sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Subsídio para EBD - Lança o teu pão sobre as àguas



A vida “debaixo do sol” está cheia de paradoxos, e dependendo do ponto de vista, alguém pode concluir que nada faz sentido. Ao constatar a futilidade da vida, o autor do Eclesiastes pondera a respeito do que realmente vale a pena. Na aula de hoje mostraremos que, ainda que tudo aos olhos humanos seja vaidade, podemos tirar algum proveito da existência. Destacamos, inicialmente, a necessidade de viver pela fé, e mesmo de aproveitar a vida, ciente das responsabilidades que temos diante de Deus e do próximo. Ao final mostraremos a necessidade de, em todas as circunstâncias, depender do Senhor e confiar nEle.

VIVENDO PELA FÉ
Salomão começa a concluir sua análise da vida, e como um homem da assembleia, não se esquece de fazer aplicações. Aponta a importância de se viver pela fé, de lançar o pão sobre as águas. O sábio hebreu estava acostumado às transações comerciais, principalmente através do uso de navios (I Rs. 10.15,22). Aqueles que se aventuram no comércio sabem o quanto essa profissão é arriscada. Quem comercializa pode colher muitos frutos do seu trabalho, mas pode também perder tudo o que tem. Ninguém sabe o que acontecerá no futuro, é viável que se tome as devidas precauções para evitar surpresas. Mas não podemos ter garantias em relação aos nossos investimentos (Ec. 1.2,5,6). O agricultor é exemplificado como alguém que deposita as sementes no solo, na esperança de que, no futuro, venha a colher frutos. Essa é uma instrução do sábio para evitar o marasmo, a falta de tomada de decisões. Não podemos desperdiçar as oportunidades, para tanto precisamos estar atentos às circunstâncias, a fim de não deixar passar a porção que nos é destinada. Todos nós gostamos de comodidade, ninguém está disposto a se aventurar, mas a vida nos convida a arriscar-se. Ninguém pode determinar com precisão quais são os desígnios de Deus, por esse motivo, devemos ter coragem, e agir no momento que for requerido. Paulo orienta os crentes de Éfeso a remirem o tempo, essa expressão tem uma conotação financeira (Ef. 5.15-17). Diante dos dias maus, não podemos fugir da responsabilidade, antes fazer o que tem de ser feito. Tal como o lavrador da terra, não podemos deixar a chuva passar, olhar para o céu é precaução, até mesmo tentar antecipar os acontecimentos, mas uma vida pautada na fé demanda coragem. Não na própria fé, mas em Deus, que é a razão da nossa confiança, pois Ele é quem dará a colheita em tempo oportuno, de acordo com Sua soberana vontade (G. 6.8,9; Sl. 126.5,6; Os. 10.12).

APROVEITE A VIDA
Ainda que a vida pareça não ter sentido, e que tudo pareça ser tão fugaz, não podemos fugir da condição existencial. Antes precisamos atentar para a máxima: cape diem (aproveite o dia), não como as pessoas que não conhecem a Deus. O ser humano tem uma tendência ao exagero, isto é, aos extremos. Existem alguns que são legalistas, considerando tudo pecado, repreendendo os momentos de alegria. Outros levam para o outro lado, e acham que podem fazer tudo, nada consideram pecado, e se entregam à vida dissoluta. O autor de Eclesiastes nos conduz a um ponto de equilíbrio, ao reconhecimento de que não é pecado regozijar-se, afinal, podemos nos regozijar no Senhor (Fp. 4.4,5). É maravilhoso acordar todas as manhãs com sentimento de gratidão a Deus por tudo que Ele nos tem dado (Ec. 11.7,8; Dt. 33.25). Salomão demonstra preocupação com os mais jovens, que podem desfrutar com maior intensidade a vida. De fato, o período da juventude é caracterizado pela busca do prazer, em algumas situações, hedonisticamente. Os jovens devem estar atentos aos excessos, precisam guardar o coração e os olhos, para não pecarem contra Deus (Nm. 15.39; Pv. 4.23; Mt. 5.27-30), observarem as orientações da Palavra de Deus (Sl. 119.9,11). A alegria da juventude não deve ser desprezada, tenhamos cuidado para não contagiá-los com atitudes pessimistas. Antes que o sol se ponha, os jovens podem desfrutar do amanhecer das suas vidas. Por outro lado, eles devem estar atentos às suas responsabilidades, e terem cuidado para não destruírem o futuro. Muitos jovens estão perdendo suas vidas ao se entregarem ao mundo das drogas, e à promiscuidade sexual. Por não pensarem antes, estão colhendo os frutos amargos das decisões precipitadas. As consequências, não poucas vezes, são drásticas, e em alguns casos, irreparáveis. A descoberta de prazeres que agregam valores deve ser incentivada aos jovens, tais como ouvir música de qualidade, ler bons livros e devotar-se às atividades que resultem em amadurecimento intelectual e espiritual.

DEPENDA DO SENHOR
As instruções do sábio, autor de Eclesiastes, não devem motivar à autossuficiência. Muitas pessoas, tomadas pelo pragmatismo moderno, acham que podem fazer tudo, de que não existem limites. Essa onda motivacional pode ajudar àqueles que perderam o interesse pela busca de ideais. Mas é preciso que o remédio seja dado na dose certa, caso contrário, recairemos em mero ativismo, e em algumas situações, em superdimensionamento das possibilidades. Se por um lado algumas pessoas ficam inertes diante da necessidade de tomada de decisões, por outro, há os que se precipitam e agem sem refletir a respeito das consequências. Jesus nos ensinou a planejar antes de realizar qualquer empreendimento (Lc. 14.28-30). É uma demonstração de sabedoria avaliar os prós e contras antes de investir em determinado negócio, e também certa dose de realismo, para não se frustrar. Há crentes que, instigados pela teologia da ganância, se lançam em negócios, sem ter capital para sustentar o empreendimento, no final se decepcionam. Alguns recebem mensagens de supostos profetas que os impulsiona para fazerem negócios que não têm o respaldo divino. Mais triste ainda é ver muitos que se decepcionam não apenas com esses“profetas”, mas também com o próprio Deus, culpando-O pelo descumprimento da “sua”palavra. A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, mas das coisas que se não veem, aqueles que querem agradar a Deus devem ter fé nEle (Hb. 11.1,6). Mas essa fé não é mero pensamento positivo, uma vontade particular de que algo se concretize, de acordo com nossos desejos (Tg. 4.3). Trata-se de uma fé para além das circunstâncias, mesmo diante das perseguições, não é uma fé empresarial. É a fidelidade, resultante da produção do fruto do Espírito na vida do crente, uma disposição incondicional para seguir ao Senhor (Gl. 5.22). Aprendamos a pedir ao Senhor o pão nosso de cada dia (Mt. 6.11), a viver não pelo que vemos (II Co. 5.7), mas na esperança daquilo que o olho não viu (I Co. 2.9), cientes de que sem Jesus nada podemos fazer (Jo. 15.5).

CONCLUSÃO
A vida do cristão não é destituída de significado, fazendo referência a um dos personagens de Shakespeare, “não é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, sem sentido algum”. Deus se importa com cada um de nós, Ele se interessa pelas nossas necessidades, não nos abandonou (Mt. 6.25-32; Hb. 13.5). Devemos fazer a parte que nos compete, agirmos com diligência (Mt. 10.16), mas também confiar na providência do Senhor, pois como ressaltou Salomão, o cavalo se prepara para a batalha, mas a vitória vem do Senhor (Pv. 21.31).

BIBLIOGRAFIA
ARRUDA, A. Eclesiastes: crítica à existência fugaz. São Paulo: Fonte Editorial, 2012.
WEIRSBE, W. W. Ecclesiastes: be satisfied. Colorado Springs: David Cook, 2010. 

Fonte: www.subsidioebd.blogspot.com/


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Onda de suicídio de pastores assusta fiéis


Nos últimos trinta dias, três pastores americanos famosos cometeram suicídio. O primeiro deles foi Teddy Parker Jr., de 42 anos, pastor da Igreja Batista Bibb Mount Zion, na Geórgia, que se matou com um tiro na cabeça, após ter ministrado no culto matinal de sua igreja. Na última semana, o pastor Ed Montgomery, líder da Assembleia Internacional do Evangelho Pleno, em Illinois, ainda em luto pela morte da esposa, atirou em si mesmo na frente de sua mãe e filho. No dia 10 de dezembro, foi a vez do Pr. Isaac Hunter, fundador da mega igreja Summit em Orlando, Flórida. Este caso em particular chamou a atenção da mídia secular, pois o pai de Isaac, o também pastor Joel Hunter, é conselheiro espiritual de Barack Obama. Joel é líder da Northland, uma das igrejas que mais crescem nos EUA, e tem sofrido severas críticas por parte de líderes mais conservadores devido à sua aproximação do presidente. Conheci-o pessoalmente durante minha estada na América. Em nosso longo papo em seu gabinete, Joel demonstrou ser um homem visionário e humilde, totalmente comprometido com a agenda do reino de Deus.

Apesar de mais recentes, estes não são casos isolados de suicídios envolvendo pastores e familiares. O mundialmente conhecido tele-evangelista Oral Roberts, considerado um dos gurus do neopentecostalismo, também perdeu seu filho em suicídio depois de ter sido severamente repreendido pelo pai ao declarar-se homossexual em rede nacional. Recentemente, o pastor Franck Page, ex-presidente da Convenção Batista do Sul dos EUA também perdeu sua filha Melissa em função de um suicídio.

Mas, provavelmente, o caso mais célebre foi o do filho caçula de Rick Warren, considerado o pastor mais influente deste início de século nos EUA. Matthew Warren tinha apenas 27 anos, e, segundo seus pais, lutou a vida inteira contra a depressão. Em abril deste ano, Mattew resolveu por um fim em sua luta, suicidando-se com um tiro após uma reunião familiar.

O que estaria por trás desta onda de suicídios? Corremos o risco de vê-la chegar em nosso país? Estaríamos prontos para lidar com isso? Talvez Deus esteja permitindo isso para chamar nossa atenção para a gravidade do problema. Afinal, não somos uma classe privilegiada, imunde a este tipo de coisas.

As estatísticas não são nada animadoras. De acordo com o Instituto Schaeffer, 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e 71% se dizem esgotados. Além disso, 80% acredita que o ministério pastoral afeta negativamente as suas famílias, e 70% dizem não ter um “amigo próximo”. Talvez estes dados nos forneçam um retrato da condição emocional da maioria daqueles que ocupam nossos púlpitos.

Recentemente, deparei-me com uma frase postada no facebook que dizia: "É melhor um fim honroso do que um horror sem fim." Seria isso que se passa na mente de quem resolve dar cabo de sua existência terrena?

Duas coisas me preocupam quanto a isso. Primeiro, precisamos buscar maneiras de evitar que aconteçam mais suicídios entre pastores e familiares. Segundo, temos que consolar às famílias que perderam entes queridos pelo suicídio.

Se dermos atenção excessiva ao primeiro ponto, poderemos evitar alguns suicídios, ao passo que traremos um jugo insuportável sobre famílias que perderam alguém desta maneira tão cruel. Por exemplo: se insisto com a tese de que suicidas estarão irremediavelmente condenados ao inferno, talvez consiga evitar que alguns cheguem a este ato extremo, fazendo-os preocupar-se com o destino de suas almas. Todavia, isso produzirá um sofrimento ainda maior à família. Imagine ter que conviver com a ideia de que seu familiar querido foi condenado ao inferno por haver se suicidado. Sinceramente, penso que não é por aí que evitaremos o problema.

Não há nenhum passagem bíblica que seja clara quanto a isso. Particularmente, creio ser possível a salvação de um suicida. Se tiver dúvidas quanto a isso, sugiro que assista ao vídeo postado abaixo, bem como às suas continuações disponíveis em nosso canal no Youtube. Neles apresento bases teológicas para o que digo aqui.

Então, como podemos evitar que alguém, no auge de uma depressão, incorra numa decisão tão drástica? Primeiro, precisamos rever a maneira como temos pregado o evangelho, geralmente centrado no bem-estar do indivíduo. A proposta encontrada no evangelho da graça é de que haja um deslocamento do eixo de nossa vida, ao que as Escrituras chamam de conversão. Nosso ego é crucificado com Cristo, de forma que, deixamos de viver em função de nosso aprazimento, passando a viver para Deus e para o bem daqueles que nos cercam.

Quando o indivíduo decide suicidar-se, seu objetivo é por fim à sua dor, sem importar-se com a dor que provocará naqueles que o cercam. Todo suicida deveria considerar que o fim de sua dor será o início de uma dor sem fim para aqueles que o amam. O problema se agrava quando o suicida chega à conclusão de que ninguém se importa. Ainda que não se sinta devidamente amado, se ele ama conforme Jesus ordenou, certamente não vai querer ser motivo de dor para ninguém.

Segundo, temos que combater o preconceito que muitos cristãos têm contra a psicologia e a psiquiatria. Oração, leitura da Bíblia, adoração, são disciplinas importantes na caminhada cristã. Entretanto, não se pode prescindir de ajuda profissional quando o problema parece agravar-se. Assim como procuramos o dentista para resolver o problema da dor de dente, e o cardiologista para tratar de cardiopatias, deveríamos procurar ajuda psicológica para tratar de nossas crises e depressões.

Terceiro, devemos cultivar em nossos lares, bem como em nossas igrejas, um ambiente em que cada um tenha liberdade para externar seus conflitos internos, sem receio de ser rejeitado. Como disse o apóstolo, onde está o Espírito de Deus, aí há liberdade. Não se trata de liberdade para fazer o que quiser, mas de liberdade para ser o que é. Sem máscaras. Sem mentiras ou meias verdades.

Quarto, todo líder precisa de amigos. Digo, amigos. Não, seguidores. Gente que possa ouvir seus lamentos, sem julgá-lo. Infelizmente, as reuniões de pastores que temos visto por aí não passa de um desfile de vaidades. A conversa entre eles lembra aquela disputa entre meninos para ver quem tem o pingolim maior. Parece que nunca superaram essa fase. Disputam entre si o número de membros de suas igrejas, a arrecadação, as últimas aquisições, etc. Arrota-se narcisismo. Quem suporta tanta pressão? Precisamos nos reunir para chorar uns nos ombros dos outros, deixando de lado a presunção e o complexo de Papa (infalibilidade papal, lembra?). Quem sabe, assim, reverteríamos esta estatística alarmante que pode provocar uma onda de suicídios entre os que deveriam ser portadores da mensagem da vida com abundância!

Por tratar-se de um assunto tão complexo, meu propósito aqui não é esgotá-lo, mas tão-somente incentivar a reflexão. Que Deus, na Pessoa bendita de Seu Espírito Santo, nos conceda sabedoria, misericórdia e tato para lidar com isso sem preconceito.
 
 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

ORARAM PARA QUE EU CAISSE ENDEMONIADA!

Desde que postei aqui no blog, algumas postagens sobre profecia, namoro e casamento, recebo constantemente emails de pessoas me perguntando sobre problemas relacionados a essa área. Não consigo responder a todos, mas sim alguns. Essa semana recebi um que resolvi postar no blog. A pergunta mais parece um grito de socorro. Faço isso, para mostrar o estado de loucura que se passa em algumas igrejas evangélicas no Brasil. Veja abaixo, a pergunta da pessoa, e a minha resposta:

"Pastor Juber, a paz do Senhor! Vi seu blog na internet e os relatos de pessoas que estão passando a mesma coisa que eu. Pastor, sou levita missionária, faço a obra do Senhor e sei que é coisa séria. Conheci um rapaz, mas ele não é crente e eu moro em um Estado e ele em outro. Não tivemos nenhum contato físico, só conversamos à distância. Ele me respeita como mulher de Deus. Porém, o Espírito Santo tinha me incomodado, porque sinto vontades e desejos e me sentia falha com Deus. Chamei meu pastor, disse a ele o que estava sentindo e pedi meu afastamento do ministério de louvor. Ele, no entanto, não me disse nada. Saí aliviada por ter conversado com ele. Tive que fazer uma viagem e não pude ir ao culto no meio da semana. Através da minha filha, fiquei sabendo que o pastor pregou sobre morte e disse que Deus estava mostrando um caixão. Terminado o culto, o pastor chamou minha filha mais velha e lhe disse que eu iria morrer e que toda a responsabilidade iria ficar com ela. Minha filha ficou desesperada! No domingo, eu fui à igreja, a pregadora da noite, pregou em Apocalíspse 3, depois chamou eu mais cinco pessoas à frente. Logo começou a orar por duas caíram no chão, depois veio orar por mim e disse que eu iria morrer e orava para que eu ficasse endominiada e caísse. Fui exposta com a igreja cheia de gente! Pastor, estou me sentindo um lixo e ele me expôs como se eu estivesse entrado em pecado! A levita que era uma benção, que louvava e cadeias se abriam, deixou de ser? Pastor, e as promessas que Deus tem em minha vida? Deus não mente e pior, isso foi falado na frente das minhas duas filhas, que estavam com medo e chorando porque ouviu que vou morrer. Mas no meio do vendaval todo, meu namorado me ligou e disse que estava com vontade de frequentar uma igreja evangélica. E aí pastor, o que o senhor me diz de tudo isso? Por favor eu preciso de uma orientação. Deus fique contigo."

MINHA RESPOSTA:
Sinceramente, não tenho muito a dizer a quem tem uma crença tão grande em profecias. Ou seja, quando diz "Deus falou", significa que recebeu uma profecia. Bom, eu creio em profecias, mas somente como o Novo Testamento ensina em I Corintios 14, quando a função dela é edificar, exortar e consolar. Profetas e profecias que querem dirigir a vida da gente, ou mesmo lançar maldições, eu simplesmente não creio. Isso parece mais cartomante ou mãe e pai de santo do que profeta.
 
Portanto, a primeira coisa a fazer é procurar uma igreja mais leve, sem muita loucura. Isso será vital para você e suas filhas. A permanência de vocês num lugar assim, não lhes fará bem. Não deixem de congregar, mas que seja em outro lugar.
 
Outra coisa, se você diz que é vocacionada para o ministério seja louvor ou missão, seu futuro marido deverá ser uma pessoa crente e vocacionado também. Caso contrário, os problemas aparecerão mais cedo ou mais tarde. Casar com quem tenha religião diferente é jugo desigual segundo a Bíblia. Sugiro que leia a Bíblia em sequência, começando pelo Novo Testamento. Ore, visite algumas igrejas e fique na que você e suas filhas se sentirem melhor. Que a paz do Senhor guarde sua mente.
 

Guru de Marco Feliciano, Marisa Lobo será candidata no Paraná


A mulher que pôs Marco Feliciano no divã quer seguir os passos de seu paciente.
Marisa Lobo, 40 anos, autodenominada "psicóloga cristã" e "sexóloga crente", filiou-se ao PSC (Partido Social Cristão) do deputado-pastor e é pré-candidata a deputada federal no Paraná.

No partido, já é tratada como puxadora de votos em 2014 -ao lado de outro político neófito, o cirurgião plástico Robert Rey, o "Dr. Hollywood", e do próprio Feliciano, o presidente a Comissão de Direitos Humanos a quem chama de "meu mentor".

Marisa, frequentadora da igreja Batista, é uma espécie de "formuladora intelectual" de Feliciano. Ela mesmo se diz "coach" do deputado que hoje lhe guia no partido.
A "amiga de longa data", diz Feliciano, foi útil dando consultas informais. "Houve momentos turbulentos no início da minha presidência na comissão. Seus conselhos foram de grande valia, sua preocupação com minhas filhas me sensibilizou."
O presidenciável do PSC, pastor Everaldo Pereira, do Rio, define Marisa como "mulher brava no bom sentido", alguém que lutará pela "causa da vida e esse negócio contra maconha".
Ele e Ratinho Jr. conduziram a cerimônia de sua filiação à sigla, em Curitiba.
Gabriel Cabral/Folhapress
Marisa Lobo, 40, será candidata no Paraná
Marisa Lobo, 40, será candidata no Paraná
As bandeiras de Marisa estão em sintonia com as do partido. Assim como seu estoque de polêmicas. Sua grande briga é contra o Conselho Federal de Psicologia, que ameaça cassar seu registro de psicóloga.
Ela é acusada de associar psicologia e religião nas redes sociais ("minha fé não nego por nada, nem pela minha profissão", diz no Twitter). Também é acusada e apoiar a "cura gay", o que fere o código de ética da categoria.
Marisa nega. Diz que no consultório, onde recebe "de ateu à gente do candomblé" em sessões de R$ 100, jamais ofereceu tratamento para a homossexualidade.
Lembra que acolheu por meses em casa "um homossexual pai de santo travesti com Aids", para quem "minha empregada não queria lavar as roupas".

BULLYNG
Marisa afirma que paga R$ 258 por mês para fazer uma pós-graduação em filosofia dos direitos humanos, mas não divulga em qual entidade por temer represália.
"Sofro bullying faz tempo. Todas as faculdades [de psicologia] falam de mim como a pior profissional do mundo, a mais antiética. Todas."
Falando "como cristã", ela acredita ser possível reverter o desejo por alguém do mesmo sexo. "Comportamento homossexual é pecado. A Marisa Lobo psicóloga não entra nessa questão. Mas a Bíblia diz. Ponto final [...] Se o desejo é não desejar pessoas do mesmo sexo, isso é direito humano dele. Se a pessoa pegar a chave do armário e se trancar, ótimo, problema dela."
A pré-candidata está escrevendo um livro sobre "ditadura gay". "Explico como uma teoria não-científica 'queer' de desconstrução sexual, criada por LGBTT, vem sendo ensinada no mundo acadêmico e ganhando espaço social, nas relações humanas, influenciando leis, mídia, novelas, educação."
Esse discurso, diz, "desconstrói claramente a heterossexualidade, imputando a ela o crime da imperfeição".

ATUAÇÃO
As opiniões de Marisa têm eco em Brasília. Na Câmara, ela se destacou em audiências públicas sobre o projeto de lei que quer derrubar a norma do Conselho de Psicologia que proíbe tentativas de inibir a homossexualidade.
A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) já a convidou para o lançamento de um programa de combate ao crack, o que enfureceu ativistas.
A "psicóloga cristã", que criou o projeto Maconha Não, endossa internações compulsórias de dependentes e repasse de recursos para comunidades terapêuticas religiosas, o que tem sido feito pelo governo Dilma Rousseff.

ORIGENS
Marisa costuma dizer que todas as causas que abraça têm conexão com seu próprio passado. Exemplo: se milita contra o aborto e a legalização da prostituição é porque seu pai conheceu sua mãe nessa situação."Sei como é ser chamada de filha da prostituta."
O pai, "alcoólatra que bebia remédios para emagrecer porque era vaidoso e teve uma vida bem difícil", hoje é evangélico.
Marisa vem ganhando projeção entre evangélicos. Cobra de R$ 500 a R$ 1.000 para palestrar sobre temas como sexualidade da família e transtornos psicológicos.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/