sábado, 28 de novembro de 2009

PORQUE NÃO SOU DISPENSACIONALISTA

Em se tratando de estudo sobre escatologia, quando se fala em amilenismo, pré-milenismo, histórico ou dispensacionalista e pós-milenismo, o que eu sei é que não sou “dispensacionalista”, pela simples convicção essencial acerca da total impossibilidade humana de criar um roteiro para a volta de Cristo. Assim, eu digo: não sei nada sobre o roteiro da volta de Jesus. Mas sei que ELE VAI VOLTAR! Quero, todavia, deixar claro que creio que Jesus pode voltar Hoje. Tudo o que diz respeito a Deus acontece num dia Chamado Hoje. É como um ladrão de noite!

Apesar de muitos considerarem que o dispensacionalismo os ajudou a entender o intricado mapa escatológico da Bíblia. Me lembro de ler o livro de Lawrence Olson, “O plano divino através dos séculos”, juntamente com aquele famoso mapa, do gênese ao apocalipse. Segundo o Conciso Dicionário de Teologia Cristã, "dispensacionalismo é um sistema de interpretação bíblica e teológica que divide a ação de Deus na história em diferentes períodos que são por ele administrados em bases diferentes. Envolve uma interpretação literal da Escritura, uma distinção entre Israel e a Igreja e um a escatologia pré-milenista e pré-tribulacionista".
Essa definição acima já não responde a algumas das divisões que o Dispensacionalismo tem sofrido. Hoje há o conceito de “Dispensacionalismo Progressivo”, com revisão dos conceitos clássicos da divisão dispensacionalista entre Israel e a Igreja e a divisão há história em dispensações. Outra corrente é a do “ultra-dispensacionalismo”, visão literalista das Escrituras, onde quer achar respostas proféticas na Bíblia para todos os fenômenos que acontecem no mundo, uma espécie de “Cabala Gospel”.
Acredito que é preciso rever biblicamente essa dicotomia Israel X Igreja, embora creio que Israel ainda tem um papel escatológico. Dividir a história em dispensações é algo sem respaldo bíblico, sendo muita simplificação para tratar a revelação de Deus aos homens.
É possível ser milenista sem ser dispensacionalista, como é o caso do Dr. Russel Shedd. Nem todos teólogos pentecostais, são dispensacionalistas, por exemplo Stanley M. Horton.

A nossa espiritualidade é sadia, se ela faz da história, uma só história. Isso porque nós conseguimos esquizofrenizar a história. Temos a história religiosa, a história da igreja; temos a historia da salvação e assim por diante. E nessa “policotomia” histórica, fazemos eleição daquela que mais nos interessa. Se o indivíduo é extremamente individualista, ele diz: “A mim só importa a história da salvação”. Pode, então, o mundo estar se arrebentando; ele quer é fazer estatística de quantos estão levantando a mão. Se ele faz uma opção um pouquinho mais abrangente, ele estuda a história da igreja. São aqueles que dizem: “Só me interessa a história da igreja. Inclusive, acho interessante termos deputados federais evangélicos no Congresso Nacional, para defender as causas de liberdade religiosa”. Nesse caso o que a ele interessa, é o que a Igreja interessa. Não importam os miseráveis, a desgraça dos outros – “isso faz parte de uma história que não é nossa, a nossa é a da igreja”, chegam a dizer. Se ele tem uma visão um pouquinho mais ampla, ele se interessa pela história das religiões. Aí, ele já é considerado um teólogo liberal, de visão ecumênica.

Mas, se ele é um cristão que vive uma espiritualidade integral, ele não “dispensacionaliza” a história, não a secciona, não a “dicotomiza”, “tricotomiza” e “policotomiza”. Conserva-se uma só história. Veja a passagem bíblica da transfiguração de Jesus em Mateus 17. Não há lugar para o dispensacionalismo, nem para o seccionamento da história: a Lei está presente, e falando da cruz. Não é lá que Moisés está? A profecia está presente e falando da cruz. Não é lá que Elias está? A Igreja está presente, e ouvindo a mensagem da cruz, através de Pedro, Tiago e João, que estão lá.

Onde é que há dispensacionalismo aqui? Onde é que acaba a lei, começa a profecia, começa a igreja – Agora ficar naquela conversa de “Deus não fala com estes, não pode falar com aqueles, não se mistura com aqueles outros...” O que é isso? A história é uma só! Deus não divide seus projetos em fases, departamentalísticamente falando, absolutamente fechadas e setorizadas. Deus é o Deus da totalidade. E importa a ele toda a história. Ele não se importa apenas com Israel, em um certo momento, ou não se importa em outro, apenas com a igreja. Deus é o Deus da História.

Israel só é diferente do Brasil, como nação, no que se refere ao conselho total de Deus para a História. “A eles foram confiados os oráculos divinos”, referindo aos judeus, diz Romanos 3. Mas diante de Deus, o judeu é igual ao queniano. A pregação pela fé é primeiro para o judeu e depois para o grego, se creram. Mas o capítulo 2, verso nove, de Romanos, diz: “também tribulação e angústia e aflição vêm sobre a alma de todo homem; primeiro do judeu, depois do grego”. Homem é homem, em qualquer lugar. País é país, em qualquer lugar.

Amós, no capítulo 9, verso 7, diz que não foi apenas Israel que teve um êxodo patrocinado por Deus; que os filisteus tiveram o êxodo deles; que os etíopes tiveram o êxodo deles. O profeta pergunta: “Vocês estão cheios de jactância, pensando que o único ato libertário social de Deus na História foi a favor de vocês?” Não, Deus não está preso e circunscrito às fronteiras de Israel; Deus é Deus, libertador da História. Até os filisteus tiveram êxodo; tantos outros tiveram um êxodo; e foram êxodo; e foram êxodos que o Senhor promoveu, que o Senhor criou.

Aqui, na transformação, a história é uma só. Os dispensacionalismos e os seccionamentos acabam. Moisés, Elias, Pedro, Tiago e João; Lei, profecia e igreja; estão todos juntos, apontando em uma só direção: a cruz e a salvação de Deus para todos os povos, para todas as nações, para todas as línguas da terra.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O sistema de governo eclesiástico da Assembléia de Deus

Sempre, na história das controvérsias cristãs, houve um luta para saber qual era o modelo de governo eclesiástico mais bíblico. O fato é que todos os modelos de governos eclesiásticos (congregacional, episcopal e presbiteriano) se baseiam no Novo Testamento. O episcopal concede o poder para o seu pastor ou bispo, o presbiteriano concede poder aos presbitério da igreja e o congregacional concede poder aos seus membros ou a um conselho de irmãos reunidos.

Há tentações em todos os modelos. O episcopal pode concentrar um poder tão grande na mão do pastor, que ele se torna uma pessoa acima da crítica e não prestas contas a igreja. O presbiteriano pode criar uma elite dentro da congregação ou denominação, pois um pequeno grupo decide sobre os demais. O congregacional pode minar a autoridade do pastor local. Portanto, não temos como definir um modelo eclesiástico mais bíblico, pois todos tem pontos fortes e fracos.

A Assembléia de Deus começou com um modelo congregacional bem definido, haja vista a herança eclesiológica batista, que é congregacional. O modelo congregacional fica bem claro nas palavras do pastor assembleiano Alcebiades Pereira dos Vasconcelos, no Mensageiro da Paz, nº 10, de 1959:


"No nosso entender, a igreja cristã biblicamente entendida, governa-se a si mesma, mediante o sistema democrático em que todos os seus membros livremente podem e devem ouvir e ser ouvidos e ser ouvidos, votar e ser votados, conforme a sua capacidade pessoal de servir(…) A igreja cristã, à luz do Novo Testamento, é uma democracia perfeita, em qual o pastor e seus auxiliares de administração (tenham as categorias ou denominações que tiverem) não dominam, pois quem domina sobre ela é Jesus, por mediação do Espírito Santo, sendo o pastor apenas um servo que lidera os trabalhadores sob guia do mesmo Espírito Santo; e, neste caso, é expressa e taxativamente proibido ter domínio sobre a igreja. I Pedro 5.2,3". [1]


Os pentecostais clássicos sempre tiveram uma tendência para a democracia na igreja, um modelo em que a congregação tinha voz, o teólogo Myer Pearlman deixa bem claro essa posição:


As primeiras igrejas eram democráticas em seu governo- circunstância natural em uma comunidade onde o dom do Espírito Santo estava disponível a todos , e onde toda e qualquer pessoa podia ser dotada de dons para um ministério especial. É verdade que os apóstolos e anciãos presidiam às reuniões de negócios e à seleção dos oficiais; mas tudo se fez em cooperação com a igreja (Atos 6.3-6; 15.22, I Co 16.3, II Co 8.19, Fp 2.25). E Pearlman completa: Nos dias primitivos não havia nenhum governo centralizado abrangendo toda a igreja. Cada igreja local era autônoma e administrava seus próprios negócios com liberdade. [2]


No decorrer do tempo, a Assembléia de Deus, não deixando de ser congregacional, passou a mesclar com o modelo episcopal e presbiteriano. Hoje, é comum a figura o pastor-presidente, um verdadeiro bispo regional. Nas Assembléias de Deus há traços do modelo presbiteriano, com as convenções ou concílios regionais e nacionais (CGADB e Conamad). A Assembléia de Deus, portanto, não tem um modelo eclesiástico puro. O Rev. Antônio Gouvêa Mendonça, comenta em relação a Assembléia de Deus:


Seu sistema de governo eclesiástico está mais próximo do congregacionalismo dos batistas por causa da liberdade das Igrejas locais e da limitação de poderes da Convenção Nacional. Todavia, a divisão em ministérios regionais semi-autônomos lembra um pouco o sistema presbiteriano.[3]


Alguns fatos interessantes: em cidades do interior, as Assembléias de Deus são bem congregacionais, pois a igreja em constantes assembléias, decidem o rumo da congregação juntamente com o pastor. As igrejas AD da capital são normalmente divididas em setores, com a figura presente do pastor-presidente, sendo mais um modelo episcopal. Mas as congregações das cidades interioranas e da metrópole estão sujeitas a convenção estadual e nacional, semelhante aos supremos concílios presbiterianos.

A Assembléia de Deus foi influenciada por várias denominações, desde de sua eclesiologia até a sua teologia. Exemplo dessa mistura esteve nas palavras do pastor Thomas B. Barrat, de Oslo, Noruega em 1914, que disse: “Com respeito à salvação, somos luteranos. Na forma do batismo pelas águas, somos batistas. Com respeito à santificação, somos metodistas. Em evangelismo agressivo, somos como o Exército da Salvação. Porém, com respeito ao batismo com o Espírito Santo, somos pentecostais!”

O lamentável é o fato de muitas igrejas Assembléia de Deus aderindo a um modelo episcopal, abandonado a tradição congregacional. Mais o modelo episcopal, hoje adotado não é o mesmo dos metodistas ou anglicanos, mas sim das igrejas neopentecostais, onde a figura do líder é centralizadora, um modelo episcopal levado ao extremo.

BIBLIOGRAFIA:

01.ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p 338.

02. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. 8 ed. São Paulo: Vida, 1984. p 225.

03. MENDONÇA, Antônio Gouvêa e FILHO, Prócoro Velasques. Introdução ao Protestantismo no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1990. p 51


Fonte: pentecostalismo.wordpress.com

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

QUANDO O MAL TRIUNFA

No ano passado, no auge da discussão em torno do caso do assassinato na menina Isabella Nardoni, a Revista Veja, edição nº 2055, trouxe em sua matéria de capa, uma abordagem filosófica, psicológica e histórica sobre as origens da perversidade humana.
Vou transcrever parte texto da página 89: "Os brasileiros que se comoveram com o assassinato de Isabella Oliveira Nardoni acabaram de ser expostos a outra crônica de horrores: a empresária Sílvia Calabresi Lima, de Goiânia, torturava cotidianamente uma menina de 12 anos em sua área de serviço. Ao lado desses casos tenebrosos, outras barbaridades despontam no noticiário: a garota que pulou da janela do 4º andar para fugir do pai agressor, as crianças que ganharam bolo envenenado da vizinha, o bebê jogado no lago. Essa sucessão de fatos macabros traz a incômoda lembrança de uma constante da história humana: a maldade. O mal está presente em toda a parte. Na grande arena da política internacional pode-se divisá-lo no genocídio de Darfur, na repressão política em Cuba e no Tibete, no terrorismo da Al Quaeda e das Farc, na leniência do governo americano com práticas de tortura."
A referida matéria, cita nomes da filósofia, da teologia e da ciência naturalista como Xenófanes, Agostinho, Maquiavel, Kant, Darwin, Nietzche, entre outros, para depois, no final da manchete dizer o seguinte:" A razão não explica tudo. Há uma dimensão monstruosa no ser humano que parece não fazer sentido. Diz o filósofo e teólogo Luiz Felipe Pondé"(pág. 94).

Mas, se a razão não explica, o que as Escrituras nos falam sobre esta pergunta que não quer calar: "De onde vem o mal?"

As Escrituras não tratam da questão metafísica do mal, mas apenas afirmam a sua existência. Tanto existe contra a Vontade de Deus, como também a cumpre contra o seu próprio intento. A primeira manifestação do mal nas Escrituras, acontece na forma de uma serpente que fala pelo mal personalizado e auto-consciente. Fala pelo Mau como pessoa não-humana. Nas Escrituras o "mau" tem poder sobre o mundo. Sobre os líderes. Sobre o fluxo de dinheiro. Ele é chamado de "Príncipe deste mundo" ou "deus deste século". Nas Escrituras o "mau" em está em liberdade e, ao mesmo tempo, contido. Está solto e preso. Pode e não pode. Faz ou é proibido de fazer. Fere, mas tem que ter permissão. Não mata sem consentimento.

Quando Jesus, através de parábolas, anunciou mistérios guardados desde a fundação do mundo, ao contar um desses mistérios mediante a Parábola do Joio e do Trigo. Jesus disse que, a razão da semente que Deus plantara no mundo ter sido boa, embora no curso da História as coisas tenham si tornado ambíguas, tinha a ver com o fato de que, durante o sono humano ("enquanto os homens dormiam..."), um inimigo haver semeado o joio do Campo do Trigo, que é o mundo original. E concluí que os filhos do reino terão que conviver com o disfarce do Joio até o fim...

A simplicidade dessas palavras carrega as respostas às questões mais frequentes dos homens. Sim! Porque o que mais se ouve é: "Por que Deus criaria algo tão ambíguo? ou Por que Deus permite que o poder da ambiguidade domine a História Humana?". Além disso, pergunta-se também de onde vem essa semente do mal que existe entre os homens.
Ora, da simplicidade da mente de Jesus, o que nos vem como resposta é que a semente original era boa; que o diabo semeou a semente do mal entre os homens; que há homens-trigo e homens-joio; que a introdução do joio aconteceu durante a Inconsciência Humana (o sono); que o poder do joio está na imagem, na aparência; e que o Amor de Deus não delega a tarefa de separação de ambos para ninguém, pois é uma tarefa divina. Para Ele, a perversidade de milhões de joios não justifica o equívoco da eliminação de nenhum trigo. Pois, Deus ama o trigo mais do odeia o estelionato praticado pelo joio.

A Revista Veja, diz no seu título, que o mal triunfa, mas a Bíblia, mostra o contrário. Vemos muita coisa ruim estar acontecendo no mundo, entretanto, a esperança dos cristãos não está vinculada aos avanços da ciência ou aos estudos sociológicos e filosóficos. Não, a nossa esperança reside na Palavra de Deus, onde o bem vencerá no final, onde o Reino de Deus que hoje está sendo implantado nos corações de muitos, como uma semente de mostarda, que não se mostra grande no início, mas depois forma uma grande árvore. Por isso Jesus, nos ensina a orar na "oração do Pai e Nosso", dizendo: "Livra-nos do mal e venha o teu reino".

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O LÍDER DA PRÓXIMA GERAÇÃO

"Dentro de todas as igrejas, negócios ou organizações sem fins lucrativos que precisam mudar, há um grupo de pessoas bem informadas, com uma consciência aguda das transformações que precisam acontecer. Elas voltam toda a noite para casa e atazanam seus cônjuges. Reúnem-se na sala do café e se queixam. Entretanto, dia após dia, vão trabalhar resignadas, acreditando que nada mudará. Estão convencidas de que a tentativa de se introduzir mudanças seria um custoso exercício de tempo, além de potencialmente arriscado. Então, permanecem caladas e ficam olhando para o relógio. Não lhes falta a percepção para descobrir o que precisa acontecer: tais pessoas simplesmente não têm coragem de fazer nada a respeito da situação. O líder é alguém que tem coragem de dizer em público o que todos estão sussurrando em particular. Não é a percepção que distingue o líder da multidão. É a coragem para agir de acordo com o que ele enxerga, para falar em alto e bom som, enquanto todas as outras pessoas optam pelo silêncio. Os líderes da próxima geração são aqueles que preferem contestar as coisas que precisam de mudança - e pagar o preço por isso - a permanecer quietos e morrer por dentro".

Fonte: Andy Stanley, O Líder da Próxima Geração, pp. 50-51 Editora Vida.

No filme Coração Valente, há uma frase que William Wallace disse ao nobre Robert: “As pessoas não seguem títulos, elas seguem a coragem.”