sexta-feira, 20 de maio de 2011

A IGREJA, OS HOMOSSEXUAIS E A HOMOFOBIA

Tem muita gente me escrevendo acerca das leis pró-gays e das que pretendem ser anti-gays. Pedem que me manifeste. Eu leio cansado. E escrevo desescrevendo. É coisa pra escrever no chão, na areia, conforme Jesus fez em João 8, no episodio da pobre adúltera, vitima dos santarados.
Mas vamos lá!

TODO SER FIXADO NUM ÚNICO TEMA, REVELA A PULSÃO QUE O HABITA, AINDA QUE O DISCURSO DE TAL PESSOA SEJA DE NEGAÇÃO. EM TAL CASO, ATRÁS [LITERALMENTE] HÁ UM TRAUMA!

O que eu penso SOBRE as tais leis — pró ou contra?

Ora, primeiro a questão é o que eu pergunto acerca delas.

Alguém pode imaginar Jesus mobilizando o povo para uma campanha anti-gay ou pró-gay?

Alguém consegue ver Jesus estimulando os apóstolos a se tornarem militantes em favor ou contra qualquer das duas causas?

Alguém viu Jesus curando um gay sequer nos evangelhos, ou porventura [azar] não havia gays entre os que o viam ou seguiam nas estradas?

Alguém acha que o título que os pitbuls do templo e da religião deram a Ele [chamando-o acusativamente de amigo de pecadores] excluía Seu acolhimento a pecadores sexuais homens — fossem eles heterossexuais, homossexuais, ou simpatizantes, como era comum num mundo dominado pelos pervertidos romanos?

Alguém consegue ver Jesus agredindo um gay com palavras ou sugerindo leis que os coibissem?

Alguém já ouviu dizer que Jesus tenha sido áspero com gay ou pecadores?

Alguém viu Jesus ser duro e implacável com algum grupo nos evangelhos além do dos religiosos hipócritas?

Alguém crê de coração que Jesus caminharia à frente de marchas em favor ou contra qualquer coisa?

Alguém pode ver Jesus mandando discípulos ao Parlamento Judaico (Sinédrio) a fim de fazerem Lobby contra ou a favor de tais temas?

Alguém pode imaginar que ouvindo Jesus entre a multidão não houvesse gente envolvida em todo tipo de transgressão abominável conforme o livro do Levitico?

Alguém soube de qualquer fala Levítica de Jesus contra os pecadores?

Alguém também porventura ouviu Jesus dizer qualquer coisa além de arrependei-vos, convertei-vos e crede no Evangelho? Ou teria Ele dito algo acerca de algum grupo especifico além dos ricos e dos religiosos?

Alguém viu Jesus se ocupar de qualquer coisa que não fossem aquelas que matam a alma, como ódio, mentira, falsidade, hipocrisia, fanfarrice, manipulação da fé, riquezas idolatradas, soberba e juízos perversos?

Alguém pode imaginar que Jesus não conhecesse [como homem] tudo acerca de eunucos de nascimento (efeminados; não apenas com atrofia do membro sexual); dos que os homens haviam feito eunucos (castrando-os e impondo-lhes tanto o cuidados dos haréns como também o próprio uso sexual deles); e de homens que não haviam nascido com qualquer disfunção sexual e que também não tinham sido “vitimados” pelos caprichos dos poderosos ou tarados, mas que haviam abdicado do sexo em razão da dedicação total ao Evangelho e sua pregação do reino de Deus?

Alguém pode dizer por que se Ele sabia tanto do tema “eunucos” [com todas as implicações acima mencionadas], não o usou e nem o expandiu, senão com misericórdia dos dois primeiros grupos [os nascidos e os feitos pelos homens] e com um elogio à grandeza e dedicação do último eunuco — o que abdicou de sexo pelo reino?

Alguém que diz que crê que o Evangelho é Palavra de Deus e a completação histórica de tudo o que antes se dissera nas Escrituras Antigas [e que em Cristo Jesus ficaram obsoletas; posto que Jesus é a plenitude de todo desejo de Deus e de todo modo de Deus ser para os homens] — e, assim mesmo, conseguir tal pessoa esquecer que Jesus não deu atenção a nada disso e que, portanto, tentar absolutizar tais temas é um estelionato contra o modo e o espírito de Jesus segundo os evangelhos?

Assim, estou fora disso, tanto para defender como para atacar; pois, a Boa Nova não passa nem na porta dos temas dos pecadores-fariseus-perversos e nem na dos pecadores legalistas e judiciosos.

A esses e às suas brigas de defuntos, Jesus diria o que disse quando o tema era ainda muito mais importante: “Deixa aos mortos sepultarem os seus próprios mortos; quanto a ti, vai e prega o reino de Deus”.

Quem quiser fazer diferente que o faça (contra ou a favor), mas tenha a macheza [seja ela homofóbica ou heterofóbica] de pelo menos fazer isso em nome de suas idéias e morais, mas nunca em nome de Jesus; pois, é tomar o nome de Deus em vão; é ideologizar o Evangelho para uma causa que Jesus nem defendeu e nem atacou; e é trazer Jesus para a discussão do pinto e do anus, o que só é concebível em gente sem cetro e sem coroa no sentir, no pensar, no discernir, e na segurança pessoal.




MEU COMENTÁRIO: O texto do Caio Fábio escrito em 2007, provocou revolta em alguns pastores e blogueiros na época. Mas na minha modesta opinião, ele deveria ser objeto de mais reflexão, e não de uma crítica apressada. De imediato, gostaria de dizer que não concordo com ele na íntegra, pois é evidente que na época do ministério terreno de Jesus e do apóstolo Paulo, além das diferenças sócio-culturais-temporais, não havia democracia e nem liberdade de expressão. Existe uma minissérie chamada "Roma", disponível nas locadoras, que mostra bem o contexto do mundo romano, antes da influência do cristianismo. Também gostaria de deixar bem claro, que não sou a favor da aprovação da PLC 122/06, pois já existem leis sobre discriminação, de raça, sexo, religião e etnia, bastando haver o efetivo cumprimento delas e não criar uma nova. A elaboração do texto do projeto é confusa e só tem promovido polêmica. O movimento LGBT é ideológico, não tendo adesão nem mesmo de todos os homossexuais, como era o caso do ex-deputado Clodovil, que não o apoiava, fato esse admitido recentemente por um dos expoentes do movimento, o deputado e ex-BBB Brasil, Jean Willis. Agora, fico olhando para os debatedores dentro e fora do Congresso Nacional: Do lado da causa gay se destacam, Jean Willis, Marta Suplicy, atual relatora do projeto no senado, que quando deputada em 1995, foi autora de um projeto de união civil para pessoas do mesmo sexo. Do lado contra tem os deputado Jair Bolsonaro, Antony Garotinho e os senadores Marcelo Crivella e Magno Malta. Fora do Congresso, a CNBB foi uma das primeiras instituições a se manifestar assim que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre os homossexuais, e o Pr. Silas Malafaia gritando na TV e organizando uma manifestação para o dia 01 de junho em Brasília, isso enquanto intercala as críticas a PLC 122/06, com as feitas à Diretoria da CGADB. Dado o histórico dos que se dizem "representantes dos evangélicos, da família e dos bons costumes", fica a dúvida se o texto do Caio Fábio não tem lá suas razões, pois lendo o Novo Testamento fica difícil ver Jesus ou o apóstolo Paulo entrando numa briga dessas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Os pastores estão abandonando seus postos

Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para a direita e para a esquerda, com freqüência alarmante. Isso não quer dizer que estejam deixando a Igreja e sendo contratados por alguma empresa. As congregações ainda pagam seus salários, o nome deles ainda consta no boletim dominical e continuam a subir ao púlpito domingo após domingo. O que estão abandonando é o posto, o chamado.
Prostituíram-se após outros deuses. Aquilo que fazem e alegam ser ministério pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores que fizeram a história nos últimos vinte séculos. Alguns, e me incluo entre estes, estão irados com essa situação, porque se sentem abandonados. Meus colegas me ensinaram o que é o ministério, mediram minha capacidade, ordenaram-me e colocaram-me como pastor de uma congregação. Pouco tempo depois, afastaram-se de mim, dizendo ter interesses mais urgentes. Aqueles que eu pensei que seriam os meus companheiros na carreira desapareceram quando o trabalho começou. Ser pastor é uma tarefa difícil. Por isso, queremos aliados, para nos fazer companhia e nos aconselhar. Existem pessoas de quem se espera, com toda razão, que compartilhem a aventura e os compromissos do trabalho pastoral. Quando entro em uma sala, cheia dessas pessoas e, dez minutos depois, percebo que elas não são o que eu esperava, sofro um desapontamento doloroso. Elas falam de idéias e estatísticas, citam nomes, discutem influência e status. A matéria-prima com que trabalham não inclui os assuntos de Deus, nem a alma e nem a Bíblia. Os pastores se transformaram em um grupo de gerentes de lojas, sendo que os estabelecimentos comerciais que dirigem são as igrejas. As preocupações são as mesmas dos gerentes: como manter os clientes felizes, como atraí-los para que não vão às lojas concorrentes que ficam na mesma rua, como embalar os produtos de forma que os consumidores gastem mais dinheiro com eles. Alguns pastores são ótimos gerentes, atraindo muitos consumidores, levantando grandes somas em dinheiro e desenvolvendo uma excelente reputação. Ainda assim, o que fazem é gerenciar uma loja. Religiosa mas, de toda forma, uma loja. Esses empreendedores têm sua mente ocupada por estratégias semelhantes às de franquias de fast-food e, quando dormem, sonham com o sucesso que atrai a atenção da mídia. Diz Martin Thornton: “Uma congregação enorme é algo bom e agradável, mas a maior parte das comunidades precisa mesmo é de alguns santos. A tragédia é que pode ser que eles estejam lá, como embriões, esperando ser descobertos, precisando de treinamento eficiente, aguardando ser libertados do culto à mediocridade.” A verdade bíblica é que não existem igrejas cheias de sucesso. Pelo contrário, o que há são comunidades de pecadores, reunidos semana após semana perante Deus em cidades e vilarejos por todo o mundo. O Espírito Santo os reúne e trabalha neles. Nessas comunidades de pecadores, um é chamado pastor e se torna responsável por manter todos atentos a Deus. E é essa responsabilidade que tem sido completamente abandonada. “De mim se apoderou a indignação…” (Salmo 119:53). Não sei quantos compartilham de minha indignação. Posso citar alguns nomes, mas não creio que haja muitos como nós. Será que ainda existem sete mil que não dobraram os joelhos perante Baal? Haverá um número suficiente para sermos identificados como uma minoria? Acredito que sim. De vez em quando, conseguimos identificar-nos um com o outro, e algumas minorias já conseguiram grandes realizações. E deve haver alguns gerentes de loja que estão descobrindo que o ensopado pelo qual trocaram seu direito de primogenitura é sem sabor e estão, com tristeza, trabalhando pela restauração de seu chamado. Será essa tristeza uma brasa, com força suficiente para se tornar uma labareda de repúdio à deserção que havia acontecido? Voltará a Palavra de Deus a ser como fogo na boca deles? Poderá a minha indignação ser como um fole que sopra esse carvão? Existem três atividades pastorais tão básicas, tão críticas, que determinam a forma de todas as outras: oração, leitura da Bíblia e orientação espiritual. Além de básicas, essas tarefas são silenciosas, não chamam a atenção, de modo que, muitas vezes, são negligenciadas. No trabalho pastoral, tão cheio de urgências, ninguém nos incita a nos apegarmos a elas. É possível satisfazer àqueles que julgam nossa competência ou pagam nosso salário sem sermos diligentes ou habilidosos nelas. Já que quase ninguém percebe se cumprimos esses três atos no ministério, e só ocasionalmente nos perguntam se os executamos, é comum nos descuidarmos. As três atividades são compostas por atos que envolvem atenção: ao orar, posto-me perante Deus, atento a Ele; ao ler as Escrituras, presto atenção ao que Deus falou e como agiu durante dois milênios, primeiro em Israel e depois em Cristo; ao orientar alguém espiritualmente, fico atento ao que está fazendo na vida daquela pessoa que se encontra diante de mim. Em todos os atos, é em Deus que nossa atenção é centralizada. Ou, pelo menos, é isso que pretendemos que aconteça. Os contextos, porém, são variados: na oração, o contexto sou eu; na Bíblia, é a comunidade da fé dentro da história, e, na orientação espiritual, é a pessoa que se encontra diante de mim. Em todos os contextos, nossa atenção principal está voltada para Deus, mas nunca por causa dEle mesmo. Pelo contrário, estamos atentos a Deus por causa de Seus relacionamentos: comigo, com Seu povo, com uma pessoa específica.
Fonte: "Um pastor segundo o coração de Deus", de Eugene Peterson, via a A Gruta do Lou Mello.