(Calvino)
O
Novo Calvinismo é um movimento de resgate da teologia
calvinista originado nos
Estados Unidos da América nas últimas décadas do século XX e primeiras décadas de século XXI. O movimento atingiu diversas denominações protestantes estadunidenses, espalhando-se por outros países, tais como o
Brasil,
China[1],
Coreia do Sul e
Indonésia[2]. É visto como um reavivamento do meio evangélico
[3] e sua abrangência vai muito além das denominações que são historicamente calvinista. O principal efeito do novo calvinismo é a aproximação de igrejas
batistas,
pentecostais, não-denominacionais e independentes da teologia calvinista.
O movimento faz parte do
Evangelicalismo, abordando assim o caráter missional. É conhecido pela ênfase nas práticas cristã em vez eclesiologia em si, sendo mais aberto ao diálogo com outros posicionamentos teológicos, pelo que diferenciaria do calvinismo convencional.
[4]. É uma tentativa de resgate cultural, e é conhecido como um dos movimentos que poderão mudar o mundo na atualidade.
Em Março de 2009, a
Revista Times classificou-o como uma das "10 ideias que estão mudando o mundo."
[5][6][7]
Nos Estados Unidos, destacam-se como líderes do movimento os pregadores:
John Piper[8],
Mark Driscoll,
Albert Mohaler,
[6],
Matt Chandler[5],
Mark Dever [9],
CJ Mahaney e
Joshua Harris[10] . Diferente do calvinismo clássico, não existem a enfase da participação de denominações reformadas ou presbiterianas nos discursos destes pregadores, mas do envolvimento de uma cosmovisão cristã na cultura e na vida diária. Um reflexo disto é a influência na música e a participação de diversas denominações, e até grupos não denominacionais, no movimento.
O Movimento propagou-se, principalmente, pela produção literária, conferências e mídias sociais.
[18][6][19]
A crítica ao
Neopentecostalismo, amplamente difundida nas igrejas pentecostais, batistas e reformadas, fez com que os diversos grupos protestantes se aproximassem. Por conta do desejo de reforma difundido por diversos pastores protestantes nas décadas de 2000 e 2010, críticas de pregadores calvinistas ao Antropocentrismo neopentecostal são apoiadas e compartilhadas por jovens evangélicos de todas as tradições.
[20] Além disso, têm crescido a participação de pentecostais em conferências, congressos e simpósios de visão doutrinariamente reformada e tal participação tem influenciado ainda mais a aproximação do calvinismo do pentecostalismo clássico.
[21]
Como movimento cultural de volta de valores e tradições protestantes, o Novo Calvinismo tem servido como reação ao secularismo e impulso de retorno de princípios e estilo de vida conforme a fé cristã.
[22][23]
Em que pese o Novo Calvinismo seja amplamente interdenominacional, a
Igreja Presbiteriana do Brasil, a maior denominação calvinista do Brasil, experimento crescimento acelerado entre 2004 e 2016. Parte deste crescimento é resultado do êxodo sobretudo de ex-pentecostais para o Presbiterianismo.
[24] [25][26][27][28]
Entre as denominações mais afetadas pelo movimento estão as igrejas pentecostais, que nas últimas décadas passaram por uma mudança drástica no perfil de seus membros. Em que pese o Pentecostalismo tenha crescido sobretudo entre as pessoas de menor renda e menor escolaridade nas década de 1960-2000, nas últimas décadas isso mudou. A ascensão social de muitos pentecostais, bem como crescimento do nível de escolaridade no país, permitiu que muitos pentecostais se interessassem pelo estudo teológico. A literatura reformada supriu essa necessidade, difundindo-se amplamente entre pentecostais.
[29] A
CPAD, entre 2000 e 2019, publicou diversos livros de autores calvinistas, de forma de a literatura reformada atingiu muitos membros de igrejas que não são calvinistas. Muitos membros arminianos das assembleias de Deus criticaram a postura da editora.
[30]
Reação nas Assembleias de DeusEditar
Embora o calvinismo tenha crescido nas
Assembleias de Deus, muitos líderes assembleianos expressaram preocupação com a perda da identidade denominacional que o calvinismo poderia gerar entre os jovens. Por outro lado, muitos pastores apoiam o Novo Calvinismo, pois consideram que o semi-pelagianismo, amplamente pregado em igrejas pentecostais, é que deve ser combatido tanto pelo calvinismo quanto pelo arminianismo.
Como resposta ao crescimento calvinista, líderes assembleianos buscaram difundir o Arminianismo. A Edição 68 da revista
Obreiro Aprovado, da
Casa Publicadora das Assembleias de Deus, com o título
Em Defesa do Arminianismo foi publicada com este propósito. Tal publicação trouxe grande debate, porque a denominação, até aquele momento, não declarava em seus documentos de fé nem a posição calvinista e nem arminiana. Propagou-se então que as Assembleias de Deus deveriam possuir uma declaração de fé quanto ao assunto.
[31][32] [33]Contudo, muitos cristãos evangélicos ainda tem se declarado imparciais quanto ao debate, não se considerando nem como arminianos e nem como calvinistas buscando amenizar assim o conflito teológico entre as duas correntes protestantes em prol da unidade.
[34]
Muitos pastores assembleianos criticaram amplamente a presença de calvinistas em eventos de sua denominação.
[12]
Consequências do Novo Calvinismo no BrasilEditar
4) o crescimento acelerado da
Igreja Presbiteriana do Brasil entre 2004 e 2016, que, conforme estatísticas da denominação, cresceu mais de 37% entre os anos, enquanto a população brasileira cresceu 10,5%
[38] e
Na
China o novo
calvinismo emergiu de forma independente e sem influência do movimento estadunidense a partir da década de 1990. O movimento no continente asiático desenvolveu-se de forma completamente diferente do restante do mundo, sobretudo na China, em que foi provocado pela grande quantidade de pessoas com alta escolaridade que se converteram ao
Protestantismo, como uma forma de combater os erros doutrinários divulgados por seitas no pais e construir uma igreja nacional ortodoxa.
[40][41]
A enfase do calvinismo chinês é voltada a eclesiologia e o envolvimento do Cristianismo com o Estado e a sociedade. Um dos meios de difusão do calvinismo no país é a literatura e a tradução de obras de autores reformados. Diferente do novo calvinismo nas Américas, o movimento chinês, busca afastar-se completamente da influência carismática, tornando-se assim mais próximo de denominações como as
igrejas presbiterianas, sobretudo pela influência das missões da Coreia do Sul, o país com o maior número de presbiterianos do mundo, no país. Além disso o perfil dos calvinistas chineses é mais escolarizado e mais jovem que os demais protestantes chineses. Embora esteja presente na igreja oficial chinesa
Movimento Patriótico das Três Autonomias, os calvinistas têm se desenvolvido, sobretudo, nos movimentos de igrejas domésticas.
[42] [43]
Um dos reflexos da aproximação da
República Popular da China com o capitalismo é a sua ampliação das liberdades individuais e liberdade religiosa. Desde então o interesse pelo calvinismo tem crescido no pais.
[44]
Para a maioria dos estudiosos, o foco é sobre as implicações culturais e políticos dessa tendência, um foco apropriado, dado que grande parte desse crescimento recente tem sido impulsionado pelos intelectuais no interior da China que são atraídos para o potencial de transformação do modelo Kuyperiano (de
Abraham Kuyper) de engajamento cultural para contemporânea a sociedade chinesa. Para um número menor de estudantes, o interesse pela teologia reformada reflete um interesse mais amplo em explorar o potencial das identidades confessionais reforçados para permitir a igreja na China para política, social e legalmente chegar a um acordo com a variedade teológica que é percebidos como na raiz de grande parte dos conflitos dirigida para e crescendo dentro da igreja chinesa hoje.
[45]
Segundo Peter Master, o movimento não tem bons resultados, principalmente pelo fato de permitir uma maior flexibilidade confessional, e assim negligenciar uma vida consagrada. Além disso, as opiniões quanto ao quarto mandamento seriam controvérsias entre os participantes do movimento.
[46]. A leitura da opinião de Master revela, todavia, que sua crítica é centrada quase que exclusivamente nos gêneros musicais utilizados pelos jovens adeptos do movimento. Tais estilos musicais, por serem modernos (a exemplo do hip-hop), seriam considerados "mundanos". O autor não chega, portanto, a apresentar informações ou dados acerca de um eventual impacto do novo calvinismo na vida cotidiana desses jovens, limitando-se a inferir um suposto "mundanismo" com base no uso de determinados gêneros musicais. O pano de fundo da crítica, na verdade, parece ser a defesa de uma aplicação extrema do chamado "Princípio Regulador do Culto" (Capítulo XXI da Confissão de Fé de Westminster
[47]), com base no qual algumas igrejas calvinistas proíbem, inclusive, a utilização de quaisquer instrumentos musicais
[48]. Ressalte-se que a aplicação do mencionado princípio nesses termos foi rechaçado pela Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB).
[49]
Outros líderes consideram que o movimento possa ser passageiro, e por isso seus reflexos não seriam notados continuamente na sociedade.
[50]
Pelo fato dos principais líderes do movimento serem pastores batistas e não denominacionais, em geral são contra o batismo infantil e continuista no que se refere aos dons apostólicos.
[51] Por isso alguns apontam, principalmente líderes de denominações historicamente calvinistas, que o movimento não seria realmente calvinista. Outros indicam a propagação do movimento é uma forma de sincretismo entre denominações cristãs e que prejudicaria a identidade denominacional e acarrete na superficialidade teológica.
[52]