quinta-feira, 9 de março de 2017

Minha opinião sobre o cancelamento da aula magna na FAECAD com René Padilha

O teólogo René Padilha teve sua aula magna anunciada e depois cancelada pela FAECAD depois dos protestos nas redes sociais feitos por quem considera a Teologia da Missão Integral uma heresia ou modismo teológico.

A história foi a mesma no ano passado quando uma palestra com o Pr. Augustus Nicodemus foi anunciada e cancelada de última hora em um evento da CPAD, depois de protestos das mesmas pessoas praticamente.

Os contra disseram que uma instituição assembleiana não deveria ter como palestrante um cessacionista e calvinista. Só lembrando que tanto a faculdade como a editora citadas são ligadas a CGADB e estamos praticamente às vesperas de mais uma eleição da Mesa Diretora, que já está com algumas liminares judiciais, dizendo que um dos candidatos não pode participar do pleito.

As três situações são lamentáveis do meu ponto de visto porque:

1) A aula magna de uma faculdade teológica onde se espera que seja um lugar de procurar entender diferentes linhas de pensamento dentro da teologia, não deveria ter cancelado a aula, considerando que o ministrante não era um membro do corpo docente da mesma, estava apenas ali para uma palestra. Mesmo não sendo adepto da Teologia da Missão Integral, se eu fosse aluno da mesma gostaria de ouvir um de seus maiores, senão o maior representante apresentar seu ponto de vista.

2) Da mesma forma, a editora não deveria ter cancelado a palestra com o reverendo presbiteriano no ano passado, porque até onde eu sei ele não estava ali para falar em soteriologia nem em pneumatologia. Engraçado, alguns assembleianos que atacam Nicodemus, são admiradores do Pr. Hernandes Dias Lopes. Pois é: ambos são presbiterianos, calvinistas, amilenistas e se lerem os livros de Hernandes, vão entender que a pneumatologia de ambos não é muito diferente.

3) O quadro da eleição da CGADB é a semelhança dos últimos anteriores lamentável. Um pleito onde o que se vê são dois projetos de poder eclesiástico, econômico e político e não um projeto do Reino de Deus. Independente quem vai vencer a eleição, quem já perdeu com essa disputa foi a igreja Assembleia de Deus, mesmo a convenção sendo de ministros.

Para concluir eu gostaria de dizer que já fui diretor de um instituto bíblico teológico o Ibadetrim (hoje IMP) e durante o período em que lá estive (2009-2011), nós tínhamos professores de diferentes denominações conosco, como presbiterianos, metodistas, luteranos, um adventista, e até onde eu sei não tivemos por isso nenhuma epidemia herética por aqui. Aliás eu como diretor só não trouxe o Rev. Nicodemus aqui porque ele não tinha agenda. Mas trouxe para ministrar uma aula magna o saudoso Russell Shedd, que era batista e calvinista. Outro calvinista que convidei foi o Pr. Mauro Meister, companheiro do Pr. Augustos.

Então gente, vamos parar de ficar chamando quem não é do nosso arraial, quem não é assembleiano, pentecostal, armeniano de herege. Diante da cruz de Cristo essas diferenças tem que desaparecer.

Acerca da polêmica envolvendo a CPAD, FAECAD e a palestra de René Padilha


Novamente, outra instituição ligada a CGADB foi protagonista de outra polêmica envolvendo a marcação e depois de protestos o cancelamento de uma palestra. No ano passado foi num evento da CPAD com o Rev. Augustus Nicodemus. Agora foi com FAECAD numa aula magna com o Pr. René Padilha. Abaixo foi postar três posicionamentos. Os dois primeiros são contra: Pr. Altair Germano e o blogueiro Júlio Severo. O terceiro: blogueiro Gutierres Siqueira, foi a favor não da linha de pensamento dos palestrantes mas sim, do não cancelamento das mencionadas palestras e contra o espírito instalado de caça a hereges. Eu pessoalmente prefiro ficar com o posicionamento do Gutierres, na minha opinião, foi mais sensato. Como a postagem vai ficar grande, deixo para postar meu comentário pessoal em outro post. 

Pr. Altair Germano
A coerência com o que cremos deve nortear as nossas decisões e rumos. Mas uma vez lamento pelo constrangimento causado pelo posicionamento de instituições ligadas à CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), que infelizmente estão trabalhando no sentido de desconstruir, relativizar ou enfraquecer os fundamentos teológicos e doutrinários das Assembleias de Deus no Brasil.

Chamo novamente a atenção dos líderes da denominação, e em especial da Mesa Diretora da CGADB, juntamente com os Conselhos e Comissões competentes para que estejam atentos ao que está acontecendo com a nossa CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus) e FAECAD (Faculdade Evangélica de Ciências e Tecnologia das Assembleias de Deus), ambas sediadas no Rio de Janeiro.

Através de nossa editora oficial e de nossa instituição acadêmica, portas estão sendo abertas, não para o saudável debate teológico, mas para a promoção de doutrinas e teologias que não se sustentam à luz das Sagradas Escrituras.

Coronelismo, farisaísmo, intolerância e castração do saber, são alguns dos termos empregados contra os que defendem os princípios doutrinários da nossa igreja.

Parece que a história não tem ensinado a alguns o que acontece com as igrejas quando através dos meios de difusão do saber flertam com modismos teológicos e ventos de doutrina.



Segundo Germano, no ano passado a CPAD abriu suas portas para predestinacionistas, cessacionistas e universalistas, causando constrangimento interno e externo ao ter que cancelar um evento, que na época, seria ministrado pelo pastor Augustus Nicodemus.

O mesmo acontece agora com a FAECAD ao marcar e ter que desmarcar uma Aula Magna com ênfase na promoção daquilo que é disseminado atualmente como Teologia da Missão Integral. A Aula Magna a que ele se refere seria com o teólogo René Padilha.

Júlio Severo 
A aula, agendada para 10 de março de 2017, será feita em parceria entre a Visão Mundial e a FAECAD, que pertence à CGADB, Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, a maior denominação assembleiana brasileira e mundial. (Confira neste link: http://archive.is/WlPHX)

Desde que teve como presidente Ariovaldo Ramos, o maior propagandista brasileiro da Teologia da Missão Integral (TMI), a Visão Mundial tem patrocinado eventos de TMI em todo o Brasil. Embora diga que sua missão principal é ajudar crianças que passam fome, a Visão Mundial tem apoiado o movimento da TMI, que é o maior movimento protestante marxista no Brasil.
René Padilla é conhecido internacionalmente há décadas por sua militância marxista entre evangélicos e é hoje o maior propagandista mundial da TMI. Ele teve presença forte no primeiro Congresso Lausanne de Evangelização Mundial em 1974, sendo o principal responsável pela guinada à Esquerda dos congressos seguintes.
No Brasil, a influência de Padilla se restringiu durante anos quase que exclusivamente aos meios calvinistas (presbiterianos e batistas), onde ele é muito bem divulgado há décadas, especialmente pela revista Ultimato, publicação originalmente presbiteriana de orientação esquerdista.
A influência e presença de Padilla e sua teologia marxista são poderosas e inegáveis entre presbiterianos brasileiros. Mas o que está acontecendo que agora ele e sua teologia estão tendo abertura até entre assembleianos?
O que vejo é que pelo histórico de ausência de carga teológica, muitos assembleianos estão se aproximando de líderes e instituições presbiterianas a fim de preencher um vazio teológico. Perdi a conta de quantos pastores assembleianos, até mesmo diretores de instituições teológicas assembleianas, seguem de forma entusiástica movimentos e líderes cessacionistas e semi-cessacionistas. (Cessacionismo é a heresia que afirma que o Espírito Santo não dá mais hoje profecia, revelação e outros dons sobrenaturais.) O caso anda tão grave que há verdadeiras guerras dentro da Assembleia de Deus por causa da influência desses cessacionistas em seu meio.
Um “intercâmbio” em que os assembleianos idolatram líderes cessacionistas e semi-cessacionistas e absorvem a TMI, mas os cessacionistas e semi-cessacionistas não idolatram nenhum líder assembleiano e não absorvem o conservadorismo assembleiano, é ilusão e perda. Assembleianos que se abrem para os cessacionistas e semi-cessacionistas têm dificuldade de enxergar e expor a TMI em seus perigos reais. Não enxergam que a TMI é a maior ameaça à Igreja Evangélica do Brasil.
Seria excelente se os assembleianos tivessem abertura a John Wimber, Wayne Grudem, Jack Deere e outros calvinistas carismáticos. Tenho quase todos os livros deles e os considero calvinistas fantásticos e não me envergonho de admirá-los, pois eles têm abertura ao Espírito Santo. Mas o líder calvinista mais admirado entre assembleianos é o “apóstolo” do cessacionismo no Brasil e nunca foi um famoso combatente contra a TMI, que é um liberalismo teológico forte na IPB. Seguir um homem sem visão e que não acredita em visão do Espírito Santo para hoje é como seguir um cego que está indo diretamente para o buraco, sem ver.
Alcançando uma importante faculdade teológica assembleiana no Rio de Janeiro, Padilla e sua TMI garantem uma influência significativa em futuros e atuais pastores que influenciarão milhares de assembleianos comuns, que cedo ou tarde falarão e agirão esquerdisticamente conforme muitos calvinistas brasileiros já falam e agem há décadas.
Só uma resistência cheia do Espírito Santo poderá confrontar o liberalismo teológico da TMI infestando as igrejas brasileiras. E o pioneiro nessa resistência foi o Dr. C. Peter Wagner, que denunciava que o que Padilla estava pregando, já no final da década de 1960, era marxismo.
Wagner ficou famoso como líder dos teólogos conservadores que se opuseram aos teólogos esquerdistas, liderados por Padilla, no primeiro Congresso Lausanne de Evangelização Mundial em 1974.
O famoso teólogo calvinista cessacionista do Brasil tem livros e artigos contra Wagner, mas não tem livros e artigos contra a TMI. Tem apenas um videozinho produzido depois que seu silêncio de décadas diante da TMI ficou indesculpável. Os assembleianos que o admiram e seguem, coincidentemente, rejeitam Wagner e são mais abertos à TMI ou não sabem discernir e denunciar a TMI.
Não sei o que toda essa abertura fará para a FAECAD, a CGADB e os pastores assembleianos do Brasil, mas se a Assembleia de Deus não lidar decisivamente agora com a TMI e com a causa principal, o intercâmbio unilateral com calvinistas cessacionistas, semi-cessacionistas e liberais, não poderá estranhar se em futuro próximo perguntarem como foi que o liberalismo teológico dominou a maior denominação pentecostal do Brasil.
Gutierres Siqueira

Eu li o teólogo René Padilla, ao contrário de muitos críticos dele.  Li e não gostei. O entendimento político-econômico do equatoriano é extremamente ingênuo. Mas seria ele um “herege perigoso” e “promotor do marxismo”? Ou ainda alguém que compromete as doutrinas essenciais da fé cristã? É claro que não! Diante de tanta bobagem escrita nas redes antissociais sou obrigado a sair em defesa de alguém que eu não admiro.

O movimento da Missão Integral certamente é preocupante. Muitos integrantes dizem dialogar com as ciências humanas, mas o que sobressai é apenas um viés de esquerda. Por exemplo, Padilla é um crítico ferrenho da globalização, e ele usa pressupostos de esquerda para tal, mas tenta dar uma roupagem evangelical nessa crítica. Mas isso faz de Padilla e outros nomes da TMI pessoas dignas do repúdio? Wayne Grudem não faz o mesmo com as políticas do Partido Republicano? Não acho que devemos deixar de convidar ou ouvir alguém por causa de questões secundárias.

Vivemos tempos de leviandade. Sempre quem discorda de mim é liberal, retrógrado, atrasado, herege, etc. Recentemente li um texto onde o autor chamava o teólogo presbiteriano Timothy Keller de um “sujeito perigoso”. Qual o motivo? Keller fala muito em justiça e defende uma versão de evolucionismo teísta. Em que mundo vivemos onde até um conservador como o Keller se torna um perigo iminente para a fé cristã? Que fé é essa?Qual é a base de segurança desse povo? Eu não sei se começo a rir ou a chorar.
padilla-rene-2
C. René Padilla
É impressionante a facilidade como as pessoas chamam outras de “hereges” hoje em dia. Mesmo na época tenebrosa da Inquisição havia um julgamento com direito de defesa antes do veredito. Hoje o calvinista chama o arminiano de herege e vice-versa, o cessacionista chama o continuísta de herege e vice-versa, o fundamentalista chama qualquer pessoa discordante de liberal etc. Tudo isso é muito cansativo.

Portanto, meus amigos, afirmo que Padilla não é e nunca foi um teólogo que eu admirasse, mas não sou irresponsável de excluí-lo do rol de cristãos porque discordo dele em aspectos secundários.  

Fontes:
http://www.altairgermano.net/
http://juliosevero.blogspot.com.br/
https://teologiapentecostal.blog/







terça-feira, 7 de março de 2017

Chega ao STF primeira ação que pode levar à ampla legalização do aborto


Um dos temas mais polêmicos do país chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foi protocolada na noite de segunda-feira a primeira ação que pede a legalização ampla do aborto, para qualquer gestação com até 12 semanas.

Atualmente, a interrupção da gravidez só é permitida no país em três casos: se a mulher corre risco de morrer por causa da gestação; se a fecundação ocorreu por estupro; se o feto é anencéfalo (sem cérebro) e, portanto, não conseguirá sobreviver após o parto.
A ação, à qual a BBC Brasil teve acesso antecipadamente, foi movida pelo PSOL, com assessoria técnica do instituto de bioética Anis. Não é possível prever quanto tempo levará para ser julgada, talvez anos. Isso dependerá muito do ministro que for sorteado para relatar a ação e de seu interesse em agilizar ou não o caso.

É função do Supremo, quando provocado por uma ação, analisar se leis vigentes no país estão em desacordo com a Constituição Federal. Nesse caso, o partido solicita que a Corte declare que os artigos do Código Penal (lei de 1940) que criminalizam o aborto desrespeitam preceitos fundamentais, como o direito das mulheres à vida, à dignidade, à cidadania, à não discriminação, à liberdade, à igualdade, à saúde e ao planejamento familiar, entre outros.

As advogadas que assinam a ação destacam que a criminalização do aborto leva muitas mulheres a recorrer a práticas inseguras, provocando mortes. Argumentam também que o problema afeta de forma ainda mais intensa mulheres pobres, negras e das periferias, já que elas têm menos conhecimento e recursos para evitar a gravidez, assim como menos meios para pagar por métodos abortivos mais seguros, ainda que clandestinos.

Movimentos contrários ao aborto, por sua vez, argumentam que o direito à vida também deve ser garantido ao feto e, por isso, a prática seria inconstitucional. Esses grupos hoje contam no Congresso com o apoio de uma ampla bancada de parlamentares, em geral católicos e evangélicos, que atuam para impedir a legalização do aborto ou mesmo aumentar sua restrição.

É desejo desses parlamentares aprovar uma emenda à Constituição prevendo expressamente que o direito à vida está garantido desde a concepção.

"Muito provavelmente, mudando a nossa Constituição, passa-se a ter uma nova interpretação dessas leis que já estão em vigor no nosso país (e permitem algumas hipóteses de aborto)", disse no ano passado o deputado Diego Garcia (PHS-PR), em um debate na Câmara.

Mesmo que isso seja aprovado, no entanto, caberá ao Supremo a palavra final sobre se o eventual direito à vida do embrião se sobrepõe aos direitos das mulheres, ressalta a antropóloga Debora Diniz, do instituto Anis.

Essa tensão é destacada pela presidente do STF, Carmén Lúcia, no livro O Direito à Vida Digna, publicado em 2004, pouco antes de sua entrada na Corte. Trechos da obra são citados pelo PSOL para fundamentar o pedido de legalização.
"Quando se põe em debate o aborto, o que se oferece, num primeiro lance de discussões, é se o embrião e o feto seriam pessoas, porque, a se responder afirmativamente, eles titularizariam o primeiro de todos como é o direito à vida digna, a qual, como antes lembrado, é intangível e inviolável. Mas não se há de ignorar que a vida é o direito que se exerce com o outro, no espaço das relações entre sujeitos, não se podendo anular, portando, a condição de pessoa-mulher que, em sua dignidade, é livre para exercer a escolha da maternidade ou não", escreveu a ministra no livro. 

O que esperar do Supremo?

Na última década, o Supremo tomou decisões que podem indicar uma abertura da Corte para o debate do aborto. Não está claro, porém, se há maioria para aprovar uma legalização ampla da prática.
Na decisão mais recente, há três meses, a primeira turma do STF, formada por cinco dos onze ministros, decidiu colocar em liberdade duas pessoas que haviam sido presas em flagrante supostamente realizando aborto em uma clínica clandestina.
Os magistrados poderiam ter se limitado a revogar a prisão preventiva, sob argumento de que os acusados podem responder ao processo em liberdade. Foi o entendimento de Marco Aurélio e Luiz Fux.
Marcha em Brasília pela Vida e contra o aborto: Movimentos contrários ao aborto argumentam que o direito à vida também deve ser garantido ao feto e, por isso, a prática seria inconstitucional© Valter Campanato/Agência Brasil Movimentos contrários ao aborto argumentam que o direito à vida também deve ser garantido ao feto e, por isso, a prática seria inconstitucional

Três ministros, no entanto, foram além. Acompanhando o surpreendente voto de Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Rosa Weber decidiram que a prisão não deveria ser mantida também porque a criminalização do aborto até o primeiro trimestre de gestação é incompatível com direitos fundamentais das mulheres, entre eles os direitos sexuais e reprodutivos, à autonomia, à integridade física e psíquica, além de ferir o princípio da igualdade.

O corte do primeiro trimestre, equivalente a doze semanas, foi proposto por Barroso porque é adotado na maioria dos países que permitem o aborto, como quase todos os países da União Europeia, Rússia, Suíça, Moçambique e Uruguai, entre outros.
"Durante esse período, o córtex cerebral - que permite que o feto desenvolva sentimentos e racionalidade - ainda não foi formado, nem há qualquer potencialidade de vida fora do útero materno", escreveu o ministro.

Barroso defendeu ainda em seu voto que o Estado e a sociedade devem buscar evitar o aborto por outros métodos que não a criminalização, como "oferta de educação sexual, distribuição de meios contraceptivos e amparo à mulher que deseje ter o filho e se encontre em circunstâncias adversas".
A decisão causou imediata reação no Congresso: "Revogar o Código Penal, como foi feito, trata-se de um grande atentado ao Estado de direito. O aborto é um crime abominável porque ceifa a vida de um inocente", disse na ocasião o deputado Evandro Gussi (PV/SP).

E os votos no plenário?

A ação do PSOL, caso seja levada a julgamento, será analisada em plenário, pelos onze ministros.
O caso citado acima sugere haver ao menos três votos simpáticos à tese defendida pelo PSOL. O fato de Marco Aurélio e Fux não terem acompanhado a decisão de Barroso não deixa claro qual seria o posicionamento deles sobre a ampla descriminalização do aborto, já que não entraram nesse mérito. 

Os ministros podem não ter seguido o colega por discordar da tese ou por não considerarem adequado abordar essa discussão ao julgar o habeas corpus.
Outras pistas sobre os possíveis posicionamentos dos ministros são os julgamentos que liberaram o aborto de anencéfalos (2012) e a pesquisa científica com células-tronco embrionárias (2008) - caso que provocou uma discussão sobre quais seriam os direitos do embrião e se sua vida estaria protegida pela Constituição.

Dos ministros que ainda estão no Supremo, votaram pela liberação do aborto de anencéfalos Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Celso de Mello. Ricardo Lewandowski disse que a decisão caberia ao Congresso e ficou contra.
Dias Toffoli, por sua vez, não participou do julgamento porque quando era advogado-geral da União já havia se manifestado na causa a favor do aborto de fetos sem cérebro.

Já no segundo caso, quando a maioria do Supremo entendeu que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida, foram favoráveis a essa decisão Cármen Lúcia, Marco Aurélio, Celso de Mello e Gilmar Mendes - considerando apenas os que permanecem no STF.
A decisão de Lewandowski novamente destoou: ele votou que as pesquisas poderiam ser feitas, mas somente se embriões ainda viáveis não fossem destruídos para a retirada das células-tronco.
Toffoli era na época advogado-geral da União e defendeu as pesquisas.
Os votos favoráveis nesses dois julgamentos podem sinalizar uma abertura dos ministros à discussão da legalização ampla do aborto, mas não permitem tirar uma conclusão sobre quais serão seus posicionamentos.
Presidente do STF Cármem Lúcia: Presidente do STF, ministra Cármem Lúcia diz em livro que 'não se pode anular a condição de pessoa-mulher que é livre para exercer a escolha da maternidade ou não'© REUTERS/Adriano Machado Presidente do STF, ministra Cármem Lúcia diz em livro que 'não se pode anular a condição de pessoa-mulher que é livre para exercer a escolha da maternidade ou não'

Por outro lado, esses dois casos parecem indicar uma probabilidade alta de que Lewandowski vote contra a legalização do aborto em eventual julgamento da ação do PSOL. Também sinalizam que ele tende a ter menos interesse em dar agilidade ao processo, caso seja sorteado relator.
Questionado sobre o tema há duas semanas na sabatina do Senado, o futuro ministro do STF Alexandre de Moraes (sua posse será dia 22) se esquivou de responder se é a favor ou contra a legalização. Segundo reportagem do Conjur, especializado em notícias jurídicas, antes de ser indicado Moraes já havia se manifestado contra a legalização ampla do aborto, por considerar que o direito à vida começa no momento da fecundação. 

Por que agora?

A discussão sobre a legalização do aborto não é nova, então por que justamente agora a ação chega ao STF? Segundo Luciana Boiteux, professora de Direito Penal da UFRJ e filiada ao PSOL, a iniciativa do partido reflete um fortalecimento recente do movimento das mulheres no país.
No final de 2015, por exemplo, uma série de protestos feministas nas principais cidades do país conseguiu barrar o andamento no Congresso de um projeto de lei que buscava aumentar as penas para aborto.

"Essa ação está sintonizada com o movimento das ruas, com todo o fortalecimento desse debate feminista que o Supremo agora vai ter que enfrentar", afirmou.
Na sua opinião, é preciso levar a questão à Corte porque o Congresso "não é representativo para as mulheres". Atualmente, 90% dos parlamentares são homens.

"No Supremo, a gente vê uma maior abertura para um debate que já foi feito inclusive por diversas outras cortes no mundo. É um espaço tão legítimo quanto (o Congresso)", defende Boiteux, citando julgamentos sobre aborto nos Estados Unidos, Alemanha e Portugal.

Também tramita no STF outra ação, movida em agosto pela Anis e a Associação Nacional de Defensores Públicos, que pede a liberação da interrupção da gravidez em caso de gestantes infectadas pelo vírus Zika.
O caso foi sorteado para Carmén Lúcia pouco antes de ela assumir a presidência do Supremo. A ministra deu rito de "urgência e prioridade" à tramitação e chegou a pautá-la para julgamento em dezembro.


No entanto, o caso deixou de ser analisado devido a outra questão mais urgente naquele dia - a decisão sobre se Renan Calheiros deveria ser afastado da presidência do Senado. Até agora o caso não voltou para a pauta. 

Fonte: http://www.msn.com/

segunda-feira, 6 de março de 2017

A natureza do jogo nas eleições da CGADB