quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O debate sobre a humanidade de Cristo e a proposta de um Concílio

Somente agora, é que estou me inteirando melhor sobre o debate, envolvendo a temática sobre a humanidade de Cristo. Como eu estava numa correria, e o tempo disponível para blogagem, eu estava selecionando materiais sobre a eleição, acabei praticamente não acompanhando o debate. Minha única manifestação, foi quando postei no blog do Pr. Ciro Zibordi, um comentário sobre sua saída como colunista do portal CPAD News, onde expressei meu lamento sobre o fato. Depois lhe desejei sorte, falei como lhe sou grato, por ter me ensinado algumas coisas com relação a formatação de textos no blog e disse que apesar de concordarmos em várias assuntos, nesse ponto sobre a humanidade de Cristo, nosso entendimento era diferente.
Porém agora, lendo com mais tempo, as postagens nos blogues de alguns pastores, como os de, Silas Daniel, Altair Germano, César Móises, Luis Felipe, do próprio Pr. Ciro e mais recentemente do Pr. Geremias do Couto, é que pude notar a dimensão que a coisa foi ficando. Tanto, que o Pr. Altair Germano, chegou a sugerir a convocação de um Concílio Assembleiano para discutir não só esse tema, como também outros.
Tudo teve início com a análise trazida pelo pastor Ciro Zibordi em seu blog sobre o chavão: Jesus Cristo é 100% Deus e 100% homem. Vamos transcrever suas palavras publicadas na postagem: Coisas que a Bíblia não diz (2):
“Essa assertiva teológica também precisa ser vista à luz da Bíblia. Que Jesus é o Deus-Homem não se discute (1 Tm 2.5). Ele é Deus e é Homem. Entretanto, Ele é 100% divino — nunca deixou de ser Deus, ainda que tenha aberto mão, temporariamente (Jo 17.4,5; Mt 28.18), de alguns dos atributos ao se encarnar (Fp 2.6-11; Hb 1.8) —, mas não é, biblicamente, 100% humano”.

Essa mesma reflexão, na verdade não é novidade, pois já constava do seu livro Erros que os Pregadores Devem Evitar, lançado pela CPAD em 2005, da seguinte forma na página 108:

“Há uma expressão teológica que precisa ser entendida à luz da Palavra de Deus: "Jesus Cristo é cem por cento Homem". A Bíblia Sagrada não afirma isso, mas diz que Ele se fez "...semelhante aos homens" (Fl 2.7). Ou ainda: "...convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos..." (Hb 2.17) Leia também Romanos 8.3.

Jesus não se fez igual aos homens; antes, semelhante. Ele não deixou de ser Deus, mas uniu em seu corpo as naturezas divina e humana: "...nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2.9), podendo viver uma vida completamente afastada do pecado (Hb 4.15), apesar de ter sofrido e morrido como homem (Fp 2.5-8)”.
É interessante notar que o referido livro, foi lançado pela CPAD e ainda consta na folha de rosto que ele foi aprovado pelo Conselho de Doutrina da CGADB. Alguns blogueiros levantaram algumas dúvidas, muito pertinente:
a)“Por que só agora acontece a polêmica, visto que a posição do pastor Ciro sobre o assunto foi declarada desde 2005?
b) A "aprovação do Conselho de Doutrina" constante na folha de rosto do referido livro e até mesmo de outros, não seria uma réplica nos mesmos moldes da que consta na Bíblia de Estudos Dake?
O Pr. Ciro no blog do Pr. Altair, respondeu da seguinte forma:
“Como eu lhe disse claramente, é preciso ler os meus artigos com cuidado. Eu afirmo PEREMPTORIAMENTE que Jesus é Homem, verdadeiramente Homem. Entretanto, com base em Fp 2.6-8; Rm 8.3; Hb 2.17,28, está claro que Ele se fez SEMELHANTE aos homens. Isso, sem dúvidas, denota que Ele é Homem incomparável, "sui generis", "monogenes" (Jo 3.16).Vine mostra que há diferença significativa entre os termos "igualdade" e "semelhança". Jesus é o Homem, e não um homem. É apenas isso que eu quero dizer. Mas me parece que está se fazendo tempestade em copo dágua.Digo que o livro foi INDUBITAVELMENTE aprovado pelo Conselho de Doutrina reunido em Campinas-SP, e o livro foi APROVADO por não apresentar nenhuma heresia. Não sou leviano para dizer isso sem ter certeza. Falo com conhecimento de causa, pois eu era funcionário da CPAD, à época. Portanto, é totalmente sem procedência a comparação com a Dake.Peço a todos que, antes de pensarem que eu nego a Humanidade do Senhor Jesus (o que é uma heresia), leiam os meus artigos com cuidado. Para elogiarmos ou criticarmos a obra de alguém temos de conhecê-la. Caso contrário, poderemos correr o risco de não julgar segundo a reta justiça (Jo 7.24)”.
O editor chefe de jornalismo da CPAD, Pr. Silas Daniel, assim se pronunciou sobre a proposta de convocação de um Concílio:
“...Aliás, por falar de Concílio de Calcedônia, em meio a essa tentativa de defender o indefensável, o referido irmão chegou a desprezar o Credo de Calcedônia, só aceitando o Credo dos Apóstolos, o Credo Niceno e o Credo de Atanásio.Isso mesmo: Calcedônia? Não. Só os três primeiros credos. Isso é assinar um atestado de heresia!Ora, todo mundo sabe que como o Credo dos Apóstolos foi criado nos primórdios do Cristianismo, ele não se preocupava em tecer detalhes sobre doutrinas bíblicas como, por exemplo, a divindade de Cristo e do Espírito Santo. Era um credo absolutamente enxuto, que omitia a defesa explícita de várias doutrinas. Justamente por isso, era também aceito por arianos e unitários, que, respectivamente, não crêem na divindade de Cristo e na Doutrina Bíblica da Trindade. Então, para combater as heresias ariana e unitária, foram necessários posteriormente credos mais explícitos quanto a esses assuntos, daí o Credo de Atanásio e o Credo Niceno, exatamente para combater essas heresias. Porém, pouco tempo depois, veio outra heresia, o Eutiquianismo, ensinando que a natureza humana de Jesus era diferente da nossa; e em resposta a mais esta heresia, foi elaborado o Credo de Calcedônia, aceito por toda a cristandade no mundo, exceto pelas seitas mórmon, testemunhas de jeová e sete pequenas seitas saídas da Igreja Ortodoxa.Por que o desprezo desse irmão ao excepcional Credo de Calcedônia, totalmente bíblico e ortodoxo em seu conteúdo? Porque ele não se coaduna com o que esse irmão defende: um Eutiquianismo adaptado, versão 2001. Lembremo-nos que Eutíquio defendia exatamente a heresia de que a natureza humana de Jesus não era idêntica à nossa, mas fora especialmente criada por Deus para a missão que veio cumprir. E com o passar do tempo, Eutíquio sofisticou sua heresia. Ele reconhecia a divindade de Cristo, mas não reconhecia a plena natureza humana dEle e, ao final, terminou proclamando que Jesus tinha uma natureza humana deificada.E ainda há irmãos em Cristo que prezo muitíssimo, mas que, levados por esse engodo, estão sugerindo um “Concílio” para a denominação discutir as duas naturezas de Cristo! Meus amados irmãos, o que é isso! Todas as igrejas cristãs, sejam elas evangélicas, católicas ou ortodoxas, reconhecem o Concílio de Calcedônia: Batista, Presbiteriana, Assembléia de Deus, Luterana, Anglicana, Metodista etc. Se a cada confusão que um simples crente ou obreiro em particular de uma dessas denominações tiver, em relação a uma Doutrina Bíblica fundamental, essas denominações fossem fazer um “Concílio”, teríamos inúmeros “Concílios”. Queridos, não se fazem “Concílios” para definir Doutrinas Bíblicas fundamentais, que nos definem como cristãos; e não são as instituições cristãs que têm que fazer novos “Concílios” para definir algo que já está definido por toda cristandade há mais de 1.500 anos e que nos define como cristãos, só porque há irmãos aqui ou ali que não conhecem direito as Doutrinas Bíblicas fundamentais; são as pessoas que têm essas dúvidas que devem conhecer melhor as Doutrinas Bíblicas esposadas pela cristandade e por sua denominação”.

Pelo visto, o assunto ainda vai gerar novos desdobramentos, deve-se tomar cuidado, para que não seja feito nenhum julgamento injusto e precipitado sobre quem trouxe à tona o assunto. Quanto à proposta sobre um Concílio, acho que merece uma reflexão mais detalhada, na próxima postagem, vou comentar sobre isso.