SEJA BEM VINDO. Este blog nasceu da vontade de poder compartilhar, pensamentos e reflexões sobre os acontecimentos atuais e a aplicação da Palavra de Deus a nossa vida.A escolha deste título para o meu blog, foi porque acredito que se não for para vivermos o Evangelho de Cristo conforme Ele viveu e ensinou, nada vale a pena. INDIQUE ESTE BLOG A MAIS ALGUÉM E DEIXE UM COMENTÁRIO JUNTO A MATÉRIA QUE PORVENTURA TENHA GOSTADO.
sábado, 9 de maio de 2009
MAIS UM SELO, GRANDES PENSADORES DA BLOGOSFERA
A Mayalu do blog da Maya, atribuiu ao Blog Cristianismo Radical o selo GRANDES PENSADORES DA BLOGOSFERA!
Seguindo alguns passos para continuar:
1. Escolher, pelo menos outros 5 blogs que condigam com a ideia desta premiação;
2. Entrar em contato com os blogs premiados, claro!
3. Montar uma postagem explicativa;
4. Publicar o link do blog que me indicou [http://mayafelix.blogspot.com/];
5. Manter o link do selo direcionando para este post;
6. Apresentar os blogs homenageados.
Repasso, conforme orientação, aos blogs que homenageio:
A Gruta do Lou;
Reflexões sobre Quase Tudo;
Cristiano Santana, Uma visão de mundo;
Teologia Livre;
Débora Zibordi.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
A ORDEM DE MELQUISEDEQUE
Você já ouviu falar na Ordem de Melquisedeque? Sei que é um assunto complexo, porque conforme é abordado, pode ser confundido com universalismo ou teologia liberal. Sempre ouvi as seguintes dúvidas:
- Qual o destino eterno das pessoas, que nunca ouviram o evangelho? Estão sem salvação? Como fica a salvação dos pagãos fora da religião?
Se de um lado, a Bíblia diz que, a salvação é uma obra da graça divina, da nossa resposta de fé à revelação de Deus em Cristo, de outro lado, a própria Bíblia afirma, contundentemente, que nenhum mortal pode pretender saber ou fazer afirmações sobre quem foi salvo ou perdido, espiritualmente, além dos portões da morte.
Caio Fábio ao falar sobre o tema, disse: "Na minha mente, não há dúvida quanto ao fato de que, o evangelho tem que ser pregado a todas as criaturas, e da minha parte, estou comprometido com isso. Mas a dúvida que vejo, em muitos que perguntam, é sobre se Deus poderia ser Deus, para fora dessa ação missionária da igreja e salvar quem ele bem entendesse; simplesmente por causa de sua liberdade para ser Deus. Ou seja, a igreja é agente de Deus neste mundo, para pregar a salvação, mas não é a detentora da administração da graça divina, por meio algum. Só há salvação em Cristo, e a Cruz de Jesus é o centro espiritual do universo. Todavia, a administração da graça divina, que aplica a salvação, é prerrogativa de Deus. A Igreja tem a missão de pregar a todos os homens e deve fazer isso, porque Cristo ordenou. Mas, a Igreja não limita o amor salvador de Deus, ou seja, Deus também age - às vezes, ou até sobretudo - fora das instituições religiosas." Confissões do Pastor, 1996, Editora Record. págs 226-229.
Pense bem, o nosso Planeta, tem hoje, cerca de seis e meio bilhões de pessoas. O Cristianismo com todas as suas ramificações, que vão do catolicismo romano, ao protestantismo, não representa, metade da população mundial. Pergunta-se: E os outros três ou quatro bilhões de pessoas? Se a igreja não conseguir atingir eles, como fica sua situação? Vão para o inferno? Têm cristãos que acham a maior facilidade em julgar e condenar os outros ao inferno.
No entanto, conforme está escrito em Romanos 2:12-16, que cada um será julgado pela luz que de fato teve, descontadas todas as intromissões dos traumas, condicionamentos religiosos, tempos, culturas, épocas, circunstancias, oportunidades, etc... Ou seja: cada um será julgado pelo que soube de fato que era verdade, e, no coração, assim mesmo, rejeitou; pois, se tiver acolhido a verdade, livre está de juízo.
Quando Jesus disse aos homens, para não tentarem separar no campo do mundo o joio do trigo, estava dizendo que homem algum conhece o coração de outro homem, mesmo quando lhe conhece os caminhos, os atos, as formas, os modos, os comportamentos e os pensamentos confessados.
Ou seja: Jesus ensinava que a melhor certeza do homem é que o joio existe, mas o resto é dúvida; pois, não lhe foi dado o poder de entrar nas naturezas das coisas.
Por isto Paulo diz: “Porque quando os pagãos que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei; pois, mostram a norma da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os — no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Cristo Jesus, segundo o meu evangelho.” Romanos 2:14-16.
Vou estar continuando a abordar o tema, ao mesmo tempo em que, estarei intercalando com outras reflexões da Palavra. Agradeço a quem quiser contribuir com comentário, manifestando sua opinião sobre o assunto.
- Qual o destino eterno das pessoas, que nunca ouviram o evangelho? Estão sem salvação? Como fica a salvação dos pagãos fora da religião?
Se de um lado, a Bíblia diz que, a salvação é uma obra da graça divina, da nossa resposta de fé à revelação de Deus em Cristo, de outro lado, a própria Bíblia afirma, contundentemente, que nenhum mortal pode pretender saber ou fazer afirmações sobre quem foi salvo ou perdido, espiritualmente, além dos portões da morte.
Caio Fábio ao falar sobre o tema, disse: "Na minha mente, não há dúvida quanto ao fato de que, o evangelho tem que ser pregado a todas as criaturas, e da minha parte, estou comprometido com isso. Mas a dúvida que vejo, em muitos que perguntam, é sobre se Deus poderia ser Deus, para fora dessa ação missionária da igreja e salvar quem ele bem entendesse; simplesmente por causa de sua liberdade para ser Deus. Ou seja, a igreja é agente de Deus neste mundo, para pregar a salvação, mas não é a detentora da administração da graça divina, por meio algum. Só há salvação em Cristo, e a Cruz de Jesus é o centro espiritual do universo. Todavia, a administração da graça divina, que aplica a salvação, é prerrogativa de Deus. A Igreja tem a missão de pregar a todos os homens e deve fazer isso, porque Cristo ordenou. Mas, a Igreja não limita o amor salvador de Deus, ou seja, Deus também age - às vezes, ou até sobretudo - fora das instituições religiosas." Confissões do Pastor, 1996, Editora Record. págs 226-229.
Pense bem, o nosso Planeta, tem hoje, cerca de seis e meio bilhões de pessoas. O Cristianismo com todas as suas ramificações, que vão do catolicismo romano, ao protestantismo, não representa, metade da população mundial. Pergunta-se: E os outros três ou quatro bilhões de pessoas? Se a igreja não conseguir atingir eles, como fica sua situação? Vão para o inferno? Têm cristãos que acham a maior facilidade em julgar e condenar os outros ao inferno.
No entanto, conforme está escrito em Romanos 2:12-16, que cada um será julgado pela luz que de fato teve, descontadas todas as intromissões dos traumas, condicionamentos religiosos, tempos, culturas, épocas, circunstancias, oportunidades, etc... Ou seja: cada um será julgado pelo que soube de fato que era verdade, e, no coração, assim mesmo, rejeitou; pois, se tiver acolhido a verdade, livre está de juízo.
Quando Jesus disse aos homens, para não tentarem separar no campo do mundo o joio do trigo, estava dizendo que homem algum conhece o coração de outro homem, mesmo quando lhe conhece os caminhos, os atos, as formas, os modos, os comportamentos e os pensamentos confessados.
Ou seja: Jesus ensinava que a melhor certeza do homem é que o joio existe, mas o resto é dúvida; pois, não lhe foi dado o poder de entrar nas naturezas das coisas.
Por isto Paulo diz: “Porque quando os pagãos que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei; pois, mostram a norma da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os — no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Cristo Jesus, segundo o meu evangelho.” Romanos 2:14-16.
Vou estar continuando a abordar o tema, ao mesmo tempo em que, estarei intercalando com outras reflexões da Palavra. Agradeço a quem quiser contribuir com comentário, manifestando sua opinião sobre o assunto.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
ONDE ESTÁ O TEU DEUS?
"Como a corça anseia pelas águas vivas, assim minha alma suspira por ti, ó meu Deus. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus? Minhas lágrimas se converteram em alimento dia e noite, enquanto me repetem sem cessar: Teu Deus, onde está? Lembro-me, e esta recordação me parte a alma, como ia entre a mltidão, e os conduzia à casa de Deus, entre gritos de júbilo e louvor de uma multidão em festa. Por que te deprimes, ó minha alma, e te inquietas dentro de mim? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo: ele é minha salvação e meu Deus." Salmo 42.
Quando os caminhos de Deus são inescrutáveis, uma pergunta como essa pode ser terrível, geradora de crises existenciais. Há horas nas quais simplesmente a teologia não resolve, as filosofias ficam mofadas, os conceitos de bem e de mal, tornam-se absoletos, caducos e esclerosados. Diante do inescrutável, quem tenta responder a ela, pode correr o risco de se transformar numa corça bramindo, sem encontrar o Deus da sua vida, mergulhando desesperado, ao léu da correnteza da alma, sem conseguir parar de imergir na crise da própria existência. É a doença que chega de repente; á a agonia que assola ante a visão de um parente se autodestruindo; é a mulher que pergunta: Esse Jesus é escuta mesmo a oração? Porque as coisas não mudam dentro de casa, em relação ao marido. São pais desesperados, na ânsia de verem os filhos transformados, sem que nada aconteça; é o pai honesto, que de repente se vê sem emprego, sem o seu ganha-pão; é o homem que na sua confissão de fé, no seu vazamento de convicções cristãs, de repente é atingido pela tragédia e encontra na boca dos adversários, a descrença: "O teu Deus, onde está?"
Como libertar-se de situações, emocionais, deprimentes? Como escapar a uma cova sem fundo, um abismo escuro, uma sede imensa, um conflito tirano?
Em primeiro lugar, precisamos inquirir, quais são as razões de nossa alma. Veja o que diz o versículo 11: "Por que estás abatida, ó minha alma?" A primeira coisa a fazer para enfrentar essa cova, essa depressão terrível, é começar a questionar razões. Você vai descobrir um poço de autopiedade. Porque somos "fiéis" ou porque cantamos e erguemos as mãos, achamos que Deus tem, obrigação de não permitir que nada de ruim nos aconteça. Porque somos crentes no Deus de Abraão nos bons dias do patriarca, esquecemos que, esse mesmo Deus é também do Deus de Moriá (sacrifício de Isaque) e de Jó. Pergunte, pois à sua alma, qual a razão de ela estar azeda de amargura, transbordante de autopiedade, tentando justificar, suas atitudes de entrega, depressão, sofrimento, lágrima e agonia.
Em segundo lugar, se queremos sair dessa situação, precisamos afirmar à alma, que o auxílio de Deus não falha. Precisamos dizer a nós mesmos, que o socorro vem, não demora. Na última parte do versículo 11, diz: "Espera em Deus, pois ainda o louvarei". Eu gosto deste "ainda", porque enquanto houver um "ainda" na vida, está tudo bem. "Espera em Deus pois ainda o louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu". Ainda virá o socorro; ainda surgirá o livramento; ainda nascerá salvação; ainda virá libertação. Espera em Deus. Deixa que perguntem: "Onde está o teu Deus?" Literalmente ri por último, quem ri melhor. Deus não te abandonou, Ele é o Emanuel - Deus conosco. Deus aqui, Deus agora, para sempre ao nosso lado, até a consumação dos séculos. Amém.
Quando os caminhos de Deus são inescrutáveis, uma pergunta como essa pode ser terrível, geradora de crises existenciais. Há horas nas quais simplesmente a teologia não resolve, as filosofias ficam mofadas, os conceitos de bem e de mal, tornam-se absoletos, caducos e esclerosados. Diante do inescrutável, quem tenta responder a ela, pode correr o risco de se transformar numa corça bramindo, sem encontrar o Deus da sua vida, mergulhando desesperado, ao léu da correnteza da alma, sem conseguir parar de imergir na crise da própria existência. É a doença que chega de repente; á a agonia que assola ante a visão de um parente se autodestruindo; é a mulher que pergunta: Esse Jesus é escuta mesmo a oração? Porque as coisas não mudam dentro de casa, em relação ao marido. São pais desesperados, na ânsia de verem os filhos transformados, sem que nada aconteça; é o pai honesto, que de repente se vê sem emprego, sem o seu ganha-pão; é o homem que na sua confissão de fé, no seu vazamento de convicções cristãs, de repente é atingido pela tragédia e encontra na boca dos adversários, a descrença: "O teu Deus, onde está?"
Como libertar-se de situações, emocionais, deprimentes? Como escapar a uma cova sem fundo, um abismo escuro, uma sede imensa, um conflito tirano?
Em primeiro lugar, precisamos inquirir, quais são as razões de nossa alma. Veja o que diz o versículo 11: "Por que estás abatida, ó minha alma?" A primeira coisa a fazer para enfrentar essa cova, essa depressão terrível, é começar a questionar razões. Você vai descobrir um poço de autopiedade. Porque somos "fiéis" ou porque cantamos e erguemos as mãos, achamos que Deus tem, obrigação de não permitir que nada de ruim nos aconteça. Porque somos crentes no Deus de Abraão nos bons dias do patriarca, esquecemos que, esse mesmo Deus é também do Deus de Moriá (sacrifício de Isaque) e de Jó. Pergunte, pois à sua alma, qual a razão de ela estar azeda de amargura, transbordante de autopiedade, tentando justificar, suas atitudes de entrega, depressão, sofrimento, lágrima e agonia.
Em segundo lugar, se queremos sair dessa situação, precisamos afirmar à alma, que o auxílio de Deus não falha. Precisamos dizer a nós mesmos, que o socorro vem, não demora. Na última parte do versículo 11, diz: "Espera em Deus, pois ainda o louvarei". Eu gosto deste "ainda", porque enquanto houver um "ainda" na vida, está tudo bem. "Espera em Deus pois ainda o louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu". Ainda virá o socorro; ainda surgirá o livramento; ainda nascerá salvação; ainda virá libertação. Espera em Deus. Deixa que perguntem: "Onde está o teu Deus?" Literalmente ri por último, quem ri melhor. Deus não te abandonou, Ele é o Emanuel - Deus conosco. Deus aqui, Deus agora, para sempre ao nosso lado, até a consumação dos séculos. Amém.
domingo, 3 de maio de 2009
UMA AVALIAÇÃO DO NEOPENTECOSTALISMO
Elas ocupam um enorme espaço na televisão aberta, chegando a milhões de lares brasileiros todos os dias. As três mais conhecidas e salientes têm nomes parecidos — Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e Igreja Mundial do Poder de Deus. Esses nomes apontam para objetivos ousados e ambiciosos. Seus líderes máximos adotam, respectivamente, os títulos de bispo, missionário e apóstolo. Elas são o fenômeno mais recente, intrigante e explosivo do “protestantismo” tupiniquim. Trata-se das igrejas neopentecostais, denominadas por alguns estudiosos “pentecostalismo autônomo”, em virtude de seus contrastes com os grupos mais antigos desse movimento.
É difícil categorizá-las adequadamente, não só por serem ainda recentes, mas porque, ao lado de alguns traços comuns, também apresentam diferenças significativas entre si. A Igreja Mundial investe fortemente na cura divina. Seu apóstolo garante que ninguém realiza mais milagres do que ele. Seu estilo é personalista e carismático. Caminha no meio dos fiéis, deixa que as pessoas recolham o suor do seu rosto para fins terapêuticos, às vezes é ríspido com os auxiliares. O missionário da Igreja Internacional é simpático e bonachão; parece um pastor à moda antiga. É também polivalente: prega, canta, conta piadas, anuncia produtos e serviços. Controla com rédea curta o seu pequeno império. Todavia, nenhuma dessas igrejas vai tão longe na ruptura de paradigmas quanto a IURD. Dependendo do ângulo de análise, parece protestante ou católica. Seu carro-chefe é a teologia da prosperidade. Defende sem pejo a ética da sociedade de consumo. Seu líder está entrando na lista dos homens mais ricos do país.
Uma avaliação simpática e honesta das igrejas neopentecostais aponta para alguns aspectos que precisam ser reconsiderados a fim de que elas se tornem genuínos instrumentos do evangelho de Cristo.
O problema hermeneutico
Uma grave deficiência dessas novas igrejas está, na maneira como interpretam a Bíblia. A Bíblia se torna um joguete, uma peteca lançada para lá e para cá ao sabor das conveniências. Tomam-se diferentes declarações, episódios e símbolos bíblicos e, sem esforço algum de interpretação, passa-se diretamente para a aplicação, muitas vezes de uma maneira que nada tem a ver com o propósito original da passagem. O que é ainda mais grave, os textos bíblicos são usados de modo mágico, como se fossem amuletos ou talismãs, como se tivessem um poder imanente e intrínseco. A Bíblia é encarada prioritariamente como um livro de promessas, de bênçãos, de fórmulas para a solução de problemas, e não como a revelação especial na qual Deus mostra como as pessoas devem conhecê-lo, relacionar-se com ele e glorificá-lo.
Uma nova linguagem
Na sua releitura da Bíblia, os neopentecostais por vezes criam uma nova terminologia, muito diferente dos conceitos bíblicos tradicionais. Privilegiam-se expressões como “exigir nossos direitos”, “manifestar a fé”, “declarar a bênção”, todos os quais apontam para uma espiritualidade antropocêntrica, ou seja, voltada para as necessidades, desejos e ambições dos seres humanos, e não para a vontade e a glória de Deus. Alguns dos temas bíblicos mais profundos e solenes redescobertos pelos reformadores do século 16 são quase que inteiramente esquecidos. Não mais se fala em pecado, reconciliação, justificação pela fé, santificação, obediência. O evangelho corre o risco de ficar diluído em uma nova modalidade de auto-ajuda psicológica, deixando de ser “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”.
O conceito de fé talvez seja aquele que esteja sofrendo as maiores distorções. No discurso de muitas igrejas do pentecostalismo autônomo, a fé se torna uma espécie de poder ou varinha de condão que as pessoas utilizam para obter as bênçãos que desejam. Deus fica essencialmente passivo até que seja acionado pela fé do indivíduo. É verdade que Jesus usou uma linguagem que aparentemente aponta nessa direção (“tudo é possível ao que crê”, “vai, a tua fé te salvou”). Mas o conceito bíblico de fé é muito mais amplo, a ênfase principal estando voltada para um relacionamento especial entre o crente e Deus. Ter fé significa acima de tudo confiar em Deus, depender dele, buscar a sua presença, aceitar como verdadeiras as declarações da sua Palavra. O objeto maior da fé não são coisas, mas uma pessoa — o Deus trino.
Fundamento questionável
A teologia da prosperidade, que serve de base para boa parte da pregação e das práticas neopentecostais, é uma das mais graves distorções do evangelho já vistas na história cristã. Essa abordagem teve início nos Estados Unidos há várias décadas, sob o nome de “health and wealth gospel”, ou seja, evangelho da saúde e da riqueza. No neopentecostalismo, essa se torna a principal chave hermenêutica das Escrituras. Tudo passa a ser visto dessa perspectiva reducionista acerca do relacionamento entre Deus e os seres humanos. O raciocínio é que Cristo, através da sua obra na cruz, veio trazer solução para todos os tipos de problemas humanos. Na prática, acaba se dando maior prioridade às carências materiais e emocionais, em detrimento das morais e espirituais, muito mais importantes.
Tradicionalmente, as maiores bênçãos que o homem podia receber de Deus incluíam o perdão dos pecados, a reconciliação, a paz interior e, num sentido mais amplo, a salvação. Dentro da nova perspectiva teológica, as coisas mais importantes que Deus tem a oferecer são um bom emprego, estabilidade financeira, uma vida confortável, felicidade no amor e coisas do gênero.
Conclusão
O neopentecostalismo representa um grande desafio para as igrejas históricas e pentecostais clássicas. Esse movimento tem encontrado novas formas de atrair as massas que não estão sendo alcançadas pelas igrejas mais antigas. Nem todos os grupos padecem dos males apontados atrás. Muitas igrejas neopentecostais são modestas, evangelizam com autenticidade e não se rendem à tentação dos resultados rápidos, dos projetos megalomaníacos e dos métodos incompatíveis com o evangelho. O grande problema está nas megaigrejas e seus líderes centralizadores, ávidos de fama, poder e dinheiro. Estes precisam arrepender-se e voltar às prioridades da mensagem cristã, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, para que então as demais coisas lhes sejam acrescentadas.
• Trecho do artigo publicado na Revista Ultimato, edição nº 312, de Maio-Junho/2008, por Alderi Souza de Matos, doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. Fonte: Revista Ultimato, www.ultimato.com.br/
É difícil categorizá-las adequadamente, não só por serem ainda recentes, mas porque, ao lado de alguns traços comuns, também apresentam diferenças significativas entre si. A Igreja Mundial investe fortemente na cura divina. Seu apóstolo garante que ninguém realiza mais milagres do que ele. Seu estilo é personalista e carismático. Caminha no meio dos fiéis, deixa que as pessoas recolham o suor do seu rosto para fins terapêuticos, às vezes é ríspido com os auxiliares. O missionário da Igreja Internacional é simpático e bonachão; parece um pastor à moda antiga. É também polivalente: prega, canta, conta piadas, anuncia produtos e serviços. Controla com rédea curta o seu pequeno império. Todavia, nenhuma dessas igrejas vai tão longe na ruptura de paradigmas quanto a IURD. Dependendo do ângulo de análise, parece protestante ou católica. Seu carro-chefe é a teologia da prosperidade. Defende sem pejo a ética da sociedade de consumo. Seu líder está entrando na lista dos homens mais ricos do país.
Uma avaliação simpática e honesta das igrejas neopentecostais aponta para alguns aspectos que precisam ser reconsiderados a fim de que elas se tornem genuínos instrumentos do evangelho de Cristo.
O problema hermeneutico
Uma grave deficiência dessas novas igrejas está, na maneira como interpretam a Bíblia. A Bíblia se torna um joguete, uma peteca lançada para lá e para cá ao sabor das conveniências. Tomam-se diferentes declarações, episódios e símbolos bíblicos e, sem esforço algum de interpretação, passa-se diretamente para a aplicação, muitas vezes de uma maneira que nada tem a ver com o propósito original da passagem. O que é ainda mais grave, os textos bíblicos são usados de modo mágico, como se fossem amuletos ou talismãs, como se tivessem um poder imanente e intrínseco. A Bíblia é encarada prioritariamente como um livro de promessas, de bênçãos, de fórmulas para a solução de problemas, e não como a revelação especial na qual Deus mostra como as pessoas devem conhecê-lo, relacionar-se com ele e glorificá-lo.
Uma nova linguagem
Na sua releitura da Bíblia, os neopentecostais por vezes criam uma nova terminologia, muito diferente dos conceitos bíblicos tradicionais. Privilegiam-se expressões como “exigir nossos direitos”, “manifestar a fé”, “declarar a bênção”, todos os quais apontam para uma espiritualidade antropocêntrica, ou seja, voltada para as necessidades, desejos e ambições dos seres humanos, e não para a vontade e a glória de Deus. Alguns dos temas bíblicos mais profundos e solenes redescobertos pelos reformadores do século 16 são quase que inteiramente esquecidos. Não mais se fala em pecado, reconciliação, justificação pela fé, santificação, obediência. O evangelho corre o risco de ficar diluído em uma nova modalidade de auto-ajuda psicológica, deixando de ser “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”.
O conceito de fé talvez seja aquele que esteja sofrendo as maiores distorções. No discurso de muitas igrejas do pentecostalismo autônomo, a fé se torna uma espécie de poder ou varinha de condão que as pessoas utilizam para obter as bênçãos que desejam. Deus fica essencialmente passivo até que seja acionado pela fé do indivíduo. É verdade que Jesus usou uma linguagem que aparentemente aponta nessa direção (“tudo é possível ao que crê”, “vai, a tua fé te salvou”). Mas o conceito bíblico de fé é muito mais amplo, a ênfase principal estando voltada para um relacionamento especial entre o crente e Deus. Ter fé significa acima de tudo confiar em Deus, depender dele, buscar a sua presença, aceitar como verdadeiras as declarações da sua Palavra. O objeto maior da fé não são coisas, mas uma pessoa — o Deus trino.
Fundamento questionável
A teologia da prosperidade, que serve de base para boa parte da pregação e das práticas neopentecostais, é uma das mais graves distorções do evangelho já vistas na história cristã. Essa abordagem teve início nos Estados Unidos há várias décadas, sob o nome de “health and wealth gospel”, ou seja, evangelho da saúde e da riqueza. No neopentecostalismo, essa se torna a principal chave hermenêutica das Escrituras. Tudo passa a ser visto dessa perspectiva reducionista acerca do relacionamento entre Deus e os seres humanos. O raciocínio é que Cristo, através da sua obra na cruz, veio trazer solução para todos os tipos de problemas humanos. Na prática, acaba se dando maior prioridade às carências materiais e emocionais, em detrimento das morais e espirituais, muito mais importantes.
Tradicionalmente, as maiores bênçãos que o homem podia receber de Deus incluíam o perdão dos pecados, a reconciliação, a paz interior e, num sentido mais amplo, a salvação. Dentro da nova perspectiva teológica, as coisas mais importantes que Deus tem a oferecer são um bom emprego, estabilidade financeira, uma vida confortável, felicidade no amor e coisas do gênero.
Conclusão
O neopentecostalismo representa um grande desafio para as igrejas históricas e pentecostais clássicas. Esse movimento tem encontrado novas formas de atrair as massas que não estão sendo alcançadas pelas igrejas mais antigas. Nem todos os grupos padecem dos males apontados atrás. Muitas igrejas neopentecostais são modestas, evangelizam com autenticidade e não se rendem à tentação dos resultados rápidos, dos projetos megalomaníacos e dos métodos incompatíveis com o evangelho. O grande problema está nas megaigrejas e seus líderes centralizadores, ávidos de fama, poder e dinheiro. Estes precisam arrepender-se e voltar às prioridades da mensagem cristã, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, para que então as demais coisas lhes sejam acrescentadas.
• Trecho do artigo publicado na Revista Ultimato, edição nº 312, de Maio-Junho/2008, por Alderi Souza de Matos, doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. Fonte: Revista Ultimato, www.ultimato.com.br/
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