Reproduzo abaixo, o texto que a meu ver é o mais completo sobre as eleições da Mesa Diretora da CGADB a ser realizado em abril/2017. O autor é o blogueiro e companheiro da blogosfera, Pr. Daladier Lima:
Prezados 150 leitores, como vocês tem percebido, estamos acompanhando a eleição na CGADB. Isto não é novidade, afinal a entidade é alvo de nossas postagens há alguns anos. Há algumas razões, porém, para este acompanhamento: 1) Sou pastor assembleiano; 2) A entidade congrega a maior parte das igrejas da maior denominação brasileira; 3) A disputa desperta o interesse de milhões de pessoas, dentro e fora da AD; 4) Tenho interesse particular que as coisas mudem por lá e por aí vai…
Infelizmente, a disputa ganhou ares pitorescos e boa parte dos interlocutores não entende o jogo de xadrez que ali se desenrola. Não sou uma mente muito arguta, nem estou do lado de dentro do processo eleitoral da entidade. Apenas tenho alguns contatos privilegiados e participo de alguns grupos de discussão de lideranças. Isso, óbvio, não basta para se assenhorar dos enxadristas. Mas que dá uma boa visão, não tenham dúvidas… Aliás, o termo jogo causa repulsa em muita gente, mas é exatamente ele que mais se adequa ao que está acontecendo.
Minha intenção com este post é desmistificar algumas colocações que pululam nas redes sociais e conversas ministeriais. Aliás, o grande diferencial desta eleição não é termos uma Terceira Via com o Pr. Cícero Tardim, nem os dois postulantes de sempre, Belenzinho, com José Wellington Júnior x Belém do Pará, com Samuel Câmara. O grande ingrediente é a internet. Sim! Dez anos atrás esta eleição seria realizada e a maioria de nós só saberia nos finalmentes como se diz por aqui. Se essa exposição midiática nas redes sociais é bom ou ruim, só o tempo dirá.
Só para vocês terem uma pálida ideia, no dia 26/02, eu contactei o Dr. Gesiel Oliveira, pastor vice-presidente da AD em Macapá/AP, que é autor de um post sobre as eleições, detalhando uma das ações críticas para o grupo do Pr. José Wellington Júnior. Solicitei dele uma informação simples: Quantas pessoas teriam acessado aquela reportagem? O resultado, surpreendente, ponho abaixo (dados do dia 26/02):
Acessos ao blog do Dr Gesiel Oliveira
Conheço lideranças que dariam uma mão para que mais de TRÊS MILHÕES de pessoas NÃO tivessem acesso a tais informações e o braço para que tudo o mais corresse em sigilo. É que os lances são tão sórdidos e mundanos que esse pessoal prefere esconder, a dar a cara para bater e fazer os esclarecimentos necessários. Nem em reuniões ministeriais as temos de forma transparente. Elas são sempre enviesadas, ao sabor das preferências das lideranças maiores. Ainda bem que os blogs evangélicos se disseminaram e as redes sociais (Facebook/WhattsApp) fizeram o restante do serviço. Vou tentar ser didático para explicar para a maioria a natureza do jogo que está em andamento.
O que é a CGADB?
É uma entidade que agrega supostos 100.000 pastores assembleianos de todo o Brasil. As Convenções Estaduais inscrevem compulsoriamente seus pastores e evangelistas e estes pagam uma anuidade para manter o funcionamento da entidade. Ela também recebe um percentual do faturamento da CPAD. Ao contrário do que dizem a função de presidente não é remunerada, não ao menos diretamente. O ocupante do cargo dispõe da estrutura da entidade para se locomover pelo Brasil e representá-la em eventos internacionais.
Porém, a entidade não apita em campo nenhum. O presidente (qualquer que seja o nome) é uma rainha da Inglaterra. Não tem poder sobre a AD, somente preferência para convites em EBOs e outros badulaques. Vejamos: não é consultado sobre grandes temas nacionais, não resolve pendengas entre os ministérios, não consegue impedir novas divisões de ministérios, não consegue impedir o uso disseminado da marca, não tem poder para fazer valer o estatuto da própria entidade e várias e absurdas outras coisas.
Tomemos, por exemplo, o artigo 9 do estatuto. Reza ali:
Somente aqui em Pernambuco há dezenas, talvez, centenas, de igrejas nesta situação. Sendo apoiadas por ministérios de outros Estados, quando não abertas diretamente por eles mesmos. Então, o fato de estarmos discutindo apenas quem senta na cadeira já é um absurdo colossal. Deveríamos discutir a efetividade das ações da entidade!
Quer outro absurdo? Há na entidade diversos conselhos e comissões, cujos assentos são preenchidos por indicação política dos presidentes e outros. Também eles não tem poder, a maioria nunca foi acionada para projetar ou decidir sobre questões chaves afeitas a cada conselho ou comissão e por aí vai. Há uma Comissão de Planos e Estratégias[1], por exemplo, que utiliza, pasmem os leitores!, dados de 1993!
Comissão de Planos e Estratégias – CGADB
Em tempos da Era da Informação isso é um descalabro total!
O que é a eleição?
A eleição para a CGADB é uma mera necessidade estatutária. Via de regra há apenas dois candidatos. Quem está no poder e quem quer sentar na cadeira. O atual presidente há 30 anos está no comando, isso numa igreja de propalados 100.000 pastores, como informamos acima. Não é possível, do ponto de vista humano, que nenhuma eleição tenha pelo menos uns seis ou sete candidatos. Uns dizem que é a vontade divina, mas há pouco de Deus nisso. O pessoal anda confundindo a vontade de Deus, tipo: “Vou me jogar na frente de um caminhão, se for a vontade de Deus, Ele me livrará, senão eu morro”. O Senhor deve estar torcendo o nariz para o processo como um todo.
O que acontece é que ninguém pode bancar o jogo. Deslocar-se, com alguma dificuldade pois os aliados de determinado candidato não abrem o púlpito senão para os amigos, pelo Brasil afora. Com os candidatos preteridos em púlpitos adversários a isonomia resta comprometida. Isso fora hospedagem, passagens, assessoria, material de eleição e por aí vai. Surpreenda-se! Alguns dos que atribuem à vontade de Deus a permanência do atual presidente preferiam os tempos que nem eleição havia. O eleito era escolhido por aclamação. Teocracia é pouco! Até para escolher o sumo sacerdote de cada ano havia eleição! Imagina?
Os presidentes que realmente poderiam fazer alguma diferença preferem cuidar do próprio roçado. Um deles, pastor de uma grande Convenção brasileira, cujas colocações chegaram ao meu conhecimento, nem comissão ou conselho quer para seus subordinados. Prefere vê-los trabalhando para crescer sua própria Convenção. Ele sabe que é quase impossível fazer uma gestão eficiente à frente da CGADB, sem interferir nos feudos em que se tornaram as Convenções. Quando que uma CGADB iria exigir balanços financeiros realistas de seus membros, por exemplo? JAMAIS!
Nesta eleição temos um terceiro postulante. O Pr. Cícero Tardim, da igreja em Alto Piriqui/PR. Ele tem poucas chances porque não era conhecido. Ter um nome massificado faz toda a diferença como nas eleições mundanas. Se ele fosse o escolhido por Deus…
O que mais está em jogo?
Nesta eleição houve uma modificação no formato da votação. Além da descentralização, defendida por mim e pelo Pr. Geremias do Couto em 2013 (faz pouco tempo, né?), foi instituída a votação on-line. Isto resolveu dois problemas. Primeiro, não é necessário viajar a São Paulo ou Brasília ou qualquer outro Estado e o voto pode ser exercido em qualquer dispositivo. Uma empresa espanhola foi escolhida para operacionalizar a votação: a SCTYL. O valor, dizem os informes, a depender de comprovação: mais de R$ 600.000,00!
Só que para efetivar as inscrições inúmeras operações suspeitas foram levadas a efeito. Como as inscrições estavam em pouca quantidade, bem próximo do final do prazo estipulado, algumas convenções decidiram inscrever os convencionais em bloco. Note, o leitor, que tais inscrições deveriam ter sido feitas pelos próprios convencionais, individualmente! Para levar a efeito a empreitada, e-mails e telefones inexistentes, em formatos totalmente fora do padrão foram inseridos e permitidos pelo aplicativo da SCTYL. Além das senhas, que seriam privativas e de uso pessoal.
Telefones não informados ou inválidos – Blog do Pr. Gesiel Oliveira
E-mails inválidos em formato fora do padrão – Blog do Pr. Gesiel Oliveira
Qual o problema? O problema é que as senhas de votação seriam enviadas a partir do dia 10/03/2017 por e-mail ou SMS. Se o e-mail ou telefone não existem, JAMAIS chegariam ao inscrito! Os concorrentes desconfiaram da manobra e contrataram uma auditoria independente que constatou os problemas em mais de 10.000 inscrições. Então, a Comissão Eleitoral foi indagada e deu de ombros, não reconhecendo nenhum dos problemas apresentados. E eles existiam!
Tanto existiam que foi criado um remendo. O inscrito poderá acessar o site da CGADB (eles não colocaram o atalho no site das eleições…) e atualizar sua senha, seu e-mail e seu fone. Como a regra ali é a improvisação, pasmem!, o sistema ainda permite até este momento um telefone do tipo 1234. Quanto aos e-mails há uma checagem mais aprimorada, mas permite cadastrar um e-mail de outro convencional. Explico: Pego o e-mail de JOSÉ DAS COUVES e insiro no cadastro de DALADIER LIMA DOS SANTOS. Ora, ora, um sistema caro como esse deveria checar se o e-mail já existe em outro cadastro. Pior: permite os dois e-mails em convencionais diferentes. Pior ainda: O mesmo se aplica ao telefone!
Este remendo ocasionou dois problemas. Como a inscrição é auditada pelos concorrentes e os inscritos podem alterar dados, qual a listagem mais confiável para qualquer verificação? A de ontem? A de hoje? A de sábado? Entenderam a questão? Depois: quem está fazendo as alterações? A Convenção? O inscrito? Este último, muitas vezes, NÃO tem a senha, já que muitas convenções fizeram as inscrições por ele e não a revelaram até agora? É muito complicado.
A esta altura do campeonato de xadrez adoidado, TODAS as inscrições erradas, cujo e-mail e/ou fone são inexistentes ou já deveriam estar anuladas, ou se daria um prazo até o dia, digamos, 15/03 para serem resolvidas. Daí uma nova geração para auditoria final dos candidatos seria gerada e anuladas as que não preenchessem os requisitos. O complicador nestes prazos é que a partir do dia 10/03, pelas normas do edital, começam a ser enviadas as senhas por e-mail e telefone. Pra piorar, não se deu prazo nenhum!
Prazo para envio das senhas por e-mail ou fone
Como tudo em se falando das eleições na CGADB pode piorar, o candidato divino, escolhido em 2014, portanto, há três anos, esqueceu de se desincompatibilizar da presidência da CPAD, aí sua candidatura era vedada pelo estatuto da CGADB, enquanto não saísse daquele cargo. E foi alertado disso pelo próprio presidente da Comissão Eleitoral (figura no rodapé).
Não restou outra alternativa, senão acionar juridicamente em cada um dos problemas apresentados. As liminares, resultado direto das ações propostas, começaram a sair ainda em janeiro e neste fevereiro/2017, o juiz de Corumbá/GO, determinou a retirada do nome do postulante das urnas. É evidente que uma liminar pode ser revista, mas a decisão tem que ser cumprida até que isso aconteça.
É lícito a um líder evangélico acionar a Justiça contra a CGADB?
Prezados, a CGADB não é uma igreja. É uma associação de pastores. Por sinal envolvida em diversas operações nebulosas que são denunciadas há muito tempo. Quem não lembra do ilustre Pr. Silas Malafaia, nunca rebatido em suas acusações em seu programa de tv?
Portanto, é razoável que uma vez identificado o dano e por vias administrativas ele não tenha sido reparado, se procure a Justiça dos homens. Infelizmente, a Igreja é bombardeada pelos efeitos colaterais dessas ações. Mesmo sem participação direta nas jogadas sórdidas dos enxadristas.
Como estamos em 06/03/2017?
- Embora uma enxurrada de mentiras seja veiculada nas redes sociais, a liminar, de Corumbá/GO, que determina a retirada do nome do Pr. José Wellington está em plena vigência e nem foi contestada ainda pelo réu. Desta forma só dois concorrentes podem ser votados: Pr. Samuel Câmara e Pr. Cícero Tardim;
- Centenas, talvez milhares, de inscrições estão inválidas porque nem todos acessaram o módulo que permite a atualização, outros nem sabem que ele existe e ainda outros não possuem as senhas que foram geradas por ocasião do cadastro por sua Convenção;
- A eleição será feita no dia 09/04, das 00:00h às 18:00h, horário de Brasília, daqui a 33 dias;
- Quem não regularizou o cadastro deve fazê-lo o mais rápido possível, de preferência alterando a senha, para evitar alguma fraude em seu nome;
- A partir do dia 10/03 devemos estar atentos ao envio das senhas e interpelar a SCYTL e a CGADB via site, se não chegarem;
- Ainda aguardamos o resultado de pelo menos uma dezena de ações!
- O pleito segue absolutamente indefinido!
Conclusão
Cremos que em breves linhas pudemos esclarecer os pontos principais do imbróglio. Quero conclamar os nobres amigos a não repercutir mentiras e falácias que pululam nas grandes redes. Dizer por exemplo, que é uma guerra espiritual. O que existe é a falência de um modelo eclesiástico que está caindo pelas tabelas. Lá atrás estão as razões por onde isso começou: vitaliciedade, nepotismo, personalismo, patrimonialismo, empoderamento de feudos e diversas outras mazelas. Infelizmente, dezenas de pastores estão MENTINDO para defender este ou aquele candidato. Mentira AINDA é pecado!
A nota triste da eleição é que não precisava ser assim. Bastava-nos ter estatura moral para promover um pleito limpo, transparente, isonômico e respeitoso. E sobretudo cristão. Do qual todos pudessem participar em igualdade de condições. Tudo visando o engradecimento do reino e a não ocorrência de escândalos. Pelas informações apresentadas, porém, o que transparece é o pútrido rescaldo, no qual se vê apenas a ganância pelo poder.
O que podemos ensinar aos novos líderes assembleianos que estão chegando? Omissões inescrupulosas? Manipulação política? Estratégias indignas? Maquinações carnais? Judicialização da Igreja? Me sinto enojado desse jogo sórdido. Aliás, a política partidária está perdendo pontos para nós. Não há absolutamente nada em termos éticos que possamos ensinar ao TRE e aos partidos! Conseguimos ser mais sagazes que um Renan Calheiros, Lula ou Michel Temer.
Eu gostaria de estar falando sobre anjos, querubins, mas é o que há. Aliás, somos muito bons no marketing externo. Para falar contra heresias, ditar regras morais, dizer o que deve ser feito. Quando chegar a hora de dar o exemplo o que acontece é isso. Endomarketing: zero!
Fonte: http://www.daladierlima.com/
[1] https://www.cgadb.org.br/site2017/index.php/cgadb/comissoes/planos-e-estrategias
[2] Site das eleições CGADB: https://www.eleicoescgadb.org.br/#/index
Nenhum comentário:
Postar um comentário