quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Subsídio para EBD - Não adulterarás


O Aurélio define adultério como: “violação ou transgressão da regra de fidelidade conjugal imposta aos cônjuges pelo contrato matrimonial”. Já a palavra adultério no grego é “moichós” que denota: “intercurso ilícito com o cônjuge de outro” (Lc 18.11; 1Co 6.9; Hb 13.4) ou “moicheía” (Mt 15.19; Mc 7.21; Jo 8.3) que significa: “relação sexual entre uma pessoa casada e outra que não é o seu cônjuge”. O adultério é expressamente proibido no sétimo mandamento, “Não adulterarás” (Êx 20.14 e Dt 5.18).

ADVERTÊNCIAS CONTRA O ADULTÉRIO
No livro de Provérbios no capítulo 5, começa aconselhando os homens a se afastarem da mulher imoral. A princípio, os lábios dela podem parecer “destilar favos de mel”, mas, quando tudo acabar, só restará tristeza, amargura e até mesmo morte (Pv 5:4,5).

A infidelidade conjugal
Adultério, como a maioria dos pecados, começa na mente (Mc 7.21). O crente em Cristo precisa levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5). O apóstolo Paulo exorta o cristão a uma transformação “pela renovação da... mente” (Rm 12.2), e Jesus Cristo, no Sermão da Montanha, disse: “Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura (pensamento impuro), no coração, já adulterou com ela” (Mt 5.28). A porta principal da mente são os olhos (Mt 6.22-23).
O casamento é uma aliança feita entre pessoas de sexos diferentes, motivados pelo amor e que juram fidelidade um ao outro de viverem juntos até que a morte os separe (Rm 7.2; I Co 7.39). Infelizmente, esse juramento pode ser quebrado, quando um dos cônjuges se torna infiel ao outro (Mt 19.9; Mc 10.11). Esta infidelidade é chamada de adultério, e este por sua vez, é a “relação sexual entre uma pessoa casada e outra que não é o seu cônjuge” (WYCLIFFE, 2012, p. 35). A vontade de Deus é que os cônjuges se amem mutuamente (Ef 5.25; Tt 2.4) e fujam da infidelidade (1 Co 6. 18).

AS CONSEQUÊNCIAS DO ADULTÉRIO NA FAMÍLIA
Sem dúvida alguma, a infidelidade conjugal tem sido a causa de muitas tragédias na família. O que comete adultério certamente estará praticando o mal (Pv 5.15,18-19; 6.32). Muitos lares têm sido destruídos por esta arma diabólica. Isto porque o adultério destrói a confiança, sufoca o amor, mata o respeito, acaba com a transparência, suscita o ciúme e empurra a família para uma crise de consequências imprevisíveis. Eis algumas: (1) Rompimento do casamento (Dt 22.15-21);
(2) Trauma nos filhos (1Sm 13.1-22); (3) Escândalo na igreja (I Co 5.1); (4) Mau testemunho para sociedade (I Co 10.32);
(5) Marcas profundas de ambos os lados (II Sm 12.15-20); (6) Os maus exemplos poderão ser seguidos pelos filhos (II Sm 13) e; (7) Depressão e perda da comunhão com Deus (Sl 51.8-12).

COMO EVITAR O ADULTÉRIO
A Bíblia Sagrada que é a “lâmpada para os nossos pés e a luz para o nosso caminho” (Sl 119.105), ensina-nos como devemos proceder para que evitemos este terrível pecado. Vejamos algumas de suas recomendações:
Evitando maus pensamentos, ocupando a mente com o que é proveitoso (Pv 4.23; Fp 4.8; Mt 15.19);
Estarmos vigilantes. “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação [...]” (Mt 26.41)
Afastando dos olhos aquilo que pode levar a pessoa a alimentar seu interior com o pecado (Sl 101.3; Mt 6.22,23);
Mantendo-se longe de pessoas cujo comportamento está em desacordo com a Bíblia (Sl 1.1-3; I Co 5.11);
Mortificando a carne e andando em Espírito (Cl 3.5; Gl 5.16-18);
Só abstendo-se do ato sexual com o cônjuge por consentimento mútuo e por tempo determinado (I Co 7.5);
Sendo um cônjuge que mantém seu esposo(a) satisfeito(a) (Pv 5.15; I Co 7.3);
Observando a Palavra de Deus (Sl 119.11; Pv 4.20);
Orando e vigiando sempre (Mt 26.41).

O CASAMENTO NA PERSPECTIVA BÍBLICA
O casamento não foi estabelecido por uma lei humana, nem inventado por alguma civilização. Ele antecede toda a cultura, tradição, povo ou nação. A história do primeiro casal, Adão e Eva, é apresentada no Antigo Testamento como a gênese do casamento (Gn 2.18-25). O texto bíblico deixa claro que Deus “formou uma mulher, e trouxe-a a Adão” (Gn 2.22-b). Logo, o casamento é uma instituição divina (Mt 19.5,6). O Aurélio define a palavra “instituição” como: “ato de instituir; criação, estabelecimento”. Por isso, biblicamente podemos afirmar que estar casado é:
7.1 Um presente de Deus (I Co 7.7). A palavra “dom” no grego “charisma” significa: “presente” dando a entender que o homem é presenteado por Deus com o matrimônio (Pv 18.22; 19.14).
7.2 Um estado honroso. O escritor aos hebreus nos diz: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula” (Hb 13.4-a). O Aurélio define a palavra veneração como: “reverência, respeito, admiração, consideração”. Está explícito que o casamento é uma condição de honra, pois nele o sexo é desfrutado de forma legal.
7.3 Um meio de satisfação. O ato conjugal também foi criado para proporcionar prazer ao casal (Pv 5.15-18). O sábio exorta os cônjuges a desfrutarem do sexo, sem ao menos mencionar os filhos. Neste capítulo, o homem é incentivado a valorizar a união conjugal honesta e santa, exaltando a monogamia, a fidelidade e o prazer (Ec 9.9; Ct 4.1-12; 7.1-9).

CONCLUSÃO
Concluímos que devemos estar atentos vigiando e orando sempre para não cairmos em tentação (Mt 26.41), pois, o nosso adversário está ao nosso derredor buscando a quem possa tragar (1Pe 5.8). Nossa família deve ser guardada e protegida pela orientação da Palavra de Deus.

REFERÊNCIAS
LOPES, Hernandes Dias. Casamento, divórcio e novo casamento. HAGNOS.
• VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Globo testa limites com deboche a evangélicos

O segundo episódio da nova temporada de “Tá no Ar”, na última quinta-feira (19), pode ser encarado de várias formas como um marco divisório por parte da Globo: nunca um programa da emissora debochou tanto de religiões e, especialmente, da figura dos evangélicos e seus pastores.
O programa já havia mexido com religiões no ano passado, mas nunca de forma tão escrachada. A cena que certamente irá “causar” no mundo gospel foi o quadro da Galinha Preta Convertidinha, irmã do sucesso da primeira temporada, a Galinha Preta Pintadinha. Nesse quadro, criancinhas supostamente evangélicas estão assistindo à TV quando começa um comercial sobre o boneco da Convertidinha, agora à venda. Um pastor é representado como um pastor alemão (usando terno).
“Ir pro inferno é fogo/ A Verdade é Universal/ Cuidado com a Hora/ do Juízo Final”, diz o jingle do “comercial” infantil. “Ela vai cantar bem alto no seu ouvido”, continua o quadro sarcástico, enquanto as crianças imploram: “Ah, compra mãããe!!”
Então surge o pastor alemão pregando sob o tema do pintinho amarelinho. “Meu pastor é animadinho/ Canta e Dança de Montão/ De Montão/ Quando quer mais dinheirinho/ Compra um horário na televisão”.
Mais direto, impossível.
Antes de mais nada, o programa mostra que a Globo segue um caminho sem volta quando realmente libera o programa de Marcelo Adnet, Marcio Melhem e Mauricio Farias para mexer com qualquer coisa, como nem mesmo no tempo de “TV Pirata”. E isso está longe de ser algo ruim (lembrando sempre que este é um artigo opinativo).
No ano passado a mesma atração já havia ironizado católicos (com um rap) e os próprios umbandistas, provocando algum melindre.
A diferença, porém, está no tom, que dessa vez foi bem mais aberto (ou mais pesado). Se for para romper limites, a pergunta é se haverá, adiante, ironias tão fortes a respeito do padre Marcelo, um velho parceiro da Globo, ou mesmo sobre os sempre articulados judeus.
Afinal, é isso que há 18 anos ocorre com o desenho “South Park” (em cartaz no Comedy Central e MTV), que já ridicularizou ostensivamente a todo tipo de religião:
  • Evangélicos: Cartman decide ganhar um disco de platina, monta uma picareta banda gospel, explode de sucesso, mas fica furioso quando descobre que os evangélicos não têm disco de platina, apenas de “mirra”;
  • Católicos: a cidade de South Park é alvo de um milagre, pois uma imagem da santa solta sangue pelo ânus; o papa Bento 16 conclui que uma mulher sangrar não é milagre, é algo normal;
  • Judeus: piadas presentes em todos os episódios, já que Cartman é um assumido antissemita –embora nunca tenha se questionado, por exemplo, se seu próprio sobrenome não mostra que ele próprio provavelmente é judeu.
Apesar da subversão de “South Park”, nem judeus, nem católicos ou evangélicos mundo afora jamais se organizaram de forma cabal para tentar tirar do desenho do ar, sob a acusação de blasfêmia.
No Brasil, porém, especialmente na TV, religião sempre foi tratada como um tabu.
Nesse sentido a Globo dá decididamente um passo à frente da autocensura. E não só em relação à religião. O “Tá no Ar” já tem ridicularizado outros programas e mesmo anunciantes da própria casa.
Ontem, por exemplo, o programa abriu avisando que quem gosta de BBB não precisava se desesperar porque o reality continuava a ser exibido em outro canal.
No passado a Globo já havia melindrado evangélicos com a polêmica série “Decadência”, em 1995, que levou o bispo Edir Macedo a declarar a emissora como sua inimiga figadal. Mas, dessa vez, é humor, e não há ranço (embora muita gente possa questionar o bom gosto do humor). Como será a reação?
Em um país em que a corrupção é pornográfica, em que a moral é frouxa ao bel prazer dos interessados e onde as instituições estão em frangalhos (sem trocadilho com a galinha, han?), vai soar bem hipócrita querer acusar um programa de humor de ser o causador de todos os males.
Se o cidadão comum não é tratado nem sequer com respeito por um sistema absolutamente indecente, por que simplesmente fazer joça e causar riso poderia ser a origem da devassidão que grassa?
Mas, como este país é por vezes esquisito e muitas vezes hipócrita, o “Tá no Ar” deve causar forte reação. Especialmente se continuar a tripudiar da “sagrada religião”.
Vamos ver apenas se o programa –e a Globo– terão coragem de romper mais limites e provoquem, com o mesmo humor, interesses ainda maiores que apenas o dos evangélicos e espiritualistas. Os políticos e financeiros, por exemplo.
Fonte: Ricardo Feltrin, no UOL, via Pavablog.
 
E não é a primeira vez. Um quadro do programa Tá no Ar: a TV na TV  no ano passado provocou falatório na internet. Previsível: os humoristas Marcelo Adnet e Marcius Melhem, que lideram a equipe da atração da TV Globo, resolveram mexer em um tema delicado – o comportamento dos evangélicos. Resultado? Um dilúvio de críticas nas redes sociais.
A brincadeira, que encerrou o programa, mostrou uma sátira da série americana Friends, que passou a se chamar Crentes. Anunciada antes da atração entrar no ar, no intervalo do programa A 2ª Dama, a sátira provocou o efeito desejado: polêmica imediata. O refrão “I’ll be there for you/when the rain starts to pour” virou “Pago o dízimo/10% para o pastor”.

Suicídio - o que diz a Bíblia sobre isso?

Sábado à noite, dia 21/02, estava em casa quando recebi uma ligação para ir num velório, pois o  genro de uma irmã que congrega na nossa igreja havia cometido suicídio. Ele não era evangélico, assim como a esposa e filha, somente a sogra. Pediram para mim fazer um momento de oração e deixar uma palavra à família. Nunca havia falado em velório de alguém que houvesse suicidado.
Li o Salmo 90, falando da brevidade da vida e como devemos pedir a Deus para que nos ensine a contar os nossos dias e alcancemos corações sábios. Falei que não devemos julgar o destino da alma de ninguém, pois somente Deus é o Juiz dos vivos e dos mortos, conforme está no livro de Números capítulo 27. Disse que a Bíblia nos diz é que ao morrer, o corpo volta ao pó da terra e o espírito volta a Deus. Isso não significa que todas estão salvos, conforme diz o universalismo, mas sim que todos espíritos humanos estão sob o controle de Deus. O espírito humano depois da morte física, não fica vagando por aí, fazendo turismo, como alguém acredita, mas está sob o controle divino. Como ele não morreu na hora, mas pouco depois e a sogra segurou sua mão e pediu que ele mesmo em pensamento pedisse perdão a Deus, disse então aos presentes no velório, que só Deus sabe o que ocorre nas últimas horas, minutos e segundos de um homem entre a pessa e Ele. Falei então do ladrão na cruz. Depois, orei pedindo o conforto e consolo do Espírito Santo sobre a família, e que houvesse naquela hora tão triste, um impacto de conscientização espiritual.
Depois fiquei a pensar na questão do suicídio, como tem havido casos nos nossos dias, inclusive de pessoas do meio evangélico.
Tirar uma vida é errado, mesmo que seja a nossa. O suicídio é um ato de ódio contra o “eu”, assim como o homicídio é um ato de ódio contra outrem. O suicídio é tão errado quanto o homicídio porque viola o mandamento de amar a si mesmo, assim como o assassinato viola o mandamento de amar aos outros. O amor se opõe a ambos. O suicídio é um ato egoísta para terminar nossos problemas sem preocupação em ajudar os outros que também têm problemas. Tomar o “caminho fácil” para livrar-se do sofrimento da vida não é a resposta mais amorosa e responsável. O amor nunca perde todo o propósito na vida. A pessoa que se concentra em proteger e ajudar os outros não tem razão para odiar a sua vida. Amar é o antídoto à tentação de autodestruir-se.
Tirar uma vida não demonstra amor, mas salvar uma vida, sim. Jesus declarou: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”(João 15:13). Cristo exemplificou o princípio de sacrificar a própria vida pelos outros. Ele disse: “Eu dou a minha vida […] Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (João 10:17-18). Portanto, um princípio bíblico de valor que governa nossa vida pessoal é: O suicídio é errado, mas sacrificar a vida é justificável e nobre na tentativa amorosa de salvar a vida de outrem.Aos olhos de Deus, um auto-sacrifício que salva vidas é a suprema expressão do amor de Cristo, a própria antítese do suicídio egoísta.
Porém, nem todo aparente sacrifício de nossa vida “a favor de outros” é, um verdadeiro ato de amor. Paulo tornou isto claro no grande capítulo do amor: “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (1 Cor. 13:3). Nem todo mártir morre necessariamente em conseqüência de uma manifestação de amor a outros. Alguns podem estar sacrificando vida pelo seu compromisso obstinado com uma causa egocêntrica. Há vários exemplos de suicídio egoísta na Bíblia. O rei Saul, mortalmente ferido, caiu sobre a sua espada para poupar-se da vergonha de morrer às mãos dos inimigos (1 Sam. 31:4), dificilmente um motivo de amor. O “suicídio assistido” de Abimeleque foi também egoísta e orgulhoso (Juí. 9:54).
Eutanásia e suicídio assistido
Se o é um ato de amor tirar a própria vida pelo suicídio, certamente também não é ajudar outrem a cometer suicídio. O amor exige que os doentes terminais sejam tratados com toda a piedade possível, mas não que tiremos a vida da pessoa mesmo que ela nos peça. O amor tem um remédio melhor do que tirar a vida para expressar misericórdia aos agonizantes. Provérbios 31:6 ensina: “Dai bebida forte aos que perecem, e vinho aos amargurados de espírito”. Em outras palavras, medicamentos para abrandar a dor, sedativos e tranqüilizantes são a resposta misericordiosa e amorosa aos que estão morrendo e sofrendo, e não o suicídio assistido. Levar consolo aos que estão morrendo não só expressa misericórdia, como também reconhece a soberania de Deus que disse:  o Senhor deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21).
A eutanásia e o suicídio assistido, como são chamados, nunca são manifestações de amor. Mas o que dizer da morte misericordiosa – permitir que o doente terminal expire em paz sem nenhuma intervenção heróica e não natural? A Bíblia não obriga o cristão a perpetuar a vida o mais possível. Nosso ponto de vista deve ser o de preservar a vida, e não prolongar a morte. Injetar medicamentos para causar ou apressar a morte é uma coisa – e algo também moralmente errado.
O princípio de valor que se aplica aqui é: Tirar a vida de outrem em nome da piedade não é uma manifestação de amor mas permitir que uma pessoa com uma doença terminal morra naturalmente demonstra piedade e amor.
O que a Bíblia diz sobre o suicídio?
Paulo disse que sofreu tantas angustias na Acaia que esteve a ponto de “desesperar da própria vida”. Estamos falando de Paulo, o apostolo, o mesmo que viu a Luz na Estrada e que conheceu o amor de Deus como muito pouca gente jamais sonhou em conhecer.
Ora, Paulo não era esquizofrênico; não tinha nenhuma Desordem Bipolar; não sofria de depressão; não era acossado por nenhuma Síndrome do Pânico; não tinha nenhum tumor maligno pressionando seu cérebro; não era enfermo de nada que fosse essencial; e não sofria de nenhuma forma de doença mental que pudesse lhe fazer ter impulsos incontroláveis e ou à revelia — como muitas vezes acontece com pessoas que se suicidam.
A menos que você me diga que um “salvo” não sofre de nenhum desses males (o que seria um terrível equivoco, com danos irreparáveis no papel de um pastor em relação aos que sofrem) — a implicação de não poder negar essa possibilidade conduz imediatamente à seguinte conclusão:
É possível que uma pessoa que sofra tais perturbações possa ficar em tamanho estado de desespero, que venha a praticar um ato suicida como quem busca a morte como “esperança”. Creio que quem se mata em razão do desespero da presente existência, e o faz na esperança de uma vida pós-morte, de fato se mata, embora não esteja se suicidando.
O suicida é aquele que não tendo pulsões provocadas por nada interno ou externo a si mesmo, mata-se por uma total descrença nesta ou em qualquer outra vida.
Os demais são coitados buscando alivio e vida, não morte. Portanto, o suicídio não deve ser nunca objeto de juízo humano, pois, de fato, ninguém sabe quem, matando-se, suicidava-se.
Além disso, como a Bíblia não “teologiza” sobre o tema, tem-se mais uma razão para não especular. Afinal, trata-se de “terra santa”, na qual se deve entrar sem as sandálias das falsas certezas e das muitas presunções. Ante um suicida inerte dentro de um caixão, tem-se que apenas calar. Porque qualquer fala, juízo ou interpretação acerca do tema pode nos fazer incorrer no risco de blasfêmia contra a vida humana!
De fato, qualquer das causas físicas e psicológicas por mim mencionadas no início, por si mesmas já possuem o poder de levar uma alma adoentada ou um cérebro adoecido, ao desespero do suicídio.
“Crentes” podem sofrer de tudo o que qualquer pessoa sofre nesta vida. Ou então me diga qual é a área da vida que um “crente” recebeu licença divina de não experimentar. É claro (mais que claro) que uma mente que esteja normal e bem fixada na fé, não apela para o suicídio apesar dos desesperos da presente existência.
Do mesmo modo que uma pessoa sadia na mente e na fé não apela para um monte de coisas que se vê os “crentes” apelarem todos os dias. Portanto, o suicídio deve ser sempre combatido em razão da esperança e da promessa da vida já AQUI, mas nunca deve ser tratado como ato de auto-perdição ou de pecado imperdoável contra os céus.
Na realidade a percepção que muitos crentes tem acerca do suicídio é “católica”; e foi desenvolvida nos porões escuros da “Igreja” nos anos chamados de “Idade das Trevas”. Na Idade Média, o suicídio de escravos foi condenado no concílio de Arles, no ano 452. Mas, já em 348, o Concílio de Cartago condena a morte voluntária (Minois, 1998). Segundo Minois (1998), em 381 o Bispo de Alexandria decide não mais fazer orações para aqueles que tiraram, espontaneamente, a vida. Entretanto, foi apenas em 533, no Concílio de Orléans, que foi proibido às honras fúnebres e no concílio de Bragança, em 563, que a Igreja Católica considera o suicídio equivalente ao homicídio. Já em 693, no concílio de Toledo, advoga a excomunhão para aqueles que sobrevivessem ao ato suicida. Posteriormente, a partir de 1284, a Igreja proíbe o enterro de suicidas em terras sagradas ou cemitérios (Alvarez, 1999; Rosen, 1975; Minois, 1998). Segundo Eliade (1999), para as culturas religiosas, as cerimônias funerárias têm a função de conduzir, por meio de ritos, ao seu destino post-mortem auxiliando a alma a ser aceita na comunidade dos mortos. Assim, ao negar os ritos fúnebres ao corpo do suicida, conclui-se que a Igreja não conceberia que a alma do suicida pudesse ter um bom destino. Isso não ocorre mais, pois hoje a própria Igreja Católica em seu último catecismo, apesar de declarar como errado tirar a própria vida, orienta os fiéis a rezarem pela alma da pessoa.
A ênfase da Escritura é em não matar os outros, mas não fala do ato de auto-morte em razão da dor. Assim, no que Jesus fez silencio e no que as Escrituras ficam caladas, quem ousará condenar quem quer que seja?
O trabalho de um pastor é fazer prevenção de todo ato de morte. Entretanto, isso tem a ver com a vida AQUI, mas não deve se estender para trazer juízo relacionado à vida ALÉM.
O suicídio é normalmente definido como o ato de tirar a própria vida. As cicatrizes emocionais deixadas na família e amigos são profundas e produzem não apenas sentimentos de solidão, mas particularmente senso de culpa e desnorteamento.
Temos primeiro de distinguir entre suicídio e martírio, que é a disposição de dar a própria vida por convicções fundamentais consideradas inegociáveis, e atos heróicos de auto-sacrifício que resultam na preservação de outras vidas (por exemplo, um soldado lançando-se sobre uma granada para salvar outros). Conquanto o suicídio seja essencialmente uma negação do valor da vida presente e a solução extrema para uma existência tida como insuportável, os demais casos são expressões de respeito e amor à vida.
Vou relacionar os casos ou tentativas de suicídio registrados na Bíblia, extrair algumas conclusões e então fazer comentários gerais.
1.      Casos de suicídio na Bíblia: Abimeleque, ferido mortalmente por uma pedra de moinho lançada contra ele por uma mulher, pediu ao seu escudeiro que o matasse para evitar a vergonha (Juízes 9:54). Saul, depois de haver sido gravemente ferido em batalha, tirou a própria vida (I Samuel 31:4). Vendo o que o rei fizera, seu escudeiro “jogou-se também sobre sua espada e morreu com ele” (verso 5, NVI). Essas mortes foram motivadas pelo temor daquilo que o inimigo lhes poderia fazer. Aitofel, um dos conselheiros de Absalão, enforcou-se depois de saber que o rei rejeitara seu conselho (II Samuel 17:23). Zinri tornou-se rei depois de um golpe de Estado, mas ao perceber que o povo não o apoiava, foi “à cidadela do palácio real e incendiou o palácio em torno de si e morreu” (I Reis 16:18, NVI). Judas ficou tão desorientado emocionalmente depois de haver traído Jesus, que acabou se enforcando (Mateus 27:5).
Sansão se suicidou?
Alguns consideram Sansão um exemplo de suicídio (Juízes 16:26-31), mas o seu objetivo era matar os filisteus e não a si mesmo. Sansão tirou a própria vida e a de muitos proeminentes inimigos ao fazer com que um edifício todo ruísse (Juízes 16:29-30). De fato Sansão se matou, mas não se suicidou. Matou-se porque dele veio a decisão de derrubar o Templo e morrer no desastre. Entretanto, sua motivação era de vida e esperança de libertação — pois cria que aquele ato poderia trazer livramento para o seu povo por algum tempo.
O impacto moral do suicídio deve ser avaliado segundo a compreensão bíblica da vida humana: Deus criou a vida, e nós não a possuímos para usá-la e descartá-la como bem entendermos. O sexto mandamento também tem alguma coisa a dizer sobre o assunto. Um cristão, portanto, não deveria considerar o suicídio como solução moralmente válida para o infortúnio de viver num mundo onde existe dor física e moral.
Como devemos reagir diante do suicídio de alguém a quem amamos? Primeiro, a psicologia e a psiquiatria têm revelado que o suicídio geralmente é o resultado de um profundo transtorno emocional ou desequilíbrio bioquímico associado a um profundo estado de depressão e medo. Não deveríamos julgar as pessoas que optaram pelo suicídio sob tais circunstâncias. Segundo, a perfeita justiça de Deus leva em consideração o impacto que nossa mente perturbada tenha eventualmente sobre nós; Ele nos compreende melhor que do que qualquer ser. Devemos colocar o futuro de nossos queridos em Suas mãos de amor. Terceiro, com a ajuda de Deus, podemos encarar a culpa de uma maneira construtiva, tendo em mente que muitas vezes aqueles que cometeram suicídio necessitavam de ajuda profissional que nós mesmos fomos incapazes de proporcionar.
 
Finalmente, se você alguma vez for tentado a cometer suicídio, saiba que há profissionais disponíveis, medicamentos que podem ajudá-lo a superar a depressão, amigos que o amam e fariam todo o possível para ampará-lo, e um Deus que está disposto a trabalhar por você e, por meio de outros, dar-lhe forças quando caminhar pelo vale da sombra da morte.
Nunca perca a esperança!
 

Morre David Miranda. Como ficará a igreja Deus é Amor, como a conhecemos hoje?

Morreu na noite desse sábado o missionário David Martins Miranda vítima de um infarto aos 79 anos. Miranda fundou em 1962 na cidade de São Paulo (SP) e dirigiu até a presente data a Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA). Desejamos que Deus console a família e a membresia dessa igreja que neste momento está enlutada. A morte de alguém sempre deve contar com a nossa postura reverente.

Mas quem foi David Miranda? A histografia de Miranda é obscura. Não há grandes detalhes sobre a trajetória evangélica dele antes do surgimento dessa denominação. Isso é fruto da falta de historiadores oficiais e, também, pelo pouco interesse da academia com a formação da IPDA. [Há, pelo meu conhecimento, apenas uma dissertação de mestrado que trabalha a IPDA como objeto de estudo.] O que se sabe é pela breve autobiografia de Miranda onde Deus teria revelado o nome “Deus é Amor” como àquela igreja que ele deveria congregar diante do “mundanismo” das demais denominações protestantes.

A IPDA e a história de David Miranda se confundem. É uma denominação personalista. Nessas cinco décadas o nome de Miranda foi onipresente como referência doutrinária e de liderança na IPDA. Miranda era um líder carismático, no sentido sociológico do termo, e ao mesmo tempo sectário. Ele foi um homem do rádio, onde sempre teve considerável audiência, um grande comunicador de massas e pregava sob a proteção de um vidro à prova de balas. E, como todo sectário, era uma liderança marcada pelo autoritarismo. E a forma como esse autoritarismo estava presente se deu pelo forte legalismo dos usos e costumes. A IPDA nunca contou com conselhos, concílios ou debates sobre suas doutrinas e diretrizes. É a expressão da imagem e semelhança de David Miranda. Não há qualquer sinal de democracia institucional.

O controle da denominação é familiar. E até hoje a única cisão significativa sofrida veio do berço da própria família Miranda através de uma de suas filhas e um ex-genro. Hoje a própria esposa de Miranda exerce a função pomposa de “conselheira mundial” da IPDA e Débora Miranda exerce a liderança da igreja de maneira não oficial. E, claro, o filho David Miranda Jr. é outra liderança importante.

Controvérsias. Em 2000, um contador e presbítero da IPDA acusou David Miranda de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Na época ele chegou a ser indiciado pela Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR). Em 1985, Miranda, sua filha e mulher foram denunciados à justiça de Porto Alegre por curanderismo, estelionato e exploração de credibilidade. E em 1976, também, ele foi indiciado pela morte de 21 pessoas após a queda de uma laje na inauguração de um templo da IPDA em Neves, São Gonçalo (RJ). Na época os jornais indicavam que Miranda fugiu do local no momento da tragédia. De todos os indiciamentos ele acabou absolvido.

David Miranda ficou conhecido pelo ministério de cura. É famosa a foto onde ele fazia propaganda de várias muletas e cadeiras de rodas de pessoas supostamente curadas nas reuniões da igreja. Muitas doenças que eram testemunhadas como curadas nos cultos da sede mundial estavam relacionadas aos “pecados do mundanismo”, segundo o David Miranda. Era comum uma pessoa testemunhar que foi curada (ou liberta) porque passou a obedecer o Regulamento Interno e deixou outra denominação “mundana”, especialmente as Assembleias de Deus. Miranda também costumava usar conversas que ele tinha com demônios e até com o próprio diabo para embasar suas proibições e, também, em supostas revelações divinas. Aliás, o artifício do medo era uma constante na sua pregação, pois David Miranda dizia manter revelações constantes do divino e conversas de confronto com o diabo.

Como será o futuro dessa grande denominação (neo)pentecostal? Como igreja personalista há apenas três caminhos: a decadência, a divisão ou a mudança radical (não importa para qual direção). Tudo indica que não continuará como está no médio e longo prazo. O meu desejo é que a liderança da Igreja Pentecostal Deus é Amor encontre o caminho do Evangelho, deixe para trás o legalismo farisaico, e chegue perto dos conceitos bíblicos a partir de uma leitura atenta das Escrituras. O legalismo, como sempre digo, não é um problema menor ou uma heresia sem importância. Todo legalista nega a cruz de Cristo. Não há pecado mais leviano. Que Deus abençoe a igreja de Deus que está entre a membresia da IPDA.
Fonte: http://www.teologiapentecostal.com/
Título original: Morre David Miranda. Morrerá a denominação como a conhecemos hoje?