enquanto Jesus os treinava e enviava para pregarem.
Jesus Cristo nos chama a segui-lo. Tal convite não pode ser respondido com um mero levantar de mão em cruzadas evangelísticas, com muitas mãos se levantando, respondendo sim ao apelo de seguir Jesus. Na realidade, pode ser que o gesto seja o primeiro de uma sucessão benéfica que inclua: apertar a mão de irmãos, lavar os pés dos santos, enxugar lágrimas a aflitos, dar água e pão aos pobres, curar as feridas dos flagelados, impor as mãos sobre os doentes ou uni-las em oração e prece. Se este for o processo, então aquele gesto foi válido. No entanto, se não propiciar tal fluxo de vida e sucessão de atos, não passou de coreografia de trabalho religioso, ilusão para os servos da idolatria estatística e fantasia para os que pretendem povoar o céu a partir da graça barata.
Jesus Cristo nos chama a segui-lo. Tal convite não pode ser respondido com um mero levantar de mão em cruzadas evangelísticas, com muitas mãos se levantando, respondendo sim ao apelo de seguir Jesus. Na realidade, pode ser que o gesto seja o primeiro de uma sucessão benéfica que inclua: apertar a mão de irmãos, lavar os pés dos santos, enxugar lágrimas a aflitos, dar água e pão aos pobres, curar as feridas dos flagelados, impor as mãos sobre os doentes ou uni-las em oração e prece. Se este for o processo, então aquele gesto foi válido. No entanto, se não propiciar tal fluxo de vida e sucessão de atos, não passou de coreografia de trabalho religioso, ilusão para os servos da idolatria estatística e fantasia para os que pretendem povoar o céu a partir da graça barata.
Seguir Jesus não é ser modelado dentro do apertado terreno dos condicionamentos
psicológicos, culturais e religiosos dos nossos guetos evangélicos. Entre nós a
conversão é muitas vezes um fenômeno de mimetismo, não o nascer de uma nova
criatura. A conversão não é, na nossa superficial e freqüentemente hipócrita
cultura evangélica, a assimilação de chavões, palavras, gestos feitos, tom de
voz e indumentária própria.
Não tenho medo de ser julgado. O que disse está dito, pois conheço a
igreja de Cristo no Brasil e sei que ela precisa ser liberta da religiosidade
que por vezes Jesus odiou e reprovou. Discipulado
também não é apenas vida moral e social ajustada. Pagar as contas em dia, lavar
o carro todo sábado, levar os filhos ao parque, sair semana com a esposa, ser
bom vizinho e ótimo sobre discipulado. Esta vida certinha ainda está dentro do
ordinário. O discipulado está no nível do extraordinário.
Seguir Jesus extrapola os melhores hábitos. É ir tão mais além que desajuste
os certinhos e desinstale os irremovíveis e plantados no seguro terreno da vida
acomodada. Discipulado é vida para nômades. É existência para aqueles que
confessam que todo país estrangeiro pode ser sua pátria e que o planeta Terra
não é seu lugar de repouso.
Seguir Jesus é caminho sem retorno
Pelo menos é assim que o candidato deve encarar. "Ninguém que,
tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o Reino de Deus". Não
pode haver titubeio. Avançar é a única alternativa viável. O discípulo diz: "Esquecendo-me
das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,
prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus".
Nos dias em que vivemos, quando a mensagem do Evangelho tem sido
insípida e diluída, sem substância, talvez me julguem estar exagerando ou
tentando direcionar os desafios de vida aqui expostos para uma classe de
pessoas especialmente vocacionadas. Imaginam que os comerciantes, industriais,
empresários, fiscais da Fazenda, políticos, advogados e gerentes de bancos
estão isentos desse projeto de vida.
Pensam: É possível que tal convite se dirija especificamente ao clero, à
classe religiosa, aos pastores e obreiros, ou aos crentes muito consagrados. Acontece
que a Bíblia não conhece essas distinções. Não há clero, laicato, pessoas de
tempo integral e de tempo parcial, o grupo dos crentes simples e dos discípulos
engajados. Jesus só tem uma categoria de seguidores: discípulos.
O discípulo não pode ser cheio de melindres, um hipersensível, um não-me-toques,
pois muito freqüentemente suas opiniões serão contraditas e as sugestões
reduzidas a pó ante a realidade irreprimível do amor de Deus e do Absoluto que
o Amor manifesta no Reino de Deus. Repressões ortodoxas feitas pelos discípulos
têm que ser, não raras vezes, repensadas, assim como posições intolerantes e
rabugentas reavaliadas, mesmo diante de crianças.
Jesus nos ensina a ser não
preconceituosos. Em Jesus a
verdade tem músculos, cor e pele. Cristo é a verdade. Apesar disso, não vemos
nele a intolerância de alguns cuja fria e desalmada ortodoxia é mais uma espada
afiada do que a expressão do zelo e do temor do Senhor. Jesus é a pessoa mais
aberta que já fez história na Terra. Ele é aberto, sem no entanto ser um
liberal sem fronteiras.
Nele não vemos pré-compreensões a respeito das pessoas, apesar de
conhecer de antemão o que é a natureza humana. Nele não encontramos sintomas de
preconceitos ou de pré-julgamentos. Seu dedo nunca é levantado antes de a
hipocrisia manifestar-se. Sua voz nunca se ergue antes de a incoerência
pretender passar por coerência. Seu juízo nunca vem, senão depois de a
injustiça mascarar-se de retidão. Jesus nos ensina a viver nas fronteiras do
amor e da santidade, mas nunca nas do moralismo e do preconceito. Para
demonstrar isso ele come com pecadores, toca os intocáveis e alienados
cerimonial e socialmente falando, visita a terra dos imundos porqueiros e usa
porcos como agentes de misericórdia. Porcos eram animais imundos e impuros para
os judeus.
Mas Jesus vence o preconceito e os usa como agentes de misericórdia, como
ponte de libertação. Senta à mesa com um homem cuja fama é a de ser um
sofisticado ladrão, e é capaz discipulado um ex- revolucionário e engajado –
Simão, do partido esquerdista dos zelotes, cujo engajamento fora tão forte que
seu nome mantém o vínculo com a ideologia que defendera. Jesus não leva em
conta os preconceitos distorcidos contra os samaritanos, e tanto convive com eles
quanto ilustra o amor fraternal através de um fictício personagem de Samaria.
Era também capaz de não só visitar os reacionários políticos religiosos
de extrema-direita, mas inclusive comer com eles. Ele nem mesmo se esquivou de
visitar e fazer o bem a alguém da casa do chefe local das forças de ocupação da
superpotência que dominava o seu povo. E mais ainda: foi capaz de identificar
fé naqueles que foram considerados pela ortodoxia pragmática como inveterados perdidos.
Entretanto, uma das provas mais fortes de que não havia espaço para
preconceitos é o fato de que, nele, a mulher - então espoliada e minimizada -
ganha dignidade e vê desaparecer o seu humilhante estigma de pessoa de segunda
categoria. Ele a considerou extremamente útil e apta para fazer parte de sua
equipe de evangelização.
Não a julgou indigna de colocar as mãos sobre a sua cabeça para ungi-lo
meigamente, nem de tocá-lo suave, reverente e docemente para fazer parte de sua
equipe de evangelização. Não a julgou indigna de colocar as mãos sobre a sua
cabeça para ungi-lo meigamente, nem de tocá-lo suave, reverente e docemente, a
fim de lhe evidenciar sua imensa gratidão.
Jesus também vence as barreiras maliciosos, não fugindo às mulheres, mas
tratando-as com dignidade e transparência, mesmo em lugar solitário. A malícia
procede do coração sujo, não do ambiente solitário. Cabe porém ao discípulo ter
todo o cuidado de abster-se de toda a aparência do mal, sem no entanto ser um preconceituoso.
No seu rol de amizades íntimas as mulheres também encontraram, espaço e
dignidade. Ele não só conversa longamente com elas, como fazia refeições e
aceitava hospedagem em sua casa.
Estranhamente, Jesus é o cumprimento das Sagradas Escrituras, sem no entanto
ser o cumprimento dos modelos religiosos dos seus dias. Nem sempre a
religião tem algo a ver com a Palavra de Deus. E isto também diz respeito, não
raramente, ao próprio Cristianismo histórico e institucional.
A religião tende a ser o melhor conduto para o esclerosamento de qualquer
idéia. Na maioria das vezes ela trabalha mais com tabus do que com a legítima
revelação de Deus em sua palavra. O legalismo religioso é o mais forte empecilho
ao caminhar do Reino de Deus na direção do novo.
Deus trabalha no sentido não da novidade, mas do novo eterno: um novo
povo, com novos homens, que possuem um novo coração, vivem a realidade de um
novo mandamento, sob uma nova lei, com um novo e eterno mediador, embalados por
uma nova esperança, buscando uma nova cidade, onde se tem um novo nome e onde
tudo é novo. Jesus ensina que o velho pano e o velho odre do legalismo
religioso não poderiam suportar a alegria e a realidade da era nova. As novas expressões
do Reino de Deus não se conciliavam com as estruturas de castas de uma religião
caduca. Era preciso uma nova estrutura e uma nova mentalidade - a mentalidade
do Reino de Deus.
Os doze discípulos/apóstolos originais estão listados em
Mateus 10:2-4: “Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão,
por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu
irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu,
e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu”. A Bíblia
também lista os 12 discípulos/apóstolos em Marcos 3:16-19 e Lucas 6:13-16. Ao
comparar as três passagens, há algumas pequenas diferenças. Aparentemente,
Tadeu também era conhecido como “Judas, filho de Tiago” (Lucas 6:16). Simão, o
Zelote também era conhecido como Simão, o cananeu. Judas Iscariotes, que traiu
Jesus, foi substituído entre os doze apóstolos por Matias (veja Atos 1:20-26).
Alguns professores bíblicos vêem Matias como um membro “inválido” para os 12
apóstolos, e acreditam que o apóstolo Paulo foi a escolha de Deus para
substituir Judas Iscariotes como o décimo segundo apóstolo.
E interessante também
o perfil dos chamados por Jesus. Figueira e Junqueira põe em evidência esses
perfis. Eram humanos, limitados e imperfeitos. Os exemplos:
Pedro — era generoso e
entusiasta (Mc 14.29,31), mas, na hora do perigo e da decisão, o seu coração
encolhia e ele voltava atrás (Mt 14.30; Mc 14.66-72);
Tiago e João - estavam dispostos
a sofrer por Jesus (Mc 10.39), mas queriam ter mais poder que os outros (Mc
10.35-41), e eram temperamentais (Lc 9.54). Jesus deu-lhes o apelido de “filhos
do trovão” (Mc 3.17);
Filipe — tinha muito jeito
para colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1.45,46), mas não era prático
em resolver os problemas (Jo 6.5-7; 12.20-22). Jesus certa vez o censurou (Jo
14.8,9);
Natanael — era bairrista 0o
1.46), mas diante da evidência reconhece que Jesus é o Messias (Jo 1.49);
André - era mais prático.
Foi ele que encontrou o menino com cinco pães e dois peixes (Jo 6.8,9);
Tomé - era generoso,
disposto a morrer com Jesus (Jo 11.16). Mas também era cabeçudo e teimoso,
capaz de sustentar a sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de
todos os outros (Jo 20.24,25);
Mateus — era publicano e
como tal era excluído da religião judaica.
Simão - era Cananeu ou Zelote (Mc 3.18). Fazia parte de um partido dos
zelotes que se opunha ao governo romano;
Judas - guardava o
dinheiro do grupo (Jo 12.6; 13.29);
Joana — era esposa de
Cusa, procurador de Herodes, que governava a Galileia. Junto com Susana e
outras mulheres, ela seguia a Jesus e o servia com seus bens (Lc 8.2-3);
Maria Madalena — era nascida na
cidade de Magdala. Jesus libertou-a de sete demônios (Lc 8.2);
Marta e Maria - eram irmãs, que
junto com Lázaro, o irmão delas, viviam em Betânia, perto de Jerusalém (Jo
11.1);
Nicodemos - Era membro do
Sinédrio, o Supremo Tribunal da época.
Concluindo, os doze discípulos/apóstolos eram
homens comuns a quem Deus usou de maneira extraordinária. Entre os 12 estavam
pescadores, um coletor de impostos, um revolucionário. Os Evangelhos registram
as constantes falhas, dificuldades e dúvidas destes doze homens que seguiam a
Jesus Cristo. Após testemunharem a ressurreição e a ascensão de Jesus ao Céu, o
Espírito Santo transformou os discípulos/apóstolos em homens poderosos de Deus
que “viraram o mundo de cabeça para baixo” (Atos 17:6). Qual foi a mudança? Os
12 apóstolos/discípulos haviam “estado com Jesus” (Atos 4:13).
Que o mesmo possa ser dito de nós!
Bibliografia:
FIGUEIRA, Eulálio &_ JUNQUEIRA, Sérgio.
Teologia e Educa- ção. Op. Cit.
FILHO, Caio Fábio DÁraújo. Seguir Jesus, o Mais Fascinante Projeto de Vida. Editora Betânia, 1985.
FILHO, Caio Fábio DÁraújo. Seguir Jesus, o Mais Fascinante Projeto de Vida. Editora Betânia, 1985.